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2019
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Apresentação 7
Gabarito 99
Apresentação
A Segurança Pública tem sido tema recorrente e abordado em muitos debates. Especialistas e
profissionais da área se revelam a todo momento, opinando e discutindo a melhor configuração do
Sistema de Segurança Pública Nacional. Neste livro, procuramos trazer a esse debate informações
úteis e inaugurais que lhe permitirão um maior aprofundamento nesse tema.
Faz-se necessário ter muita disposição para se debruçar sobre esse assunto, pois, como você
constatará, a Segurança Pública é um tema multidisciplinar, que envolve saberes dos mais diversos,
perpassando pela história, geografia, sociologia etc. Certamente, é um campo fértil para aquele que
busca o extraordinário e deseja compreender a vida em sociedade.
Este livro é dividido em cinco capítulos, e você encontrará os seguintes pontos para dar
início à sua jornada de estudos e muito trabalho: no Capítulo 1, conduzimos à reflexão sobre o
que realmente é a Segurança Pública e o quão equivocados podem ser os conceitos em relação a
esse tema tão amplo. Com base em uma abordagem multidisciplinar, chegamos aos vários tipos
de violência que surgem na sociedade, o que nos mostra como é imprescindível aprofundarmos o
conceito de Segurança Pública, que continua mudando ao longo da história.
Por fim, no Capítulo 5, trataremos do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Instituído
legalmente, ele somou à Segurança Pública órgãos que já atuavam na causa, porém, com a
edição de legislação adequada, tais órgãos passaram a compor um projeto de unificação de forças
empreendedoras no combate ao crime e à violência, valorizando os profissionais da área, investindo
recursos de maneira assertiva e fiscalizando passo a passo cada uma das ações desenvolvidas. Essas
medidas inovadoras são fruto de uma Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social que
passou a vigorar no Brasil.
Boa leitura!
1
Evolução da Segurança Pública
Falar sobre Segurança Pública é sempre um grande desafio, até mesmo para os profissionais
que se dedicam ao tema há anos. Tal dificuldade ocorre devido à pertinência dessa temática, pois
Segurança Pública se trata de um anseio nacional e global.
Quando pensamos nos milhares de pessoas que circulam pelas ruas das cidades ao redor do
mundo, levando consigo a esperança de uma vida feliz e próspera, podemos imaginar que essas
pessoas almejam estar e ter seus entes queridos em segurança antes de qualquer coisa.
A segurança física, psicológica e emocional garante ao ser humano vontade de prosseguir
com sua caminhada diária em busca da felicidade.
Ao nos referimos à segurança psicológica e emocional, é importante refletirmos sobre o seu
oposto, ou seja, a insegurança. Esse sentimento, devastador em todas as suas formas, permeia a
discussão da Segurança Pública no que tange à violência social e ao crime. Você já imaginou que
o medo do crime pode ser tão ou ainda mais perverso que o próprio crime? Se não, saiba que há
estudos que comprovam isso1.
É neste contexto que convidamos você para iniciar os estudos em Segurança Pública, a fim
de lhe proporcionar um sólido alicerce para transitar pelos temas mais complexos que envolvem
essa temática. Acredite, o mundo precisa de você e de seus estudos!
Então, vamos ao primeiro capítulo do nosso trabalho, iniciando no aprofundamento do
conceito de Segurança Pública, sua importância e historicidade. Para começar a compreender o
tema, já lançamos a primeira questão: o que você entende por Segurança Pública?
Perceba que a pergunta foi: “ao pensar em Segurança Pública, quais são as primeiras imagens Getmilitaryphotos/A.PAES/spotters/Photo Spirit/Shutterstock
2 Expressão que se refere ao medo do crime, medo que surge devido à exploração inadequada e sensacionalista,
principalmente pelos meios de comunicação.
Evolução da Segurança Pública 11
No entanto, a partir dessa reflexão, podemos constatar que tudo está associado à violência,
ao crime, à interação entre as pessoas e o Estado organizado, à realidade com a qual, na maioria das
vezes, convivemos, e não àquilo que idealizamos do conceito Segurança Pública.
Até aqui pretendemos refletir sobre o nosso entendimento primário de Segurança Pública
Continuemos nossos estudos pontuando, em cada uma das seções, aquilo que irá nos conduzir ao
maior entendimento da temática.
12 Introdução à Segurança Pública
Dialogando com Sousa (2013), percebemos que o raciocínio que construímos aqui é por ele
ratificado. O autor ainda contribui com nosso estudo apresentando conceitos como controle social,
ordem pública, cidadania, direitos humanos e dignidade da pessoa humana, definições que, por si
só, elevam a condição da temática Segurança Pública a patamares de interesse incomensuráveis.
Como exemplos dessa multidisciplinaridade, podemos relacionar a Segurança Pública à
sociologia. Isso fica claro quando verificamos que a sociologia se dedica ao estudo das relações
sociais, da organização e do funcionamento das sociedades. Estando os seres humanos inseridos
em contextos sociais e sabendo que a Segurança Pública tem como objetivo manter a ordem social,
não podemos dissociar o interesse dessa ciência da Segurança Pública.
Outro ponto a se refletir é em relação à violência urbana, tema atinente à sociologia que
é também alvo de interesse daqueles que labutam com a segurança da população. O combate à
vitimização e à repetição da vitimização faz com que profissionais da sociologia, junto com os de
Segurança Pública, discutam aspectos de comportamento pessoal nos grandes e pequenos centros,
assim como no campo.
Acrescentamos que há ramos do Direito que regram de maneira especial o serviço de
Segurança Pública: Direito Constitucional, Direito Administrativo e Processual Penal, entre outros.
Sendo o Direito uma ciência também multidisciplinar, traz em seu bojo uma gama
de conhecimentos em relação à formação e administração do Estado, bem como a atuação de
cada órgão da administração pública, conhecimentos que são indispensáveis ao profissional de
Segurança Pública.
Evolução da Segurança Pública 13
Ainda podemos somar a tudo isso a preocupação das ciências jurídicas com os administrados
do Estado, a proteção do indivíduo e da coletividade, garantindo direitos e cobrando deveres –
onde atua o profissional de Segurança Pública como o mais próximo do cidadão.
Já quando nos referimos ao jornalismo como integrante interessado nas questões
relacionadas à Segurança Pública, remetemos à importância dos órgãos de comunicação, que levam
a informação para a população. Assim como o policial, na sua missão-fim, deve levar sensação de
segurança, com sua presença, nas atividades de Segurança Pública, os meios de comunicação têm
tarefa semelhante quando informam ao cidadão as boas práticas comportamentais em seus jornais
e/ou telejornais ou quando divulgam casos concretos de criminalidade.
Contudo, quando o trabalho de comunicação e informação é malconduzido, pode levar ao
aumento da sensação de insegurança, trazendo prejuízos à Segurança Pública e levando o cidadão
a ter medo exagerado.
O modo como vemos cada segmento da ciência, assim como cada segmento social, podemos
relacionar às questões de segurança, pois segurança é algo que nós sentimos. O principal produto
dos agentes de Segurança Pública é a sensação de segurança, que é construída em conjunto com a
sociedade e demais profissionais. Todos somos responsáveis.
Mas você, como aluno, deve buscar uma definição concreta de Segurança Pública para
simplificar seu entendimento do assunto. É compreensível, mas acreditamos que o processo de
aprendizagem se torna mais proveitoso se formos construindo juntos e comentando os pormenores
do assunto. Garantimos que seu entendimento da questão será macro ao final da leitura. Vamos
juntos!
Falando em macro, ou seja, aquilo que dá visão geral, no início do capítulo, perguntamos a
você quais eram as imagens que vinham à sua cabeça ao falar em Segurança Pública, certo? Não
questionamos os conceitos que você sabia, mas as ideias pré-concebidas, as quais estimulamos por
meio de imagens, porque, segundo o ditado popular, uma imagem vale por mil palavras e dela já
começamos a extrair muita coisa boa.
Agora é preciso nos perguntarmos: em relação às imagens que foram apresentadas no início
da leitura, quais são os conceitos que derivam delas e que podemos relacionar à Segurança Pública?
Vejamos alguns a seguir.
14 Introdução à Segurança Pública
IESDE
Crime
Direitos humanos
Comunidade
Até agora, temos 14 conceitos. Pode ter escapado algum em meio a tantos, mas isso não é o
mais importante, o que importa é que nós possamos, juntos, refletir como realmente é complexo o
assunto, como ele é rico, quantos temas paralelos ele envolve... multidisciplinar, lembra?
É importante frisar nesse início de conversa que, além de denso, rico e até mesmo intrigante,
o assunto é revestido de muita responsabilidade, pois abarca dimensões que vão além do alcance
dos olhos daqueles que não se dedicam ao tema.
1.3 Violência
Nas palavras de Sousa (2013), na primeira citação deste capítulo, surgiu a menção à violência,
um dos mais temidos conceitos envolvendo Segurança Pública e que está contido naquele elemento
social abstrato: o crime. Não há como falar em crime e sua prevenção ou em Segurança Pública
sem entrar nessa discussão.
Há muitas maneiras de definir violência, mas, segundo a Organização Mundial da Saúde
(KRUG et al., 2002, p. 5), violência pode ser definida como:
o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si
próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade,
que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.
está a violência contra a mulher, que está entre as mais urgentes a serem debatidas e combatidas.
Com as informações, construímos o Quadro 1, a seguir. Estes tipos de violência simbolizam todos
os demais que estão relacionados com as possíveis crueldades que assolam o meio social.
Quadro 1 – Tipos de violência, segundo o CNJ
Sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade
Violência de gênero ou qualquer outra condição; produto de um sistema social que subordina o sexo
feminino.
Acontece dentro da família, formada por vínculos de parentesco natural ou civil, por
Violência familiar
afinidade ou afetividade.
Ação ou omissão que coloque em risco ou cause danos à integridade física de uma
Violência física
pessoa.
Obrigar uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras
relações sexuais com o uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno,
Violência sexual manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade
pessoal. Também considera-se como violência sexual o fato de o agressor obrigar a
vítima a realizar alguns desses atos com terceiros.
Não poderíamos ter deixado de comentar a questão da violência, que certamente tem estreita
relação com todo o nosso debate, mas, para aprofundar o assunto, sugerimos que você visite os sites
da Organização Mundial da Saúde3 e do Conselho Nacional de Justiça4.
Os autores comentam que manter a ordem na cidade, aldeia ou clã estava “afeta a uma
variedade de autoridades”, até mesmo ao sobrenatural. A partir disso, vamos desde já enaltecer
a importância do conceito de ordem pública, ressaltando que ele é o objeto central da Segurança
Pública e, como comentam Hipólito e Tasca (2012, p. 33), para manter tal ordem “houve época,
18 Introdução à Segurança Pública
inclusive, que magistrados acumulavam funções policiais e mesmo aos Deuses foram atribuídas
funções policiais”.
Do que vamos consolidando em nosso estudo, o caráter multidisciplinar vai se firmando,
e o multissetorial da administração da Segurança Pública vai se evidenciando passo a passo. Isso
fica claro ao vermos que até mesmo aos deuses, segundo Hipólito e Tasca (2012), eram atribuídas
funções policiais. Reflita, então, sobre a dificuldade que houve, no decorrer da história, em se tratar
do tema Segurança Pública em um âmbito específico.
Agora, aproveitando os profícuos estudos de Souza e Albuquerque (2017), vamos entender
que a Segurança Pública como a conhecemos teve sua evolução por meio da formação política da
urbe: cidade
sociedade, seguindo com a organização urbana de quem habitava a urbe.
Nesse sentido, a Polícia se transformou na ferramenta da Segurança Pública, sendo necessário
seu emprego para a manutenção da ordem pública, próximo conceito que aprofundaremos.
Ainda contando com os autores (2017), tomamos posse da informação de que os povos
antigos tinham normas simples e por vezes rudimentares, com as quais buscavam alcançar o bem
social. Além disso, queriam também atingir “a defesa, a ordem e a segurança de suas comunidades,
das autoridades e dos poderes instituídos que se referiam ao seu grupamento social” (SOUZA;
ALBUQUERQUE, 2017, p. 24).
