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Scienza.
o Reivindicação de propriedades;
o Instrumento de poder;
o Técnicas de domínio através da linguagem.
A Assembleia Geral onde se reuníamos homens com direito de voto era em simultâneo
um órgão legislativo, executivo e judicial. Aqueles que, nesse lugar, melhor expusessem
as suas ideias eram os mais influentes já que podiam travar verdadeiras batalhas
oratórias.
“Por ocasião dos decretos de Hierão e Gelão, dois tiranos, que decidiram a deportação e
expropriação de inúmeras propriedades, a população siciliana reclamou os seus bens
iniciando uma guerra civil à qual se seguiram imensos conflitos em tribunal. Numa
época em que ainda não existiam advogados para defender os litigantes, começaram a
surgir um conjunto de pessoas capazes de mobilizar multidõese, através da sua
eloquência, convencê-las do que seria adequado Capítulo Três Introduções à Retórica no
“O movimento de ensino da nova arte oratória alastrou-se desde a Sicília até outras
cidades-estado gregas através dos professores da Retórica – os retores - e dos
profissionais da oratória (pagos para defender certas causas) conhecidos como Sofistas.
Os primeiros Sofistas chegam a Atenas, no séc. V A.C.”
Ao lado dos manuais políticos, a retórica serviu como veículos de introdução das ideias
na polis.
Assim, quem aspirasse a ter algum poder sobre alguém ou da própria comunidade, teria
de possuir bons dotes oratórios utilizando correntemente os mecanismos e os
instrumentos da linguagem, para convencer os ouvintes e sair vencedores. Os menos
hábeis recorriam aos que, em Atenas, constituíram as escolas (sofistas).
Era sobretudo do domínio forense e das formas como os advogados da altura deveriam
conceber as suas defesas.
Sofistas
A retórica surge assim, sobretudo entre os Sofistas, como uma forma de ensinar a falar e
através da fala e do discurso influenciar agentes e o poder. É então uma técnica que bem
dominada leva os seus utilizadores a atingir o objeto desejado seja ele riqueza ou o
poder. Tem, portanto, um carácter pragmático, isto é, convencer alguém da importância
de uma proposta sob outras propostas.
Sofistas:
Para Gorgias Leontinas a oratória era sobretudo uma forma de excita o auditório e
persuadi-lo. Não lhe interessava a verdadeira objetiva, mas apenas o convencimento dos
ouvintes. Aliás, provou.se com séculos de filosofia que essa verdade objetiva está muito
afastada do humano interessando à comunicação apenas a criação de um discurso
verosímil. Claro que esta forma de conceber o discurso, não possuía para a verdadeira
representação do pensar, como dizia Aristóteles. Faltava-lhe as boas técnicas de
argumentação retórica.
Os sofistas, que foram durante muitas gerações maltratados pelos escritos filosóficos,
adotaram e impuseram novas formas de pensar a linguagem. Numa polis que se
Mas:
o Quando Protágoras declara o homem como a medida de todas as coisas, ele está
a questionar os absolutos e a enfatizar o relativismo (e o conceptismo em última
análise):
A sofistica defendeu o nomos ou ordem social como a fonte da lei em
oposição ao Thesmos (ordem derivada dos reis) ou da physis (lei natural)
(Herrick 2009).
o Ao advogar o nomos, a Sofistica está a rejeitar a verdade transcendente e a
enfatizar o quanto a lei pública e a moralidade dependem do acordo social e das
condições práticas em que se inserem;
o “Por outro lado, a Sofistica contribuiu para destacar a linguagem e o discurso.
Neste sentido, preparam aquilo que será o Linguistic Turn do Séc. XX e a
Filosofia da Linguagem. O uso retórico da linguagem, característica dos sofistas,
foi também, importante no desenvolvimento da interpretação e expressão
literárias.” – In Mateus, Samuel, Introdução à Retórica no Séc. XXI, UBI.
