Você está na página 1de 22

DIREITOS HUMANOS

O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS?

Ao se falar em Direitos Humanos, estamos falando de todos os seres humanos,


estamos nos referindo a pessoas de culturas, valores e crenças diferentes, traços culturais
próprios. Estamos falando de uma variedade de perfis humanos que, a princípio, deveriam
caber debaixo do mesmo “guarda-chuva” dos Direitos Humanos.

Os Direitos Humanos devem servir como garantias legais aos indivíduos e grupos
contra ações que agridam suas liberdades fundamentais e a dignidade humana. A questão
é que, quando falamos de culturas diferentes, estamos falando, também, de visões de
mundo diferentes: o que é direito para um pode não ser para outro.

DIREITOS Conjunto de valores e direitos na ordem internacional para


HUMANOS a proteção da dignidade da pessoa.

DIREITOS Conjunto de valores e direitos positivados na ordem interna


FUNDAMENTAIS de determinado país para a proteção da dignidade da pessoa
humana.
ASPECTOS HISTÓRICOS

Apesar do direito ser uma ciência antiga, os Direitos Humanos, advém de um


conceito recente. No entanto, baseando-se nos estudos de Norberto Bobbio, um estudioso
filósofo italiano, os direitos humanos são direitos históricos, sendo a evolução histórica
fundamental na construção de tais direitos, segundo ele, são direitos que nasceram e ainda
nascem gradualmente.

Inicialmente, é importante entender que os direitos humanos se situam em um


longo processo histórico. Tais processos históricos datam do séc. XVIII (Iluminismo1)
onde o mundo, ainda eurocêntrico, vivia o antigo regime (absolutista) onde acreditavam
que o rei, tinha poderes divinos, ou que todo poder do rei, emanava de Deus.

Ao entender que o homem nasce livre, e igual para com seu semelhante, a vontade
da burguesia contra o absolutismo e a crise econômica vivida na França naquele período,
culminam e são expressas na Revolução Francesa (1789 a 1799) e é marcada pela queda
da Bastilha2 em 1789, onde o lema Liberté, Égalité, Fraternité fica evidente nas

1
O Iluminismo se iniciou como um movimento cultural europeu do século XVII e XVIII que buscava gerar
mudanças políticas, econômicas e sociais na sociedade da época. Para isso, os iluministas acreditavam na
disseminação do conhecimento, como forma de enaltecer a razão em detrimento do pensamento religioso.
2
"A queda da Bastilha foi o assalto popular à Bastilha, antiga prisão símbolo da opressão do Antigo Regime
francês. A tomada dessa prisão foi consequência da tensão popular provocada pela crise econômica e
política que a França enfrentava no final do século XVIII. A tomada da Bastilha foi organizada pela
chamadas gerações de direitos humanos e com o documento histórico chamado de a
Declaração dos direitos do homem e do cidadão3.

Século XIX, século da revolução industrial4, caracterizado pela virada de chave


do proletariado, onde os trabalhadores passaram a fazer uma série de reinvindicações por
melhorias nas condições de trabalho, mas que ao perceber que tais reivindicações não
eram atendidas, os mesmos passam a exigir participar da política (votar e ser votado), que
mesmo que a revolução francesa e a declaração dos direitos do homem, garantissem que
todos eram iguais, somente pessoas com determinadas características poderiam participar
da política. Os trabalhadores então, vão atras e conquistam esses direitos, por meio de
muita luta passam a ter direito ao “sufrágio universal”.

Século XX, depois da Segunda Guerra Mundial, mesmo com os direitos já


conquistados, o mundo continuava sofrendo com a desigualdade, os direitos políticos não
foram suficientes para que se sanassem tal disparidade e, nesse contexto, existia então, na
comunidade internacional um sentimento generalizado de que era necessário encontrar
uma forma de manter a paz entre os países. Logo após o fim do conflito, formou-se a
Organização das Nações Unidas (ONU) cujo objetivo declarado é trazer paz a todas as
nações do mundo. Com esse objetivo, foi criada uma comissão para elaborar um
documento onde seriam escritos os direitos que toda pessoa deveria ter. Esses direitos
ficam positivados, conhecidos e reconhecidos no mundo todo em 1948, com a
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS.