Constatamos que a normatização das sociedades começava a ocorrer desde os tempos antigos.
Relembrando as lições de direito, temos que um sistema normativo pode ser consuetudinário, ou
seja, fundamentado nos costumes de uma sociedade até que se transforme, ou não, em direito
positivo, no sentido de positivado, escrito em documentos ou códigos mais elaborados.
Com o comentário de Souza e Albuquerque (2017, p. 24), reafirmamos o entendimento que
já temos de que a falta de regramento social, estabelecido por meio de normas, por mais simples
que possam ter sido, teria causado um atraso na evolução da humanidade. Eles esclarecem:
Os primeiros agrupamentos humanos necessitavam de um código de convivência
e de alguém que garantisse o cumprimento desse código. Na tradição africana,
os responsáveis eram os anciões; na greco-romana, os sacerdotes e, mais tarde,
os governantes e magistrados, os quais, para realizar seu mister, se valiam de
forças policiais.
No que tange à atuação das autoridades, garantindo o cumprimento dos códigos e normas
e também exercendo o papel de forças policiais, encontramos em Souza e Albuquerque (2017) a
ratificação do que já foi explanado por Hipólito e Tasca (2012), quando envolvem nas atividades
policiais os magistrados. Contudo, Souza e Albuquerque falam do magistrado valendo-se de forças
policiais, enquanto Hipólito e Tasca (2012) fazem referência a tais autoridades acumulando funções
policiais, o que tomamos por igual importância.
inócua:
inofensivo, que Ainda é possível constatar que as normas, por si só, são inócuas, de nada servem, pois
não provoca
é necessário um agente capaz para fazer valer os direitos e deveres que estão normatizados de
prejuízo.
acordo com a vontade do legislador, que se espera estar de acordo com a vontade dos membros da
sociedade.
Evolução da Segurança Pública 19
Também já fizemos referência ao Império Romano, aos militares e aos pretorianos, agindo
como forças de segurança para proteger ora o cidadão, ora o cidadão e a cidade e, por vezes, somente
o governo. Segundo Bayley (apud SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017, p. 24), “não foi apenas no
Império Romano, mas também na Índia e na China que surgiram as forças policiais, principal fator
de segurança pública”.
Para complementar a informação, Souza e Albuquerque (2017) apresentam John Roberts.
Em seu livro, History of China (2006), Roberts relata que, na China, os primeiros registros de
policiais datam de 771 a 403 a. C., período em que a aplicação da lei ficava a cargo dos “prefeitos”,
que eram como senhores feudais, nomeados pelo Imperador para cuidar das cidades conquistadas.
Este sistema chinês estava envolto em filosofias como confucionismo e taoísmo. Outro dado
interessante que os autores apresentam é o surgimento das guardas imperiais, responsáveis pela
segurança do Imperador, que atuaram como sua polícia secreta durante toda a Dinastia Ming
(1368-1644).
De tudo o quanto vamos estudando, algo que fica latente, você perceberá, é que não existe
uma lógica estabelecida, planejada para a criação de um sistema de Segurança Pública, o que vai
ocorrendo é o improviso ao acaso das necessidades do momento. Segundo Monet (2006, p. 31), “não
há uma história ‘natural’ da polícia: a função policial como hoje é compreendida nem sempre existiu.
Ela é mais o produto de uma sucessão de rupturas do que a consequência de um desenvolvimento”.
O autor traz exemplos de sociedades antigas, como a dos esquimós, que resolviam problemas
sociais e delituosos, como roubo, adultério e outras quebras das normas, de maneira privada; assim,
cabia à vítima e a seus parentes todo o processo do julgamento até o castigo do culpado.
No tocante às sociedades antigas, os nueres, pastores e criadores de gado do Sudão, com
o aperfeiçoamento da organização social entre eles, passou a contar com a presença de um
mediador para os conflitos. Pessoas com prestígio e independência socioeconômica entre os
nueres eram responsáveis por ajustar as demandas relativas ao roubo de gado, sem poder impor
suas decisões. Em caso de permanecer a discordância entre as partes, poderia acontecer disputa
privada entre elas.
Os nueres são um dos exemplos de sociedades que foram se aperfeiçoando e contando com
mediadores. Nesta senda, ocorre o surgimento concreto da função policial, que vem também do
citado aperfeiçoamento da sociedade, quando o controle social passa a ocorrer e, conforme já
sabemos, estabelece-se por várias formas.
A presença de uma função policial só é detectada a partir do momento em que a
divisão do trabalho se acentua e estruturas diferenciadas de dominação política,
religiosa e militar aparecem. Assim, entre os cheienes, os crimes mais graves –
assassinatos, caça e pesca clandestina – dependem de um conselho judiciário que
pode infligir as mais severas penas, como o banimento. A execução das decisões
é atribuída às sociedades de guerreiros, grupos de homens organizados para a
guerra, mas encarregados, em tempo de paz, de manter a ordem nas cerimônias
rituais e de fazer respeitar – pela aplicação de uma sanção imediata – as decisões
do conselho tribal em matéria de caça aos búfalos. (MONET, 2006, p. 32)
20 Introdução à Segurança Pública
Extrai-se do trecho que a divisão do trabalho e a dominação política, religiosa e militar são
preponderantes para o surgimento da função policial. Às sociedades de guerreiros foi atribuída
a execução de penalidades para aqueles que infringissem as normas da sociedade e, sobretudo, a
manutenção da ordem em tempos de paz.
No modelo grego de polícia, filósofos, como Aristóteles, e dramaturgos helênicos
reivindicavam ordem pública aos governantes, deixando claro que na Grécia surgiram especialistas
em fazer respeitar as leis, muitas vezes, utilizando a força física, a intimidação psicológica e o temor
de sanções penais (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).
Mas como eram essas polícias helênicas da Antiguidade? Segundo Monet (2006, p. 32),“eram
múltiplas e pouco profissionalizadas, provavelmente pouco coordenadas entre si”. Havia uma
polícia para cada interesse:
1. Polícia do mercado.
2. Polícia das águas.
3. Polícia dos reservatórios de cereais.
4. Polícia dos portos, entre outras.
Depreendemos dos estudos que, na época, século V a.C., o exercício das atividades de
polícia conferia prestígio a quem por elas fosse responsável. Personalidades como Temístocles5 e
Demóstenes6 assumiram, respectivamente, a polícia das águas e dos cereais.
Tentar dar uma sequência cronológica ou atribuir a uma personagem as ideias
correspondentes à criação da polícia é um equívoco, pois não há precisão nessa empreitada.
Em Atenas, a especialização de agentes pela autoridade pública, em tarefas referentes à
ordem e à segurança, tornou-se imprescindível. A consulta aos oráculos, a exemplo de Delfos, tido
como um centro de espionagem, era algo de suma importância para a tomada de decisões. Esse
dado nos remete a Hipólito e Tasca (2012), quando se referiram aos deuses e ao sobrenatural no
cuidado com a Segurança Pública.
Saindo da Grécia Antiga e adentrando o Império Romano, temos o édito de Caracala
(211 a.C.), que marca a perda da autonomia das cidades gregas. Passa a prevalecer, então, o modelo
de organização policial romana, que tem em sua essência muito do modelo grego.
Ao contrário do que possamos imaginar, a organização policial grega estava à disposição
dos governantes, não dos simples cidadãos, a quem era permitida a defesa de seus interesses de
maneira privada. Concluímos que apenas aos governantes era dado o poder de instaurar processos
criminais que poderiam culminar na prisão de quem os tivesse lesado.
No modelo romano de polícia, havia a distinção entre o público e o privado. Cabia ao cidadão
levar as queixas aos magistrados, que pronunciavam a condenação; contudo, a execução caberia às
vítimas. Esse momento da história está entre 450 a.C., que tem como marco a publicação da Lei das
12 Tábuas, a primeira legislação escrita dos romanos, em meados do século III a.C.
A violência fazia parte do cotidiano de Roma, assim como a desorganização social. Sabemos,
atualmente, que desorganização social conduz a mais violência, ao crime e também ao medo
do crime. Nessa fase, Roma atravessa profundas divisões religiosas, culturais, étnicas, pois atrai
pessoas vindas de todas as províncias e sua população chega próximo a um milhão de habitantes.
Contudo, a tradição de agitação popular e violência e, agora, a necessidade de lidar com a multidão
faz o governo organizar a distribuição de trigo mensalmente para cerca de 200 mil deserdados, no
intuito de minorar os problemas e manter os ânimos tranquilos.
É nesse cenário que, com Augusto, relata Monet (2006, p. 34), “aparece uma verdadeira
administração policial pública, profissional e especializada. [...] o prefeito encarregado de comandar
os vigiles7 que patrulham as ruas a serviço da polícia noturna e da luta contra os incêndios”. Os
stationarii8 ficavam em postos fixos, que Monet compara a departamentos de polícia.
A organização policial de Augusto continua com seus sucessores, inclusive com Trajano,
mas tem sua derrocada com a queda do Império Romano, desaparecendo da Europa por muito
tempo. Depois da queda do Império Romano, organizou-se a sociedade feudal, seguindo
o Período Merovíngio e após o Período Carolíngio9 (742-814 d.C.), como ficou conhecido o
reinado de Carlos Magno.
Com o fracasso do projeto unificador de Carlos Magno, “a divisão da autoridade política é
acompanhada de um desmembramento das funções de justiça e de segurança” (MONET, 2006, p. 35).
Tamanho é o problema social, que insegurança e violência são as marcas da Europa durante
séculos.
Na prática, a fragmentação do poder político e a subdivisão das funções
policiais e judiciárias assumem um grau então desconhecido na França ou na
Inglaterra. Embora teoricamente protetor do direito e submetido à obrigação
moral e religiosa de garantir a justiça a todos os súditos do Império, o monarca,
cujos magros recursos financeiros e militares são inteiramente dedicados à
defesa de suas próprias terras, é incapaz de assegurar a paz pública e limitar a
arbitrariedade de múltiplos potentados locais. (MONET, 2006, p. 36)
Do que extraímos, é notório que a Segurança Pública era inexistente na época, restando a
cada um a sua própria defesa, inclusive o rei buscava apenas os seus interesses. Os poderes judiciais
são ainda mais estratificados, e
cada senhor em suas terras se torna o verdadeiro detentor dos poderes
judiciários e dos meios de coação necessários para tornar quase efetivas as
sentenças proferidas. Mas, por falta de órgãos de polícia especializada, essas
funções judiciárias são exercidas com o concurso dos habitantes. (MONET,
2006, p. 37)
7 Os vigiles (vigias) eram os bombeiros e policiais da Roma Antiga. Eram responsáveis por patrulhar as ruas, sobretudo
durante a noite.
8 Postos fixos, onde os policiais da Roma Antiga ficavam para atender às demandas da segurança. Eram como os
antigos módulos policiais ou as nossas delegacias de hoje.
9 Impérios do reino Franco, que se expandiu na Europa central, atual França, Bélgica e parte da Alemanha, após a
queda do Império Romano.
22 Introdução à Segurança Pública
Conforme o pesquisador esclarece, a justiça era aplicada em nome do rei, por aquele que
possuía terras. Do nome do rei e, em nome dele, emanava toda a justiça.
Com essa cultura instalada, há o reconhecimento da vingança privada, de fazer justiça com
as próprias mãos; assim, a violência se potencializa mais e mais, e a ordem e a segurança se tornam
um negócio particular.
10 O Estatuto de Winchester foi um diploma legal que instituía, entre outras obrigações, que cada homem válido, entre 15
e 60 anos, possuísse em sua casa, para se defender, uma arma em bom estado de funcionamento.
Evolução da Segurança Pública 23
Até aqui falamos sobre Segurança Pública e polícia, mas o contexto apresentado não falou
nada do nosso país, o Brasil. Vamos, então, trazer algumas informações sobre o início da Segurança
Pública e da polícia brasileira.