Platão:
Aristóteles
No entanto, para que o discurso seja eficaz temos que conhecer as propriedades do
discurso e da linguagem. A retórica, enquanto disciplinam evoluiu muito desde
Aristóteles, não deixando, contudo, de querer persuadir e querer bem argumentar. Aos
poucos a retórica foi entrando como disciplina obrigatória na modernidade, tentando
constituir uma nova forma de comunicação já que ela se divide em muitas disciplinas
que fazem parte do meio universitário.
Aristóteles constitui o seu livro “Retórica” para estabilizar uma disciplina que, até ali,
tinha falhas no seu método:
o Perfomativo;
o Procura uma ação sobre o espirito.
Ethos:
o Um orador íntegro cativo com mais facilidade uma Assembleia do que aquele
cuja integridade ética é duvidosa. Não se trata, porém, do carácter natural do
orador, mas sim aquele que o orador coloca em discurso, isto é, a impressão que
o orador dá de si mesmo.
Pathos:
o Trata-se de uma instância retórica que é apenas reconhecível nos outros. Deste
orador depende apenas a capacidade de fazer gerara nos outros uma onda de
entusiasmo e emoções. Gerar simpatia é estar a convencer quem nos julga da
veracidade do que se diz.
Logos:
Mover a mente:
o Função persuasiva;
o Fazer mudar a opinião;
o Ex:. Publicidade, campanha política;
o “Campanha” – a Retórica como ação;
o Apelo não à pura racionalidade dos argumentos, mas à emoção.
Discurso Epistemológico:
Discurso Retórico
Estes três tipos de oratórias têm uma relação muito estreita com o tempo conforme o ato
ou a persuasão se manifeste no passado, presente e futuro.
Retórica, Livro I
2. Rigor do discurso:
Argumentação austera e muito coesiva que procede por intermédios
de silogismos retóricos a que dá o nome de “entimemas”.
Entimema = Silogismo formulado apenas em função de seu efeito
retórico, por utilizar argumentos apenas prováveis:
Demonstrativos – A conclusão se obtém a partir de premissas
com as quais se está de acordo;
Refutativos - Conduz a conclusões naquilo em que se está em
desacordo.
o Racionalidade;
o Excelência;
o Benevolência.
A Retórica tem o seu objeto, não na sua persuasão, mas os meios de persuasão;
Retórica Antiga;
Retórica Clássica:
Cícero
Géneros deliberativos e epidícticos tornam-se cada vez mais secundários face ao género
judicial;
Retórica;
Dialético;
Erística.
Idade Média:
Renascimento:
Descartes:
Séc. XIX:
o Iluminismo;
o Declínio da Retórica ao ponto de quase se extinguir.
Retórica Moderna:
Séc. XX:
Ambiguidade:
Textos:
Arquitetura/escrita;
Linguagem e Língua
o Oral:
Auditivo e transitório;
Interlocutores em vida real e com oportunidades limitadas para planear;
Permite a interação;
O falante e o ouvinte ocupam o mesmo contexto espacial.
o Escrita:
Visual e permanente;
Pode ser extensivamente planeado e produzido de diferentes modos;
Geralmente não permite a interação;
Autor e leitor não precisam de estar no mesmo espaço e tempo.
O que é o Texto?
O controlo social é mais importante que o conteúdo dos discursos, é o papel que eles
desempenham na ordenação do mundo:
o O discurso:
Tentativa de dar sentido ao real > uma fixação de sentidos bem-sucedida,
mas provisória (provisória porque não essencial e em constante ameaça
de desconstrução > arbitrária; bem-sucedida porque, apesar de ameaça,
contém em si uma continuidade histórica).
Discurso:
Aristóteles, Organon:
o 4 espécies de discurso:
O discurso lógico (um conhecimento cujo fim não está em si mesmo;);
Discurso Dialético;
Discurso Retórico;
Discurso Poético.
O discurso lógico (um conhecimento cujo fim não está em si mesmo). Meio, órgão ou
instrumento para o pensamento correto e para a verdade da ciência.
Discurso:
O discurso, por sua vez, pode ser entendido como um conjunto de pesquisas discursivas
estruturadas segundo um plano referente às condições da sua produção.
