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Direitos educacionais
de crianças e
adolescentes
IESDE BRASIL
2020
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Figura 1
A evolução dos direitos da criança e do adolescente
Tutela
(do Código de
Indiferença absoluta Menores de 1979 até a
(até o início do século XVI) Constituição de 1988)
Importante
No cenário nacional, é possível verificar diversos diplomas que contemplam a prote-
ção da criança e do adolescente, como a Declaração de Genebra (1924), que, como
mencionado, foi o primeiro documento que trouxe a necessidade de proteção especial
à criança e ao adolescente; a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (1969)
e as Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e
da Juventude – Regras Mínimas de Beijing (1985). Salienta-se que, em decorrência
desses diplomas legais, a teoria da situação irregular foi superada pela teoria da pro-
teção da criança e do adolescente (AMIN, 2010).
Outros importantes diplomas internacionais que tratam sobre direitos da criança e do
adolescente são: Direitos das Nações Unidas para a prevenção da delinquência juve-
nil – Diretrizes de Riad (1990); Regras mínimas das Nações Unidas para proteção de
jovens privados de liberdade (1990); e Convenção das Nações Unidas sobre os direitos
das crianças – promulgada no Brasil pelo Decreto n. 99.710, de 21 de novembro de
1990 (BRASIL, 1990).
Artigo
https://seer.imed.edu.br/index.php/revistadedireito/article/view/1947/2017.
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ria da proteção integral é a atuação
do Estado, pois gerou-se autorida-
de estatal para garantir a proteção
dos direitos, agindo como um dos
protagonistas. Foram desenvol-
vidas diversas políticas públicas
fundamentais, sobretudo na cria-
ção de órgãos e instâncias com
atribuições definidas. Entretanto, é
necessário enfatizar que é dever da
família e do poder público priorizar
a criança e o adolescente. Todos que estiverem próximo da criança e do adolescente e verificarem
alguma violação aos seus direitos fundamentais devem alertar a autoridade
competente.
Quadro 1
Teoria da situação irregular e teoria da proteção integral: principais mudanças
X
Atuação Agia nas consequências Age nas causas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, foi possível conhecer a evolução dos conceitos de
criança e de adolescente. De objeto considerado propriedade dos pais,
com absoluta indiferença, passou-se para a noção de mera imputação
penal dos infratores, em seguida, para a ideia de tutela assistencial e, por
fim, chegou-se ao conceito atual de sujeito de direitos. Foi possível verificar
que os papéis do Estado, da sociedade e, inclusive, da família mudaram.
No Brasil, tivemos alguns diplomas legais referentes aos direitos da in-
fância e da juventude, entretanto, nem sempre em consonância com os
diplomas internacionais. Com isso, surgiu o Código de Menores de 1927,
o qual centrava forças no destino dos menores infratores. Já, no ano de
1979, o Código de Menores tinha como objeto de proteção as vítimas
de maus tratos e positivou efetivamente a teoria da situação irregular.
A Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente de
1990 trouxeram a noção de proteção integral.
A teoria da proteção integral é baseada em dois importantes funda-
mentos: a prioridade absoluta e o pleno desenvolvimento da criança e do
adolescente. Ela envolve todas as questões em que interesses e direitos
estejam envolvidos, sempre observando com prioridade o melhor inte-
resse da criança e do adolescente, inclusive perante a família, o Estado e
a sociedade.
REFERÊNCIAS
AMIN, A. R.; MACIEL, K. R. F. L. A. (coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente:
aspectos teóricos e práticos. 6. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Saraiva: 2010.
BARROS, G. F. de M. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei 8.069/90. 13. ed. rev. atual. e
ampl. Salvador: Editora JusPodivm. 2019.
BRASIL, Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 22 jun. 2020.
BRASIL. Convenção Americana de Direitos Humanos (1969). Disponível em: http://www.
pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm. Acesso em: 7
jul. 2020.
2. Umas das principais falhas da teoria da situação irregular era a segregação das crian-
ças e adolescentes que necessitavam de acolhimento institucional, e a discriminação
entre crianças e adolescentes que estavam em situação de marginalidade.
3. A principal mudança que a teoria da proteção integral trouxe para o tratamento das
crianças e dos adolescentes é a de que os direitos previstos devem ser assegurados
com absoluta prioridade. Portanto, é necessário levar em consideração o seu pleno
desenvolvimento.
