Você está na página 1de 46

lOMoARcPSD|6589824

Resume Análise de texto e discurso

Metodologias de Análise do Texto e do Discurso (Universidade Lusófona de


Humanidades e Technologias)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)
lOMoARcPSD|6589824

Resume de Metodologia Análise de Texto e Discurso


1. Diacronia crítica dos conceitos de discurso e de texto.
a) O “dever da palavra” nas sociedades “primitivas”;
b) O discurso humano enquanto construção do/ conta o poder;
c) Introdução à retórica;
d) Crise das sociedades orais e disseminação da cultura escrita;
e) A passagem das estruturas míticas às estruturas discursivas da cultura
ocidental;
f) O que é um «texto»?

“A retórica é a sabedoria falando eloquentemente” – Giambattista Vico, La Nuova

Scienza.

Retórica – Arte de comunicação (fins persuasivos);

Poética – Arte de evocação imaginária (fins poéticos e literários).

A retórica, nasce na Sicília grega, em 465 A.C - a origem judiciária:

o Reivindicação de propriedades;
o Instrumento de poder;
o Técnicas de domínio através da linguagem.

A Assembleia Geral onde se reuníamos homens com direito de voto era em simultâneo
um órgão legislativo, executivo e judicial. Aqueles que, nesse lugar, melhor expusessem
as suas ideias eram os mais influentes já que podiam travar verdadeiras batalhas
oratórias.

“Por ocasião dos decretos de Hierão e Gelão, dois tiranos, que decidiram a deportação e
expropriação de inúmeras propriedades, a população siciliana reclamou os seus bens
iniciando uma guerra civil à qual se seguiram imensos conflitos em tribunal. Numa
época em que ainda não existiam advogados para defender os litigantes, começaram a
surgir um conjunto de pessoas capazes de mobilizar multidõese, através da sua
eloquência, convencê-las do que seria adequado Capítulo Três Introduções à Retórica no

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Séc. XXI. Rapidamente essas pessoas começaram a vender e a ensinar o seu


conhecimento prático” – Meyer et. Ali, 2002.

“O movimento de ensino da nova arte oratória alastrou-se desde a Sicília até outras
cidades-estado gregas através dos professores da Retórica – os retores - e dos
profissionais da oratória (pagos para defender certas causas) conhecidos como Sofistas.
Os primeiros Sofistas chegam a Atenas, no séc. V A.C.”

Afirmação política do Cidadão, no espaço público, Ágora:

o Expor a sua opinião livremente nas assembleias e ágoras;


o “A democracia é a condição indispensável ao desenvolvimento da eloquência
reciprocamente, a eloquência é a qualidade superior do indivíduo que pertence a
uma democracia: nenhum dos dois pode passa sem outro” – Todorov, 1979.

Ao lado dos manuais políticos, a retórica serviu como veículos de introdução das ideias
na polis.

Assim, quem aspirasse a ter algum poder sobre alguém ou da própria comunidade, teria
de possuir bons dotes oratórios utilizando correntemente os mecanismos e os
instrumentos da linguagem, para convencer os ouvintes e sair vencedores. Os menos
hábeis recorriam aos que, em Atenas, constituíram as escolas (sofistas).

Era sobretudo do domínio forense e das formas como os advogados da altura deveriam
conceber as suas defesas.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Sofistas

A retórica surge assim, sobretudo entre os Sofistas, como uma forma de ensinar a falar e
através da fala e do discurso influenciar agentes e o poder. É então uma técnica que bem
dominada leva os seus utilizadores a atingir o objeto desejado seja ele riqueza ou o
poder. Tem, portanto, um carácter pragmático, isto é, convencer alguém da importância
de uma proposta sob outras propostas.

Sofistas:

o Adquiriram um papel de revelo na sociedade ateniense;


o Providenciaram o treino retórico e as competências de persuasão necessárias ao
debate entre pares;
o Pendor Erísitco – Tudo o que deseja é vencer, deixando o adversário sem
palavras;
o Finalidade Sofística - Não é encontrar o verdadeiro, mas dominar o interlocutor
o através da palavra;
o A oratória ao serviço dos interesses pessoais do sofista; Palavra comprometida,
não com o saber, mas com o poder;
o Protágoras, Górgias:
 A retórica como uma psicagogia (phychagogia) ou condução das almas.
o Afirmação Sofial e filosófica da Retórica decorre juntamente da queda Sofistas;

Para Gorgias Leontinas a oratória era sobretudo uma forma de excita o auditório e
persuadi-lo. Não lhe interessava a verdadeira objetiva, mas apenas o convencimento dos
ouvintes. Aliás, provou.se com séculos de filosofia que essa verdade objetiva está muito
afastada do humano interessando à comunicação apenas a criação de um discurso
verosímil. Claro que esta forma de conceber o discurso, não possuía para a verdadeira
representação do pensar, como dizia Aristóteles. Faltava-lhe as boas técnicas de
argumentação retórica.

Os sofistas, que foram durante muitas gerações maltratados pelos escritos filosóficos,
adotaram e impuseram novas formas de pensar a linguagem. Numa polis que se

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

pretendia democrática, o uso correto, eloquente e persuasivo do discurso era o primeiro


passo para ganhar o poder.

Eram professores da matéria, ensinavam e ganhavam por isso. Ensinavam sobretudo o


modo de apresentar o discurso. O discurso era uma espécie de embrulho que levava no
seu interior as pretensões de alguém. Era então uma arte persuasiva do poder e de
autonomia do discurso.

A reabilitação da Reabilitação empreendida por Aristóteles.

“O que importa são os poderes encantatórios da palavra em detrimentos da


pertinência das provas” – Meyer et ali, 2002.

Mas:

o Quando Protágoras declara o homem como a medida de todas as coisas, ele está
a questionar os absolutos e a enfatizar o relativismo (e o conceptismo em última
análise):
 A sofistica defendeu o nomos ou ordem social como a fonte da lei em
oposição ao Thesmos (ordem derivada dos reis) ou da physis (lei natural)
(Herrick 2009).
o Ao advogar o nomos, a Sofistica está a rejeitar a verdade transcendente e a
enfatizar o quanto a lei pública e a moralidade dependem do acordo social e das
condições práticas em que se inserem;
o “Por outro lado, a Sofistica contribuiu para destacar a linguagem e o discurso.
Neste sentido, preparam aquilo que será o Linguistic Turn do Séc. XX e a
Filosofia da Linguagem. O uso retórico da linguagem, característica dos sofistas,
foi também, importante no desenvolvimento da interpretação e expressão
literárias.” – In Mateus, Samuel, Introdução à Retórica no Séc. XXI, UBI.

A capacidade de iniciar uma reflexão em torno das questões da linguagem, da ordem


social e do relativismo.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Dois Grandes Críticos da Retórica – Platão e Descartes

Platão:

o A retórica é destituído de valor epistemológico, visando somente agradar e


encantar > ameaça à Filosofia;
o Apresenta dois tipos de retórica:
 Sofistica, a má – Não é arte, mas falsa adulação;
 Filosófica, a boa – Ainda sem conteúdo próprio, ainda sem uma função
específica enquanto arte da persuasão.