Como já foi dito por muitos pesquisadores, a Intendência Geral da Polícia de 1808 é
considerada a primeira instituição policial brasileira. Para a maioria deles, ela “é o marco do início
da formação de um modelo profissional de Polícia no Brasil” (HIPÓLITO; TASCA, 2012, p. 50).
Como é de se concluir, a Polícia no Brasil se formou com a configuração da Polícia portuguesa,
inclusive com o mesmo molde de hierarquia, trazendo junto consigo toda a herança cultural da
época, que foi difundida em nosso território.
Foi o Decreto de 13 de maio de 1809, baixado pelo príncipe regente após a vinda da família
real para o Brasil, um dos primeiros documentos que dispôs sobre a Guarda Real da Polícia
da Corte.
24 Introdução à Segurança Pública
Ainda com Valla (2012), podemos aprender os principais momentos das polícias no Brasil,
bem como da Segurança Pública, conforme elencado a seguir:
• No Brasil-Colônia, as Companhias de Ordenanças mantinham a segurança nas cidades.
Como não se mostraram eficientes, foram substituídas pelas Companhias de Dragões,
constituídas por soldados profissionais, treinados de acordo com os padrões portugueses.
• Já em 1775, havia sido criada, em 09 de julho, o Regimento Regular de Cavalaria. Desde
então tinha uma dupla função: a) civil para prevenir e reprimir o crime, como força
policial; b) para enfrentamento das insurreições e defesa da Pátria, como força militar.
• No Brasil-Império, as forças públicas desgastadas mantinham-se para dar sustentação à
Independência, originando o Exército Brasileiro. Em 10 de outubro de 1831, assinado pelo
regente Padre Feijó, surgem os Corpos de Guardas Municipais Permanentes (VALLA,
2012).
• Com o Brasil-República vêm as Brigadas Policiais. A partir de 1934, as polícias militares
passam a figurar no texto constitucional, e a União passa a ter o controle sobre essas forças.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro criam a estrutura básica de suas organizações
policiais: a) Polícia civil, com delegados, escrivães, médicos legistas e guardas civis;
b) Polícia militar, com estrutura, estética, hierarquia e disciplina militar.
Considerações finais
A Segurança Pública tem relação direta com os problemas sociais e com as questões culturais
e econômicas. O desenvolvimento de uma nação, em todos os aspectos, contribui para que a
sensação de segurança seja potencializada e para que as pessoas vivam em harmonia. Esse sistema
de crescimento se retroalimenta.
Durante a construção do texto, buscamos ofertar o máximo de informações possíveis, a fim
de conduzir uma reflexão sobre as bases da Segurança Pública e aquilo que com ela se relaciona.
Um aspecto que ressaltamos neste capítulo que introduz nossos estudos é a importância de
se ter um olhar global sobre o tema, pois, ao contrário do que possa ter ficado aparente aos olhos
menos atentos, a questão da Segurança Pública não se limita à Polícia, vai muito além dela.
Segurança Pública, frisamos, é uma temática multidisciplinar que afeta toda a administração
pública, a comunidade, e é responsabilidade de todos, conforme previsto constitucionalmente.
Segurança Pública é uma questão que engloba vários segmentos da sociedade não sendo
apenas uma temática policial. Precisamos entender que a Polícia foi se desenvolvendo em paralelo
com a evolução das questões relacionadas à Segurança Pública.
Então, seguimos até aqui com o amparo de pesquisadores consagrados e fizemos um
apanhado do que seria o mais importante em relação ao surgimento formal das polícias.
Deixamos para o momento oportuno tratar das características específicas de cada uma das
polícias que compõe o Sistema de Segurança Brasileiro. Pensamos, então, na polícia como todo o
sistema que se desenvolveu ao longo da história.
Atividades
1. Conceitue Segurança Pública de acordo com o texto estudado.
2. Explique por que Segurança Pública não pode ser limitada ao entendimento equivocado de
ser um assunto exclusivo de Polícia.
Referências
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SOUSA, R. C. de. Introdução à segurança pública reflexões sobre polícia, sociedade e cidadania. Teresina:
Edição do Autor, 2013.
SOUZA, C. A; ALBUQUERQUE, M. L. Segurança Pública: histórico, realidade e desafios. Curitiba:
Intersaberes, 2017.
VALLA, W. O. Doutrina de emprego de Polícia Militar e Bombeiro Militar. 3. ed. Curitiba: Associação da Vila
Militar - Publicações Técnicas, 2012.
2
O direito fundamental à Segurança Pública
No início da história das civilizações humanas, as pessoas colocavam suas vidas nas mãos dos
mais fortes, dos soberanos, ou a entregavam à sorte dos deuses, pois não havia quem as defendesse.
Conforme Souza (2017, p. 28):
na Antiguidade, com os povos submetidos aos mitos, aos deuses ou aos
representantes dos deuses, não havia a necessidade de polícia: os guardiões
impunham a vontade dos soberanos e cobravam os tributos e vida dos povos
que era regulada pela vontade do soberano e pelas guerras, que revezavam os
tiranos com a promessa de proteger esses povos.
Naquela época, conforme menciona Souza (2017), “não havia justiça, apenas a vontade de
quem governava, o representante dos deuses, ungido para guiar os povos. Se a vida não pertencia
às pessoas, como teríamos direitos humanos?” (SOUZA, 2017, p. 28).
Mas tudo tem seu limite. Como não existiam direitos e a tirania era aceita, a vida foi se
tornando insuportável, e as pessoas acordaram diante de tanto sofrimento. Os tiranos, fazendo-se
por governantes, viram-se obrigados a atender aos reclames do povo.
Figura 1 – A Liberdade guiando o povo
Fonte: DELACROIX, Eugène. La Liberté guidant le peuple. 1830. Óleo sobre tela: 260 x 325 cm. Museu do Louvre, Paris.
28 Introdução à Segurança Pública
A segurança existente até então era contra as invasões e voltada à submissão dos povos,
divididos em conquistadores e conquistados. Neste contexto, como tratado no Capítulo 1, as forças
policiais e a Segurança Pública foram desenvolvendo-se em paralelo.
Dessa maneira, afirmamos neste capítulo que Segurança Pública, polícia e direitos – sejam
direitos do homem, direitos humanos ou direitos fundamentais – são indissociáveis, e que a luta dos
povos por tais direitos firmaram toda a gama de normas que conhecemos atualmente. Lembrando
que muito sangue foi derramado para conquistá-los e a luta dos nossos antepassados não pode ser
em vão, por isso, devemos conhecer, respeitar e continuar lutando pelo exercício da cidadania, que
se trata do exercício dos direitos conquistados.
O cidadão é livre em pensamento e atitudes e está apto a exercer tais direitos, com uma única
ressalva: deve lembrar que os demais cidadãos também têm direitos que devem ser respeitados e
que o direito coletivo se sobrepõe ao individual. Sendo a Polícia, conforme já sabemos, a principal
ferramenta utilizada pela Segurança Pública na defesa desses direitos, pois é o esteio maior da
Justiça e o único órgão do Estado que diuturnamente está nas ruas dos municípios trabalhando em
prol da cidadania.
Trazendo a reflexão máxima de que a Segurança Pública faz parte do rol de direitos
fundamentais, consideraremos as palavras de Moraes (2010, p. 116, grifo nosso): “o direito
à Segurança Pública não pode ser estudado como um direito a ser objetivado, pois não
representa um fim em si mesmo, deve ser considerado um direito meio para a realização de
outros direitos fundamentais”.
Assim, pretendemos acentuar a necessidade de se estudar os Direitos Humanos e refletir que
eles estão entre as maiores razões para a existência da Segurança Pública.
Quadro 1 – Diferença entre direito dos homens, direitos humanos e direitos fundamentais
Direitos Conceito
São direitos que se aplicam para os povos, de todas as épocas, de uma forma geral.
Direitos do Homem
Estão ligados à noção de direitos naturais, inerentes a cada indivíduo.
Porém, para este estudo, é interessante tratarmos dos direitos fundamentais com maior
profundidade, pois são eles que nos conduzirão em nosso aprendizado sobre Segurança Pública
enquanto Direito Fundamental.
Contudo, Silva (2000) alerta para a dificuldade de sintetizar o conceito Direitos Humanos devido
às várias expressões que, na opinião do autor, servem para designá-lo. São exemplos de tais expressões:
Quadro 2 – Expressões que se referem a direitos fundamentais
Direitos Conceitos
Direitos Naturais Direitos próprios da natureza do ser humano, pelo simples fato de ser.
No Estado liberal, está sujeito à ideia individual do ser humano, como titular de
Direitos Públicos Subjetivos direitos, trata-se de um conceito técnico-jurídico que resta insuficiente para
expressar o verdadeiro significado de direitos fundamentais.
Liberdades Fundamentais e
De pouca significância no contexto desejado.
Liberdades Públicas
Direitos Fundamentais do
São os direitos fundamentais do ser humano, expressos na Constituição Federal.
Homem
Para reforçar o entendimento sobre direitos humanos e direitos fundamentais, que serão os
dois conceitos mais utilizados neste capítulo, Gomes (2017, p. 16, grifos nossos) acrescenta que:
na doutrina brasileira, a expressão direitos fundamentais é reservada a direitos
positivados, enquanto direitos humanos se referem a tais direitos proclamados
no plano da comunidade internacional, tais como aqueles direitos consagrados
nos tratados e convenções internacionais [...].
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo I
Art. 5º
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Capítulo II
Art. 6º ao art. 11
Dos Direitos Sociais
Capítulo III
Art. 12
Da Nacionalidade
Capítulo IV
Art. 14 ao art. 16
Dos Direitos Políticos
Capítulo V
Art. 17
Dos Partidos Políticos
Note que, como nos alertou Silva (2000), são várias as expressões possíveis para se falar
em direitos fundamentais. Na citação anterior encontramos a expressão direitos individuais e nos
deparamos com um conceito diferente, o de garantias fundamentais.
Contudo, Lenza (2015, p. 1144, grifos do original) nos ajuda a esclarecer que “os direitos são
bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos (previamente) ou prontamente os
repara, caso violados”.
Fica a dica sobre o assunto garantias fundamentais, para você poder pesquisar a respeito.
Temos que “os direitos fundamentais de primeira geração são os direitos e garantias
individuais e políticos clássicos (liberdades públicas), surgidos institucionalmente a partir da
Magna Charta” (MORAES, 2012, p. 29).
Aos direitos fundamentais de segunda geração, ou seja, direitos sociais, econômicos e
culturais, Themistocles Bransão Cavalcanti (apud MORAES, 2012, p. 29) diz que:
o começo do nosso século viu a inclusão de uma nova categoria de direitos
nas declarações e, ainda mais recentemente, nos princípios garantidores das
liberdades das nações e das normas da convivência internacional. Entre os
direitos chamados sociais, incluem-se aqueles relacionados com o trabalho, o
seguro social, a subsistência, o amparo à doença, à velhice etc.
Para concluir, Moraes (2012, p. 29) acrescenta sobre as gerações clássicas que:
modernamente, protege-se, constitucionalmente, como direito de terceira geração
os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade, que englobam o direito a
um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, ao progresso, à
paz, à autodeterminação dos povos e a outros direitos difusos, que são, no dizer
de José Marcelo Vigliar, os interesses de grupos menos determinados de pessoas,
sendo que entre elas não há vínculo jurídico ou fático muito preciso.
O direito fundamental à Segurança Pública 33
Manoel Gonçalves Ferreira Filho (apud MORAES, 2012, p. 30) ensina que “a primeira
geração seria a dos direitos de liberdade, a segunda, dos direitos de igualdade, e a terceira
complementaria, assim, o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade”.
Como já expusemos, há autores que consideram a existência de outras gerações, mas,
por ora, para nosso estudo, bastam essas. No entanto, continua o convite para você buscar mais
informação e aprendizado.
Significa que nenhum direito fundamental é absoluto, no sentido de seu gozo não admitir
restrições, uma vez que em casos concretos em que outros direitos também consagrados na
Relatividade
Constituição, como os fundamentais, se apresentem em colisão com os primeiros deverá haver
a ponderação dos interesses em conflito.
