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Parte 2 · Módulo 5

O Liberalismo – Ideologia e Revolução, modelos e práticas nos séculos XVIII e XIX

Unidade 4
4.1. Antecedentes e conjuntura (1807-1820) – Administrar e governar Portugal em nome do
Pág. 71 imperador Napoleão OU submeter Portugal à
soberania da França napoleónica;
Questão 1 – Promover a colaboração do exército português nas
– País esmagadoramente rural, pobre e analfabeto; campanhas militares napoleónicas;
– Falta de ambiente urbano e letrado que difundisse a – Assegurar a ordem e a tranquilidade públicas.
filosofia das Luzes; Propósitos de carácter económico:
– Aristocracia ignorante, incapaz de conceber um mundo – Abrir novas vias de comunicação (estradas e
sem os privilégios em que vivia; canais) para facilitar o desenvolvimento da
– Ausência de grupos sociais esclarecidos, conhecedores agricultura e da indústria:
do ideário iluminista, que lutassem pela soberania nacional – Administrar com competência as rendas públicas.
e pela igualdade cívica proclamadas pela Revolução Propósitos de carácter social:
Francesa e fossem capazes de ameaçar o absolutismo e a – Remunerar convenientemente os empregados;
sociedade de ordens. – Dar segurança aos portugueses.
Questão 2 Propósitos de carácter cultural:
O último dos fatores, na medida em que a repressão – Desenvolver a instrução pública em todo o país;
exercida por Pina Manique intimidava e inibia a – Favorecer o florescimento literário.
propagação do ideário revolucionário. Propósitos de carácter religioso:
– Proteger e apoiar a religião católica.
Questão 3
6. – O Doc. E2 revela a simpatia e colaboração de
• Napoleão Bonaparte é o “imperador dos Franceses e rei famílias nobres com os franceses, nomeadamente
de Itália” e D. Maria I é a “rainha minha senhora e mãe”; com a administração napoleónica representada pelo
• Mudar-se, juntamente com a família real, OU transferir a general Junot. O mesmo documento vinca, porém, a
corte, para o Rio de Janeiro; hostilidade dos “habitantes de Lisboa” para com os
• A invasão de Portugal por tropas napoleónicas que ocupantes franceses.
ameaçavam o Príncipe Regente e a convicção de que, – O Doc. E3 revela a indignação de um funcionário
estando este ausente do reino, os Portugueses não seriam público com as destruições e violência praticadas
importunados. pelos franceses sobre a população portuguesa, a que
chama ironicamente “proteção à francesa”, numa
alusão à proteção que Napoleão quis dar a Portugal
Pág. 75
(segundo a Carta de Junot, Doc. E1).
DOSSIÊ As invasões francesas – O Doc. E5 dá conta da hostilidade do povo e do
clero à presença francesa, contra a qual constituíram
1. – Declarar guerra à Inglaterra; milícias.
– Fazer reféns os ingleses estabelecidos em 7. A guerrilha do povo e do clero poderá explicar-se
Portugal; pelo facto de se sentirem abandonados, em virtude
– Confiscar as mercadorias inglesas; da partida da Corte para o Brasil, e de,
– Fechar os portos de Portugal ao comércio inglês. consequentemente, serem obrigados a defender-se
2. Fazer Portugal cumprir o Bloqueio Continental, com as suas próprias mãos.
decretado em finais de 1806. 8. • Os roubos praticados pelos franceses (Doc. E3)
3. Primeira invasão (1807-1808) – os exércitos podem ser confirmados no Doc. F, vinheta 3
franceses entraram pela Beira Baixa e dirigiram-se a (“franceses que se apossaram do ouro que existe na
Lisboa. cidade de Lisboa”).
Segunda invasão (1809) – os exércitos franceses • As vinhetas 5 e 6 do Doc. F criticam as autoridades
entraram por Trás-os-Montes e dirigiram-se ao britânicas em Portugal, na pessoa de Sir Arthur
Porto. Wellesley, por terem assinado a Convenção de Sintra
Terceira invasão (1810-1811) – os exércitos que permitiu a saída de Portugal das tropas
franceses entraram em Portugal pela Beira Alta, francesas com o saque efetuado, apesar de terem
pretendendo atingir Lisboa, o que não conseguiram sido derrotadas pelo exército anglo-luso.
pois foram detidos pelo sistema de fortificações 9. Impacto das invasões francesas no reino de Portugal:
“Linhas de Torres”. – Situar no tempo as invasões francesas (Doc. A).
4. Trabalho a realizar através de consulta online. – Referir que o objetivo da França napoleónica com
5. Propósitos de carácter político: a invasão de Portugal foi privar a Inglaterra de um
aliado estratégico OU abater o poder da Inglaterra

Um novo Tempo da História, 11.o ano, parte 2 Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
(Doc. B) e, simultaneamente, dilatar o império suas mercadorias para o Brasil (domínio de Portugal)
francês com a conquista de Portugal. pagando apenas 15% de taxas, o que significa uma redução
– Referir que o comportamento dos invasores, de 9% que a favoreceu.
apesar das boas intenções proclamadas pelo
comandante da primeira invasão, se caracterizou
pela destruição e saque de Portugal e pela violência Questão 4
para com os seus habitantes (Doc. E3). – Princípio da liberdade de comércio e diminuição dos
– Referir que a reação à presença francesa contou direitos alfandegários;
com a colaboração de famílias nobres, mas também – Consequente dinamização do comércio e escoamento
com a animosidade do povo e do clero que não OU exportação das produções do Brasil e do Reino, com
hesitaram em usar da força para repelir o invasor destaque para as produções agrícolas.