A diferença entre Retórica Filosóficas e Retóricas puramente técnica dos sofistas:

o Resultados combinado de natureza, conhecimentos se prática;


o A retórica pode sair dos seus limites de competência.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Aristóteles

o Vai estabelecer a retórica enquanto arte persuasiva por excelência. A retórica


como a outra face da Dialética;
o Grande fundador da Retórica enquanto prática de comunicação persuasiva:
 Após condenação da Retórica, procede à sua Reabilitação;
 Caracteriza-se enquanto técnica (techné), ao contrário de Isócrates que
rejeitava essa possibilidade;
 Arte Oratória (tekné rhetoriké).

Afasta-se da perspetiva moralizante de Platão:

o A Retórica enquanto técnica de persuasão não é, em si mesma, boa ou má;


o São usos que se dão à Retórica que podem ser classificados como benéficos ou
prejudiciais;
o Ao nível dos assuntos quotidianos, a Retórica é uma ferramenta com que a razão
se dota para discursar publicamente;
o Arte legitima;
o Aristóteles celebra a Retórica, não pelo seu poder – como a sofistica – mas pela
sua utilidade. É este aspeto utilitário que a legítima socialmente.

No entanto, para que o discurso seja eficaz temos que conhecer as propriedades do
discurso e da linguagem. A retórica, enquanto disciplinam evoluiu muito desde
Aristóteles, não deixando, contudo, de querer persuadir e querer bem argumentar. Aos
poucos a retórica foi entrando como disciplina obrigatória na modernidade, tentando
constituir uma nova forma de comunicação já que ela se divide em muitas disciplinas
que fazem parte do meio universitário.

Aristóteles constitui o seu livro “Retórica” para estabilizar uma disciplina que, até ali,
tinha falhas no seu método:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Para ele, tinham-se esquecido do principal recurso técnico do orador que é


argumentação, em especial, o entimema que se tornou útil, não apenas aos
políticos, mas também aos filósofos, de forma a obter entendimento dos
participantes e convencê-los.

Tekné – Arte é diferente de epistemé , conhecimentos, no sentido da verdade:

o Não se opunha à filosofia, à arte, mas à doxa;


o Diferente da conceção de hoje;
o Conhecimentos da verdade – Pautado pela estabilidade (de uma vez por todas,
diferente doxa;
o Doxa – instabilidade, volatilidade.

Tékne retoriké – capacidade de efetuação de um discurso:

o Perfomativo;
o Procura uma ação sobre o espirito.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Técnicas da Retórica Aristocrática

Ethos:

o Um orador íntegro cativo com mais facilidade uma Assembleia do que aquele
cuja integridade ética é duvidosa. Não se trata, porém, do carácter natural do
orador, mas sim aquele que o orador coloca em discurso, isto é, a impressão que
o orador dá de si mesmo.

Pathos:

o Trata-se de uma instância retórica que é apenas reconhecível nos outros. Deste
orador depende apenas a capacidade de fazer gerara nos outros uma onda de
entusiasmo e emoções. Gerar simpatia é estar a convencer quem nos julga da
veracidade do que se diz.

Logos:

o Esta é a parte mais importante da Retórica pois é aqui que se aplicam as


principais técnicas e meios de argumentação retórica.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Três finalidade da Retórica:

o Docere – Ensinar; informar; Docente – Sujeito suposto saber;


o Movere – Mover, pôr o espírito em movimento, co-mover as mentes e os
sentimentos;
o Delectare – Deleitar; Encantar; Seduzir; Entreter.

Mover a mente:

o Função persuasiva;
o Fazer mudar a opinião;
o Ex:. Publicidade, campanha política;
o “Campanha” – a Retórica como ação;
o Apelo não à pura racionalidade dos argumentos, mas à emoção.

Discurso Epistemológico:

o Conhecimento Verdadeiro, científico > procura da verdade;


o A verdade era aquilo que se enuncia através de uma proposição universal;
o Não há meias: ou se é verdade ou não é;
o A verdade, na ciência, define-se em termos absolutos;
o O acto científico é independente de quem o enuncia,

Discurso Retórico

o Procura-se estabelecer uma verosimilhança (diferente verdade científica);


o Admite meias verdades;
o Mede-se pelo grau de probabilidade;
o Tribunal;
o O acto verosímil não é independente de quem o enuncia;

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Verosímil – semelhança à verdade;


o Grau de verosimilhança advém do grau de aceitação por parte da audiência.

Princípios do esquema retórico aristotélico:

1. Distinção de duas categorias formais de persuasão:


a. Não Técnicos – Aqueles que existem noutra ordem, isto é, fora do domínio
do orador e são sobretudo leis, documentos, códigos e testamentos;
b. Técnicos – São os que o orador invento e incorpora na sua argumentação. ´

2. Identificação de 3 meios de prova, modos de apelo ou formas de persuasão:


a. Lógico do assunto - Lógica;
b. Carácter do orador - Ethos;
c. Emoção dos ouvintes - Pathos.

3. Distinção de três espécies de retórica:


a. Judicial:
o É aquela que é usada em tribunal e adotada pelos agentes da justiça;
o Remete sempre para o presente.
b. Deliberativa:
o Aquela da qual se refaz o uso nas assembleias ou reuniões tentando
persuadir ou ouvintes para que seja aceite a política que o orador
considera mais adequada. Esta oratória era a mais usadas em Atenas
por políticas e outras estruturas do poder;
o Esta em causa o futuro, no sentido em que a Assembleia toma
decisões que hão-se fazer no futuro.
c. Epidíctica:
o Por finalidades elogiar ou denegrir algo ou alguém, juízo de valor;
o A oratória que se faz num espaço público perante um público e
fazendo um elogio a algo ou alguém;
o Remete sempre para o presente.

Estes três tipos de oratórias têm uma relação muito estreita com o tempo conforme o ato
ou a persuasão se manifeste no passado, presente e futuro.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

4. Formalização de duas categorias de argumentos retóricos:


a. Etimema, como prova dedutiva:
o São os principais recursos argumentativos de que se vale para se
persuadir e que correspondem respetivamente à inclusão e dedução;
o É um recurso argumentativo, que parte de premissas verosímeis
prováveis e geralmente aceites;
o Características das ciências formais, como a lógica e a matemática;

b. Exemplo, usado na argumentação indutiva como forma de argumentação


secundária:
o A verdade da conclusão não é garantida pela verdade das premissas, a
conclusão é apenas provavelmente verdadeira;
o Está presente nas ciências experimentais como a física e a biologia
(investigação com base nos dados recolhidos pela observação na
natureza);
o Processo de inferência que vai do particular para o geral;
o É a forte quando a força das premissas torna altamente improvável
(embora não impossível logicamente) que a conclusão seja falsa.

5. Conceção e uso de várias categorias de tópicos na construção dos argumentos:


a. Tópicos relacionados com cada género de discurso;
b. Tópicos aplicáveis a todos os géneros;
c. Tópicos que proporcionam estratégias de argumentação, comuns a todos os
géneros de discurso.

6. Conceção de normas básicas de estilo e composição, nomeadamente:


a. Necessidade de clareza;
b. Compreensão do efeito de diferentes tipos de linguagem e estrutura formal;
c. Explicitação e ordenação do papel da metáfora.

7. Classificação e ordenação das várias partes do discurso.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Retórica, Livro I

o Capacidade de empregar a persuasão em lados opostos da mesma questão é a


condição para que reconheçamos com clareza os factos envolvidos e para que
possamos argumentar com eficácia:
1. Defesa pessoal:
 É absurdo que apenas ensinemos às pessoas a defenderem-se
fisicamente (as artes marciais) e não as eduquemos na defesa pessoal
das suas ideias e convicções através do discurso e da razão (a arte
retórica);
 A utilização do discurso e da razão (logos) é o atributo mais
diferenciador do ser humano. É precisamente porque a Retórica é um
bem (agathon) que ela pode ser objeto de perversão. Mas é preferível
saber usar a força do discurso e da razão (logos) do que a ignorar.