é dever do Estado brasileiro, da sociedade e da família a proteção ple- A Assembleia Nacional Consti-
tuinte é o órgão colegiado que
na, com absoluta prioridade da criança e do adolescente, por meio da
tem a função de redigir a nova
proteção constitucional. constituição. No Brasil, a última
constituinte foi a de 1987.
A doutrina da proteção integral substituiu a doutrina da situação
irregular, a qual vigorava oficialmente desde o Código de Menores, de
1979, mas já estava subentendida no Código Mello Matos, de 1927.
Atividade 1
Além da alteração no documento, houve uma mudança de paradigma:
Qual foi a principal mudança
a doutrina anterior era restrita aos menores infratores e àqueles em
implementada pela atual Cons-
situação de perigo, já a Constituição de 1988 estabelece uma proteção tituição na proteção da criança
plena a todos os indivíduos em desenvolvimento. e do adolescente? De quem é a
responsabilidade sobre isso?
O rompimento do antigo modelo de proteção do menor foi importante,
pois absorveu os valores da Convenção dos Direitos das Crianças (UNICEF,
1990) e ampliou a atuação. De um direito restrito aos menores que neces-
sitavam de atenção, tendo em vista as suas condições de vulnerabilidade
e marginalidade, passou-se para a garantia de um direito da criança e do
adolescente de maneira ampla, universal e exigível (AMIN, 2010).
Vídeo Esse princípio também está disposto no ECA, em seu artigo 4º:
O vídeo 29 anos do ECA | é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
Conexão, publicado pelo
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação
Canal Futura, discorre
sobre os avanços e as dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educa-
conquistas obtidas com ção, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à digni-
o Estatuto da Criança e dade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
do Adolescente (ECA) nos
comunitária. (BRASIL, 1990)
últimos 29 anos.
Disponível em: https:// Como mencionado, a Constituição trouxe uma importante mudan-
www.youtube.com/
ça na proteção da criança e do adolescente. A doutrina da proteção
watch?v=Fy5nkC638oA. Acesso
em: 13 jul. 2020. integral e a inclusão de diversos direitos foram implementadas a fim de
preservar a condição de pessoa em desenvolvimento.
ESB Professional/Shutterstock
Com isso, houve a implementação de
diversos direitos fundamentais da
pessoa humana, incluindo-se os
da criança e do adolescente,
os quais serão discutidos na
próxima seção.
O direito à profissionalização
da criança e do adolescente é
garantido por lei.
No que diz respeito aos educadores, o ECA afirma que o aluno não
pode ser destratado pelo professor em hipótese alguma. O mesmo se
aplica aos dirigentes da instituição de ensino, que devem tratar todos
os alunos com dignidade e respeito. Entretanto, é importante ressaltar
que o direito ao respeito é uma via de mão dupla e, por isso, os educa-
dores também devem ser respeitados pelos alunos e famílias.
Educação básica:
• obrigatória e gratuita;
• entre 4 e 17 anos;
• pré-escola, ensino fundamental e ensino médio.
https://revistas.ufpr.br/jpe/article/view/49964/32545.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, estudamos a mudança da teoria da situação irregular
do menor para a doutrina da proteção integral da criança e do adolescen-
te, implementada na atual Constituição. O atual diploma constitucional
realizou mudanças significativas, sempre levando em conta a plena prote-
ção da criança e do adolescente e os considerando pessoas em desenvol-
vimento. Com isso, vimos que é dever do Estado, da sociedade e da família
a plena proteção dos indivíduos dessa faixa etária.
Com isso, e no mesmo sentido do texto constitucional, houve a imple-
mentação de importantes direitos fundamentais, como a proteção espe-
cial à vida, saúde, alimentação e educação. Além disso, deve-se garantir
que a criança e o adolescente estejam salvos de toda forma de negligên-
cia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O direito à educação é de suma importância para o desenvolvimento
dos indivíduos, tanto que a educação está protegida na Constituição Fede-
ral, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA).
Na legislação brasileira, há diversas proteções e garantias à educação
da criança e do adolescente, como o ensino básico obrigatório e gratuito,
a obrigatoriedade da matrícula – verifica-se, inclusive, que a falta desta
pode gerar um delito penal, punível pelo Código Penal –, dentre outros.