(Doc. E2,5). Questão 5
– Referir que a intervenção britânica se fez sentir
Escolher dois:
através do envio de tropas e da ajuda militar,
destacando-se o tenente-general Arthur Wellesley – Baixa das exportações de manufaturas nacionais para o
no comando do exército anglo-português (Doc. D4). Brasil, desde 1808, pelo facto de aquela colónia já não
– Referir que o desfecho das três invasões foi o da estar obrigada a comerciar exclusivamente com a
expulsão dos franceses, após batalhas em que a metrópole e também por poder criar as suas próprias
ajuda militar britânica se revelou fundamental (Docs. manufaturas;
A e C). – Baixa das importações do Brasil, em 1808, pelo facto de
aquela colónia já não estar obrigada a comerciar
exclusivamente com a metrópole;
– Baixa das exportações nacionais para o Brasil, desde
1808, pelo facto de aquela colónia já não estar obrigada a
comerciar exclusivamente com a metrópole.
4.2. A Revolução de 1820 e as dificuldades de Questão 6
implantação da ordem liberal (1820-1834) Escolher quatro:
– As despesas públicas excediam as receitas OU
agravamento do défice orçamental e da dívida pública;
– As rendas públicas decresciam;
Págs. 80-81
– Iminência de uma bancarrota;
Questão 1
– Descontentamento com a ausência do rei D. João VI no
– Através do controlo da economia portuguesa pela Brasil;
Inglaterra, que beneficiava de facilidades de exportação
– Declínio do comércio com o Brasil em virtude da
das suas mercadorias para Portugal e respetivas colónias,
abertura dos respetivos portos ao comércio estrangeiro;
em especial das manufaturas (situação criada pelo tratado
de comércio anglo-português celebrado em 1810, Doc. – Ruína da agricultura nacional devida à concorrência do
4A). O desenvolvimento industrial português ficou, cereal estrangeiro, cuja entrada fora facilitada em Portugal
desde então, comprometido. (possível alusão ao tratado de comércio anglo-português).
– Através do controlo militar e político exercido pelo Questão 7
marechal W. C. Beresford, que reorganizou e comandou o Texto claro e organizado, a partir de alguns dos tópicos dos
exército português e dispôs de elevados poderes que lhe cinco aspetos pedidos
permitiram reprimir conspirações que ameaçassem o • Os motivos da Revolução de 1820
absolutismo (Doc. 4D). Essa repressão foi, particularmente, – A ruína da agricultura, devida à concorrência do cereal
cruel e com contornos de ilegalidade no caso do general estrangeiro (Doc. 7A);
Gomes Freire de Andrade (Doc. 6).
– A ruína do comércio, pela perda do exclusivo colonial
Questão 2 com o Brasil OU por causa da abertura dos portos do Brasil
– Abertura dos portos do Brasil ao comércio estrangeiro ao comércio estrangeiro (Docs. 7A e C);
OU liberdade de o Brasil importar e exportar todas as – A ruína das finanças públicas OU o crescente défice
mercadorias com redução de taxas alfandegárias, financeiro em consequência da diminuição das rendas OU
libertando-se, assim, do exclusivo colonial que obrigava as receitas e do aumento das despesas públicas (Doc. 7A);
colónias a só comerciarem com as respetivas metrópoles; – O descontentamento com a permanência do rei D. João
– Livre estabelecimento de manufaturas no Brasil, o que VI no Brasil (Docs. 7A e 8C);
permitiu o desenvolvimento local da indústria. – A má administração exercida pela Regência que
Questão 3 substituía o soberano, com destaque para a violação dos
A abertura dos portos do Brasil, em 1808, fez-se direitos e liberdades dos portugueses (Doc. 8C);
acompanhar da descida das taxas alfandegárias para 24%. – A humilhação a que o exército português estava sujeito,
Ora, através do tratado de comércio celebrado com com a “consideração perdida” e a “mendigar uma esmola”
Portugal dois anos depois, a Inglaterra podia exportar as (Doc. 7B).
Um novo Tempo da História, 11.o ano, parte 2 Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
• O facto de a Revolução ter partido do Porto deputados eleitos. Para o absolutismo, a soberania estava no
– A burguesia da cidade estava prejudicada com o declínio rei, que a recebia de Deus e só a Ele prestava contas;
do comércio, nomeadamente com a queda nas – O Arto. 29.o, que estabelece a Monarquia constitucional
exportações de vinho do Porto (Doc. 7D). como forma de governo da Nação;
• O carácter militar e a participação civil – O Arto. 30.o, que declara a divisão e independência dos
poderes políticos. Para o Absolutismo, os poderes legislativo,
– A revolução foi um pronunciamento militar, dirigido,
executivo e judicial concentravam-se no rei;
entre outros oficiais, pelos coronéis Sepúlveda e Cabreira,
– O Arto. 105.o, que entrega a elaboração e a aprovação das
com leitura de uma proclamação aos soldados (Doc.8A, B).