2. Rigor do discurso:
 Argumentação austera e muito coesiva que procede por intermédios
de silogismos retóricos a que dá o nome de “entimemas”.
 Entimema = Silogismo formulado apenas em função de seu efeito
retórico, por utilizar argumentos apenas prováveis:
 Demonstrativos – A conclusão se obtém a partir de premissas
com as quais se está de acordo;
 Refutativos - Conduz a conclusões naquilo em que se está em
desacordo.

Provas retóricas Vs Provas lógicas

o Retóricas – Regem-se sobre operações inferenciais de carácter;


o Lógicas – Inválidas, que guiem o nosso raciocínio.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Técnicas ou arte de Persuasão

“Capacidade de descobrir o que é adequado a cada caso como fim de persuadir”. A


retórica é um método de pensamento persuasivo e argumentar bem:

o Não é persuasão, mas a competência de persuadir;


o Como identificamos os meios de persuasão que melhor servem o caso a
argumentar.

Por isso, Aristóteles, para além de analisar e sistematizar os recursos argumentativos,


desenvolver também fatores psicológicos da persuasão. Porém o mais importante, é o
carácter transmitido pelo orador, isto é, o que ele aparenta ser quando se dirige a um
auditório ou alguém. Assim para ganhar a confiança dos outros, o orador tem de ter três
qualidade:

o Racionalidade;
o Excelência;
o Benevolência.

A Retórica tem o seu objeto, não na sua persuasão, mas os meios de persuasão;

A Retórica só é possível através do diálogo como o interlocutor e na presença física e


espiritual do auditório;

A Retórica é a outra face da Dialética:

o Ampliação de um raciocínio argumentativo com o objetivo de o arguir ou


repudiar;
o O efeito e a validade da Retórica e da Argumentação encontram-se dependentes
da presença e da réplica do auditório.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Passagem da retórica antiga à retórica clássica

Na importância concedia ao ethos em detrimentos do logos

Retórica Antiga;

o Enfatiza as provas retóricas e o rigor (silogístico) da argumentação;


o Tradição grega.

Retórica Clássica:

o Destaca a credibilidade do orador e a sua capacidade de se expressar com


correção e elegância (Quintiliano, a Retórica como a arte de bemdizer);
o Tradução latina.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Cícero

Géneros deliberativos e epidícticos tornam-se cada vez mais secundários face ao género
judicial;

Todo o desenvolvimento da Retórica latina (de Cícero e Hortênsio) surge da


necessidade de advogar, em tribunal, os pleitos;

Dimensão prática: Não se trata tanto de dialogar com o auditório as de demonstrar,


através dos singulares dotes do orador, a excelência da sua argumentação;

O orador é o protagonista máximo da comunicação em detrimento do auditório, o qual


surge frequentemente para comprovar a validade daquilo defendido inicialmente pelo
orador;

Privilegia a qualidade intrínseca da argumentação;

Qualidade da argumentação – Derivada, não da argumentação em si, mas do orador.

Éris -Deusa Grega do caos, da discórdia

Retórica;

Dialético;

Erística.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Idade Média:

o Retórica sofre um descrédito;


o A retórica viu-se reduzida a uma interpretação dos textos bíblicos sem uso
prático ou escolar;
o Condições sociais e políticas: Emergência dos impérios e das monarquias – Não
tendiam a estimular o debate público e a livre expressão de ideias que vigoravam
na democracia ateniense;
o A retórica viu-se reduzida a uma interpretação dos textos bíblicos sem uso
prático ou escolar;
o Retórica medieval constitui-se apenas em torno de uma retórica das figuras e das
diferentes formar de ornamento o discurso;
o O desaparecimento das instituições republicanas (romanas) contribui muito para
este facto;
o Já a modernidade, muito do que compunha a retórica desviou-se para outros
domínios e outras disciplinas que se explicaram destruindo parte do edifício que
era o império retórico.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Renascimento:

o Renovado pelos interesses pela Retórica;


o Petrarca – Neoplatonismo; reavaliou aquilo que a Sofistica havia afirmado
acerca do discurso: a sua capacidade alterar a realidade.

Descartes:

o Discurso sobre o Método;


o Dúvida hiperbólica – Questionar contínuo das coisas que nos são apresentadas
como verdadeiras “Se dúvida, é porque penso”. “Se penso, logo existo”;
o Os sentimentos enganam, recusa de quaisquer conhecimentos que resulta dos
sentidos (António Damásio: “e sinto, logo existo.”).

Séc. XIX:

o Iluminismo;
o Declínio da Retórica ao ponto de quase se extinguir.

Retórica Moderna:

o Dividida entre a lógica e estilística:


 Logos - Reúne a lógica, as linguagens formais (como a linguagem verbal
que utilizamos todos os dias). Mas, por outro lado;
 Logos – É, também, linguagem da ficção, incluindo o estilo e as figuras
(retórica, de cariz literários, limitada à Elocução; circunscrita pelas
figuras de estilo, sem finalidade alguma);
o É o definhamento (empobrecimento) da retórica clássica;
o Com o início da modernidade e o aparecimento das línguas cultas, a retórica teve
de se adaptar a outras circunstâncias;
o Foi já na década de 60 do século XX que o império da retórica retomou o seu
caminho;

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Esta década, marcada por pontos de vista em relação à comunidade e mundo


antagónicos, veio trazer ao discurso novas formas de argumentação e novas
técnicas de influência que se revelam na publicidade e nas novas paisagens
sociais e culturais.

Séc. XX:

o Viragem política: Em direção à República e à Democracia, baseada no sufrágio


universal. Fundamental no renascimento da Retórica e no aumento da sua
importância na sociedade.

Nova Retórica (meados séc. XX):

o Retórica de elocução (produção literária);


o Retórica da Argumentação (produção persuasiva).

1958, Perelman e Obrechts-Tyteca. “Traité de l´Argumentation – la ouvelle ehétorique´;

Ancorada na Filosofia da Linguagem;

Ambiguidade:

o Não como um defeito de linguagem, mas como uma consequência inevitável da


linguagem. Mais do que a reduz ou procurar erradicá-la, a nova Retórica
assume a ambiguidade, a incerteza e a indeterminação.

Reflexão não-formalística e não-logocêntrica de pendor intersubjetivo:

o Preocupa-se com o modo como os indivíduos coordenam o seu pensamento e a


ação.

Herança Aristotélica da retórica e a sua articulação com a Dialética:

o Clara rutura com a modernidade e com o pensamento cartesiano da evidência.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Primazia ao raciocínio dialético:

o A partir da distinção aristotélica entre raciocínio analítico (relacionando-se com


a “verdade” e a Lógica) e raciocínio dialético (partindo de premissas
constituídas por “opiniões geralmente aceites”);

Textos:

Péricles, ´Elogio da constituição ateniense´;

Df. Encomiasta – que elogia;

Séc. V a.c., período de ouro de Atenas; entre guerras (persas e peloponésica);

Um dos Políticos mais influentes de Atenas.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Análise do Texto “Isto matará aquilo”

Arquitetura/escrita;

Df. Arcediago – o primeiro entre os diáconos;

Krátos (do grego) - força, poder;

a) O livro destruirá arquitetura;


b) O mundo laico vs. O mundo religioso.