Foi na II Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Direitos Humanos,


realizada em Viena, em 1993, que a ideia da unidade e indissociabilidade dos Direitos

população de Paris no dia 14 de julho de 1789 e tinha como objetivo ter acesso ao estoque de pólvora que
lá ficava armazenado. Esse fato aconteceu pouco depois do ataque ao Hotel dos Inválidos, local onde a
população parisiense havia obtido armamentos."
3
Documento disponível no link https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/414/2018/10/1789.pdf
4
A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra
a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo, causando grandes
transformações. Ela garantiu o surgimento da indústria e consolidou o processo de formação do capitalismo
Humanos foi solenemente proclamada: a partir daquele momento, os Direitos Humanos
passaram a ser considerados inseparáveis.
O que isso significa? Que, na prática, é insuficiente respeitar alguns Direitos
Humanos e outros não. Para que um direito seja realizado, outros direitos também
precisam ser garantidos. Por outro lado, sempre que ocorre uma violação de direitos, em
geral, mais de um direito é desrespeitado.
Temos então a indivisibilidade, a integralidade e a interdependência dos
Direitos Humanos no sentido de que nenhum direito é superior ao outro.

BIZU
1,2,3 I RUA!!!

H = Historicidade = são históricos, sempre tem uma crescente interpretação, o rol de


diretos fundamentais sempre é crescente.
I = Inalienabilidade = os direitos fundamentais não são passíveis de serem
comercializados
I = Imprescritibilidade = imprescritíveis, não estão sujeitos a prescrição
I = Irrenunciabilidade = não se pode renunciar os direitos fundamentais todos ao mesmo
tempo e por todo o tempo. Ex: direito a intimidade e imagem- BBB, são renunciáveis por
um dado momento.
R = Relatividade = sempre são aplicados em conflito um com o outro. Todos são
aplicados de forma concorrencial, verificados no caso concreto qual prevalecerá. Ex: até
mesmo direito a vida não é absoluto em face de outro direito a vida, quando se permite o
aborto para que a mãe sobreviva.
U = Universalidade = se aplicam também aos estrangeiros não residentes no Brasil, são
universais, se aplicam a todos.
A = Aplicabilidade imediata.

De maneira geral, os direitos humanos são divididos em três vertentes:


Civis – 1º geração (Liberdade): também chamados de direitos negativos,
caracterizados pela não intervenção ou intervenção mínima do Estado. São aqueles
ligados às liberdades individuais, como o direito de ir e vir, o direito à vida, à liberdade
de expressão, à igualdade perante a lei, entre outros.

Políticos – 2º geração (Igualdade): garantem a participação do cidadão no


governo. É o direito de eleger e de ser eleito. Realizar manifestações políticas e mesmo
fundar partidos políticos. O direito à liberdade de reunião, liberdade de associação, à
participação na vida política
.
Econômicos, Sociais e Culturais – 3º geração (Fraternidade): Direitos positivos,
intervenção estatal. Esses direitos nasceram das lutas dos trabalhadores pelo direito ao
trabalho e a um salário digno, pelo direito de usufruir da riqueza e dos recursos produzidos
pelos seres humanos, como moradia, saúde, alimentação, educação, lazer.

Aparecem na constituição no art. 6º: São direitos sociais: a educação, a saúde, a


alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição (BRASIL. Constituição, 1988).
DOCUMENTOS HISTÓRICOS

Uma das principais características dos direitos humanos é a historicidade. Neste


contexto, a evolução dos direitos humanos trouxe consigo vários documentos antes da
Declaração Universal dos direitos humanos. Vamos a eles:

Magna Carta (1215): A Magna Carta, foi um documento que


limitou o poder dos monarcas da Inglaterra, especialmente o do rei João, que o assinou,
impedindo assim o exercício do poder absoluto.