No que consiste a condição em condições peculiares de desenvolvimento. Esse conceito está es-
peculiar de desenvolvimento? tabelecido de modo claro no artigo 6º do ECA: “Na interpretação desta
Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências
do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condi-
ção peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvi-
mento” (BRASIL, 1990a).
Os princípios norteadores dos direitos das crianças e dos Os direitos devem ser assegurados tendo
em vista as condições peculiares de
adolescentes – princípio da prioridade absoluta e da prote- desenvolvimento escolar da criança e do
ção integral – devem ser lidos e interpretados em conjunto adolescente.
com o princípio da condição peculiar de desenvolvimento. Vídeo
A Professora Anelize
Assim, o desenvolvimento escolar necessariamente observará ple-
Caminha discorre, no
no desenvolvimento do aluno, garantindo o seu acesso ao ensino e à vídeo a seguir, sobre a
evolução dos direitos da
profissionalização. Deve-se, neste sentido, ressalvar as diferentes fases
pessoa com deficiência.
de desenvolvimento físico, psicológico, moral e social.
Disponível em: https://www.
Se a todas as crianças e os adolescentes é assegurado o acesso ao youtube.com/watch?v=sobI_
tCFLUw&t=3s. Acesso em: 6 ago.
ensino básico, independentemente da sua situação, é dever do Estado 2020.
a manutenção desse ensino. Entretanto, a sociedade e a família pos-
suem importante papel na garantia dos direitos e deverão ser respon- Desafio
sabilizados em determinadas situações.
Segundo o Estatuto da
Pessoa com Deficiência, “a
Um exemplo de responsabilidade da sociedade são casos em que
educação constitui direito
ocorre suspeita de violação aos direitos fundamentais. Nessa situação, da pessoa com deficiên-
cia, assegurados sistema
qualquer pessoa tem o dever de denunciar ao Conselho Tutelar mais
educacional inclusivo em
próximo ou à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Todos todos os níveis e aprendi-
zado ao longo de toda a
são responsáveis por denunciar e proteger a criança e o adolescente, e é
vida” (BRASIL, 2015). Com
dever do dirigente do estabelecimento de ensino denunciar suspeitas de base nessa premissa, leia
os artigos 27 a 30 desse
maus tratos da família, como estabelece o artigo 56 do ECA.
estatuto e reflita se os
Já quanto à responsabilidade da família, um exemplo é a obrigação de direitos são efetivados
na comunidade em que
matrícula, na rede de ensino regular, por parte de pais ou responsáveis, es- você vive.
tabelecido no artigo 55 do ECA. A família não pode deixar de cumprir a obri- Disponível em: http://www.
gação, pois o não cumprimento pode acarretar a perda do poder familiar. planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13146.
htm. Acesso em: 4 ago. 2020.
A guarda da escola acontece no integridade física enquanto estiver com a guarda dele. Ao receber o
momento em que a escola está aluno no estabelecimento, a escola se torna responsável por cumprir
com a posse de fato do aluno. todos os objetivos educacionais estabelecidos na Constituição. Desse
Ou seja, sob a vigilância da
instituição de ensino. modo, segundo o artigo 208, é dever do Estado a garantia de:
I. educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (de-
zessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
II. progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III. atendimento educacional especializado aos portadores de defi-
ciência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV. educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco)
anos de idade;
V. acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da cria-
ção artística, segundo a capacidade de cada um;
VI. oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
educando;
VII. atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,
Glossário Com a leitura dos artigos elencados, pode-se perceber que as esco-
las são responsáveis pela reparação civil mesmo que o ato seja prati-
dano material: ocorre quando
o ato ilícito acarreta prejuízo ou cado por um educando, isto é, um aluno. Qualquer acontecimento que
perda patrimonial a alguém. ocorra dentro do estabelecimento educacional é responsabilidade da
dano moral: ocorre quando o instituição, que também deverá reparar os danos.
ato ilícito ofende bens de ordem
moral de uma pessoa que gerem Nos julgados do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é possível perce-
abalo à imagem, à honra, à ber que, mesmo em condutas omissivas, a responsabilidade da institui-
imagem etc.
ção de ensino é objetiva. Veja um exemplo na jurisprudência a seguir:
dano estético: ocorre quando
o ato ilícito causa deformação
humana externa ou interna.