Linguagem e Língua

Gama incrivelmente intrincada de formas sociais de comunicação e de significação quê


inclui a linguagem verbal articulada.

As linguagens estão no mundo e nós estamos na linguagem. Os limites da nossa


linguagem são os limites do nosso mundo.

Língua, um tipo de linguagem, verbal:

o Oral:
 Auditivo e transitório;
 Interlocutores em vida real e com oportunidades limitadas para planear;
 Permite a interação;
 O falante e o ouvinte ocupam o mesmo contexto espacial.
o Escrita:
 Visual e permanente;
 Pode ser extensivamente planeado e produzido de diferentes modos;
 Geralmente não permite a interação;
 Autor e leitor não precisam de estar no mesmo espaço e tempo.

A língua é diferente da fala:

o Língua – homogénea, sistema, coletiva, sincrónica, código;


o Fala – heterogénea, individual, contingente, diacrónica, mensagem.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Fala – escrita em devir.

O que é o Texto?

As relações que se estabelecem o texto com o mundo:

 A significação, representação e interpretação.

“Uma abordagem sincrónica deve preceder qualquer abordagem diacrónica,


porque os sistemas são mais inteligíveis do que as mudanças.” – In Ricoeur, Teoria
da Interpretação, Ed 70.

O controlo social é mais importante que o conteúdo dos discursos, é o papel que eles
desempenham na ordenação do mundo:

o O discurso:
 Tentativa de dar sentido ao real > uma fixação de sentidos bem-sucedida,
mas provisória (provisória porque não essencial e em constante ameaça
de desconstrução > arbitrária; bem-sucedida porque, apesar de ameaça,
contém em si uma continuidade histórica).

Ricoeur – dialética evento e significação no discurso.

Discurso:

o Objetivação pela estrutura;


o Distanciação pela escrita (dimensão criadora).

Compreensão que o leitor tem de si:

o É a imaginação que se forma, em primeiro lugar, um ser novo;


o “Quando a distanciação da imaginação responde à distância que a «coisa» do
texto cava no seio da realidade, uma poética da existência responde à poética do
discurso”;
o “é à minha imaginação que o texto fala, propondo-lhe os «figurativos» da minha
libertação”.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Contributo da hermenêutica filosófica para a exegese bíblica:

o Hermenêutica bíblica, uma das aplicações possíveis da hermenêutica filosófica.

Exegese (interpretação de ordens várias do texto, nomeadamente o bíblico) bíblica:

o A confissão de fé é inseparável das formas de discurso;


o A confrontação destas formas de discurso suscita, na própria confissão de fé,
tensões, contrastes, teologicamente significativos:
 Oposição narração/ profecia (Antigo Testamento).

Aristóteles, Organon:

o 4 espécies de discurso:
 O discurso lógico (um conhecimento cujo fim não está em si mesmo;);
 Discurso Dialético;
 Discurso Retórico;
 Discurso Poético.

O discurso lógico (um conhecimento cujo fim não está em si mesmo). Meio, órgão ou
instrumento para o pensamento correto e para a verdade da ciência.

Émile Benveniste, linguista francês – o discurso é a expressão da língua como


instrumento de comunicação.

Michel, filósofo francês:

o Formação e manutenção dos discursos baseados nas tensões de poder e de


controlo social;
o Mais importante que o conteúdo dos discursos, é o papel que eles desempenham
na ordenação do mundo:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

 Discurso – tentativa de dar sentido ao real > uma Fixação de Sentidos


bem-sucedidos mas provisória (provisória porque não essencial e em
constante ameaça de desconstrução > arbitrária; bem sucedida porque,
apesar de ameaça, contém em si uma continuidade histórica).

Ricoeur – dialética de evento e significação no discurso.

Discurso:

o Como evento (o discurso é o evento da linguagem);


o Como predicação (traço distintivo da fase: ter um predicado).

O discurso, por sua vez, pode ser entendido como um conjunto de pesquisas discursivas
estruturadas segundo um plano referente às condições da sua produção.

A hermenêutica – o estudo da teoria da interpretação:

o Como evento (o discurso da frase: ter um predicado);


o Como predição (traço distinto da frase: ter um predicado).

Da Hermenêutica dos símbolos à hermenêutica do mundo:

o A capacidade do ser humano de interpretar e passar a mensagem;


o A narrativa como uma estrutura teológica, que se insere na própria dimensão
filosófica da temporalidade enquanto duração (diferente do tempo natural);
o A emergência do texto bíblico para a narrativa – a questão da origem e do fim.

Escrita:

o Traz a distanciação que liberta a mensagem do seu locutor, da sua situação


inicial e do seu destinatário primitivo;

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Graça à escrita, a fala estende-se até nós e atinge-nos pelo seu sentido e pela
coisa que é tratada e não pela voz do seu proclamador > “Coisa do Texto”,
“mundo do texto”, “mundo novo” (categoria central, objeto da hermenêutica);
o Condições preliminares.

Se atendermos apenas ao percurso da escrita como um prolongamento da fala, a sua


inscrição, durabilidade e depósito da memória individual e coletiva, a escrita é uma
técnica uma tecnologia humana para a comunicação.

Se, na época de predominância da oralidade, o que interessava era a criação de um


arquivo para contar aos outros, uma manutenção cíclica da memória, a comunicação
mediada por computadores (ou outras ferramentas tecnológicas) em rede e no tempo
real, altera as formas de expressão oral e escrita trazendo também novas características
às relações humanas.

No espaço da Internet (estrutura da rede) assim como no das mensagens telefónicas, a


escrita foi penetrada (infiltrada) por uma oralidade escrita ou uma oralidade que sempre
lhe foi estranha, supondo que atualmente há uma oralidade escrita ou uma escrita-oral.
Esta nova expressão não provém apenas da velocidade de como queremos comunicar
nem do próprio meio, mas da velocidade do meio de comunicação e da rapidez e da
efemeridade do meio, como se estivéssemos sempre no domínio oral. Esta velocidade e
rapidez causam sempre um desconforto gramatical, mas não tão profundo que seja
impossível ao outro entender o sentido da frase.

Porém, existem estas ruturas gramaticais que alteram a noção clássica da gramática~:

o O que está escrito é o que está a ser dito. Esta escrita (escrita-oral) tem também
a característica de não ser, que na autoria quer na leitura, um ato isolado, mas
sim uma escrita que agrupa indivíduos em que quem lê ou escreve está numa
maneira ou de outra sempre presente. As palavras são aqui coisas vivas,
dinâmicas, tal como o são na oralidade;
o O texto escrito e impresso moldou a nossa forma de pensar no espaço e no
tempo tornando-os lineares, textuais e fixos.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Objetividade pela estrutura e a distanciação pela escrita (dimensão criadora):

o Compreensão que o leitor tem e si;


o é na imaginação que se forma, em primeiro lugar um ser novo;
o - “quando a distanciação da imaginação responde á distância que a “coisa” do
texto cava no seio da realidade, uma poética da existência responde à poética do
discurso”;
o - “é a minha imaginação que o texto fala, propondo-lhe os “figurativos” da
minha libertação”;
o Seta de sentido:
 Juntar todas as significações oriundas dos discursos parciais;
 Abrir um horizonte que escapa à clausura do texto.
o Juntar todas as significações oriundas dos discursos parciais;
o Abrir um horizonte que escapa à clausura do texto.

