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Civilização Grega e a

origem da democracia
Expediente Autor

Prof. Marcílio Lobo de Miranda Costa

Governador de Pernambuco Revisão de Língua Portuguesa

Paulo Henrique Saraiva Câmara Prof. Eraldo Batista da Silva Filho

Vice-governadora de Pernambuco Projeto gráfico

Luciana Barbosa de Oliveira Santos Clayton Quintino de Oliveira

Secretário de Educação e Esportes de Pernambuco Diagramação

Frederico da Costa Amancio Rodrigo Silva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

GOVERNO de Pernambuco. Secretaria de Educação e Esportes.


História: Civilização grega e a origem da democracia. – Recife: Secretaria de Educação e
Esportes, 2020.
13 p.: il.
Fascículo 2. 1ª Ano Ensino Médio. Educa-PE.
1. História. 2. Grécia — História — Até 146 a.C. 3. Civilização grega — Até 146 a.C.
I. Título.
CDU – 930.85

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129


Você já pensou que o sistema político adotado por várias nações do mundo hoje foi
criado há mais de 2000 anos? Que a Filosofia se tornou o guia de alguns grupos na
Antiguidade? Que um dos grandes conquistadores da Antiguidade teve como tutor um
dos maiores filósofos conhecidos? Neste fascículo, iremos estudar mais dois dos
períodos políticos da Grécia Antiga, e nele você vai compreender a exaltação ao espírito
livre dos gregos, que colocavam o conhecimento acima de diversas situações, como, por
exemplo, as desavenças provocadas pelas divergências políticas entre as cidades-Estado
gregas.

• Período Clássico

Este período é caracterizado pelas realizações culturais e pelo envolvimento dos gregos
em conflitos armados, tanto com estrangeiros quanto entre eles. A influência que
algumas cidades passam a ter no plano político-econômico torna duas dessas as
principais deste período: Esparta e Atenas. Vamos conhecer um pouquinho delas?

• ESPARTA

Localizada na região da Lacônia, esta


cidade foi fundada pelos dórios.
Agricultores por causa da terra fértil que
possuíam, os dórios formaram uma cidade
com características do seu povo de origem.
Por serem também militaristas e bons
guerreiros, induziram um comportamento
militar à população, preparando os
meninos, desde cedo, para a arte da
guerra. As regras e leis que guiavam os
espartanos foram criadas pelo legislador Licurgo.

Nas sociedades modernas, a criança tem seus direitos preservados pela Legislação,
como estudar, por exemplo. Em Esparta, os meninos ficavam com suas famílias até
seus 7 anos de idade. A partir desta idade, eles eram levados para treinamento
militar, que durava até a sua adolescência, quando teriam que provar que poderiam
sobreviver a todas as dificuldades. Sobrevivendo, eles passariam a fazer parte do
exército até os 30 anos. Só após todo o processo, eles teriam direito a casar e a ter
terras e filhos.

A sociedade espartana era dividida em três classes sociais principais: os esparciatas ou


eupátridas, que eram ligados aos fundadores da cidade, ou seja, eram os colonizadores,

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e dedicavam-se ao exército; os periecos, que eram dedicados ao comércio e ao
artesanato, não possuíam direitos políticos, mas eram livres; e os hilotas, que eram
eram os escravos pertencentes à cidade.

O governo era exercido por uma OLIGARQUIA (observe a ficha anterior, onde há as
explicações sobre as diferentes formas de governo), que escolhia dois governantes com
poderes limitados. Também ajudavam os reis no poder a Gerúsia, que era um conselho
formado por 28 cidadãos (esparciatas) com mais de 60 anos, escolhidos pela Ápela. A
Ápela era formada por cidadãos maiores de 30 anos, que escolhiam os membros da
Gerúsia e do Conselho de Éforos. O Conselho de Éforos era composto por 5 membros
eleitos anualmente e tinha plenos poderes.

• ATENAS

Foi uma cidade fundada pelos jônios,


na Península da Ática, no Mar Egeu.
A divisão social básica de Atenas
correspondia: aos eupátridas ou
esparciatas, que eram os homens,
elite descendente dos primeiros
fundadores da cidade, proprietários
de terras e comerciantes marítimos; os
metecos, um grupo de estrangeiros
que moravam na cidade e não participavam da política da cidade; e os escravos, que
poderiam ser originados por dívida ou por guerra.

VOCÊ SABIA...
Que houve diferenças ao tratamento relacionado às mulheres na cidade de Esparta
e Atenas? Enquanto em Atenas as mulheres, principalmente da elite, eram
preparadas para o casamento e para viver em função do marido, em Esparta as
mulheres participavam de jogos e da vida pública, em alguns casos.