leis aos representantes eleitos da Nação, reunidos em
– Na preparação do pronunciamento militar, participaram Cortes. Para o Absolutismo, a iniciativa e a aprovação das leis
negociantes, magistrados e proprietários, isto é, a pertenciam apenas ao rei, enquanto as Cortes, cujos
burguesia da cidade, alguns com ligação a uma associação membros não eram eleitos, limitavam-se a funções
secreta, o Sinédrio, como foi o caso de M. Fernandes consultivas;
Tomás (Doc. 8D). – O Arto. 110.o, que mostra claramente que o rei perdeu o
• O carácter ordeiro da Revolução poder legislativo, devendo apenas sancionar as leis. Para o
– Os dirigentes da Revolução respeitavam as instituições e absolutismo, o rei possuía o poder de legislar;
os costumes, como a monarquia, a religião católica e a – O Arto. 121.o, que confirma a soberania da Nação como
propriedade privada, desejando regenerar a Pátria num fonte da autoridade régia, negando, assim, a origem divina
clima de paz e colaboração (Doc. 8 C). do poder real;
• A forma de governo que os revoltosos se propunham – O Arto. 176.o, que confirma a separação dos poderes, neste
implantar caso do judicial, pois os juízes deliberavam sem a
– Um governo liberal, em tudo contrário ao absolutismo, interferência das Cortes e do rei. Para o absolutismo, o rei
pois preconizava-se a elaboração de uma Constituição feita também exercia a justiça, competindo-lhe, por exemplo, a
pelos representantes da Nação, reunidos em Cortes justiça suprema e o julgamento dos nobres.
(Doc. 8A e C). Essa Constituição seria a lei suprema do Questão 3
reino, defendendo os direitos da monarquia e os dos Escolher dois:
portugueses. – Humilhação imposta ao rei D. João VI, quando chegou a
Questão 8 Lisboa e se viu impedido de receber honras e cumprimentos,
nomeadamente por parte do Corpo Diplomático;
Ao vincar o carácter ordeiro e patriótico da Revolução e
– Falta de transparência no funcionamento das Cortes,
dos seus objetivos, a Junta Provisional do Governo
reunidas em “sessão secreta”;
Supremo do Reino desejava o apoio dos Estados europeus
– Existência de sociedades secretas, cujos “trabalhos
à implantação do Liberalismo em Portugal.
ocultos” influenciariam a governação;
– Receios OU desconfianças para com o rei e a alta
Págs. 84-85 aristocracia.
Questão 4
– O Arto. 1.o, que pretende “manter a liberdade, segurança”
Questão 1
de todos os Portugueses;
– A burguesia letrada, pois cerca de 60% dos deputados
– O Arto. 7.o, que defende a liberdade de pensamento e sua
tinham formação universitária, nomeadamente no campo
comunicação como “um dos mais preciosos direitos do
jurídico. Os seus elementos somavam o prestígio das suas
Homem”.
funções à posse de bens, como terras.
Questão 5
Questão 2 Escolher dois:
• Direitos concedidos aos Portugueses: – Acabar com a prática especulativa da usura (empréstimos
– Liberdade, segurança e propriedade de bens, dos quais particulares com juros arbitrários);
poderiam dispor (Arto. 1.o e 6.o); – Facilitar as transações entre particulares (pagamentos, por
– Liberdade de expressão (Arto. 7.o); exemplo);
– Igualdade perante a lei (Arto. 9.o); – Amortizar o papel-moeda (devolução do valor do papel-
– Igualdade de oportunidades no acesso aos cargos públicos moeda em metais preciosos, por exemplo).
(Arto. 12.o). Questão 6
• Artigos que põem em causa a sociedade de Antigo Regime: Escolher dois:
– Os Arto. 9.o e 12.o, porque contrariam a sociedade de – Os forais e os privilégios deles decorrentes, nas terras da
ordens, baseada nos privilégios. De futuro, acabavam os Coroa, do clero e dos grandes proprietários;
privilégios de justiça e de ausência de pagamentos de – Os tributos que recaíam sobre as terras e os camponeses,
impostos, de que beneficiavam os nobres e os clérigos; – Os serviços pessoais exigidos aos camponeses;
também, apenas o mérito (“talentos” e “virtudes”) – Os roubos praticados sobre os camponeses, por exemplo
importava no acesso a cargos públicos. pelos bandos de malfeitores.
• Artigos em que se põe termo ao absolutismo régio: Questão 7
– O Arto. 26.o, que proclama a soberania nacional OU que Com a reforma dos forais, que:
coloca a soberania na vontade da Nação, exercida pelos – Libertou os camponeses do pagamento de tributos que
recaíam sobre a terra e sobre as suas pessoas;
Um novo Tempo da História, 11.o ano, parte 2 Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
– Reduziu para metade as rendas e pensões devidas pelos
agricultores. Págs. 94 e 95
Pág. 88

Questão 1
Questão 1
• Argumento usado pela rainha para não jurar a
– Fazer prosperar os Estados que governa (Doc. 15A);
Constituição de 1822 – declarara, em tempos, “nunca jurar
– Vastidão, riqueza e localização do Brasil-afastado da
na sua vida”.
Europa, logo merecendo uma maior autonomia (Doc. 15A);
• Sanções de que foi alvo – perda dos direitos relativos à
– Reforçar a união entre os reinos de Portugal e dos Algarves
cidadania e à dignidade de rainha; exílio num país
e o Brasil (Doc. 15A).
estrangeiro.