Hipertexto – Possui mobilidade espacial interna, interconexões imediatas (links) nele


próprio (o próprio texto) e fora da lei.;

Uma incompletude que pressupõe e constituição com o texto de uma intertextualidade


rizomática.

A intertextualidade – Relações entre dois textos, interligam-se.

A heterogeneidade – quando os textos incluem outros textos dentro destes.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Estruturalismo – reduz a temporalidade à insignificância, sendo assim diferente da


hermenêutica moderna – a temporalidade é o (cerne) – (centro) da narrativa, o valor
máximo de dois muthos que permite operar transformações.

o Pós-estruturalismo.

Da Francesa:

o Análise do discurso:
 Formar de estudar os fenómenos relacionados com o mundo
organizacional;
 Multiplicidade de enfoques desenvolvidos por diferentes abordagens
teóricas.

Texto: Hipertexto:

- Linear Translinear;

- Texto Hipertextual;

- Fixo Móvel;

- Singular Múltipla.

Wihelm Dirthey: explicar e interpretar:

o Explicação deslocada das ciências naturais;


o Interpretação afastada da noção psicológica;
o A compreensão fornece o fundamento, o conhecimento;
o A interpretação fornece o grau de objetividade, graças à fixação e à conservação
que a escrita confere aos signos.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Ocultação (é quando o autor está morto que a relação com o livro se torna completa e,
de certo modo, intacta):

o Nascimento do texto – quando a libertação da escrita a coloca no lugar da fala:


o Fixação da fala – atos de conservação e eficácia:
 Fixação da fala – atos de conservação e eficácia;
o A libertação do texto em relação à oralidade arrasta uma
verdadeira transformação:
 Das relações entre a linguagem e o mundo;
 Da relação entre a linguagem e as diversas subjetivas
envolvidas, a do autor e a do leitor.

Função Referencial da Linguagem:

o A linguagem restitui ao universo os signos que a função simbólica, na sua


origem, tornou ausente das coisas;
o É em relação ao meio circunstancial que o discurso é plenamente significante
(advérbios de tempo e lugar, pronomes pessoais, tempos do verbo, etc, fixam o
discurso na realidade circunstancial que rodeia a instância do discurso)
o Texto – estatuto autónomo em relação à fala; a leitura enquanto interpretação
passa a efetuar a referência > a referência é diferida, o mundo está «no ar»:
 O autor é instituído pelo texto, mantém-se ele próprio no espaço de
significação traçado e inscrito pela escrita: “o texto é o lugar onde o
autor sobrevive”:
o Fim último da hermenêutica: compreender o auto melhor do que
ele se compreendeu a si mesmo (para a psicologia da
compreensão) estabelecer a validade universal da interpretação
(para a lógica da interpretação).

Duas posições do Leitor:

o Encarar o texto sem mundo e sem autor, explicá-lo pelas suas relações internas,
pela sua Estrutura:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

 Interceção pelo texto de todas as relações com o mundo e com as


subjetividades em diálogo;
 Não-lugar – transferência para o «lugar» do texto;
 O texto só tem dentro – não visa a transcendência;
 Dupla Transcendência do Discurso > para o mundo, para um outrem;
 Lévi-Strauss (mito do Édipo, 4 frases do mito: relação de parentesco
sobrestimada, relação de parentesco subestimada monstros e sua
destruição, nomes próprios cuja significação evoca uma dificuldade em
caminhar direito), Barthes Greimas:
 As unidades acima da frase têm a mesma composição que as unidades a
baixo;

Texto:

o “Todo o discurso fixado pela escrita”, Ricoer:


 Toda a escrita acrescenta-se a uma fala interior;
 Suassure – a fala é uma realização da escrita num acontecimento do
discurso;
 A natureza do leitor com o texto não é de diálogo com o autor: não há
troca;
 O livro separa em duas vertentes o ato de escrever o ato de ler > Dupla
Ocultação (é quando o autor está motor que a relação com o livro se torna
completa e, de certo modo, intacta).
 Nascimento do texto – quando a libertação da escrita a coloca no lugar da
fala:
 O sentido da narrativa, consiste na própria disposição dos elementos;
 O sentido consiste no poder de o todo integrar subunidades;
 O sentido de um elemento é a sua capacidade de entrar em relação com
outros elementos e com o todo;
 Clausura da narrativa, proceder à segmentação (aspeto horizontal)
e estabelecer os diversos níveis de integração das partes no todo
(aspeto hierárquico) > descronologização da narrativa – fazer
aparecer a lógica narrativa subjacente ao tempo narrativo

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

(sequência = sucessão de nós de ação; personagens = funções


correlativas das ações actantes).
 Levantar o suspense do texto, consumar o texto em falas, restituí-lo
comunicação viva (interpretá-lo) > o verdadeiro destino da leitura:
 O suspense força o movimento do texto para a significação;
 A leitura é possível porque o texto não está fechado em si mesmo
(livros vs. Filmes de livros);
 Ler é encarar um discurso novo no discurso do texto;
 A interpretação do texto completa-se na interpretação de si de um
sujeito que doravante se compreende melhor > da inteligência do
texto para a inteligência de si (hermenêutica e filosofia reflexiva e
recíprocas).
 Vai dar a constituição de se e do sentido são contemporâneos >
Apropriação;
 A leitura completa-se num ato que é para o texto o que a fala é para a
língua > Do Sentido (relações internas, estrutura) À SIGNIFICAÇÃO
(realização no discurso próprio do sujeito leitor);
 A função do mito como a narrativa de origens.
 A morte do autor, Ricoeur:
 Autor - alguém e além do texto;
 Singularidade do texto – autonomiza-se do seu autor;
 Sentido – fluído, escapa-nos constantemente, inacabado; sempre
sedimento de uso.

Maurice Blanchot – “texto por vir” – escrita em espessura, resiste ao tempo e aos
sujeitos; é reinvestida a cada leitura.

Textualidade – não depende nem do sentido, nem do autor, nem do recetor.

Mikhail Bakhtin (Russo):

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Existe uma relação entre a linguagem, sociedade e história;


o Para Bakhtin, é uma grande interação entre a linguagem e ideologia;
o O enunciado como objeto de uma cultura cujo significado depende de um
contexto sócio histórico;
o O texto – enunciado recupera o estatuto pleno de objeto discursivo, social e
histórico.

Dialogismo

O princípio que constitui toda a linguagem ao mesmo tempo que atua como significado
do discurso.

A relação entre o transmissor e o recetor de uma mensagem, ou seja, uma relação eu-
outro carregada de subjetivismo;

O sujeito perde o papel de centro na análise do discurso, sendo esse papel ocupado pelas
vozes sociais;

O sujeito é histórico e ideológico;

A enunciação não é separada do enunciado, pois aquela é parte do processo de


significação provocado pelo enunciado > o discurso verbal é um fenómeno de
comunicação cultural, sendo somente compreendido quando se leva em consideração o
meio social em sua análise.

O contexto extra verbal é formado por três fatores:

o O espaço que é comum aos interlocutores que se relacionam com o visível;


o O conhecimento e compreensão comum sobre a situação que envolve os
interlocutores;
o A avaliação que os interlocutores fazem dessa situação;
o O dito se relaciona com o não-dito, ou seja, como o verbal se relaciona como o
extra verbal.