IV. A redução da verba indenizatória por danos morais efetuada pelo Tribunal
a quo em grau recursal, de fato se mostra destoante do que vem sendo
fixada ou mantida por esta Corte em casos análogos, diante da situação
específica dos autos. Precedentes jurisprudenciais que permitem a preten-
dida revisão.
VII. Agravo conhecido para dar parcial provimento ao recurso especial, somen-
te no que diz respeito à majoração da verba indenizatória por danos morais.
Fonte: Brasil, 2020, grifos nossos.
Jurisprudência
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. MORTE DE FILHO
MENOR. CHOQUE ELÉTRICO EM EQUIPAMENTO DE ESCOLA PÚBLICA. FUNDA-
MENTO CONSTITUCIONAL NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 126/STJ. REVISÃO DO
VALOR DA CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA DE EXORBITÂN-
CIA. SÚMULA 7/STJ.
Daniel M Ernst/Shutterstock
qualquer dano ocorrido sob a res-
ponsabilidade da escola deverá ser
reparado por ela. São exemplos ca-
sos de agressão física, acidentes so-
fridos nas dependências etc.
A responsabilidade da escola se
limita ao período em que está com
a guarda e o zelo do aluno. Nas de-
mais hipóteses, a responsabilidade
cabe aos genitores – como vamos Durante o período em que a criança ou o adolescente estiver na escola, não será
de responsabilidade dos genitores os atos praticados por seus filhos, pois, para
atestar na próxima seção. eles, não é possível exercer efetivamente a guarda.
A regra geral, conforme o Código Civil, artigo 932, II, é que, quando
a criança ou o adolescente pratica um ato ilícito que cause danos a
Glossário
outrem, a responsabilidade de indenizar é dos genitores. Em um jul-
REsp: sigla para Recurso
gado REsp 1.436.401 (BRASIL, 2017), por exemplo, foi decidido que o Especial.
responsável pelo incapaz deverá reparar os anos causados pelos seus litisconsórcio: ocorre quando
atos ilícitos. duas ou mais pessoas estão no
mesmo polo da demanda, ou
Nesse mesmo julgado, foi decidido que a reparação será de modo seja, no processo judicial existem
substitutivo, exclusivo e não solidário, inexistindo litisconsórcio ne- dois ou mais autores e dois ou
mais réus.
cessário entre eles. Em outras palavras, apenas o responsável deverá
responder pela indenização, e o patrimônio do incapaz não será afeta-
do – salvo nas hipóteses em que o responsável não tem condições de
arcar com a indenização.
poder familiar: autoridade pa- Esse entendimento se aplica mesmo que o incapaz não esteja sob a
rental que os genitores possuem sua companhia, pois decorre do poder familiar. Logo, não é possível afas-
em relação ao seus filhos.
tar a sua responsabilidade, ainda que não esteja com a guarda do filho.
Livro Entretanto, a doutrina se divide quanto a esse posicionamento, pois,
como explica Tartuce (2019), o pai que não tem a guarda do filho não
pode ser responsabilizado, uma vez que, para isso, é necessário tê-lo
em sua guarda e companhia. O Superior Tribunal de Justiça também
decidiu dessa forma no REsp 1.232.011 (BRASIL, 2016). Nesse caso, a
mãe não residia no mesmo local que o filho, apenas o pai possuía de
fato autoridade. Portanto, embora ainda tenha o poder familiar sobre o
filho, não foi responsabilizada pela reparação civil advinda do ato ilícito.
TARTUCE, F. 14. ed. Rio de Janeiro: Como dito anteriormente, no entanto, os tribunais se posicionam
Forense, 2019. v. 2. de maneira diversa. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça adotou o
posição contrária ao seu próprio posicionamento em outro julgamen-
to, como podemos observar a seguir:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, verificou-se que todas as crianças e adolescentes de-
vem ter preservadas suas condições peculiares de desenvolvimento. No
que tange ao desenvolvimento escolar, observa-se que também são apli-
cáveis as condições peculiares, carecendo da proteção integral e da prio-
ridade absoluta.
Analisou-se, ainda, a responsabilidade das instituições de ensino. Pri-
meiramente, conferiu-se a responsabilidade do Poder Público e da rede
particular no oferecimento do ensino básico. Com isso, concluiu-se que
ambos devem ofertar um ensino de qualidade e necessitam fazê-lo de
maneira acessível a todos os alunos.