Das pesquisas que desenvolvemos, percebemos que as características acima estão entre as
mais aceitas, bastando por ora para o propósito de introduzir o estudo do direito fundamental à
Segurança Pública na Constituição, conforme segue na próxima seção.
Transcrevemos acima o preâmbulo da Carta Magna, também conhecida como Carta Maior,
Constituição Cidadã, Constituição Primavera, entre outras denominações, no intuito de refletirmos
sobretudo o que nele consta, mas em especial sobre a segurança.
Podemos ainda extrair do texto que “a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento,
a igualdade e a justiça” são tidos como valores supremos de uma sociedade. Logo, podemos
deduzir que a Segurança Pública é um valor supremo.
Foureaux (2019) corrobora com nosso entendimento quando, em análise do texto
preambular, complementa que, além do valor supremo, a segurança se funda na harmonia social, e
acrescenta: “a harmonia social, no âmbito do Brasil (ordem interna), relaciona-se diretamente com
a pacificação social, preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
que constituem a Segurança Pública” (FOUREAUX, 2019, p. 16).
O art. 5º traz o rol de direitos e garantias fundamentais e trata da segurança, referindo-se à
proteção contra possíveis arbitrariedades do Estado em desfavor do cidadão.
Genericamente, a segurança aparece no art. 6º da Carta Maior. Neste artigo, constam os
direitos sociais, além de referir-se à equidade na aplicação desses direitos. Segundo Foureaux
(2019, p. 16), tendo
em vista do rol de direitos e garantias fundamentais, bem como os direitos
sociais, é possível afirmar que a Constituição traz um plexo de direitos voltados
para a segurança pública e individual, de forma que seja possível ao estado
preservar a ordem pública, sem, no entanto, massacrar aqueles que a violam
quando praticam crimes. Busca-se um ponto de equilíbrio entre o direito à
segurança pública e os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos de bem
e daqueles que praticam crimes e venham a responder criminalmente e serem
presos, em vista da dignidade da pessoa humana.
Nas palavras do autor, o conceito que surge e merece destaque é o de “dignidade da pessoa
humana” contida no art. 1º, inciso III, da Constituição Federal:
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1988, grifos nossos)
O direito fundamental à Segurança Pública 35
A atuação negativa vem no sentido de não violar o direito à vida, à liberdade e à propriedade.
Importante destacar a linha tênue em que se encontram os profissionais da Segurança Pública,
legitimamente autorizados e incumbidos em nome do Estado de manter a paz social, que representa
a vontade do povo, ou seja, devem agir em nome do ente estatal positiva e negativamente sempre
de maneira a cumprir a legislação.
Nesse sentido, falando em desenvolvimento, mais de um dos autores aqui citados apontam
que os maiores freios para a falta de desenvolvimento de um povo são os crimes de tráfico de
drogas e de corrupção.
O tráfico, por motivos óbvios, leva seres humanos às mais degradantes condições de vida,
sujeitando-lhes a todas as formas abomináveis de humilhação, tanto de maneira direta pela
necessidade do vício, quanto de forma indireta no caso dos pais, principalmente mães, que sofrem
diuturnamente com e pelas vítimas das drogas.
Mas ainda resta o mais terrível de todos os crimes: a corrupção. A corrupção que rouba a
alimentação das escolas, o remédio dos postos de saúde e o sonho de uma vida digna de milhões
de pessoas, tudo para saciar a ganância. Financiando o seu bem-estar com dinheiro público,
geralmente dos mais carentes, o corrupto mantém a nação na miséria, abrindo portas para o tráfico,
para a prostituição infantil e tudo o que há de perverso na sociedade.
Esses dois crimes certamente são os maiores opressores e depressores da dignidade da pessoa
humana e os que mais devem ser combatidos, pois são a gênese dos demais.
E, assim, fica, conforme afirma Foureaux (2019, p. 19), cada vez mais claro que “a segurança
pública, além de ser um valor supremo, é um direito fundamental” (FOUREAUX, 2019, p. 19).
A Segurança Pública está ligada à proteção de todos os direitos, garantias e conceitos
presentes na Constituição Federal de 1988. O Estado, por meio de seus representantes, tem
o dever de garantir a Segurança Pública a seu povo, em contra partida o povo tem o dever e a
responsabilidade de exercer a sua cidadania, ou seja, direitos em plenitude, inclusive sob pena de
perdê-los por inércia.
Mas como um povo que não está gozando de pleno desenvolvimento e que está sendo
vilipendiado em seus direitos e garantias irá exercer a sua cidadania? Aqui, todos nós que
trabalhamos muito, estudamos e participamos da sociedade, entramos em ação. Nossa contribuição
para orientar, instruir e incentivar os demais é essencial.
Sobre isso, Foureaux (2019) segue lembrando que a Segurança Pública está diretamente
relacionada à terceira dimensão dos direitos fundamentais, pois trata do direito à paz, por ser esse
o fim buscado pela Segurança Pública.
Conduzindo em raciocínio apurado, Foureaux (2019, p. 21) nos revela que, “portanto, a
segurança pública, além de ser um valor supremo é um ‘supremo direito da humanidade’ e um
direito fundamental de terceira dimensão”.
Findamos o capítulo com o entendimento de que a Segurança Pública deve ser tida como um
conceito a ser refletido, difundido e ampliado. Ampliado no sentido de ser debatido nos diversos
O direito fundamental à Segurança Pública 37
Considerações finais
As noções de direitos dos homens, antes conhecidos apenas de forma prática e de maneira
imposta pela moral dominante, que nos dizia o que era certo ou errado, foram, como vimos,
positivadas em documentos, tratados e convenções. Muitos desses direitos foram recepcionados
pela nossa Carta Magna, tornando-se Direitos Fundamentais.
Um dos alertas que nos foi dado pelos autores que conhecemos em nossos estudos foi em
relação à dificuldade para esclarecer o conceito direitos humanos, devido às várias expressões que
podem ser usadas para designá-lo.
Mas agora que temos conhecimento suficiente, estes direitos fundamentais estão para nós
como o norte de nossa dignidade, de nós todos. Sabemos que eles abarcam conceitos maiores e
que ao Estado cabe a atuação positiva protegendo estes direitos e, também, atuação negativa, não
cerceando direitos como a própria vida.
Descobrimos que a Segurança Pública é um direito que não tem fim em si mesmo, pois se
trata de um direito meio para a realização de outros, inclusive fundamentais, como o nosso direito
à Segurança Pública é. E este foi o objetivo neste capítulo, ou seja, refletir com você sobre a própria
Segurança Pública como um direito fundamental.
E acreditamos que, sim, obtivemos sucesso, mas a reflexão deve ser potencializada, tendo
em vista que lendo e buscando nos pesquisadores apresentados sabemos agora que a Segurança
Pública é mais do que fundamental, é direito supremo.
Para ampliar ainda mais os seus conhecimentos em relação à Segurança Pública , sugere-
se a você que leia o livro Direitos humanos: coisa de polícia. O autor Ricardo Brisolla
Balestreri tem vasta experiência como promotor dos direitos humanos relacionados à
Segurança Pública. A obra foi produzida pela Secretaria Especial de Direitos Humanos,
da Presidência da República. O autor cedeu os direitos e a reprodução foi autorizada
desde que seja citada a fonte.
Atividades
1. Dê as definições das expressões abaixo:
• Direitos do homem.
• Os direitos fundamentais.
• Direitos humanos.
2. Aprendemos que os Direitos Fundamentais são cláusulas constitucionais pétreas. Explique o
que são Cláusulas Pétreas.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União. Poder Legislativo,
Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 23 ago. 2019.
BRASIL. Decreto n. 592. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 6 jul. 1992a. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0592.htm. Acesso em: 23 ago. 2019.
BRASIL. Decreto n. 678. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 6 nov. 1992b. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm. Acesso em: 23 ago. 2019.
GOMES, A. R. Teoria dos direitos fundamentais e suas dimensões. In: GORCZEVSKI, C; JAQUES, M. D;
MOUSQUER, J. V. M. (org.). Direitos fundamentais, democracia e políticas públicas: desafios de sociedade e
justiça na contemporaneidade. Curitiba: Prismas, 2017.
GONÇALVES, F. Diferenças entre Direito dos Homens, Direitos Humanos e Direitos Fundamentais.
2019. Disponível em: https://linkconcursos.com.br/diferencas-entre-direito-dos-homens-humanos-e-
fundamentais/. Acesso em 13 de jun. 2019.
LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. 19. ed. ver. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
MORAES, A. de. Direito Constitucional. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
O direito fundamental à Segurança Pública 39
MORAES, F. T. Direito fundamental à segurança e políticas públicas. 178 f. Dissertação (Mestrado em Direito)
– Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, 2010. Disponível em: http://
www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp146905.pdf. Acesso em: 16 jun. 2019.
OLIVEIRA, S. A. M. A teoria geracional dos direitos do homem. Theoria – Revista eletrônica de filosofia, v.
2, n. 3, 2010. Disponível em: http://www.theoria.com.br/edicao0310/a_teoria_geracional_dos_direitos_do_
homem.pdf. Acesso em: 16 jun. 2019.
SENADO FEDERAL. Senado notícias: Cláusula pétrea, 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/
noticias/glossario-legislativo/clausula-petrea. Acesso em: 23 ago. 2019.
SILVA, J. A. da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.
UNIC/RIO/ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 2009. Disponível em: https://nacoesunidas.
org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019.
3
Segurança Pública na Administração Pública
A Administração Pública se confunde com o próprio Estado, este ente que criamos para nos
auxiliar a resolver problemas, principalmente os coletivos – que se sobrepõem a qualquer interesse.
A Segurança Pública prestada como serviço deve ser regrada e seguir as normas do Estado,
o qual atua balizado também em princípios que devem ser respeitados e conhecidos por todos,
principalmente por quem trabalha em seu nome.
Nesse viés, vamos estudar neste capítulo os princípios da Administração Pública dos quais
a própria Segurança Pública não pode prescindir para executar sua missão de modo eficiente e
eficaz, inclusive, sem lesar os direitos individuais e coletivos.
A temática do serviço público também é abordada neste capítulo no intuito de
refletirmos a Segurança Pública enquanto serviço. Será que pode ser assim classificada? É o
que pretendemos discutir.
A Polícia, ou melhor, os órgãos policiais são dotados de poderes conferidos pelo Estado para
que possam atuar. Vamos conhecer especialmente o chamado poder de polícia, que garante a esses
órgãos a legitimidade e o dever de agir em nome do Estado. Mas será que somente as polícias são
detentoras desse Poder? Veremos que não. Ainda no mesmo viés – sobre Polícia –, falaremos do
Poder da Polícia, que, este sim, é apenas das polícias, não como benefício, mas como obrigação de
executar suas atividades de proteção ao cidadão.
O anagrama L.I.M.P.E. ficou famoso entre os estudantes de direito e aqueles que estudam
a Administração Pública de modo geral. Refere-se, respectivamente, aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – e conforme consta no caput1 do supracitado art.
37 da CF, a Administração Pública deve obedecer a esses princípios. Contudo, além dos princípios
L.I.M.P.E., veremos outros, igualmente importantes, que auxiliarão no entendimento de tudo que a
Administração Pública representa.
1 Do latim, caput significa cabeça e refere-se à “cabeça” do artigo, seu enunciado principal.
42 Introdução à Segurança Pública
Vamos lá, para você que já os conhece relembrar e para quem ainda não teve a oportunidade
de começar a estudar este assunto tão importante para todos os cidadãos brasileiros.
A autora nos orienta que no dispositivo legal acima está consignado que o interesse público,
além de se sobrepor ao privado, é irrenunciável.
2 O Direito Público em Gusmão (1999, p. 143) pode ser dividido em interno e externo, o interno que a nós interessa,
por ora, “tem por matéria o Estado, suas funções e organização, bem como a ordem e segurança internas, os serviços
públicos e os recursos indispensáveis à sua execução. Tutela assim o interesse público e o interesse do Estado”.