Escrita:
o Graça à escrita, a fala estende-se até nós e atinge-nos pelo seu sentido e pela
coisa que é tratada e não pela voz do seu proclamador > “Coisa do Texto”,
“mundo do texto”, “mundo novo” (categoria central, objeto da hermenêutica);
o Condições preliminares.
Porém, existem estas ruturas gramaticais que alteram a noção clássica da gramática~:
o O que está escrito é o que está a ser dito. Esta escrita (escrita-oral) tem também
a característica de não ser, que na autoria quer na leitura, um ato isolado, mas
sim uma escrita que agrupa indivíduos em que quem lê ou escreve está numa
maneira ou de outra sempre presente. As palavras são aqui coisas vivas,
dinâmicas, tal como o são na oralidade;
o O texto escrito e impresso moldou a nossa forma de pensar no espaço e no
tempo tornando-os lineares, textuais e fixos.
o Pós-estruturalismo.
Da Francesa:
o Análise do discurso:
Formar de estudar os fenómenos relacionados com o mundo
organizacional;
Multiplicidade de enfoques desenvolvidos por diferentes abordagens
teóricas.
Texto: Hipertexto:
- Linear Translinear;
- Texto Hipertextual;
- Fixo Móvel;
- Singular Múltipla.
Ocultação (é quando o autor está morto que a relação com o livro se torna completa e,
de certo modo, intacta):
o Encarar o texto sem mundo e sem autor, explicá-lo pelas suas relações internas,
pela sua Estrutura:
Texto:
Maurice Blanchot – “texto por vir” – escrita em espessura, resiste ao tempo e aos
sujeitos; é reinvestida a cada leitura.
Dialogismo
O princípio que constitui toda a linguagem ao mesmo tempo que atua como significado
do discurso.
A relação entre o transmissor e o recetor de uma mensagem, ou seja, uma relação eu-
outro carregada de subjetivismo;
O sujeito perde o papel de centro na análise do discurso, sendo esse papel ocupado pelas
vozes sociais;
Oswald Sucrot:
o Teoria da Polifonia:
Polifonia: diferentes vozes presentes no mesmo texto.
o Sujeito enunciante – “indivíduo do mundo” que pronuncia o enunciado.
Diferente
o Locutor – entidade abstrata responsável pela enunciação, tem como
correspondente o alocutório, aquele ao qual se dirige a enunciação.
Diferente
o Enunciador.
A Revolução da Imprensa
Discurso escrito – leitor ausente aquando da escrita, escritor ausente aquando da leitura
(Ricoeur, “dupla ocultação”); relação mediata.
o A Escrita:
Texto:
o Fixo/Imóvel;
o Linear;
o Unidade.
Hipertexto:
o Móvel;
o Translinear;
o Fragmento:
Texto que se acrescenta e desacrescento até ao infinito.
o Indicie – cartografia;
o Disposição gráfica;
o Capítulos parágrafos, pontuação;
o Racionalidade de pontuação põe em relevo a gramaticalidade do texto;
o Objetualização do texto;
o Elemento de fronteira texto/ fora de texto;
o Nota de rodapé (revolução tipográfica – disciplinar a escrita);
o Bibliografia – família de discursividade.
Noção de texto:
o Abrangente;
o Linguagens verbais e não-verbais;
Sentido:
Textualidade:
o Imanência do texto;
o Não está dependente nem do sentido nem do autor nem do recetor;
o Depende da sua coesão interna;
o É tela, é trama, é tecido, é interdependência interna;
o O texto explica-se na sua imanência (porque existe sempre um resto por captar);
Literalidade
Narrativa:
Intertextualidade:
o Diferente de escritor;
o Mise-en-abime;
o Assinatura – ato de “ausentificação” do sujeito da escrita; Derrida, “marca de
ausência”;
Técnica retórica:
Discurso:
o Introdução;
o Exposição do tema;
o Argumentação persuasiva;
o Conclusão.
Discurso:
o Eloquência, Persuasão;
o Argumento, Lógica.
Frase:
o Função referencial;
o Função simbólica.
Círculo Hermenêutico:
o Aproximação;
o Apropriação;
o Distanciação;
o Análise;
Retórica Aristotélica
Paul Ricoeur, na sua obra “A metáfora viva”, classifica a retórica de Aristóteles como a
agregação de três:
Teoria da argumentação;
Teoria da elocução (o estilo);
Teoria da composição do discurso.