Oswald Sucrot:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Teoria da Polifonia:
 Polifonia: diferentes vozes presentes no mesmo texto.
o Sujeito enunciante – “indivíduo do mundo” que pronuncia o enunciado.
Diferente
o Locutor – entidade abstrata responsável pela enunciação, tem como
correspondente o alocutório, aquele ao qual se dirige a enunciação.
Diferente
o Enunciador.

A Revolução da Imprensa

Gutenberg (Johannes alemão, 2400-1468):

o Invenção da gráfica, circa 1439, no mundo Ocidental (o 1º foi o chinês Bi


Sheng, 1040);
o Do manuscrito (do clero/ do pensamento; jurídico/ da afirmação da lei) ao livro
impresso:
 Preço/acessibilidade;
 Do exemplar único à cópia;
 Tipos móveis de ferro fundido;
 Da tradição oral à tradição escrita.
o 1º livro impressão: 1450-55, Bíblia > Protestantismo, Lutero (1483-1546):
 Estabelece as bases para a separação entre a Igreja e o Estado (através da
contestação das indulgências).

Renascimento > O iluminismo

Da tradição oral à tradição escrita

Discurso oral- presença física de falante e recetor; relação imediata;

Discurso escrito – leitor ausente aquando da escrita, escritor ausente aquando da leitura
(Ricoeur, “dupla ocultação”); relação mediata.

o A Escrita:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

 Substituição da fala, fixação da fala, organização da sociedade;


 Uma nova compreensão do mundo e das coisas do mundo:
 Alterações profundas no nosso relacionamento com o mundo.
 O renascimento da figura do leitor:
 O romance.

Texto:

o Fixo/Imóvel;
o Linear;
o Unidade.

Hipertexto:

o Móvel;
o Translinear;
o Fragmento:
 Texto que se acrescenta e desacrescento até ao infinito.
o Indicie – cartografia;
o Disposição gráfica;
o Capítulos parágrafos, pontuação;
o Racionalidade de pontuação põe em relevo a gramaticalidade do texto;
o Objetualização do texto;
o Elemento de fronteira texto/ fora de texto;
o Nota de rodapé (revolução tipográfica – disciplinar a escrita);
o Bibliografia – família de discursividade.

Noção de texto:

o Abrangente;
o Linguagens verbais e não-verbais;

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Estruturas de coesão interna da produção significante;


o Relação de semiose: significante/significado, representante/representado –
extravasa a significação, produz o sentido (de Saussure a Pierce – como a
distância que vai da língua à fala); Hjemslev: relação expressão/ conteúdo – não
há isomorfismo, correspondência termo a termo;
o Teoria do texto desaloja a teoria do signo (dos códigos, dos paradigmas –
linguagem virtual);
o Da língua para a fala;
o Escrita em devir;
o O sentido é inacabado;
o Maurice Blanchot: “texto por vir”, escrita em espessura – resiste por ela, resiste
ao tempo e aos sujeitos, é reinvestida a cada leitura;
o Leitura – prática produtiva, ativa, reconstituição.

Sentido:

o Transcendência do texto, a sua teologia;


o O sentido é sempre sedimentação;
o U. Eco – o sentido no século XIX de uma coisa não é o mesmo hoje para uma
mesma coisa;
o Mecanismos reguladores da própria interpretação;
o Formação do individuo num determinado meio;
o Produto do texto e não do leitor,

Textualidade:

o Imanência do texto;
o Não está dependente nem do sentido nem do autor nem do recetor;
o Depende da sua coesão interna;
o É tela, é trama, é tecido, é interdependência interna;
o O texto explica-se na sua imanência (porque existe sempre um resto por captar);

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Crítica literária – chegar aos mecanismos psicológicos do autor; religa a obra ao


autor; perda da autonomia da obra em favor do renascer do autor;
o Da herança romântica (o texto como médium, o autor como génio) às 3 forças
que no séc. XX advogam a emergência da autonomia do texto:
 Formalismo (anos 15/17) – russo;
 New Criticism (anos 30) – anglo-saxónico;
 Nova Crítica Estruturalismo (anos 50, 60) – francês;
o Do estruturalismo ao pós-estruturalismo – texto em processo;
o Obra-objeto – autónoma face às explicações psicológica, sociológica e histórica;
o Desligada do autor, perdura para lá do momento em que foi escrita;
o A escrita suspende as condições de produção.

Literalidade

o Mecanismo internos ao texto, as suas articulações;


o Metáfora da espessura;
o Metalinguagem;
o Saussure:
 Eixo sintagmático – articulação dos termos entre si, em presença,
sucessividade, encadeamento;
 Eixo paradigmático – do não-dito; discursividade é também o que fica
por dizer (o que possibilita o dito), em ausência.
o Problemático do não-dito – todos os textos que ficaram por referir; suporta a
existência da escrita.

Narrativa:

o Estruturação profunda da narrativa;


o Diferente narrativa - texto enquanto manifestação de uma intriga, desenrolar de
uma ação na temporalidade, superfície;
o Válida para que língua for;
o Espaço intervalar entre bastidores e cena.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Intertextualidade:

o Abertura infinita dos textos;


o Pós estruturalismo;
o Textualidade sempre em re-articulação;
o Ricoeus – a textualidade como suspensão do mundo para recriá-lo no seu
interior > abertura a outros textos;
o Reintegração do ideologema em novos contextos;
o Citação – formulação intertextual;
o Diferente cópia; transformação do texto prévio.

Autor > assinatura > Nome de autor:

o Diferente de escritor;
o Mise-en-abime;
o Assinatura – ato de “ausentificação” do sujeito da escrita; Derrida, “marca de
ausência”;

A linguagem pressupõe a existência de duas funções:

1. Função Denotativa – aquela que estuda e trata a univocidade;


2. Função conotativa – aquela que estuda e trata a plurivocidade.

Para que estas duas funções estabelecem um acordo no interior da linguagem,


constituem-se dois eixos:

 Eixo Sintagmático – é a relação entre os signos linguísticos e as suas ordens na


frase;
 Eixo Paradigmático – corresponde à possibilidade de cada signo possuir
diferentes significados.

Técnica retórica:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Usa de meios persuasivos; dividem-se em: meios técnicos e não técnicos;


o Instâncias da relação retórica: ethos, pathos e logos (principais recursos lógicos:
entimema e exemplo):
 Entimema – dedução, do geral para o particular;
 Exemplo – indução, do particular par ao geral.
o Figuras da retórica – são sobretudo argumentativas e implicam uma mudança na
perspetiva e a adesão do leitor ou do ouvinte;
o Figuras de estilo – tendem para o ornamento, suscitando apenas admiração no
plano estético e não quanto ao convencimento dos factos contidos no discurso.

Discurso:

1. Discurso é linguagem “acima da frase”;


2. Discurso é linguagem “em uso”;
3. Discurso é uma forma de prática social na qual a linguagem desempenha um
papel central.

Importância da ordem, no discurso:

o Introdução;
o Exposição do tema;
o Argumentação persuasiva;
o Conclusão.

Discurso:

o Eloquência, Persuasão;
o Argumento, Lógica.

Frase:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Função referencial;
o Função simbólica.

Círculo Hermenêutico:

o Aproximação;
o Apropriação;
o Distanciação;
o Análise;

Retórica Aristotélica

Disciplina que serviu as Práticas humanas.