Depois, tratou-se da responsabilidade civil por atos ilícitos praticados
durante o período de guarda e zelo da escola. A instituição de ensino,
como regra geral, deverá ser responsabilizada pelos atos praticados pelos
alunos durante o momento em que estiver sob seus cuidados.
Por fim, conferiu-se a responsabilidade da família em relação à criança
e ao adolescente. Os genitores ou os tutores respondem objetivamente
por qualquer ato ilícito praticado pelo menor. Entretanto, a doutrina se
divide quanto à responsabilidade do genitor ou guardião que não estava
com a guarda de fato no momento da prática do ato ilícito.
2. A instituição de ensino poderá ser responsabilizada nas hipóteses em que ela estiver
com a guarda e o zelo da criança ou do adolescente, ainda que não esteja nas suas
dependências, mas sob a sua responsabilidade.
Figura 1
Evolução dos direitos das pessoas com deficiência
Intolerância Assistencialista
Atividade 1
Qual é a principal mudança
nos direitos das pessoas com
deficiência no que tange ao Invisível Valorização dos
direitos humanos
modelo atual? Fonte: Elaborada pela autora.
Gráfico 1
Dados sobre pessoa com deficiência (IBGE, 2010)
Pessoas com deficiência no Brasil por Deficiência por modalidade e graus de
grau de dificuldades – IBGE 2010 dificuldade – BRASIL
50.000.00 35.000.00
45.617.878 45.606.048
45.000.00
30.000.00
40.000.00
35.000.00 25.000.00
30.000.00
20.000.00
25.000.00
20.000.00 15.000.00
15.000.00 10.000.00
10.963.109
10.000.00
4.196.539 5.000.00
5.000.00
0 0
Pessoas Pessoas Pessoas Pessoas
506.377
5.465.219
29.211.482
344.205
1.798.964
7.574.149
734.420
3.698.926
8.832.247
2.611.537
Quadro 1
Elementos fundamentais para a garantia dos direitos das pessoas com deficiência
ACESSIBILIDADE
“Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança
e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos,
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DESENHO UNIVERSAL
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(Continua)
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estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social.”
BARREIRAS
Com base no excerto, visualiza-se que deve ser garantido que a edu-
cação será ofertada conforme a individualidade de cada aluno. Com
isso, é assegurada a educação de qualidade.
Importante Figura 2
Responsabilidade civil
Quando mencionamos o Código Culposo ou
Civil, toda a nossa discussão é doloso
Ato ilícito
voltada à Lei n. 10.406, de 10 de
janeiro de 2002, a qual está em
vigência.
Nexo causal
Dano
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, foi analisado primeiramente a evolução dos direitos
das pessoas com deficiência. Verificou-se que recentemente houve mu-
danças significativas no que tange ao conceito, ao modelo e aos direitos
das pessoas com deficiência. Após a promoção da Convenção Interna-
cional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e do Estatuto da
Pessoa com Deficiência (EPD), entrou-se em uma nova fase dos direitos
da pessoa com deficiência.
Atualmente, a pessoa só é considerada com deficiência se após a ava-
liação biopsicossocial forem confirmadas as barreiras existentes em con-
dições de igualdade com as demais pessoas da sociedade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 26 jul. 2020.
BRASIL. Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 26 ago. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/decreto/d6949.htm. Acesso em: 19 ago. 2020.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 16 jul. 1990a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.
htm. Acesso em: 30 jul. 2020.
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 12 set. 1990b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8078compilado.htm. Acesso em: 30 jul. 2020.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
L10406compilada.htm. Acesso em: 26 jul. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 7 jul. 2015a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 26 jul. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.185, de 6 de novembro de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 9 nov. 2015b. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13185.htm. Acesso em: 30 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 5 ago. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Censo Demográfico de 2020 e o mapeamento das pessoas com
deficiência no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://www2.
camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cpd/documentos/
cinthia-ministerio-da-saude. Acesso em: 24 ago. 2020.
ONU – Organização das Nações Unidas. Realization of Sustainable Development Goals
by, for and with persons with disabilities. 2018. Disponível em: https://www.un.org/
development/desa/disabilities/wp-content/uploads/sites/15/2018/12/UN-Flagship-
Report-Disability.pdf. Acesso em: 27 jun. 2020.
