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Economia e sociedade na Grécia Antiga – M.I.

Finley

O Império ateniense: um balanço

p.43: Finley aponta que a maioria das discussões sobre o império


ateniense partem do pressuposto que os homens que formaram este
império tinham formulações pré-definidas baseadas em reflexões sobre o
conceito de Imperialismo.

p.44: Finley continua a argumentar sobre anacronismos que as


discussões sobre Grécia antiga suscitam. O termo império causa
confusão, já que se associa àquela definição clássica de que: um império
é um território comandado por um imperador. Mas Finley argumenta que
existiram e existem, impérios que não são governados por um imperador.
Ou seja, falar em Império ateniense pode e é mais correto do que o termo
hegemonia ateniense. Definição de Império no caso ateniense:
“Estruturas que pertenceram ao longo do tempo a uma única classe em
termos substantivos, ou seja, o exercício da autoridade (ou poder, ou
controle) por um prolongado período de tempo”. O caso da transferência
do tesouro de Delos para Atenas. Alguns historiadores veem este fato
como a realidade em si, quando, nas palavras de Finley, esse
acontecimento é uma demonstração de realidade, não a realidade em si.

p.45: Finley faz uma distinção entre os tipos de estratégia que Atenas.
Quando as cidades de Eion e Sciros foram retomadas dos persas pelos
atenienses, Atenas fez a população dessas cidades de escravos e
ocupou o território com colonizadores. Após isso Naxos tentou sair da
Liga. Atenas enviou tropas à cidade e massacrou sua população. Naxos
foi a primeira cidade aliada a ter a sua população a ser escravizada. É
errado dizer que em um ponto de uma sucessão linear de
acontecimentos, dizer que antes deste ponto não havia um império e que
depois passa a existir. Naxos foi apenas uma entre outras cidades que
também tentaram se desvencilhar da Liga e que estavam sujeitas a
dominação e autoridade de outra cidade e que agia em benefício dos
seus interesses materiais e políticos. A Liga foi bem vista quando criada
em 478 a.C. seja pelo motivo de vingança contra os persas, ou dada
necessidade de libertar o mar Egeu das forças navais da Pérsia. “O
controle do mar Egeu era a medida de proteção mais óbvia, e Atenas teve
sucesso em ganhar a liderança de tal empresa”.

p.46: Depois de terem expulsado os persas do mar Egeu a Liga continuou


a crescer, espontaneamente ou pela imposição militar ateniense. A Liga
foi uma expressão da ideia de pan-helenismo para justificar a dominação
de uma cidade-Estado sobre as outras, com a justificativa de um objetivo
comum: a guerra contra os bárbaros.

p.47: Atenas não possuía um programa efetivo de dominação sobre as


outras cidades. Entretanto, adquiriu poder de decidir pela Liga com
homens, navios e se “preparando psicologicamente” para exercer de fato
o poder e impor suas decisões. A partir de agora Finley busca fazer uma
análise (daí o balanço) dos lucros e perdas de Atenas e das cidades
submetidas a Liga. Meios que um Estado exerce seu poder sobre outros
em benefício próprio: (1) restrição da liberdade de ação nas relações
interestaduais; (2) interferência política, administrativa e/ou jurídica nos
negócios internos; (3) serviço militar e/ou naval compulsório; (4)
pagamento de alguma forma de “tributo”, quer, em sentido estrito, uma
soma global regular, quer um imposto sobre as terras ou alguma outra
forma; (5) confisco de terras, com ou sem a subsequente emigração de
colonizadores do Estado imperial; (6) outras formas de subordinação
econômica ou exploração, que variam desde o controle dos mares e
regulamentos de navegação ate a entrega compulsória de mercadorias a
preços inferiores aos de mercado, e outras similares.

p.48: Finley argumenta que pela escassez de fontes (sendo as únicas


fontes unilaterais) a possibilidade de se fazer uma história é limitada. A
maioria das fontes são inscrições epigráficas e que também são limitadas.
As fontes sobre o corpo administrativo do império também desapontam,
apesar de algumas referências (Aristóteles diz algo sobre setecentos
funcionários para assuntos do Império). Segundo Finley, o papel dos
funcionários atenienses (em especial os contadores Hellenotamiai) foi
aumentando com o tempo, mas não podemos afirmar que existiu um
plano consciente e sistemático ateniense para isso. Finley aponta um
dado interessante: a administração formal nas províncias gregas.
Podemos pensar baseando-se nas fontes, que o corpo burocrático
ateniense era muito grande, tanto para os padrões gregos, como para os
padrões da Antiguidade. Sendo talvez maior e mais bem organizado nas
províncias gregas do que romanas.

II

p.49: Serviço militar-naval e tributos devem ser considerados uma única


categoria tributária porque foram assim manipuladas por Atenas durante a
maior parte da história do Império. As fontes não esclarecem qual o
critério da atribuição do pagamento de cada cidade-Estado. Podemos
deduzir que aqueles Estados que contribuíam com navios eram maiores,
como portos próprios. Estados muito pequenos e/ou do interior, pagavam
o tributo em moeda. Menos Quios e Lesbos, que cediam as naus, como
uma espécie de “demonstração de autonomia”. Ou seja, o pagamento de
tributo em dinheiro era visto como uma humilhação.

p.50: Tucídides condena a forma como as cidades súditos se reduziram


ao poderio ateniense. Entretanto Finley argumenta que a diferença da
frota ateniense no momento da criação da Liga (478) até o seu final (440)
era meramente quantitativa. Outro autor H.D. Meyer argumenta que a
Liga foi, desde a sua criação, um instrumento de coerção ateniense.
Finley opta por uma prática metodológica diferente da prática frequente
na historiografia de considerar os números das fontes remanescentes.
Com isso, Finley procura uma precisão maior na sua análise. Finley busca
afastar o que ele chama de “fetiche” dos números. O primeiro numero é
citado por Tucídides (460 talentos) e não se sabe se o número é a meta
de Aristides ou se ele foi o que Aristides conseguiu de fato. O outro
número e referente aos impostos. As “listas de tributos” não representam
o total de entradas monetárias em Atenas. O tributo era o maior
componente monetário, mas para Atenas não fazia diferença se vinha em
forma de rendas, de indenizações etc. Além de não podemos determinar
o valor exato destes tributos.

p.51: Finley enumera as condições para armar um barco de guerra


(trirreme). Novamente, as variações dos números são enormes, o que
deixa o exercício impreciso, mas ainda assim, válido. O custo do soldo
para tripulação (200 homens, 170 remadores), custo de manutenção
variavam de cidade para cidade.

p.52:

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