Questão 2
• Expediente usado para não cumprir uma das sanções – o
Condições económicas:
facto de a viagem para um país estrangeiro fazer a rainha
– Abertura dos portos do Brasil ao comércio estrangeiro OU
correr perigo de vida.
fim do exclusivo colonial, em 1808 (Doc. 5A);
Questão 2
– Autorização para o estabelecimento de manufaturas no
Escolher quatro:
Brasil, também em 1808 (Doc. 5A);
– Destruição dos direitos nacionais;
Condições políticas:
– Redução de poderes do rei;
– Elevação do Brasil a Reino, em 1815 (Doc. 15A);
– Ultrajes à magistratura;
– Instalação da corte no Rio de Janeiro, que passou a ser a
– Desprestígio da nobreza;
capital do Reino Unido de Portugal e Brasil (Doc. 15B);
– Ultrajes à religião e ao clero.
– Ambiente separatista da América espanhola (Doc. 15C).
Questão 3
Condições sociais:
Quando proclama que a obra do golpe de abril de 1824 (a
– Forte conjunto populacional OU demografia em
Abrilada) se faria sentir “esmagando… a pestilenta cáfila de
crescimento (Doc. 15C);
pedreiros livres” (Doc. 21B), o infante D. Miguel
– Forte colónia branca, que usufruía de padrões de vida
contrariava OU negava as intenções, proferidas na Vila-
elevados e aspirava a um protagonismo crescente, em
Francada, de não querer “tomar vinganças”, pretendendo
virtude de no Brasil estar instalada a sede do Reino (Docs.
“a união de todos os portugueses e um total esquecimento
15C e 17).
das opiniões passadas.” (Doc. 21A).
Questão 3
Questão 4
A revolução liberal de 1820 e as exigências dos
Motivo da abdicação – o facto de já ser imperador do
Portugueses do Reino de Portugal, descontentes com a
Brasil e não dever acumular esse cargo com o de rei de
ausência do monarca no Brasil.
Portugal.
Questão 4
Condições em que abdicou – morte de D. João VI e
Decreto de 29 de setembro de 1821 (Doc. 18C) – retirava
problema delicado da sucessão, dado o filho mais velho,
do Brasil um possível dirigente da autonomia local, o
D. Pedro ser imperador do Brasil, e o outro filho, D. Miguel,
príncipe D. Pedro, que, criado no Brasil, comungava do
ser adepto do absolutismo e estar exilado.
nacionalismo OU patriotismo brasileiro, sendo
Questão 5
especialmente querido da população.
• Reforço dos poderes do rei:
Decreto de 29 de dezembro de 1821 (Doc. 18C) – retirava a
– O rei é considerado representante da Nação (Art.o 12.o);
autonomia judicial ao Brasil, submetendo-o aos tribunais
– O rei nomeia os membros da Câmara dos Pares (Art. o
de Portugal.
39.o);
Decreto de 9 de abril de 1822 (Doc. 18C) – fazia o Brasil
– O rei pode sancionar, ou não, os decretos OU as leis
regressar ao exclusivo comercial com a metrópole,
(Art.o 59.o);
retirando-lhe a liberdade de comércio dada em 1808.
– Além de chefe do poder executivo, o rei detém um novo
Questão 5
poder, o poder moderador, considerado “a chave de toda
• Expectativas no príncipe regente D. Pedro – os brasileiros
a organização política” (Art.o 71.o).
não queriam que o príncipe saísse do Brasil, pois viam-no
• Proteção dos estratos privilegiados:
como um dos seus, um patriota que os defendia da
– Os Pares são nomeados pelo rei, a título vitalício e
prepotência das Cortes (“Soberano Congresso”) de Lisboa.
hereditário, para a Câmara dos Pares, uma Câmara Alta
• Situação delicada em que o príncipe se encontrava –
que faz parte das Cortes (Art.o 39.o);
perante os brasileiros, o príncipe não deveria sair do Brasil;
– São garantidas as regalias da nobreza hereditária (Art. o
já, perante seu pai, o rei D. João VI, teria de se comportar
145.o, §31.o).
como filho obediente e súbdito fiel, pelo que teria de
• Introdução do sufrágio censitário:
acatar as ordens do Soberano Congresso de Lisboa.
– Só podiam votar nas assembleias paroquiais os cidadãos
• Desfecho da questão brasileira – o príncipe D. Pedro
que tivessem um rendimento anual a partir de cem mil
colocou-se do lado dos interesses brasileiros, não acatando
réis.
as ordens de Lisboa e proclamando a independência do
Brasil, em 7 de setembro de 1822.