3 O Direito Constitucional em Gusmão (1999, p. 165, grifos nossos) “é superior a todos os demais, por ser manifestação
da soberania nacional. [...] podemos defini-lo como o direito organizador dos poderes do Estado, de seu governo, disciplinador
das relações jurídicas entre governantes e governados, garantidor dos direitos fundamentais do homem”.
4 O Direito Administrativo em Gusmão (1999, p. 167) “organiza e disciplina a Administração Pública e os serviços
públicos”.
5 O Direito é, para Gusmão (1999, p. 52), um “conjunto de normas executáveis coercitivamente, reconhecidas ou
estabelecidas e aplicadas por órgãos institucionalizados [...]”.
Segurança Pública na Administração Pública 43
Nas palavras de Bortoleto (2015, p. 41), “é o princípio que de maneira mais íntima,
representa o Estado de Direito, revelando a supremacia da lei e, dessa maneira, ainda, constitui-se
em importantíssima forma de tutela dos direitos fundamentais”.
Vamos verificar também na Carta Magna que o supracitado princípio consta em seu
art. 37: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade [...]”
(BRASIL, 1988, grifo nosso).
Frisamos que esse princípio vem em prol do cidadão, buscando a garantia de que será
cumprido em seu favor, seja como direito ou dever, as obrigações dos entes estatais: União,
Estados/Distrito Federal e Municípios.
Esse princípio pode ser confundido com o próprio princípio da isonomia ou da igualdade,
que nos diz que todos os administrados devem ser tratados de igual maneira (MELLO, 2009).
A referência a “administrados” se faz a todos nós que dependemos do Estado e, por
consequência, da Administração Pública para reger muitos de nossos interesses.
E fica claro que a todos deve ser reservado o mesmo tratamento sem nenhuma forma de
diferenciação. Cabe ainda, neste ponto, destacar que o princípio da impessoalidade está consagrado
explicitamente no art. 5º caput e no art. 37, caput:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
[...]
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade [...]. (BRASIL, 1988, grifos nossos)
Todos, no que tange a prestação destinada pelo Estado, são sujeitos de direito, fazendo jus a
receberem o devido tratamento igualitário, sem discriminação de qualquer natureza, este é um dos
motivos da criação do ente Federal.
Ainda serve a “autotutela também para designar o poder que tem a Administração Pública
de zelar pelos bens que integram o seu patrimônio, sem necessitar de título fornecido pelo Poder
judiciário” (DI PIETRO, 2016, p. 101).
E para salvaguardar seus bens, segundo a autora (2016, p. 101), “ela pode, por meio de
medidas de polícia administrativa, impedir quaisquer atos que ponham em risco a conservação
desses bens”.
Nesse viés, é notório que a Administração Pública cria e deve criar mecanismos,
administrativos e jurídicos, para prestar o melhor serviço ao cidadão e assim conclui-se que
medidas de polícia administrativa são necessárias e se tornam ferramentas imprescindíveis à
administração do Estado.
No caso dos subordinados, surge o dever de obediência, ou seja, deve-se submeter a legislação
vigente ao cargo que assumiram, cumprindo com as obrigações atinentes.
Tendo em vista o princípio exposto, Carvalho (2014) nos lança o seguinte questionamento:
“O servidor público tem direito à greve?”.
A pergunta é válida, pois, se refletirmos, vamos concordar que a greve de funcionários
públicos pode comprometer o princípio da continuidade do serviço público. Vejamos.
A resposta de Carvalho (2014, p. 77) é: “o servidor público, em sentido estrito, tem direito à
greve e à sindicalização”. Conforme estabelece o art. 37, VII, da Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:
[...]
VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica. (BRASIL, 1988)
Porém esse direito, assim como outros, não é extensivo aos militares, que não são funcionários
públicos, e não têm direito à greve nem de sindicalização. Isto é expressamente previsto na
Constituição Federal no art. 42 e art. 142, § 3º, IV:
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Art. 142.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares,
aplicando-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes
disposições:
[...]
IV – ao militar são proibidas a sindicalização e a greve. (BRASIL, 1988, grifos
nossos)
Ainda falaremos um pouco mais sobre os militares, por interesse de nossos estudos em
seção específica, mas concordaremos desde já que a greve de qualquer profissional é prejudicial à
população, contudo, tanto os profissionais do serviço público quanto os do privado devem ter seus
direitos assegurados e protegidos contra o próprio Estado, se assim for necessário.
trata-se de premissa que proíbe a edição de atos secretos pelo poder público,
definindo a ideia de que a Administração deve atuar de forma plena e
transparente. A administração não age em nome próprio e por isso nada mais
justo que o maior interessado, o cidadão, tenha acesso ao que acontece com seus
direitos.
Di Pietro (2016, p. 103) assevera que “o princípio da publicidade, que vem agora inserido no
art. 37 da Constituição, exige ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública,
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas em lei”.
O princípio da publicidade se materializa pela publicação dos atos administrativos. Como
regra, temos que todos os atos praticados pela administração devem ser publicados, há, porém,
uma exceção no que diz respeito ao art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, em caso que o “sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado” (BRASIL, 1988).
O princípio da publicidade ganhou mais força a partir da edição da Lei n. 12.257, de 2011 –
Lei de Acesso à Informação. A lei busca regular:
1. Artigo 5º, XXXIII da Constituição Federal.
2. Artigo 37, § 3º, II da Constituição Federal.
3. Artigo 216, § 2º, II da Constituição Federal.
Esses dispositivos, para Bortoleto (2015), apontam as três dimensões a que a Lei de
Acesso à Informação se propõe:
1. Direito fundamental.
2. Direito do usuário da Administração.
3. Patrimônio cultural brasileiro.
Utilizando as palavras de Mello (2009, p. 114): “não pode haver em um Estado Democrático
de Direito, no qual o poder reside no povo (art. 1º, parágrafo único, da Constituição) ocultamento
aos administrados dos assuntos que a todos interessam, e muito menos em relação aos sujeitos
individualmente afetados por alguma medida”.
O administrado é detentor de diretos e o maior interessado nas atividades do ente estatal, a
única justificativa para qualquer tipo de sigilo é a própria segurança das pessoas, no caso a doutrina
refere-se ao Estado e à sociedade.
Há autores que acreditam que este princípio é absorvido pelo princípio da legalidade, pois o
conceito de moral administrativo seria, em suas opiniões, vago e impreciso.
brocardo: aforismo,
máxima ou texto Contudo o antigo brocardo que diz que “nem tudo que é legal é honesto”, e estando a moral
breve que explica
intimamente ligada à honestidade, deduzimos que esta se sobrepõe, ao menos filosoficamente, ao
uma regra ou
princípio moral. direito e à legalidade, contrariando, pois, o entendimento de alguns autores, conforme acima citado
– e esse também é nosso entendimento: a moral se sobrepõe à legalidade (DI PIETRO, 2016).
Mello (2009) leciona que o princípio da eficiência é apenas uma faceta do princípio da
boa administração, que a nós parece tratar-se de igual essência, o que importa realmente é a boa
utilização de recursos, incluindo entre eles o tempo, o dinheiro e a esperança depositada pelo
cidadão na Administração.
Mesmo que saibamos que Segurança Pública envolve todos os segmentos sociais, inclusive
os privados, ela é “responsabilidade do Estado”.
Critérios Descrição
Segundo esse critério, apenas os serviços prestados pela Administração Pública, por meio
Subjetivo ou orgânico de seus órgãos e entidades estatais, podem ser considerados públicos. O foco está no
prestador do serviço.
O que se leva em conta nesse princípio é que o serviço sirva à coletividade e, além disso,
Material que seja indispensável ao grupo, configurando-se assim em serviço fundamental. O foco
está na atividade.
Critérios Descrição
Subjetivo Presença do Estado
A obra pública segue um padrão fixo que tem um começo e fim exatos. O serviço é
diferente da execução da obra. A obra é indispensável à prestação do serviço, mas com
Obra Pública ela não se confunde. Exemplo: a obra de um hospital ou a construção do prédio é diferente
do serviço de saúde que vai ser prestado no hospital; outro exemplo é a construção de um
metrô, cuja obra em si não se confunde com o serviço de transporte que será prestado.
É uma medida restritiva de direitos. O Estado restringe direitos com o emprego do Poder
de Polícia. Difere da prestação de serviço que é uma medida ampliativa e que oferece
Poder de Polícia comodidade. Mesmo quando o Estado fornece autorização para construir, ou para porte
de armas, estas são medidas restritivas e não ampliativas. Assim não se confunde com
serviço público.
Ao atuar no mercado, o ente estatal submete-se às regras de Direito Privado, com isso,
não tem prerrogativas como as de isenção tributária. As normas constitucionais pregam
Exploração de Atividade
que o Estado deve atuar explorando atividades econômicas somente quando no interesse
Econômica
coletivo ou em casos de segurança nacional. Estando afastado do Direito Público perde
uma de suas características de serviço público.
Nem toda a atividade desenvolvida pela Administração Pública é serviço público, podendo
ser atividades de: exploração de atividades econômicas, execução de obras públicas e exercício do
poder de polícia.
52 Introdução à Segurança Pública
Vemos então que a nossa Carta Constitucional estabelece que Segurança Pública é serviço
público. Na interpretação do texto constitucional fica demonstrado que as características de
serviço público estão presentes, ou seja, a) destinada à coletividade, b) prestada pelo Estado, e
c) regida pelo direito público.
Segurança Pública na Administração Pública 53
Sobre o serviço de segurança, ainda podemos chamá-lo público quando analisado sob a ótica
dos direitos fundamentais. Primeira geração (liberdade), lembramos que são os direitos individuais;
segunda geração (igualdade), a necessidade da atuação positiva do Estado na preservação dos
direitos coletivos que se sobrepõem aos interesses individuais; terceira geração, direitos sociais
(art. 6º da CF), estes se estendem a todos, são difusos; e aqui temos que a necessidade e proteção do
Estado também devem ser difusas, para todos. (MERTENS, 2007).
Nos diz o autor que a polícia é uma realidade, presente em vários lugares em qualquer
momento, porém o poder de polícia é uma potencialidade do Estado, além disso, o poder de polícia
legitima a ação da polícia quando esta necessita agir e, também, a sua própria existência.
A definição acima nos introduz à reflexão sobre esse poder do Estado, ressalte-se do
Estado, e estabelece uma primeira diferença entre poder de polícia, poder da polícia e a própria
instituição policial.
O texto de Lazzarini (1987) antecede a nossa Constituição Federal de 1988, quando vivíamos
em um período de governo militar, o que poderia gerar polêmica quanto à doutrina adotada pelos
autores acima. Contudo, o que nos interessa é verificar a definição, muito bem elaborada, que
ainda mantém-se atual. Vejamos outra autora consagrada:
Pelo conceito clássico, ligado à concepção de liberal do século XVIII, o poder de
polícia compreendia a atividade estatal que limitava o exercício dos direitos
individuais em benefício da segurança. Pelo conceito moderno, adotado no
direito brasileiro, o poder de polícia é a atividade do Estado consistente em
limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público
(DI PIETRO, 2016, p. 155, grifos nossos).
Devemos observar que, ao contrário do senso comum, o poder de polícia não se restringe
à ideia de Polícia, ou órgão pertencente ao sistema de Segurança Pública, é sim uma atividade
administrativa do Estado que está ligada ao órgão legitimado a utilizar o poder de polícia, que pode
não ser um órgão policial.
No Código Tributário Nacional, encontraremos o conceito atual de poder de polícia para
o direito brasileiro, pois é um poder da Administração Pública que pode gerar cobrança de taxa,
conforme o art. 77 do mesmo código e ainda do art. 145, II da Constituição Federal.
54 Introdução à Segurança Pública
Mas vejamos a definição legal de poder de polícia que está no art. 78 do Código Tributário
Nacional, contido na Lei n. 5.172/1966:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato
ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos. (BRASIL, 1966)
Considerações finais
Observamos neste capítulo que a Segurança Pública está imersa nas atribuições do Estado,
como consta na Constituição Federal de 1988, mais precisamente no art. 144, caput, dizendo que
Segurança Pública é dever do Estado.