Atenas vai passar por várias mudanças na sua política de governo. Vai de uma
Monarquia a uma Oligarquia, depois passa por uma Ditadura até chegar à Democracia.
Na Monarquia, quem ajuda o BASILEU a governar é o Areópago, um conselho político
que limitava o poder do rei. Com o tempo, o basileu vai dar lugar ao ARCONTADO. Com
a Segunda Diáspora e o enriquecimento dos comerciantes, há uma pressão para
mudança na legislação, que deixa de ser oral para passar a criar leis escritas.

Surgem, dessas mudanças, Drácon e Sólon. Enquanto Drácon é lembrado pela


severidade das suas leis, Sólon decreta o fim da escravidão por dívida e divide a

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sociedade não por critério de nascimento, e, sim por renda. Mesmo com as mudanças,
Atenas ainda vivia sob forte tensão social.

Como não houve uma solução para as tensões sociais, surgem os tiranos, assumindo o
poder pela força. Psístrato teve apoio popular devido às construções públicas e à
distribuição de terras confiscadas. Transformou Atenas em um centro cultural na Grécia.
Hípias e Hiparco não conseguiram manter a continuidade do trabalho.

A democracia de Atenas tem início no governo de Clístenes. As reformas instauradas por


ele dão poder aos “cidadãos atenienses” nas decisões sobre o futuro da cidade. Além da
criação da Bulé, órgão com função de administrar a cidade, a Eclésia passa a ter mais
importância por ser o órgão que cria as leis. Além disso, ainda existia a Heliae, que
funcionava como tribunal. Os assuntos militares ficam ao cargo dos estrátegos. Neste
período, surge o ostracismo.

Após as Guerras Médicas, Péricles assume o poder em Atenas no auge cultural, político
e econômico da cidade. O povo começa a participar da vida pública ao mesmo tempo
que as grandes obras são realizadas na cidade para o embelezamento da mesma. Neste
período, os gregos se envolvem em dois conflitos armados: as Guerras Médicas e a
Guerra do Peloponeso.

As Guerras Médicas (ou Greco-Pérsicas) surgem a partir do momento em que os


persas, no reinado de Dario I, continuam seu regime expansionista, agora em
direção à Europa. Atenas e Esparta destacam-se neste conflito por serem as
cidades que lideram os gregos nas vitórias nas batalhas de Maratona, Salamina e
Platéia. Entre suas fases, este conflito armado durou quase 40 anos.

A partir deste momento, Atenas ganha


grande notoriedade no território grego,
sendo a escolhida pra liderar as cidades
gregas na Confederação de Delos. A partir
disso, as cidades que formavam esta
confederação teriam que contribuir para a
formação de um forte exército para evitar
novas invasões ao território grego.

O problema é que Atenas, em vez de


utilizar os recursos da Confederação de
Delos para fortalecer a aliança e se
equipar, usa os recursos para modernizar

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sua cidade e para investir em seu próprio desenvolvimento. Esparta, não aceitando a
dominação de Atenas, cria a Confederação do Peloponeso, juntando-se às outras
cidades que não concordavam com o domínio de Atenas.

Disso, surge a Guerra do


Peloponeso, que vai desgastar os
gregos em um conflito interno que
durou 30 anos. Apesar de sair
vitoriosa, Esparta e as outras
cidades envolvidas no conflito vão
sair muito abaladas
economicamente. Seu período de
dominação vai ser por pouco
tempo, sendo sucedida no poder
pela cidade de Tebas. Após tantos
conflitos, as cidades gregas vão
passar ao domínio de Felipe e de
Alexandre da Macedônia.

Após o Período Clássico, vamos


estudar o Período Helenístico?

• Período Helenístico

Este período recebe este nome por causa da expansão territorial dos
macedônios em direção à Ásia. Ocorreu a mistura da cultura grega com a
cultura Oriental, surgindo, daí, a cultura helenística.

A Macedônia fica ao norte da Grécia. Felipe II, aos poucos,


foi entrando na vida dos gregos, influenciando a parte
política e depois, com conflitos militares, derrotou as
cidades gregas que não queriam sua dominação. Após a
morte de Felipe, assume o reino seu filho Alexandre, que
mantém o desejo do pai de derrotar os persas. Ele
empreende uma política de expansão territorial que vai
fazer com que a Macedônia tenha um território que vai
desde a Grécia até o Egito, indo do Oriente até o vale do
Rio Indo.