Paul Ricoeur, na sua obra “A metáfora viva”, classifica a retórica de Aristóteles como a
agregação de três:

 Teoria da argumentação;
 Teoria da elocução (o estilo);
 Teoria da composição do discurso.

Segundo Paul Ricoeur, a partir de Aristóteles, a lógica oferecia uma solução auxiliar à
retórica, o verossímil (to eikos), o modo ao qual a retórica poderia aspirar ao uso da
palavra: “O género de prova que convém à eloquência não é necessário, mas o
verossímil, pois as coisas humanas, a respeito das quais os tribunais e as assembleias
deliberam e decidem, não são suscetíveis de qualquer sorte de necessidade de
determinação intelectual, que a geometria e a filosofia primeira exigem. Antes, portanto,
de denunciar a dóxa – a opinião – como inferior à epistéme – a ciência -, a filosofia
pôde propor-se elaborar uma teoria do verossímil que forneceria as armas para a retórica

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

contra seus próprios abusos, dissociando-se da sofista e da erística. “A ligação entre a


filosofia como a retórica amplia o campo desta, abrangendo segundo Aristóteles três
áreas: teoria da argumentação, teoria da elocução e a teoria da composição do discurso.
Sendo a teoria da argumentação a principal parte da retórica, pois constitui e oferece ao
mesmo tempo o nóda sua articulação com a lógica demonstrativa e com a filosofia, por
isso, a teoria da argumentação abrange por si só, dois terços do tratado de Aristóteles.
Será este conceito amplo da retórica estabelecido por Aristóteles que prevaleceu por
alguns séculos. Todavia, já na tradição retórica grego-romana, com Teofrasto, Demetrio,
Cícero e Quintiliano, foi-se direcionando aos poucos a leitura da Retórica, separando-a
da filosofia.

Este tipo de leitura teve como consequência um tipo de interpretação que acabou por
amputar da Retórica a teoria da argumentação, eixo no qual estava suturada a filosofia,
sobrando apenas as teorias da elocução e da composição:

“A retórica literaliza-se e a dimensão argumentativa da persuasão é negligenciada. O


que os primeiros retóricos clássicos entendiam como uma das suas partes – a elocuio –
veio com o tempo a assumir-se como a essência da própria retórica.”

Nas palavras de Paul Ricoeur,

“umas das causas da morte da retórica está aí: ao reduzir-se uma das suas partes, a
retórica perdeu ao mesmo tempo o nexus que a vinculava com à filosofia.

A metáfora é o fio condutor transcendental que nos guia no problema central da


hermenêutica: o discurso, ou melhor, o estatuto dos textos escritos versus linguagem
falada, estatuto da interpretação versus explicação.

A filosofia hermenêutica de Ricoeur compreende que a linguagem é a condição primeira


para toda a experiência, e que as formas linguísticas (símbolos, metáfora, textos)
desvendam dimensões do ser humano no mundo: a “compreensão do eu “é sempre
hermenêutica, e é realizada através da interpretação por meio da linguagem”.

Materialidade da comunicação, gumbrecht

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Hoje em dia, o objeto de investigação da escrita alterou-se. Em vez do tradicional


paradigmada atividade hermenêutica, isto é, a procura do sentido de uma obra através
do nosso relacionamento com ela, temos agora o problema das materialidades
dos meios na constituição dos sentidos: houve uma “enformação” da obra que até ao
momento não tinha sido prevista em toda a sua extensão, embora tenha começado no
fim do sécXIX.

“materialidade da comunicação” significa ter em mente que todo o ato de comunicação


exige a presença de um suporte material para efetivar-se. Que os atos comunicacionais
envolvem necessariamente e intervenção de materialidades, significantes ou meios pode
parecer-nos uma ideia já tão assente e natural que indigna de menção. Mas é
precisamente essa naturalidade na comunicação – tais como a ideias de que a
materialidade do meio de transmissão influencia e até certo ponto determina a
estruturação da mensagem comunicacional.

Estética da receção – inclusão de todo um universo de preocupações extra-literárias no


arsenal teórico da crítica. Tratava-se de extrapolar o texto como instância última de
determinação do sentido para buscar a consideração de fatores histórico-culturais
capazes de permitir a reconstrução das experiências de leituras particulares.

Não era possível estudar o texto literário limitando-se à sua esfera linguística. Era
necessário tomar em consideração a maneira como o texto fora “recebido” por seus
leitores em diferentes situações históricas.

Entre os anos de 1981 e 1989, Gumbrecht organiza uma série de colóquios Dubrovnik,
baseados fundamentalmente nas noções de transdisciplinaridade (importante devido à
necessidade de consideração dos fatores extra-textuais) e das materialidades dos meios
de transmissão da mensagem literária.

A teoria sistémica de Nkias Luhmann surge com uma contribuição fundamental:

o Estimula a investigação das condições de possibilidade constituição do sentido


ao invés de privilegiar a descodificação de um sentido já dado;
o A teoria sistémica forneceu a Gumbrecht o instrumento necessário para levar
adiante a pergunta acerca da importância da materialidade dos meios de
comunicação uma vez que a emergência do sentido apenas ocorre através do
concurso de formas materiais.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Extra-literários e comunicacionais. No medievo, não existia a figura do leitor, mas sim


de ouvintes, envolvidos em uma experiência que abarcava a consideração dos tipos de
“palcos” em que a narração se dava, de gestualidade corporal do narrador da formação
cultural do público recptor.

O corpo vai, portanto, tornar-se um importante elemento de “materialidade” na reflexão


sobre os atos comunicacionais. É nesse sentido que Karl Ludwig Pfeiffer define um dos
mais importantes princípios da nota teoria: “a comunicação é encarada menos como
uma troca de significados, de ideias sobre (algo), e mais como uma performance posta
em movimento por meio de vários significantes materializados” (1994: 6). Trata-se,
assim, de uma empresa epistemológica essencialmente preocupada com “as
potencialidades e pressões da estilização que reside em técnicas, tecnologias, materiai,
procedimentos e “meios” (media)”.

Mc Luhan – os meios de comunicação como “extensões do homem”, próteses


destinadas a expandir as capacidades de seus vários membros, não chega a ser elevada
aos status de um paradigma de pesquisa normalizado – pretensão alimentada.

Pós-modernidade: “retórica da impossibilidade”, Eva Knodt.

Mas de que maneira peculiar as materialidades da comunicação respondem ao quadro


da situação histórica pós-moderno? Gumbrecht surgere a utilização de três conceitos-
chave para definir tal situação: destemporalização, destotalização e
desreferencialização.

Destemporalização:

O primeiro torna-se fácil de entender a partir do momento em que pensamos no modelo


de temporalidade que dominou a modernidade; o tempo como fluxo constante que
caminha do passado em direção a um futuro sempre aberto. O futuro aparece, desse
modo, como resultado previsível do passado e do presente. A situação pós-moderna
parece indicr um bloquei do futuro. O futuro agora surge não mais como possibilidade
aberta e animadora, mas como algo a ser temido. O presente torna-se onipresente e,
mais que isso, as possibilidades técnicas de reprodução de cenários e ambientes do
passado mobiliaram a atualidade de diversos passados artificias. Desse modo, cessa a

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

progressão inflexível do tempo, e a cultura pós-moderna passa a se caracterizar pela


permanência de um presente infindável.