Um novo Tempo da História, 11.o ano, parte 2 Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
França para mobilizar o exército que o ajudaria a
Questão 6 vencer o miguelismo/absolutismo;
Situação/opinião de D. Miguel relativamente a: – Em 1834, a celebração da Quádrupla Aliança
• [legitimidade de D. Pedro IV e sua descendência] favoreceu o triunfo definitivo do liberalismo em
enquanto no Doc. 24A D. Miguel reconhece D. Pedro IV e Portugal.
sua filha D. Maria II como legítimos reis de Portugal e lhes 2. – Em 1833, quando a caricatura foi elaborada,
jura fidelidade, no Doc. 24B D. Miguel diz que “leis
D. Pedro defendia a causa liberal, sendo apoiado
claríssimas e terminantes” excluem D. Pedro e os seus
pela França que, desde 1830, tinha restaurado o
descendentes do trono de Portugal, desde a morte de seu
pai, D. João VI; liberalismo. Já o absolutista D. Miguel recebia,
• [Carta Constitucional de 1826] enquanto no Doc. 24A então, o apoio da Rússia cujo regime político era
D. Miguel jura cumprir e fazer cumprir a Carta uma monarquia absoluta.
Constitucional de 1826, no Doc. 24B D. Miguel declara a 3. – Os apoiantes de D. Pedro eram chamados
Carta Constitucional como nula, pois foi outorgada por “pedreiros-livres” por causa das ligações à
D. Pedro que não reunia condições legais para ser rei; e no Maçonaria (associação secreta que defendia a
Doc. 24C apresenta-se como rei absoluto, o que significa liberdade política, económica e de pensamento e o
que não respeita a lei constitucional; fim dos privilégios sociais) e “brasileiros” por
• [atitude para com D. Maria II] enquanto no Doc. 24A D. Pedro ter protagonizado a independência do
D. Miguel reconhece D. Maria II como legítima rainha de Brasil, logo ser considerado um estrangeiro.
Portugal, na qualidade de filha e herdeira do legítimo rei – Os apoiantes de D. Miguel eram chamados
D. Pedro IV, jura-lhe fidelidade e a entrega do trono logo
“corcundas”, “servis” e “toupeiras” em alusão,
que ela atinja a maioridade, no Doc. 24B declara que a
respetivamente, à sua falta de dignidade cívica, ao
descendência de D. Pedro está excluída do trono; daí que
D. Miguel usurpe a coroa a D. Maria II, assumindo-se como seu servilismo para com os privilegiados e tiranos e
o legítimo rei no Doc. 24C. à espionagem que faziam aos liberais,
Questão 7 denunciando--os.
D. Pedro considera que o governo e o reinado de seu
irmão D. Miguel representam uma usurpação, em virtude 4.
de este ter desrespeitado o juramento de fidelidade que Como se veem a si O que veem nos
fez à rainha legítima, D. Maria II, e à Carta Constitucional, próprios opositores
de a ter destronado e de reinar como um tirano, ao Miguelista – Têm o apoio de – Merecem a
restabelecer o absolutismo e desrespeitar os direitos dos s D. Carlota Joaquina violência física
portugueses. Daí o corte de relações da Europa com – Prezam o apoio dos – Não merecem que
Portugal. realistas se lhes fale
– Protegem a Religião – São antipatriotas e
Questão 8
Católica (“Santa o seu lugar é no Brasil
D. Pedro:
Religião”) (“brasileiros”)
– Abdicou do trono brasileiro para vir à Europa defender a – Não devem ser
causa de D. Maria II; castigados por matar
– Criou um governo de Regência nos Açores (ilha Terceira), os liberais
em nome de sua filha, para governar Portugal e organizar a Liberais – São o garante da – Deixam os
resistência; Religião Católica portugueses passar
– Desembarcou, com um exército, no continente (Praia da (“Santa Religião”) e fome
Memória/Pampelido, no Mindelo), para libertar o reino do da Constituição – D. Miguel deve ser
domínio absolutista de D. Miguel. Liberal desterrado
– O clero regular
(“fradalhada”),
apoiante de
D. Miguel, nada de
Pág. 101 útil faz, só rouba e
DOSSIÊ Liberais e miguelistas: um reino dividido mata, pelo que deve
(1828-1834) acabar
– A rainha Carlota
Joaquina merece o
1. – Em 1820, o triunfo liberal em Espanha favoreceu a inferno
Revolução liberal portuguesa;
– Em 1823, o restauro do absolutismo em Espanha 5. Porque esses escalões não tinham direito a
favoreceu a reação absolutista portuguesa dos participar na prestigiada Câmara dos Pares, a
golpes da Vila-Francada e Abrilada (ocorrendo este Câmara das Cortes cujos membros eram nomeados
último em 1824); pelo rei a título vitalício e hereditário. Tal significa
– Em 1830, a Revolução liberal francesa favoreceu a que os viscondes e os barões, para participarem nas
sobrevivência da regência liberal portuguesa nos Cortes, teriam de se candidatar à função de
Açores. D. Pedro pôde contar com o apoio da
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deputados na Câmara dos Deputados, que era defender pelas armas o reino de Portugal, caso a
eletiva e temporária. “fação rebelde” o ataque; D. Pedro [Doc. H], por sua
6. – Turbulência OU desacatos nas ruas por parte da vez, afirma que a guerra civil só acontecerá se os
plebe; portugueses forem obstinados e não derrubarem a
– Perseguições violentas aos liberais (“malhados”), tirania de D. Miguel.