Alexandre faz da Babilônia a capital do seu império. Após


sua morte, aos 33 anos, seu império é subdividido entre
seus generais que, após muitos conflitos, estabelecem-se

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em várias regiões. Após um determinado período de paz, os romanos vão anexando aos
poucos os territórios que pertenciam ao império macedônio.

Bem, espero que você tenha compreendido tudo o que foi trabalhado, e entendido o
quanto a Grécia está relacionada ao cotidiano. Portanto, continue suas pesquisas e seus
estudos, se aprofundando nos estudos de toda a influência que os gregos têm em várias
áreas, principalmente aquelas relacionadas com a cultura ocidental.

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Questão 1 Tomando como base o texto a seguir e o contexto histórico à que ele se
refere, assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre os sistemas de governo na Grécia
Antiga. “Entre os Estados, em geral, se dá o nome de realeza ao que tem por finalidade
o interesse coletivo; e o governo de um pequeno número de homens, ou de muitos,
contando que não o seja de um apenas, denomina-se aristocracia – ou porque a
autoridade está nas mãos de várias pessoas de bem, ou porque essas pessoas dela se
utilizam para o maior bem do Estado. Por fim, quando a multidão governa no sentido do
interesse coletivo, denomina-se esse governo de República, que é um nome comum a
todos os governos.” (ARISTÓTELES, Política: Texto Integral. São Paulo: Martin Claret,
2001,p.90).

01) Ao longo da sua existência, a cidade-Estado de Atenas experimentou formas de


governo como a monarquia e a democracia.
02) A principal característica do período Homérico (XIIVIII a.C.) era o predomínio de uma
anarquia “homérica”, em que cada cidade-Estado procurava subjugar a outra.
04) Ainda que os gregos tivessem produzido grandes filósofos, os textos destes não
foram assimilados pelos governantes da época, pois só foram valorizados durante o
Renascimento Italiano no século XV.
08) Assim como em nossos dias, a democracia praticada na Grécia Antiga garantia a
liberdade política a todos os homens que habitavam os territórios gregos.
16) Nas cidades-Estado, onde a nobreza guerreira monopolizava as instituições,
consolidou-se o regime aristocrático em que uma minoria deliberava pelo povo.
Questão 2º Quando sua influência [de Péricles] estava no auge, ele poderia esperar a
constante aprovação de suas políticas, expressa no voto popular na Assembleia, mas
suas propostas eram submetidas à Assembleia semanalmente, visões alternativas eram
apresentadas às dele, e a Assembleia sempre podia abandoná-lo, bem como suas
políticas, e ocasionalmente assim procedeu. A decisão era dos membros da Assembleia,
não dele, ou de qualquer outro líder; o reconhecimento da necessidade de liderança não
era acompanhado por uma renúncia ao poder decisório. E ele sabia disso. (Moses I.
Finley. Democracia antiga e moderna, 1988.)

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Ao caracterizar o funcionamento da democracia ateniense, no século V a.C., o texto
afirma que

a) os líderes políticos detinham o poder decisório, embora ouvissem, às vezes, as


opiniões da Assembleia.
b) a eleição de líderes e de representantes políticos dos cidadãos na Assembleia
demonstrava o caráter indireto da democracia.
c) a Assembleia era o espaço dos debates e das decisões, o que revelava a participação
direta dos cidadãos na condução política da cidade.
d) os membros da Assembleia escolhiam os líderes políticos, submetendo-se, a partir de
então, ao seu poder e às suas decisões.
e) os cidadãos evitavam apresentar suas discordâncias na Assembleia, pois poderiam
assim provocar impasses políticos.

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1º) Resposta da questão 1

As alternativas corretas são os números 01 e 16.


A 02 é falsa, pois Anarquia não era uma forma de governo praticada na época.
A 04 é falsa pelo fato de que os pensamentos filosóficos foram trabalhados já naquele
período, e a filosofia Greco-Romana serve de inspiração para os renascentistas.
A 08 é falsa. Só poderia participar da vida pública em Atenas quem fosse homem,
nascido entre os Esparciatas ou Eupátridas.

2º) Resposta da questão 2


LETRA C
O texto mostra claramente que, apesar da popularidade do líder Péricles, ele dependia
da aprovação da Assembleia. A democracia que se desenvolveu em Atenas, a partir do
século V a.C., é considerada direta, pois todos os cidadãos podiam participar da
Assembleia e votar ou não nas leis propostas pelos governantes, ou seja, não existia o
modelo representativo que conhecemos hoje, quando vereadores ou deputados –
representantes dos cidadãos – votam as leis.

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