Sabendo que a Administração Pública se confunde com o Estado, não há como dissociar
este direito fundamental – Segurança – das obrigações dos governos, que devem cumprir com seus
deveres mediante a observação de todos os princípios legais.
As atividades desenvolvidas por todos os agentes da Administração Pública estão vinculadas
aos princípios apresentados, bem como toda a atividade de Segurança Pública que deles não pode
prescindir em momento algum.
Sendo dever do Estado e estando vinculada aos princípios legais preestabelecidos, inclusive,
não há como negar a definição de Segurança Pública como serviço público.
Retornando a nossa Carta Maior de 1988, que deve ser consultada sempre, pois dela emanam
todos os nossos direitos e deveres, temos que lembrar também que Segurança Pública é nossa
responsabilidade enquanto cidadãos.
Por fim, vamos chegando ao Capítulo 4, e nele vamos continuar os estudos conhecendo os
órgãos que são apresentados nos incisos do art. 144 da Constituição e aprender um pouco mais
sobre suas atribuições.
Atividades
1. Entre os Princípios da Administração Pública apresentados, está o Princípio da
Supremacia do Interesse Público. Disserte sobre esse Princípio que, a nosso entender,
está entre os mais importantes.
56 Introdução à Segurança Pública
Referências
ALEXANDRINO, M; PAULO, V. Direito administrativo descomplicado. 18. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2010.
BORTOLETO, L. Direito administrativo: para os concursos de analista. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2015.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 29 ago.
2019.
BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27
out. 1966. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm. Acesso em: 9 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
14 fev. 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8987cons.htm. Acesso em: 29 ago.
2019.
BRASIL. Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 1 ago.
1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. Acesso em: 30 ago. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n. 346. Diário Eletrônico da Justiça, Brasília, DF, 13 dez. 1963.
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1576.
Acesso em: 9 set. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n. 473. Diário Eletrônico da Justiça, Brasília, DF, 10 dez. 1969.
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1602.
Acesso em: 9 set. 2019.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 29. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
GUSMÃO, P. D. Introdução ao estudo do direito. 25. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
MELLO, C. B. de. Curso de direito administrativo. 26. ed. rev., atual. São Paulo: Malheiros, 2009.
NETO, F. F. B; TORRES, R. C. L. Direito administrativo. 2 ed. Coleção sinopses para concursos. Salvador:
JusPODIVM, 2012.
4
Órgãos de Segurança Pública
Iniciamos este capítulo esclarecendo que não há hierarquia entre as polícias no Brasil,
portanto a ordem de apresentação do conteúdo abordado na sequência é meramente didática,
seguindo a que foi estabelecida na Constituição Federal de 1988, a qual, por sua vez, também não
estabelece hierarquia entre os órgãos policiais.
O conteúdo que apresentamos a seguir, principalmente no que tange aos órgãos policiais, é
referente ao Sistema de Segurança Pública (SSP) apresentado no art. 144 da Constituição Federal
de 1988. Cabe esclarecer esse ponto desde já, pois, no Capítulo 5 deste livro, falaremos sobre o
Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que engloba outros órgãos, tão importantes quanto os
apresentados neste capítulo.
Contudo, por ora, vamos abordar cada órgão do Sistema de Segurança Pública, além de
desenvolvermos estudo específico sobre a atuação das polícias administrativa e judiciária que
culmina com o serviço prestado pelo sistema penitenciário.
A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
144
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
(Continua)
58 Introdução à Segurança Pública
A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
144, § 10
seu patrimônio nas vias públicas:
Para concluir, é importante frisar que a ordem pública está presente no ordenamento jurídico
brasileiro em diversos diplomas legais, a exemplo do Código Civil, do Código de Processo Penal,
entre outros. Contudo, a ordem pública que se revela na Constituição Federal é mais ampla ainda,
pois expande-se em sua aplicação conceitual.
A Lei Federal n. 10.446, de 8 de maio de 2002, tem como ementa: “Dispõe sobre infrações
penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme, para os fins
do disposto no inciso I, do § 1º do art. 144 da Constituição” (BRASIL, 2002). Em seu primeiro
artigo, ela regulamenta o mencionado parágrafo 1º, trazendo uma relação explicativa de
crimes sobre os quais a Polícia Federal poderá – quando houver repercussão interestadual ou
internacional – exigir repressão uniforme. Isso sem prejuízo à responsabilidade dos demais órgãos,
principalmente as polícias militares e civis dos estados. Nesse sentido, pode-se investigar, de
modo uniforme, as seguintes infrações penais listadas, entre outras:
I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159
do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação política ou quando
praticado em razão da função pública exercida pela vítima;
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27
de dezembro de 1990); e
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do
Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de
que seja parte;
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas
em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação
de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação;
V – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a
fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou
distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal) (Incluído
pela Lei nº 12.894, de 2013);
VI – furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências
bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de
associação criminosa em mais de um Estado da Federação (Incluído pela Lei
nº 13.124, de 2015);
VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores
que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio
ou a aversão às mulheres (Incluído pela Lei nº 13.642, de 2018). (BRASIL, 1988)
Por fim, como visto no art. 144, § 1º, a Polícia Federal é estruturada em carreira, composta
pelos seguintes cargos: delegado de Polícia Federal, que é o dirigente da instituição; perito criminal
federal; escrivão de Polícia Federal; papiloscopista policial federal; e agente de Polícia Federal.
De acordo com o art. 7º, inciso V, do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503, de 23
de setembro de 1997), a Polícia Rodoviária Federal compõe o Sistema Nacional de Trânsito, que,
conforme art. 5º do mesmo Código:
é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios que têm por finalidade o exercício das atividades de
planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento
de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação,
engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento
de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. (BRASIL, 1997)
O decreto ainda fala sobre a chamada Polícia do Caminho do Ferro, primeira designação da
Polícia Ferroviária Federal, conforme art. 1º, § 14º:
§ 14º Por meio dos necessarios Regulamentos, e de intelligencia com a
Companhia, providenciará o Governo sobre os meios de fiscalisação, segurança
e policia do caminho de ferro, bem como estatuirá quaesquer outras medidas
relativas á construcção, uso, conservação e costeio do caminho de ferro, podendo
impor aos infractores penas de multa até duzentos mil réis, e de prisão até tres
mezes, e solicitando do Corpo Legislativo providencias ácerca de penas mais
graves e proporcionadas aos crimes que possão affectar a sorte da empresa, as
garantias do publico, e os interesses do Estado. (BRASIL, 1852, grafia da época)
Do que a história nos mostra, por meio do documento supracitado, é possível pensar no
auge da Polícia Rodoviária Federal e tudo o que representou e representa o trabalho de muitas
polícias que auxiliaram na construção do Brasil garantindo segurança desde o seu início.
Do dispositivo constitucional, observamos que as polícias civis são dirigidas por delegados
de Polícia Civil de carreira, bacharéis em direito aprovados em concurso público. A Lei n. 12.830,
de 20 de junho de 2013, “dispõe sobre a investigação criminal conduzida por delegado de polícia”
(BRASIL, 2013) e estabelece que as funções de delegado são de natureza jurídica, essenciais e
exclusivas do Estado, sendo elas: as funções de polícia judiciária e de apuração de infrações penais.
A lei também estabelece que a investigação criminal é conduzida por meio de inquérito
policial, ou outro procedimento previsto em lei, e que durante as investigações cabe a requisição de
perícias, informações, dados e o que mais couber ao caso.
Ainda quanto a essa lei, ela apresenta no § 3º uma mensagem de veto presidencial
encaminhado ao Senado Federal, a qual apresentamos a seguir:
Razões do veto
Da forma como o dispositivo foi redigido, a referência ao convencimento
técnico-jurídico poderia sugerir um conflito com as atribuições investigativas de
outras instituições, previstas na Constituição Federal e no Código de Processo
Penal. Desta forma, é preciso buscar uma solução redacional que assegure as
prerrogativas funcionais dos delegados de polícias e a convivência harmoniosa
entre as instituições responsáveis pela persecução penal. (BRASIL, 2013)
Órgãos de Segurança Pública 65
Os conceitos expostos, entre outros, estão relacionados à missão constitucional das polícias
militares, em especial ao art. 144, § 5º, supracitado. Entendendo esses conceitos, podemos mensurar
o quão importante e abrangente é o serviço policial militar.
Podemos acrescentar ainda que, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, Lei n. 9.503, de
23 de setembro de 1997, as polícias militares também compõem o Sistema Nacional de Trânsito,
conforme seu art. 7º, VI:
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e
entidades:
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e
órgão máximo normativo e consultivo;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito
do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
Órgãos de Segurança Pública 67
Consiste na atividade administrativa desempenhada Coleta de lixo; iluminação pública nas ruas;
pelo município, com o fim de satisfazer as tratamento de água potável; construção de
Serviços necessidades coletivas e individuais dos munícipes, postos de saúde e de hospitais; serviço de
sob a incidência total ou parcial de um regime de transporte coletivo (ônibus, trem, metrô);
direito público. loteamento; calçamento de ruas e praças.
(Continua)
Órgãos de Segurança Pública 69
Segundo Foureaux (2019), ao ampliar o rol de atribuições das guardas municipais em seu
art. 5º – para mais do que a proteção de bens dos serviços e instalações dos municípios –, o Estatuto
Geral das Guardas Municipais, Lei n. 13.022, de 2014, não incorreu em inconstitucionalidade.
O autor explica que as guardas, naquilo que vai além da proteção de bens, dos serviços e
instalações dos municípios, deverão sempre atuar em apoio, parceria ou em conjunto com a Polícia
Militar, Civil ou Federal.
Cabe destacar que as guardas municipais constituem, juntamente com outros órgãos,
o Sistema de Segurança Pública brasileiro, em que pese divergências doutrinárias, mas não são
órgãos policiais.
Apesar de verificarmos em municípios a semelhança entre os uniformes das guardas e as
fardas das polícias militares, há a vedação expressa pelo art. 19 da Lei n. 13.022 de que “A estrutura
hierárquica da guarda municipal não pode utilizar denominação idêntica à das forças militares,
quanto aos postos e graduações, títulos, uniformes, distintivos e condecorações” (BRASIL, 2014).
A direção das guardas municipais deve ser conduzida por profissionais de carreira. A exceção
a esta regra existe apenas nos quatro primeiros anos de funcionamento da Guarda Municipal,
período em que um profissional estranho à carreira poderá dirigi-la e, preferencialmente, será
ligado à área da segurança ou defesa social (art. 15, § 1º).
De acordo com o Estatuto Geral das Guardas Municipais, a denominação das guardas
pode ser adequada e consagrada pelo uso, como Guarda Civil, Guarda Civil Municipal, Guarda
Metropolitana e Guarda Civil Metropolitana (art. 22).
se encontram em dado momento e se completam, e suas ações sempre estão em conjunto com
o Judiciário, Ministério Público e Sistema Penitenciário.
É preciso entender que, quando a situação é de ordem pública, esse estágio pertence ao ciclo
de polícia, pois está acontecendo por parte dela, principalmente pela Polícia Militar, por meio do
patrulhamento ostensivo, da manutenção ou da preservação da ordem pública. E é nesse ponto de
equilíbrio social que, após o ciclo ser todo percorrido, a sociedade deve novamente desfrutar da
paz e tranquilidade social; fecha-se o ciclo na sua totalidade.
Outro ponto a se destacar é que há uma interseção entre os dois ciclos, um ponto de encontro,
no qual o ciclo de polícia encontra o ciclo da persecução criminal: no chamado momento da quebra
da ordem pública. Nesse estágio, as polícias buscam restaurar a ordem pública. O ilícito provavelmente
aconteceu e então as demais autoridades entram na fase processual, que deve culminar com a fase das
penas, quando o delinquente será ressocializado (LAZZARINI, 1998 apud VALLA, 2012).
Considerações finais
Como já frisado, a Segurança Pública é multidisciplinar e está em constante movimento,
sempre buscando reinventar-se. A luta diária dos profissionais de Segurança Pública é contra um
inimigo que podemos chamar de abstrato: o crime. E o crime também se reinventa a cada dia,
muitas vezes em uma velocidade maior que as possibilidades que têm aqueles que o combatem de
o acompanhar.