espancados e até mortos; 10. Escolher quatro:
– Fuga OU exílio dos liberais. – Dinamismo e competência militar de D. Pedro,
7. Oliveira Martins refere-se à violência exercida sobre que soube organizar a defesa da cidade;
os partidários da realeza por parte da República – Adesão dos jovens da cidade (mancebos) à causa
francesa dos sans-cullottes. Em Portugal, vivia-se o liberal, entrando voluntariamente no exército;
“avesso” desta situação, porque os perseguidores – Adesão dos capitalistas, que contribuíram com
eram os realistas miguelistas e as vítimas os empréstimos;
revolucionários liberais. – Heroísmo dos soldados que aguentavam e
8. • O episódio descrito consistiu na repressão escorraçavam renhidos ataques dos miguelistas;
violenta (condenações a degredo e à morte na forca – Coragem, lealdade, tranquilidade e patriotismo
de liberais), ocorrida no Porto em 1829, durante o dos portuenses, que não hesitavam ir aos campos
reinado absoluto de D. Miguel. de batalha buscar os feridos e tratá-los;
• O episódio é contado por um miguelista que se – Participação corajosa e carinhosa das mulheres do
mostra contristado com a sorte dos liberais, Porto, dando os devidos cuidados médicos e
sobretudo porque foram vítimas de testemunhos alimentares aos soldados feridos e apoiando os que
de pessoas que, mais tarde, se tornaram liberais e combatiam.
perseguiram cruelmente os realistas (adeptos de 11. Expressando a vontade, que se veio a concretizar,
D. Miguel). de que o seu coração ficasse na cidade do Porto, à
9. Comparação do Manifesto de D. Miguel [Doc. G] qual estava imensamente grato por o ter apoiado
com a proclamação de D. Pedro [Doc. H]: na restauração do trono de sua filha.
• justificação para se ser monarca legítimo de 12. Porque a Convenção foi extremamente generosa
Portugal – segundo D. Miguel [Doc. G] só pode ser para com os vencidos e para com D. Miguel, a quem
rei legítimo de Portugal quem, como ele, tenha sido atribuiu uma pensão anual de 60 contos de réis.
reconhecido pelos “Três Estados do Reino”, resida 13. A genealogia deve mostrar:
no reino e não tenha cometido hostilidades contra a D. João VI como pai de D. Pedro e D. Miguel
Pátria, pelo que D. Pedro, ao chefiar a A seguinte ligação de D. Duarte Pio a D. Pedro
independência do Brasil, se rebelou contra o reino D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil D. Pedro
de Portugal e se tornou um soberano estrangeiro, II, imperador do Brasil (filho de D. Pedro IV de
tal como a sua filha D. Maria, a “princesa Portugal e I do Brasil)) D. Isabel,
estrangeira”, em quem delegou o trono; já D. Pedro princesa imperial do Brasil (filha de D. Pedro II do
[Doc. H] considera que o soberano legítimo de Brasil)
Portugal é a sua “Augusta filha”, “a senhora D. D. Pedro de Alcântara, príncipe do
Maria II, em quem ele – Chefe da Casa de Bragança Grão--Pará (filho de Isabel) D. Maria
e descendente primogénito dos reis de Portugal – Francisca de Orléans e Bragança (filha de Pedro de
delegou o trono depois de abdicar, pelo que D. Alcântara)
Miguel é um “usurpador” que oprime os D. Duarte Pio (filho de D. Maria
portugueses com um “jugo tirânico”. Francisca de Orléans e Bragança)
• expressões usadas para classificar a fação rival – A seguinte ligação de D. Duarte Pio a D. Miguel
D. Miguel [Doc. G] chama aos apoiantes liberais de D. Miguel I D. Miguel II (filho de D. Miguel
seu irmão e sobrinha “fação democrática” e “fação I)
rebelde”; D. Pedro [Doc. H] considera a que a fação D. Duarte Nuno (filho de D. Miguel II)
de seu irmão é a do “jugo tirânico” OU da tirania, D. Duarte Pio (filho de D. Duarte Nuno)
do “usurpador” e do “mais feroz despotismo”. 14. Texto claro e organizado, a partir de tópicos dos
• posição acerca da religião e do clero – segundo três aspetos pedidos
D. Miguel [Doc. G] a sua fação defenderá • A origem da separação entre D. Pedro e D.
firmemente a Religião e o Clero, não permitindo Miguel
ultrajes; D. Pedro [Doc. H], por sua vez, solicita o – Na sequência da Revolução de 1820, que originou
apoio, entre outros, dos “Ministros do Altar” para o regresso da família real a Portugal, D. Pedro ficou
derrubar a tirania de seu irmão e “estabelecer a no Brasil onde abraçou a causa da libertação e
Paz, a reconciliação e a Liberdade”. independência da colónia, vindo a reinar como
• posição acerca de uma iminente guerra civil – imperador Pedro I do Brasil;
D. Miguel [Doc. G] declara que está pronto a
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– Consequente hostilidade a D. Pedro, alimentada
por setores da população; Pág. 105
– Resistência ao Liberalismo dos partidários de
Questão 1
Antigo Regime OU da oposição absolutista,
Escolher três:
encabeçada pela rainha D. Carlota Joaquina, que se
– Aumentava o número de terras livres, que não
recusou a jurar a Constituição de 1822, e pelo seu
pagavam impostos senhoriais OU libertava a terra de
filho mais novo, o infante D. Miguel, que dirigiu dois
encargos senhoriais;
golpes – a Vila-Francada e a Abrilada.