Habeas Corpus (1679): como regulado pela lei inglesa de 1679,


consistiu no fato de que essa garantia judicial, criada para proteger a liberdade de
locomoção, tornou-se a matriz de todas as que vieram a ser criadas posteriormente, para
a proteção de outras liberdades fundamentais.

Bill of Rights (1689): Este documento é considerado um dos


pilares do sistema constitucional do Reino Unido que estabelece limites aos poderes
do monarca e declara os direitos do Parlamento, incluindo regular deliberação
parlamentar, eleições livres e liberdade de expressão no Parlamento. O Bill of Rights é o
primeiro documento oficial que garante a participação popular, por meio de
representantes parlamentares, na criação e cobrança de tributos, sob pena de ilegalidade,
vedando, ainda, a instituição de impostos excessivos e de punições cruéis e incomuns.

Declaração de independência das 13 colônias (1776): A


Independência dos Estados Unidos foi declarada no dia 4 de julho de 1776 e colocou fim
ao vínculo colonial que existia entre as Treze Colônias (nome pelo qual a região era
conhecida nesse período) e a Inglaterra.

Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão (1789): A


Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é um documento culminante do
Iluminismo, que define os direitos individuais e coletivos dos homens como universais.
Influenciada pela doutrina dos "direitos naturais", os direitos dos homens são tidos
como universais: válidos e exigíveis a qualquer tempo e em qualquer lugar, pois permitem
à própria natureza humana.

Convenções de Genebra (1864 – 1949): As Convenções de


Genebra e seus protocolos adicionais constituem o núcleo do Direito Internacional
Humanitário (DIH), o qual regula a condução dos conflitos armados e busca limitar os
seus efeitos. Protegem as pessoas que não participam e as que deixaram de participar das
hostilidades.

T ratado de Versalhes: (1919): O Tratado de Versalhes


foi assinado no dia 28 de junho de 1919 e ficou conhecido por ser o principal dos tratados
de paz assinados após a Primeira Guerra Mundial. Esse documento foi subscrito pelas
potências que formavam a Tríplice Entente e pela Alemanha. Foi considerado pelos
historiadores como a “paz dos vencedores”, uma vez que as nações que venceram o
conflito impuseram termos duríssimos à Alemanha.

Carta das Nações Unidas (1945): A Carta das Nações


Unidas de 1945 é o tratado fundamental das Nações Unidas, uma organização
intergovernamental

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)

DUDH APROVADA EM RESOLUÇÃO ONU


1948 217-A

Temos aqui, o principal marco no que tange ao surgimento dos direitos humanos
em plano internacional. O documento assinado por diversos países no período pós 2º
Guerra Mundial (por meio da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral), tinha o
objetivo de promover a paz e a proteção do ser humano. Tal documento foi elaborado e
baseado na Revolução Americana de 1776 (que culminou no documento chamado “A
declaração de independência dos Estados Unidos da América) e na francesa em 1789, que
pôs fim à monarquia absolutista do rei Luís XVI, e inspirou as constituições de muitos
Estados e democracias recentes.

DIGNIDADE DA PESSOA
NÚCLEO DA DUDH
HUMANA

A DUDH E A GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

A declaração, abarca as principais gerações de direitos humanos, tendo como


norte e em seus primeiros artigos, os direitos de primeira geração (civis), que englobam
as garantias fundamentais, representa o compromisso dos países que assinaram a
Declaração em respeitar, promover e defender as liberdades individuais de todos os seres
humanos.

Já em seus primeiros artigos, a Declaração Universal prevê os direitos à liberdade


e à igualdade para todos os seres humanos desde o seu nascimento:

Artigo 1 - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.

Artigo 2 - 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção
fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença
uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio,
quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 3 - Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

A Declaração ressalta, ainda, que todos os seres humanos são dotados de razão e
consciência: trata-se de uma previsão importante considerando que a Humanidade sofria
as consequências da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e do extermínio massivo de
judeus, ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência pelo regime nazista alemão, sob
a alegação de criação de uma “raça pura” e pela completa desconsideração da condição
de ser humano daqueles indivíduos. O espírito de fraternidade evocado pela Declaração
reforça a noção de igualdade entre todos os seres humanos, e por isso a importância de
sua proteção.