Órgãos de Segurança Pública 73
Tendo isso em vista, conhecemos os órgãos de Segurança Pública elencados no art. 144 da
Constituição Federal de 1988, percebendo que entre eles não há hierarquia, mas sim a execução
das suas competências singulares.
A missão dos órgãos de Segurança Pública, atuando em conjunto, é vencer a sensação de
insegurança que assola o cidadão – e nós, como cidadãos, devemos valorizar cada um dos órgãos
de Segurança Pública e incentivar os governos para que seja cumprido o preceito constitucional de
que Segurança Pública é dever do Estado.
Culpar as instituições policiais pela sensação de insegurança é um erro que não cabe mais a
nós, pois temos a informação correta. Isso se aplica às demais e necessárias políticas públicas que
devem estar em sintonia com as de Segurança Pública, como educação e saúde.
• ASSIS, J. D.; GENRO, Â. S.; RIBAS, R. Análise da significação dos termos “forças
auxiliares” e “reserva”, constantes no artigo 144, § 6º, da constituição federal de 1988.
Jusbrasil. Disponível em: https://jorgecesarassis.jusbrasil.com.br/artigos/121940517/
analise-da-significacao-dos-termos-forcas-auxiliares-e-reserva-constantes-no-artigo-
144-6-da-constituicao-federal-de-1988. Acesso em: 2 set. 2019.
No material sugerido, você vai aprender um pouco mais sobre as Forças Auxiliares e
Reserva do Exército, bem como conhecer o desenvolvimento do tema nas Constituições
que antecederam a de 1988 e encontrar ampla terminologia que acrescentará muito ao seu
saber jurídico e ao relacionado à segurança.
Atividades
1. De acordo com o texto estudado, qual é o objeto da Segurança Pública? E quais os elementos
e os respectivos conceitos que você estudou em relação a ele?
2. Quantos e quais são os órgãos que constituem o Sistema de Segurança Pública, segundo
a Constituição Federal de 1988? E quais são as suas competências constitucionais? Há
hierarquia entre os órgãos de Segurança Pública?
3. Em qual estágio ocorre o encontro entre o ciclo de polícia e o ciclo da persecução criminal?
Referências
BRASIL. Decreto n. 641, de 26 de junho de 1852. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Rio de Janeiro,
RJ, 1852. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/historicos/dpl/DPL641-1852.htm.
Acesso em: 2 set. 2019.
BRASIL. Decreto n. 88.777, de 30 de setembro de 1983. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília,
DF, 1983. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D88777.htm. Acesso em: 30 ago.
2019.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, DF, 1988.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 set. 2019.
Órgãos de Segurança Pública 75
BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, DF,
1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm. Acesso em: 20 ago. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.446, de 8 de maio de 2002. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10446.htm. Acesso em: 30 ago. 2019.
BRASIL. PL 1.949/2007. Câmara dos Deputados. Brasília, DF, 2007. Disponível em: https://www.camara.leg.
br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=365881. Acesso em: 9 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 12.830, de 20 de junho de 2013. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, DF,
2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/L12830.htm. Acesso
em: 2 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 13.022, de 8 de agosto de 2014. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, DF,
2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13022.htm. Acesso
em: 2 set. 2019.
VALLA, W. O. Doutrina de emprego de Polícia Militar e Bombeiro Militar. 3. ed. Curitiba: Associação da Vila
Militar – Publicações Técnicas, 2012.
5
Sistema Único de Segurança Pública (Susp)
Aprendemos em nossos estudos que o Sistema de Segurança Pública está expresso no art. 144
da Constituição Federal de 1988, sendo composto pelos seguintes órgãos policiais: Polícia Federal;
Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária Federal; Polícia Civil; Polícia Militar e Corpo de
Bombeiros Militar.
Os órgãos que constam no art. 144 da Constituição Federal de 1988 Foureaux (2019) chamou
de órgãos policiais próprios, que podem também ser chamados de órgãos policiais de Segurança
Pública, os quais têm por atribuição principal a preservação da ordem pública, da incolumidade
das pessoas e do patrimônio.
Contudo, há no ordenamento jurídico nacional outros órgãos que colaboram com a
Segurança Pública, inclusive com poder de polícia para as atividades que desenvolvem. No entanto,
estas não são precipuamente as de preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, além de se tratar de órgãos que não estão elencados no art. 144 da Constituição
Federal de 1988, sendo classificados como órgãos policiais impróprios (FOUREAUX, 2019).
Neste capítulo, vamos estudar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Ele surgiu
com a intenção de promover a integração entre os órgãos de segurança pública e a sociedade, de
maneira que dados, experiências e recursos possam ser compartilhados e otimizados no combate à
violência. Essa integração, por sua vez, envolve os órgãos policiais próprios e impróprios.
Veremos que a busca pela integração, o compartilhamento de dados e a troca de experiências
entre os órgãos policiais e a sociedade visa a atender algo maior: a Política Nacional de Segurança
Pública e Defesa Social (PNSPDS), sendo que ambos, PNSPDS e Susp, constam na mesma legislação.
E a pergunta que fazemos é a seguinte: o que levou as autoridades a pensarem em uma
Política Nacional de Segurança Pública e em um Sistema Único de Segurança Pública?
Com base nisso, firmamos ainda mais o entendimento de que os interesses do Estado, entre
os quais está a Segurança Pública, é interesse de todos, inclusive dever e responsabilidade, como a
Carta Magna já prega.
Assim, podemos concluir que política pública é o campo do conhecimento que procura,
simultaneamente, analisar a ação do governo e cultivar mudanças para as ações. As políticas
públicas se consubstanciam quando as propostas de campanhas eleitorais se transformam em
resultados (SOUZA, 2006).
A autora (2006, p. 26) orienta que “políticas públicas, após desenhadas e formuladas,
desdobra-se em planos, programas, projetos, bases de dados ou sistemas de informação e pesquisas”.
Ela ainda complementa que, em alguns casos, as políticas públicas necessitam de legislação que,
previamente aprovada, dê suporte a elas.
Vamos lembrar que o § 7º do art. 144 da Constituição Federal de 1988 carecia de
regulamentação:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...]
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis
pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
(BRASIL, 1988)
Sistema Único de Segurança Pública (Susp) 79
Com essa necessidade de regulamentação, foi proposto o Projeto de Lei2 n. 3.734/2012, que
deu ensejo à Lei n. 13.675, de 11 de junho de 2018, a qual tem por ementa3:
Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela
segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; cria
a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui
o Sistema Único de Segurança Pública (Susp); altera a Lei Complementar
nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a Lei
nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4
de julho de 2012. (BRASIL, 2018)
Podemos extrair três verbos do texto da ementa da supracitada Lei n. 13.675, de 2018,
conforme abaixo:
1. Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela
segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal [...].
(BRASIL, 2018)
Toda a legislação acima alterada é referente ou tem alguma ligação com Segurança Pública.
Quando da criação ou alteração de alguma legislação correlata, outras podem ser afetadas – esse é
mais um cuidado que o legislador deve ter na edição de novas leis.
Não necessariamente políticas públicas dependerão de novas leis, mas, com a necessidade
revelada, há que se imprimir ainda mais seriedade ao processo de fomento dessas políticas, bem
como com todo o processo legislativo.
No caso concreto que abordamos em relação à PNSPDS e ao Susp, o trabalho legislativo
é posto em prática pelo Poder Executivo, que tem o dever de fazer cumprir o estipulado pela
legislação em vigor. Em nossos estudos, aprenderemos que a União, os estados, o Distrito Federal
e os municípios devem, com a edição da Lei n. 13.675, de 2018, trabalhar de maneira sistêmica e
harmônica para que as políticas de Segurança Pública se concretizem. Conforme consta no art. 1º
da Lei n. 13.675:
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e cria a
Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), com a
finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos
órgãos de segurança pública e defesa social da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, em articulação com a sociedade. (BRASIL, 2018)
2 “Um projeto de lei ou uma proposta de lei é um conjunto de normas que deve submeter-se à tramitação num
órgão legislativo com o objetivo de efetivar-se através de uma lei” (BRASIL, 2019a).
3 “Em termos jurídicos, é o sumário ou resumo do conteúdo da lei ou do projeto de lei, que aparece na parte inicial do
texto; rubrica. Significa também texto reduzido aos pontos essenciais; resumo, síntese, sinopse” (BRASIL, 2019a).
80 Introdução à Segurança Pública
Tendo isso em vista, vamos, na próxima seção, abordar especificamente a PNSPDS de acordo
com a legislação que a apresentou para nós.
Anteriormente, elencamos o que consta da lei no artigo específico para tornar a leitura mais
agradável. Podemos perceber que a questão de valorização do profissional está presente, assim como
deve ser na educação, saúde e em todas as demais áreas; e nenhuma delas será prestigiada se não
passar por um processo de formação adequado para que práticas antigas não sejam perpetuadas.
Outro ponto a se destacar é o orçamento. Quando bem aplicado às verbas públicas, ele
alcança maior eficácia em seu investimento, gerando economia e reinvestimento em outros setores.
No tocante específico da Segurança Pública, já destacamos que prevenção é um investimento
melhor do que repressão.
Estes elos estratégicos – educação, saúde e segurança – formam uma corrente social sem
possibilidade de rompimento quando blindados com boa formação e investimento adequado,
revertendo-se, potencialmente, em mais economia para o sistema social.
Por fim, no art. 8º, a legislação fala dos meios e instrumentos para a implementação da
PNSPDS. Tal artigo é dividido em cinco incisos (o terceiro vetado), porém vamos destacar, no
inciso II, composto por seis alíneas (a “b” vetada), o seguinte:
c) o Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap);
d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp);
e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança
Pública (Pró-Vida). (BRASIL, 2018)
Apresentamos essas alíneas – sabendo que todas as demais gozam da mesma importância –,
mas a valorização do ser humano-profissional, por meio da educação e da dignificação originárias
da melhor qualidade de vida antes, durante e depois da jornada de trabalho, parece-nos ser fator
primordial para o destinatário do serviço, para que o cidadão também seja dignificado com o
melhor atendimento.
A sigla Susp aparece 31 vezes no texto da Lei n. 13.675, de 2018, enquanto a expressão
completa Sistema Único de Segurança Pública, apenas 4 vezes. E o primeiro ponto relevante a se
tratar é que, no Capítulo III da legislação em análise, são dedicadas duas seções e dez artigos com
os respectivos incisos para tratar do Sistema Único de Segurança Pública (Susp).
Tendo em vista a importância do assunto, bem como sua complexidade e extensão, vamos
dividir em seções específicas para o melhor entendimento.
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Guimarães citado por Foureaux, 2019.
No organograma da Figura 1, temos uma visão geral dos integrantes do Susp, os estratégicos
e os operacionais. Assim como já comentamos anteriormente, não há hierarquia entre os órgãos
policiais que constam no art. 144 da Constituição Federal de 1988, e da mesma forma não há entre
84 Introdução à Segurança Pública
os órgãos do Susp, restando a cada um atuar dentro de suas competências de maneira cooperativa,
sistêmica e harmônica, conforme a lei.
Nas próximas seções, vamos estudar cada um dos integrantes do Susp, apresentando a
divisão, assim como na legislação, entre os estratégicos e os operacionais.
Como o nome já sugere, operacionais são os integrantes responsáveis pelas ações que
resultaram na execução das Políticas Nacionais de Segurança Pública e Defesa Social, em que
pese toda a estrutura administrativa, com atividades-meio para dar sustentação ao trabalho. É na
comunidade, nas ruas e em parceria com o cidadão que as soluções serão implementadas.
Com os profissionais de Segurança Pública que estão sujeitos às intempéries (sol, chuva)
durante o dia, à noite e de madrugada, e com os perigos do cotidiano é que se efetiva todo o
processo, desde o Projeto de Lei, a própria lei, até a garantia dos direitos fundamentais. Vale ressaltar
que a Lei do Susp, como é também chamada a nova legislação, traz em seu texto a valorização dos
profissionais que atuam na área que estamos estudando.