– Os senhores das terras, deixando de dispor dos tributos
• os projetos políticos que os distinguiam
habituais, ou teriam de investir mais nas terras,
– D. Pedro perfilhava os ideais liberais, o que esteve
cultivando--as, ou teriam de as vender (alienar),
patente na condução da independência do Brasil
permitindo que outros as aproveitassem;
contra a prepotência das Cortes Constituintes, na
– As terras ficariam melhor cultivadas OU aproveitadas;
outorga da Carta Constitucional aos portugueses e
– Havia mais terras disponíveis para trabalhar;
na luta contra o absolutismo de seu irmão, que
– Aumentavam os meios de trabalho;
usurpara o trono de D. Maria II e mergulhara o
– Diminuía a miséria dos filhos do povo que, sem
reino na tirania.
trabalho, mendigavam pela cidade;
– D. Miguel sempre se mostrou adepto dos
– A diminuição da miséria faria crescer a “elevação moral”
privilégios sociais da nobreza e do clero e da
OU os bons costumes.
monarquia absoluta, apoiando sua mãe, que se
Questão 2
recusara a jurar a Constituição, e não hesitando em
De cariz agrícola
pegar em armas e protagonizar, contra o seu pai, os
– “Reduzindo os dízimos…dízimos.”
golpes da Vila-Francada e da Abrilada.
– “Abolindo os morgadios…réis.”
• a evolução dos acontecimentos entre 1828 e
– “Extinguindo os dízimos.”
1834
– “Extinguindo os bens da Coroa…bens.”
– Instalação de D. Miguel como rei absoluto,
De cariz comercial
repressão e emigração de liberais;
– “Abolindo o pagamento das sisas…raiz.”
– Instalação de uma regência liberal na ilha
– “Impondo um por cento…terra estrangeira.”
Terceira, o único local do reino que conseguiu
– “Extinguindo o privilégio exclusivo da Companhia….
expulsar o domínio absoluto, e de onde se inicia a
aguardentes.”
legislação para destruir as estruturas
De cariz financeiro
socioeconómicas de Antigo Regime;
– “Para a reforma da fazenda.”
– Abdicação do trono de imperador do Brasil, por
– “Impondo por uma única vez…réis.”
parte de D. Pedro, e sua vinda à Europa para
De cariz judicial
negociar, nas cortes europeias, o apoio diplomático
– “Mandando levantar os sequestros…continente.”
e a contratação de soldados para libertar o reino do
– “Abolindo a pena de confiscação…delito.”
domínio absolutista;
– “Para a reforma das justiças.”
– Direção da regência liberal por parte de D. Pedro
– “Amnistia geral…exceções.”
que, à frente de um exército, desembarca no
De cariz administrativo
Mindelo e se instala no Porto, cidade que se torna o
– “Sobre o Registo Civil.”
centro das operações militares dos liberais.
– “Para o estabelecimento da administração pública.”
– Cerco do Porto pelos absolutistas e guerra civil
– “Sobre a divisão do território.”
que termina em 1834 com a vitória dos liberais e a
De cariz cultural
entrega do trono a D. Maria II.
– “Declarando abrir aulas…particulares.”
– “Instituindo a Biblioteca…do Porto.”
Questão 3
A alta consideração de A. Herculano por M. da Silveira
justifica-se por as medidas deste último destruírem as
estruturas seculares de Antigo Regime, no que se refere à
economia e à sociedade, à justiça e à administração de
Portugal, contribuindo para a modernização do país.

Questão 4
4.3. O novo ordenamento político e • Clero regular.
• Os seus bens foram confiscados e integrados na Fazenda
socioeconómico (1832/34-1851)
Pública, isto é, no Estado.
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• A necessidade de aumentar os bens fundiários livres OU
as terras livres; combater a miséria do povo que teria Questão 1
acesso ao cultivo de terras sem a sobrecarga dos – Possuir um programa governativo imoral;
pagamentos senhoriais; castigar o clero regular por ter – Usar da força e da coação para instalar a segurança;
apoiado a causa do absolutismo. – Ter práticas corruptas de governação.
Questão 2
Pág. 108 – Ódio à governação de Costa Cabral – “Para matar os
Cabrais / Que são falsos à nação.”;
Questão 1 – Carácter insurrecional do movimento popular – “Com as
A burguesia dos negócios OU os grandes comerciantes. pistolas na mão”; “Com as pistolas à cinta”;
– Origem geográfica do movimento – “Glória ao Minho que
Questão 2 primeiro/ O seu grito fez soar.”
Almeida Garrett discorda do procedimento do governo
Questão 3
cartista [defensor da Carta Constitucional] que, a troco de
– Descontentamento popular com a instabilidade política e
dinheiro, atribuíra um excesso de títulos nobiliárquicos à o aumento de impostos;
burguesia dos negócios. Esta, aliás, comprava títulos e – Descontentamento dos camponeses com a proibição dos
arrematava os grandes negócios especulativos, enquanto enterramentos nas igrejas.
a agricultura e a indústria definhavam.
Questão 4
Questão 3 Os setembristas, os cartistas puros (C. Cabral é também
Escolher dois: um cartista, mas considerado corrupto e prepotente) e os
– Para o governo cartista, que triunfou da guerra civil, miguelistas.
dispor de uma maior base de apoio social e político, num Questão 5
país que estivera dividido entre liberais e absolutistas; Barão do Casal – seguiu o partido da rainha.
– Necessidade de dinheiro para recuperar as finanças, Sá da Bandeira – seguiu a causa da “Patuleia”.
esgotadas com o esforço da guerra civil; Saldanha – seguiu o partido da rainha.