Segundo Paul Ricoeur, a partir de Aristóteles, a lógica oferecia uma solução auxiliar à
retórica, o verossímil (to eikos), o modo ao qual a retórica poderia aspirar ao uso da
palavra: “O género de prova que convém à eloquência não é necessário, mas o
verossímil, pois as coisas humanas, a respeito das quais os tribunais e as assembleias
deliberam e decidem, não são suscetíveis de qualquer sorte de necessidade de
determinação intelectual, que a geometria e a filosofia primeira exigem. Antes, portanto,
de denunciar a dóxa – a opinião – como inferior à epistéme – a ciência -, a filosofia
pôde propor-se elaborar uma teoria do verossímil que forneceria as armas para a retórica
Este tipo de leitura teve como consequência um tipo de interpretação que acabou por
amputar da Retórica a teoria da argumentação, eixo no qual estava suturada a filosofia,
sobrando apenas as teorias da elocução e da composição:
“umas das causas da morte da retórica está aí: ao reduzir-se uma das suas partes, a
retórica perdeu ao mesmo tempo o nexus que a vinculava com à filosofia.
Não era possível estudar o texto literário limitando-se à sua esfera linguística. Era
necessário tomar em consideração a maneira como o texto fora “recebido” por seus
leitores em diferentes situações históricas.
Entre os anos de 1981 e 1989, Gumbrecht organiza uma série de colóquios Dubrovnik,
baseados fundamentalmente nas noções de transdisciplinaridade (importante devido à
necessidade de consideração dos fatores extra-textuais) e das materialidades dos meios
de transmissão da mensagem literária.
Destemporalização:
Destotalização
Desreferencialização
O sentimento ocasionado por essas três noções é o de “um mundo sempre menos
estruturado e sempre mais viscoso e flutuante. Dizendo de outro modo: o sentimento de
um mundo não mais fundado central do sujeito” (1998: 138).
O sujeito estava precisamente na base daquilo que Gumbrecht denomina como “campo
hermenêutico” - uma situação histórica desenvolvida desde o século XV, com a
institucionalização da imprensa, e que pode ser sumarizada em quatro premissas
fundamentais:
É com o intuito de responder a essa pergunta que Grumbrecht lança mão do conceito de
“campo não-hermenêutico”. No interior desse novo campo – que pode ser vislumbrado
a partir da divisão proposta por Hjelmslev entre forma e substancia da expressão e
forma e substancia do conteúdo -, opera-se um deslocamento do foco de interesse
teórico, que passa da “interpretação como identificação de estruturas de sentido dadas
para a reconstrução dos processos através dos quais estruturas de sentido articulado
podem emergir” (1994: 398). Em outras palavras, o que sugere é concentrar a atenção
não na busca pelo sentido como algo pré-dado e apenas à espera do ato interpretativo,
mas antes procurar entender como o sentido pode construir-se a partir do não-sentido.
o Conceito de acoplagem.
redes discursivas, o trabalho de Kittler pode, segundo David Wellbery, ser definido com
base em três princípios básicos: exterioridade, medialidade e corporalidade. Tais
princípios constituem também preceitos epistemológicos próprios da teoria das
materialidades da comunicação.
Exterioridade
Medialidade
Corporalidade:
o Pós-humanos.
Advertindo que nenhuma tecnologia é neutra, mas antes “informada historicamente não
apenas por sua materialidade como também pode seu contexto político económico e
social”, Vivian Sobchack sugere que as novas tecnologias já estão promovendo o
desaparecimento da cultura da imagem, assim como do corpo. Surge uma curiosa
inversão, onde a materialidade das novas tecnologias determina um imaginário de
imaterialidade para os sujeitos humanos. As fantasias sobre a transferência (download)
de consciência humanas para computadores confirmam essa ideia, Sobchack estuda
também as características dos movimentos, da cinesia determinada pela materialidade
das novas tecnologias – o ritmo da utilização de teclados e ratos – para procurar
entender as suas consequências sobre os usuários.