A seguir, temos algumas informações em relação aos integrantes operacionais do Susp. Já
estudamos sobre os membros do Sistema de Segurança Pública, conforme o art. 144 da Constituição
Federal de 1988, então agora vamos nos concentrar naqueles ainda não abordados e que compõem
o Susp. Na sequência, há uma observação em relação à Polícia Ferroviária Federal (PFF).
A PFF foi deixada de fora do Susp por meio de veto do Presidente da República. A Mensagem
de Veto5 n. 321, de 11 junho de 2018, comunicou ao Senado Federal o veto da participação da Polícia
Ferroviária Federal no Sistema Único de Segurança Pública (Susp), sob o fundamento de que:
Razão do veto
O dispositivo insere a Polícia Ferroviária Federal como órgão operacional do
SUSP. Ocorre que, apesar do órgão constar como integrante da segurança pública,
conforme art. 144 da Constituição, entende-se que a norma constitucional possui
eficácia limitada e atualmente não existe lei específica que regulamente a criação
do referido órgão. Por estas razões recomenda-se o veto. (BRASIL, 2018)
Com essa justificativa, a PFF foi excluída do Sistema Único de Segurança Pública. Da mesma
forma, os órgãos do sistema socioeducativo foram afastados do Susp, com a mesma Mensagem de
Veto n. 321, de 11 junho de 2018, porém com as razões abaixo:
Razões dos vetos
Os dispositivos referem-se a matérias já tratadas na legislação de forma
sistêmica, integradas ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE), vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos, constituído por
políticas públicas diferenciadas com base na natureza pedagógica e peculiar dos
indivíduos aos quais se destinam e por leis específicas, que atendem inclusive a
princípios e normativas internacionais que abordam a temática. Assim, não se
justifica sua vinculação a outro sistema ora instituído pelo Projeto. (BRASIL,
2018)
5 Comunicação escrita por meio da qual o chefe do Poder Executivo dá ciência ao Legislativo de que vetou, total ou
parcialmente, um projeto de lei, e expõe a fundamentação do veto (BRASIL, 2019b).
86 Introdução à Segurança Pública
6 “A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser apresentada pelo presidente da República, por um terço dos
deputados federais ou dos senadores ou por mais da metade das assembleias legislativas, desde que cada uma delas
se manifeste pela maioria relativa de seus componentes. Não podem ser apresentadas PECs para suprimir as chamadas
cláusulas pétreas da Constituição (forma federativa de Estado; voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos
poderes e direitos e garantias individuais). A PEC é discutida e votada em dois turnos, em cada Casa do Congresso, e
será aprovada se obtiver, na Câmara e no Senado, três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49)”
(BRASIL, 2019a).
Sistema Único de Segurança Pública (Susp) 87
Na Lei do Susp, a Senasp está prevista no art. 9º, inciso XI, com importante atuação a nível
nacional em parceria com os órgãos e instituições de Segurança Pública. A seguir, temos o estudo
das Secretarias Estaduais de Segurança Pública e sua atuação a nível estadual e distrital.
Ainda sobre o Sisnad, consta da supracitada Lei n. 11.343, de 2006, que “o SISNAD atuará
em articulação com o Sistema Único de Saúde (SUS), e com o Sistema Único de Assistência Social
(SUAS)” (BRASIL, 2006). E, conforme vamos verificando, Segurança Pública está interligada a
todos os outros sistemas, sendo, portanto, um conjunto bem mais complexo do que se pode tentar
conceber.
E também, ao citar o SUS e o Suas, percebemos que o Susp teve, sim, sua essência vinda
desses órgãos, que trazem a integração entre elementos que coadunam dos mesmos interesses e
que devem contribuir para uma mesma causa ou interesse.
Atualmente, a Senad tem como missão8 responsabilizar-se pela fiscalização dos bens
apreendidos oriundos de crimes, garantindo que a justiça os aplique em políticas sobre drogas,
com o objetivo de reduzir a oferta de entorpecentes no Brasil, atuando em dois eixos principais:
redução da oferta de drogas, combate ao tráfico de drogas e crimes conexos; e gestão dos recursos
apreendidos em decorrência de atividades criminosas relacionadas às drogas e crimes conexos.
À Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas compete:
I - assessorar e assistir o Ministro de Estado quanto às políticas sobre drogas
relacionadas com a redução da oferta e a repressão da produção não autorizada
e do tráfico ilícito de drogas;
II - supervisionar e articular as atividades de capacitação e treinamento no
âmbito de suas competências;
III - subsidiar e supervisionar, de acordo com a Política Nacional sobre Drogas e
no âmbito de suas competências, as atividades relativas à definição, à elaboração,
ao planejamento, ao acompanhamento, à avaliação e à atualização das políticas
públicas sobre drogas;
IV - gerir o Fundo Nacional Antidrogas e fiscalizar a aplicação dos recursos
repassados pelo Fundo aos órgãos e às entidades conveniadas, exceto se
transferidos a outros Ministérios, hipótese em que serão fiscalizados pela
respectiva Pasta, que será a responsável pela prestação de contas junto aos
órgãos de controle;
Do art. 7º do CTB de 1997, extraímos que o Sistema Nacional de Trânsito é composto pelos
seguintes órgãos e entidades:
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e
órgão máximo normativo e consultivo;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito
do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
coordenadores;
III - órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
IV - órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI. (BRASIL, 1997)
Na supracitada portaria, consta que a Guarda Portuária terá seus serviços organizados e
regulamentados pela administração dos respectivos portos, a fim de promover a segurança e a
vigilância na área portuária.
Ainda de acordo com a portaria, art. 2º, toda a área portuária será compreendida pelo
espaço destinado aos ancoradouros, docas, cais, pontes e píeres de atracação e acostagem, terrenos,
armazéns, edificações e vias de circulação interna pertencentes ao porto. Também entram nesse
contexto a infraestrutura de proteção e o acesso aquaviário ao porto (BRASIL, 2009).
As competências da Guarda Portuária estão no art. 5º da portaria e são as seguintes:
I - Elaborar os procedimentos a serem adotados em casos de sinistro, crime,
contravenção penal ou ocorrência anormal.
II - Exercer a vigilância na área do porto organizado, para garantir o
cumprimento da legislação vigente, em especial no tocante ao controle da
entrada, permanência, movimentação e saída de pessoas, veículos, unidades de
carga e mercadorias;
III - Prestar auxílio, sempre que requisitada, às autoridades que exerçam
atribuições no porto, para a manutenção da ordem e a prevenção de ilícitos;
IV - Auxiliar na apuração de ilícitos e outras ocorrências nas áreas sob
responsabilidade da Administração Portuária;
V - Elaborar, implementar e manter atualizado o Plano de Segurança Pública
Portuária;
VI - Prover meios, mecanismos, pessoal e aparelhamento necessários à plena
segurança e proteção das instalações portuárias, funcionários, mercadorias,
tripulantes e demais pessoas. (BRASIL, 2009)
Conforme vimos, cada porto é responsável pela administração de sua Guarda Portuária,
mas, segundo a Lei n. 12.815, de 5 de junho de 2013, que “Dispõe sobre a exploração direta e
indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos
operadores portuários [...] Art. 17. A administração do porto é exercida diretamente pela União,
pela delegatária ou pela concessionária do porto organizado” (BRASIL, 2013).
A administração do porto é denominada autoridade portuária, e a ela compete “organizar a
guarda portuária, em conformidade com a regulamentação pelo poder concedente” (BRASIL, 2013).
Para ilustrar nosso estudo, trazemos como exemplo o Porto de Santos, que é o maior porto
da América Latina, e sua movimentação é de quase um terço das trocas comerciais brasileiras. A
autoridade portuária da cidade de Santos, vinculada à Companhia das Docas do Estado de São
Paulo, cuida do patrimônio do porto, e sua atuação se estende a missões de Segurança Pública
portuária. A Guarda Portuária ainda faz o controle de acesso de pessoas, de trânsito de cargas e
veículos, além de outras atividades referentes à repressão.
No Porto de Santos, a Guarda Portuária conta com 400 profissionais. São duas gerências: a
de Inteligência e Segurança, que promove o monitoramento e controle de acesso, além da coleta
de informações e dados; e a de Operação e Segurança, que é responsável pela logística de armas,
equipamentos, munição, viaturas, bem como pela circulação de veículos pelo porto. São 37 portões
para serem vigiados, sendo que o controle de acesso ao longo do cais é feito por eles e ainda há
pontos de vigilância em mais 16 locais.
Sistema Único de Segurança Pública (Susp) 95
Considerações finais
Destacamos, mais uma vez, a importância de políticas públicas bem elaboradas (com efeito
direto sobre a qualidade de vida do cidadão) e de como são aplicados os recursos públicos.
Saúde, transporte, habitação e, principalmente, educação são questões que devem ser
melhoradas a cada instante pelo governo e pela Administração Pública, que é formada por
profissionais que devem trabalhar para o bem-estar do cidadão, e não ao contrário – o que,
infelizmente, muitas vezes ocorre com aqueles com menos informação e condições econômicas,
situação causada pela falta de adequação da verba pública para o seu desenvolvimento.
Um passo importante se dá quando se busca a informação, quando se abre a mente para
novos conhecimentos e desafios. Nosso desafio, vencido juntos, foi o de estudar a temática da
Segurança Pública de maneira introdutória, porém entendendo que se trata de uma área que
necessita de políticas públicas de excelência.
Com a edição da lei n. 13.675, de 11 de junho de 2018, criou-se a Política Nacional de
Segurança Pública e também o Sistema Único de Segurança Pública, e, com a nova lei, surgiu
Sistema Único de Segurança Pública (Susp) 97
também o regramento das atividades que devem ser desenvolvidas por todos os envolvidos no
novo sistema.
Este capítulo destinou-se a destacar alguns pontos que servem de início para uma análise
mais aprofundada de todo o contexto que se espera alcançar. Somando-se isso ao conteúdo
apresentado nos outros capítulos, é possível verificar que o ganho de conhecimento pode ser
exponencial, desde que se aproveite tudo o que foi ofertado e que, dentro da filosofia da formação
integral e continuada, você continue a buscar mais.
Atividades
1. Qual a diferença entre os órgãos policiais próprios e os impróprios, na definição de Foureaux
(2019)?
Referências
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, DF, 1988.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 set. 2019.
98 Introdução à Segurança Pública
BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, DF,
1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm. Acesso em: 6 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, DF, 2006.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 6 set.
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BRASIL. Portaria n. 121, de 13 de maio de 2009. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2009. Disponível em:
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https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2158716. Acesso em: 6 set.
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13675.htm. Acesso em: 4 set.
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Gabarito
2. Dispositivo constitucional que não pode ser alterado nem mesmo por Proposta de Emenda
à Constituição (PEC). As cláusulas pétreas inseridas na Constituição do Brasil de 1988 estão
dispostas em seu artigo 60, § 4º. São elas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto,
universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais.
2. Obra pública: é uma atividade estanque, com projeto que determina início e fim das
atividades. O serviço difere da execução de obras porque é uma atuação constante,
configurando comodidade prestada de forma contínua.
a) destinada à coletividade;
b) prestada pelo Estado;
c) regida pelo direito público.
2. De acordo com a Constituição Federal são cinco, mas se considerarmos o caso dos Estados
em que os Corpos de Bombeiros Militar ainda pertencem às Polícias Militares.
Na maioria dos Estados o Corpo de Bombeiros atualmente está desvinculado das Polícias
Militares, então teríamos seis órgãos nos estados – mas segundo a Constituição Federal de
1988 ainda temos a contagem de cinco.
102 Introdução à Segurança Pública
A competência de cada um dos órgãos está na própria Constituição Federal de 1988, em seu
art. 144, incisos e respectivos parágrafos.
Não há hierarquia entre os órgãos policiais.
3. Ocorre a interseção entre os dois ciclos, um ponto de encontro, em que o ciclo de polícia
encontra o ciclo da persecução criminal é no momento da quebra da ordem pública.