– Como recompensa dos serviços aos que defenderam a Conde das Antas – seguiu a causa da “Patuleia”.
causa de D. Maria II [o liberalismo e a restauração da Nota – o facto de o movimento de Saldanha e do conde
Carta Constitucional]. das Antas ser o mesmo explica-se devido à perseguição
que as tropas de Saldanha fizeram às do conde das Antas,
Questão 4 na sua retirada para o Norte.
Os governos cartistas haviam governado com o apoio da
burguesia de grandes comerciantes, enriquecida com a Questão 6
Costa Cabral, embaixador português em Madrid, solicita ao
venda dos bens nacionais e com negócios especulativos e
embaixador britânico a concordância do seu governo para
premiada com títulos nobiliárquicos. O programa do
que tropas espanholas entrem em Portugal, a fim de
governo setembrista revela-se mais democrático na apoiar o trono de D. Maria II. Tal facto explica-se por haver
medida em que: uma insurreição generalizada contra a rainha,
– Diz representar “um movimento popular”; protagonizada pelas tropas da Patuleia que agrupavam os
– Restaura a Constituição de 1822; setembristas e todos aqueles que contestavam a influência
– Os seus ministros, defensores da Liberdade e homens de C. Cabral na corte (apesar de este se encontrar
honestos “de sãos princípios constitucionais”, se propõem aparentemente afastado). Vivia-se uma autêntica guerra
a seguir uma política patriota, “portuguesa”, que defenda civil, que ameaçava, inclusivamente, a rainha de
os interesses nacionais, desenvolvendo a economia, deposição.
recuperando as finanças e instruindo “todas as classes de Questão 7
cidadãos”, isto é, todo o povo. Texto claro e organizado, que deverá respeitar os
Questão 5 seguintes tópicos:
– Na área financeira, pois nem os impostos lançados nem – A governação cabralista e os ódios suscitados;
os novos empréstimos contraídos fizeram baixar a dívida – A revolta da “Maria da Fonte” e a guerra civil da
pública; “Patuleia”.
– Na área política, com a falta de dirigentes competentes,
especialmente ao nível do poder local;
– Na área da segurança interna (recrutamento para a Pág. 114
Guarda Nacional), em virtude de o miguelismo estar DOSSIÊ
profundamente enraizado no povo; D. Maria II: mulher e rainha de Portugal
– Na promoção do civismo e da instrução, pois houve
dificuldade em implementar as reformas do ensino. 1. • Porque a família real portuguesa se encontrava no
Brasil, para onde a corte se deslocara em 1807,
aquando das invasões francesas, a fim de preservar a
Págs. 110-111 independência do reino.

Um novo Tempo da História, 11.o ano, parte 2 Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
• D. Maria II vinha assumir a coroa portuguesa, que
seu pai, D. Pedro IV, lhe havia legado em 1826.
Acontece que D. Maria II viu a sua legitimidade
contestada por seu tio D. Miguel, com quem
celebrara esponsais e que deveria ser o regente do
reino. D. Miguel, em vez de respeitar a sobrinha e a 2. Como esposa – mulher apaixonada, doce, afeiçoada e
Carta Constitucional – o novo diploma que orientava dedicada a seu marido.
a governação do reino, fez-se aclamar rei absoluto e Como mãe – paixão pela maternidade, atenção,
perseguiu os liberais, o que levou, por uma questão vigilância, empenho, rigor na instrução e na educação
de segurança, a que a jovem rainha fosse levada dos filhos.
diretamente para Inglaterra, onde se procurariam 3. Contexto familiar – de quem era neta e filha; o local
apoios para a sua causa. de nascimento; a orfandade materna; os casamentos;
• – A instalação de uma Regência liberal, nos Açores, os filhos; a morte precoce.
que coordenaria o combate ao absolutismo de Contexto político – a herança da coroa ainda criança
D. Miguel e a restauração do liberalismo; (“rainha reinante”); a usurpação que seu tio,
– A abdicação de D. Pedro do trono brasileiro e a sua D. Miguel, lhe fez da coroa OU do trono; a vinda à
vinda à Europa – primeiro aos Açores para chefiar a Europa e o regresso ao Brasil; a guerra civil em
Regência, depois às cortes europeias para obter apoio Portugal (1832--1834); finalmente, a entrada em
financeiro, militar e diplomático para a causa de sua Lisboa como rainha legítima; a Revolução de
filha; Setembro que a obrigou a anular a Carta
– A criação de um exército liberal, graças aos esforços Constitucional outorgada por seu pai e a substitui-la
de D. Pedro, que desembarcou em Pampelido, no por uma nova Constituição (de 1838) que lhe retirava
Mindelo, combateu os absolutistas de D. Miguel e, ao direitos; a contestação ao seu projeto político por
fim de dois anos, os derrotou; parte dos setembristas, cartistas puros e miguelistas
– A saída de D. Miguel para o exílio, pela Convenção durante a revolta da Maria da Fonte e a guerra civil
de Évora Monte. da Patuleia; outros golpes ocorridos, o último dos
• – A Revolução de Setembro, de 1836: quais, o da Regeneração, lhe iria permitir reinar em
– Os tumultos radicais em Lisboa, em 1840; acalmia política.
– A Revolta popular da Maria da Fonte e a guerra civil
da Patuleia, em 1846.

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