A previsão do artigo 2º da DUDH – inexistência de distinção entre as pessoas por


conta de sua raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição e também da
condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa
– amplia o conteúdo do direito à igualdade, dando-lhe caráter material, ao indicar que os
indivíduos não podem sofrer prejuízos por terem raça, sexo ou língua, por exemplo,
diferente dos demais.

A respeito da igualdade de que vem tratar esta declaração (artigo 7), é importante
saber que, perante a lei, que todos os indivíduos devem receber o mesmo tratamento. Esse
conceito contém dois tipos de igualdade – a igualdade formal e a igualdade material.

A igualdade formal é aquela na qual as leis e o Estado tratam todos os indivíduos


como se estivessem na mesma posição social, política, econômica, vivendo desde sempre
nas mesmas condições e com acesso a oportunidades iguais.

A igualdade material é a proteção da lei e pelo Estado àquelas pessoas que se


encontrem em situação de vulnerabilidade social maior e por isso têm direito a proteções
específicas para ter acesso a mais oportunidades. As políticas de ações afirmativas como
as cotas racionais e econômicas de acesso ao ensino superior gratuito são exemplos de
promoção desse tipo de igualdade.

A DUDH vem tratar os direitos de 2º geração (Igualdade) em seu art 21:

ART. 21. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país
diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será
expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou
processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

E os de 3º geração em boa parte do presente documento.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III)
em 10 de dezembro 1948.

PREÂMBULO

BIZU: O PREÂMBULO É FUNDAMENTAL!!

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros


da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade,
da justiça e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram
em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um
mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da
liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta
aspiração do ser humano comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo


império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião
contra a tirania e a opressão,

Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas


entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos
direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na
igualdade de direitos do homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social
e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Países-Membros se comprometeram a promover, em


cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades
fundamentais do ser humano e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais


alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos


Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as
nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre
em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover
o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter
nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Membros quanto entre os
povos dos territórios sob sua jurisdição.

Art. 1.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2. 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.

Artigo 3. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4 - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de


escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5 - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel,


desumano ou degradante.

Artigo 6- Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como
pessoa perante a lei.

Artigo 7 - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8 - Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes
remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam
reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9 - Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10 - Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública
audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e
deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11. 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à
sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no
momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não
será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao
ato delituoso.

Artigo 12- Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no
seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano
tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13. 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro
das fronteiras de cada Estado. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país,
inclusive o próprio e a esse regressar.

Artigo 14. 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de
gozar asilo em outros países. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de
perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários
aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 15 1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será
arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,
nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família.
Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O
casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 3. A
família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da
sociedade e do Estado.

Artigo 17 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com


outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18 Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar
essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.

Artigo 19 Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito
inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo 20 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. 2.
Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país
diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo ser
humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo
será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas
e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure
a liberdade de voto.

Artigo 22 Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social,
à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 23 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a
condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todo ser
humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3.
Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana
e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção
de seus interesses.

Artigo 24 Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável
das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e
à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de
desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm
direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta,
baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e
pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades
das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada
a seus filhos.
Artigo 27 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus
benefícios. 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais
decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28 Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os
direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente
realizados.

Artigo 29 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e
pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos
e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei,
exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos
e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e
do bem-estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem,
em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações
Unidas.

Artigo 30 Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o


reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer
atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e
liberdades aqui estabelecidos.

DUDH E A CONSTITUIÇÃO DE 88

Os direitos civis firmados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos em


1948 também serviram de fundamento para as garantias fundamentais estabelecidas pela
Constituição Federal do Brasil, cerca de quarenta anos depois, em 1988. Os conteúdos
principais do respeito à vida, liberdade, segurança pessoal, igualdade, proteção judicial e
respeito à legalidade se repetem porque protegem todos os indivíduos contra
arbitrariedades do Estado. Por isso, quando falamos em Direitos Humanos, também
estamos tratando de Direitos Fundamentais e vice-versa.