STF – SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL. ADI 5357. 2015. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/
processos/detalhe.asp?incidente=4818214. Acesso em: 5 ago. 2020.
GABARITO
1. Atualmente, é utilizado o modelo social, no qual a deficiência é considerada uma bar-
reira que a pessoa tem em relação à sociedade, e não mais o modelo médico. Cada
indivíduo deve ser observado na sua individualidade; dessa forma, devem ser desen-
volvidos os mecanismos de acessibilidade.
Quadro 1
Trabalho da criança e do adolescente
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Menor de 14 anos de idade
14 a 16 anos de idade
ock
compatível com o ensino regular;
erst
em nenhuma hipótese poderá ser
u tt
k /Sh
inconciliável.
oc
go
st
n
ma
O disposto no artigo 64 do ECA,
O trabalho não pode, em hipótese nenhuma,
que afirma que é assegurada bolsa atrapalhar o estudo do adolescente, uma vez
de aprendizagem ao adolescente até que deve ser respeitada a condição de pessoa
em desenvolvimento. Devem ser assegurados
14 anos de idade, não se aplica, pois, os direitos trabalhistas e previdenciários.
como exposto anteriormente, confor-
me o artigo 7, inciso XXXIII, da Constituição, o menor de 14 anos não
pode trabalhar.
Casa de jogo ou mal afamada podem ser as casas em que são pra-
ticados jogos ilegais, como jogo do bicho, ou aquelas que, como o
próprio nome sugere, carregam má fama, como os locais para uso de
drogas ilícitas. Do mesmo modo, o inciso I menciona a convivência com
pessoas viciosas ou de má vida, que são aquelas com vícios em tóxicos
e entorpecentes ou que vivam uma vida inapropriada para as crianças
e os adolescentes.
família acolhedora: são as o acolhimento: por meio de abrigo institucional em entidades governa-
famílias que recebem crianças mentais ou não governamentais e por meio de famílias acolhedoras.
e adolescentes afastados da
família de origem. A política de atendimento possui diretrizes específicas que estão
elencadas no artigo 88 do ECA. A primeira delas é a municipalização do
atendimento, o que ocorre, como dito anteriormente, pela proximida-
de do município.
celeridade: agilidade, rapidez, ta celeridade, e a isso se deve a integração operacional realizada entre
velocidade. Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Segurança Pú-
blica e Assistência Social.
SINASE
Sistema Nacional
de Atendimento
Socioeducativo
Sistema de Justiça SUAS – Sistema
e Segurança Único da
Pública Assistência Social
Quadro 2
Legislação, ato praticado e medida aplicada
Quadro 3
Guarda, tutela e adoção: principais características.
I. advertência;
II. obrigação de reparar o dano;
III. prestação de serviços à comunidade;
IV. liberdade assistida;
V. inserção em regime de semi-liberdade;
VI. internação em estabelecimento educacional;
VII. qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, foi analisado o direito ao trabalho e à profissionalização
da criança e do adolescente. Para tanto, é necessário observar as proteções
impostas na legislação e compatibilizá-lo com a obrigatoriedade do ensino.
Em seguida, foram estudadas as políticas de atendimento necessárias
para a garantia dos direitos fundamentais da criança e do adolescente.
Nesse sentido, o Estado tem papel essencial no seu desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em 14 set. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 dezembro de 1940. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 14 set. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 13 out. 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 14 set. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 9 ago. 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del5452.htm. Acesso em: 14 set. 2020.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.
htm. Acesso em: 14 set. 2020.
BRASIL. Lei n. 18.242, de 12 de outubro de 1991. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 16 out. 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8242.
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BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
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2014/2012/Lei/L12594.htm. Acesso em: 14 set. 2020.
STJ – Superior Tribunal de Justiça. Súmula 265. Diário da Justica, 29 maio 2002. Diponível
em: https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2011_20_
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em: https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2012_29_
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STJ – Superior Tribunal de Justiça. Súmula 342. Diário da Justiça, 27 jun. 2007b. Disponível
GABARITO
1. No que tange ao trabalho da criança e do adolescente, levando em consideração a
sua condição de pessoa em desenvolvimento, é necessário observar a matrícula e a
frequência no ensino regular e a vedação ao trabalho noturno e insalubre.
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