Direitos à vida, liberdade e segurança pessoal


DUDH CF/88
Artigo 1 Todos os seres humanos nascem Art. 5º Todos são iguais perante a lei,
livres e iguais em dignidade e direitos. sem distinção de qualquer natureza,
São dotados de razão e consciência e garantindo-se aos brasileiros e aos
devem agirem relação uns aos outros com estrangeiros residentes no País a
espírito de fraternidade. inviolabilidade do direito à vida, à
Artigo 3 Todo ser humano tem direito à liberdade, à igualdade, à segurança e à
vida, à liberdade e à segurança pessoal propriedade, nos termos seguintes:

Direito à igualdade
DUDH CF/88
Artigo 7 Todos são iguais perante a lei e Artigo 5º (...)I - homens e mulheres são
têm direito, sem qualquer distinção, a iguais em direitos e obrigações, nos
igual proteção da lei. Todos têm direito a termos desta Constituição
igual proteção contra qualquer
discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento
a tal discriminação.

Proteção judicial
DUDH CF/88
Artigo 8 Todo ser humano tem direito a Artigo 5º (...)XXXV - a lei não excluirá
receber dos tribunais nacionais da apreciação do Poder Judiciário lesão
competentes remédio efetivo para os atos ou ameaça a direito;
que violem os direitos fundamentais que
lhe sejam reconhecidos pela constituição
ou pela lei.

Respeito à legalidade
Artigo 9 Ninguém será arbitrariamente Artigo 5º (...)XXXIX - não há crime sem
preso, detido ou exilado. lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
Artigo 10 Todo ser humano tem direito,
em plena igualdade, a uma justa e pública LIII - ninguém será processado nem
audiência por parte de um tribunal sentenciado senão pela autoridade
independente e imparcial, para decidir seus competente;
direitos e deveres ou fundamento de
LVII - ninguém será considerado culpado
qualquer acusação criminal contra ele.
até o trânsito em julgado de sentença penal
Artigo 11 - 1. Todo ser humano acusado condenatória;
de um ato delituoso tem o direito de ser
LXI - ninguém será preso senão em
presumido inocente até que a sua
flagrante delito ou por ordem escrita e
culpabilidade tenha sido provada de acordo
fundamentada de autoridade judiciária
com a lei, em julgamento público no qual
competente, salvo nos casos de
lhe tenham sido asseguradas todas as
transgressão militar ou crime propriamente
garantias necessárias à sua defesa.
militar, definidos em lei;
2. Ninguém poderá ser culpado por
qualquer ação ou omissão que, no
momento, não constituíam delito perante o
direito nacional ou internacional. Também
não será imposta pena mais forte de que
aquela que, no momento da prática, era
aplicável ao ato delituoso.

GUARDE NA MEMÓRIA
• Direito é aquilo que a pessoa pode reivindicar para si e que esteja de acordo com
o que é certo, com as leis e a justiça.

• Direitos Humanos são os direitos e liberdades básicas de todos os seres


humanos. Incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o
direito ao trabalho e à educação entre muitos outros. Todos merecem esses direitos, sem
discriminação.

• A Organização das Nações Unidas (ONU) tem o objetivo declarado de trazer


paz a todas as nações do mundo.

• A Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em 1948, é formada


por 30 artigos que versam sobre os direitos inalienáveis que devem garantir a liberdade,
a justiça e a paz mundial.

• Cidadania é definida como “a condição social que confere a uma pessoa o


usufruto dos direitos que lhe permite participar da vida política e social da comunidade
no interior da qual está inserida” (PEQUENO, 2008).

• A democracia é o único regime de governo que pode promover e proteger os


Direitos Humanos. Isso acontece porque uma das principais funções da democracia é a
proteção dos Direitos Humanos fundamentais, como as liberdades de expressão, de
religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política, econômica
e cultural da sociedade.

• Art. 6º São direitos sociais: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, Constituição,
1988).

Você também pode gostar