Destotalização

A noção de destotatlização acarreta a desistência das pretensões de universalidade dos


conceitos e sistemas de pensamento. Toda empresa teórica passa a desvelar com clareza
seu caráter necessariamente regional e limitado. Não é mais viável construir abstrações
absolutas ou determinar critérios de validade não contingentes.

Desreferencialização

Por fim, a ideia de desreferencialização ou desnaturalização consiste na perda


progressiva das certezas oferecidas pela nossa representação de um mundo externo e
objetivo. As tecnologias do virtual muito contribuíram para esse processo de
desnaturalização.

O sentimento ocasionado por essas três noções é o de “um mundo sempre menos
estruturado e sempre mais viscoso e flutuante. Dizendo de outro modo: o sentimento de
um mundo não mais fundado central do sujeito” (1998: 138).

O sujeito estava precisamente na base daquilo que Gumbrecht denomina como “campo
hermenêutico” - uma situação histórica desenvolvida desde o século XV, com a
institucionalização da imprensa, e que pode ser sumarizada em quatro premissas
fundamentais:

1. O sentido consiste numa atividade do sujeito e não dos objetos. É o primeiro


quem, por meio de atos intencionais, atribui sentidos às coisas;
2. A possibilidade de uma distinção radical entre corpo e espírito, onde o espírito
era o que de fato importava à comunicação e à auto-referência humana;
3. O espírito sentido;
4. Em tal contexto, o corpo serve apenas como instrumento secundário, para a
articulação ou mesmo ocultação do sentido, cuja criação cabe sempre ao
espírito.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

Interpretativos, articula a dicotomia superfície e profundidade. O gesto hermenêutico


baseia-se na ideia de que uma superfície (corpo, texto, materialidade) atua como simples
instrumento de expressão de um sentido que deve ser encontrado na profundidade
(espírito, significado, imaterialidade) de um ente espiritual. Dado que a expressão se
revela sempre como insuficiente em relação ao espírito, surge a necessidade da
interpretação.

Como continuar a operar exclusivamente no interior do paradigma hermenêutico face a


um contexto em que o sujeito assiste à destemporalização, destotalização e
desnaturalização de seu mundo cultural?

É com o intuito de responder a essa pergunta que Grumbrecht lança mão do conceito de
“campo não-hermenêutico”. No interior desse novo campo – que pode ser vislumbrado
a partir da divisão proposta por Hjelmslev entre forma e substancia da expressão e
forma e substancia do conteúdo -, opera-se um deslocamento do foco de interesse
teórico, que passa da “interpretação como identificação de estruturas de sentido dadas
para a reconstrução dos processos através dos quais estruturas de sentido articulado
podem emergir” (1994: 398). Em outras palavras, o que sugere é concentrar a atenção
não na busca pelo sentido como algo pré-dado e apenas à espera do ato interpretativo,
mas antes procurar entender como o sentido pode construir-se a partir do não-sentido.

o Conceito de acoplagem.

Um exemplo mencionado por Gumbrecht:

Num livro intrigante, intitulado Ausfschreibesusteme 1800/1900 (“sistemas de notação”


ou “sistemas de escrita”), Friedrich Kitller sugere que certas ideias de Nietzche possam
ter sido influenciadas pela forma (arredondada) da máquina de escrever com a qual
trabalhava. Foi o próprio Nietzche, aliás, quem escrever numa das suas cartas
datilografas que as nossas matérias de escrita contribuem com a sua parte para o nosso
pensamento” (1990: 196). Dedicado a investigar a ascensão e queda de determinadas

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

redes discursivas, o trabalho de Kittler pode, segundo David Wellbery, ser definido com
base em três princípios básicos: exterioridade, medialidade e corporalidade. Tais
princípios constituem também preceitos epistemológicos próprios da teoria das
materialidades da comunicação.

Exterioridade

O primeiro princípio significa simplesmente que, no método de investigação de Kittler,


“o objeto de estudo não é o que é dito ou escrito, mas o fato – o fato bruto e
frequentemente brutal – de que é dito, de que isto e não algo diferente tenha sido
inscrito” (Wellbery, 1990: xxi). Isso significa que as tecnologias de inscrição, de
comunicação, não são meros instrumentos com os quais os sujeitos produzem sentido.
Elas antes representam o horizonte a partir do qual algo como o próprio sentido em
geral pode surgir.

Medialidade

Esse primeiro princípio nos conduz ao segundo. A noção de medialidade é enstendido


por Kittler a todos os domínios do intercâmbio cultural. A medidalidade constitui,
assim, um dado não apenas da comunicação, mas da vida cultural enquanto tal. Umberto
Eco já lembrava que todo o ato de cultura é essencialmente um ato de comunicação.
Desse modo, a história literária desenhada por Kittler – e pelos demais adeptos da teoria
das materialidades -torna-se num sub-ramo dos media Studies. Como explica Wellbery,
“todos os meios (media) de transmissão requerem um canal material, e a característica
de cada canal material é que além, e como que em confronto com, a informação que
carrega, ele produz ruído e não sentido (nonsene)” (1990: xiv). Desse modo, a literatura,
assim como diversos outros fenómenos comunicacionais, passa a ser definida não por
aquilo que significa, mas pela relação entre significado e tudo aquilo que é excluído do
campo da significação como ruido. A diferença entre esses dois elementos representa o
campo de estudos fundamental da teoria das materialidades.

Corporalidade:

O último princípio, o da corporalidade, acarreta dias consequência importantes:

1. A primeira é a desvalorização da noção de agência. O corpo não é mais


essencialmente um agente ou autor, e para que possa tornar-se tal deve sofrer

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

uma restrição de suas possibilidades. Deve encontrar outros corpos e


resistências. Desse modo, a cultura pode ser resumida na ideia do “regime (não o
do sentido dietético, mas do controlo e vigilância) pelo qual os corpos têm de
passar”.
2. A segunda consequência é que esse local de “sofrimento do corpo” manifesta-se
como um locus privilegiado de análise para a teoria das materialidades, dado que
é a segunda consequência é que esse local de “sofrimento do corpo” manifesta-
se como um locus privilegiado de análise para a teoria das materialidade, dado
que é exatamente nas patologias produzidas pelos sistemas de inscrições que
estes mais claramente revelam a sua impressão especifica. Essa noção recorda a
ideia Kafkiana da colónia penal, onde uma máquina de inscrição regista nos
corpos dos condenados as patologias que os levaram à sua punição.

Karl Ludwig Pfeiffer: “o instrumento tecnológico (technological hardware) – em


produção, gravação e armazenamento e reprodução – “exerce influência” ou de facto
“determina” o que se apresenta como mundos semânticos, simbólicos, espirituais ou
mundos”

o O termo “materialidades” não significa sempre uma física e concreta;


o As materialidades podem “funcionar como uma metáfora geral para o impacto
conjunto das instituições (igreja, sistemas educacionais) e dos meios que elas
predominantemente empregam (rituais, livros de tipos especiais, etc.)”.

A teoria das materialidades tem procurado utilizar os mais recentes desenvolvimentos


da cibernética e da teoria dos sistemas para conjugar diferentes estruturas numa
perspetiva autenticamente conceptual.

Um pensamento como o das materialidades da comunicação aparece como


extremamente útil para a reflexão em torno das chamadas novas tecnologias da
comunicação e informação. A interação entre o corpo e máquina, entre sistemas de
pensamento humanos e sistemas binários, entre o real e o virtual constitui um problema
particularmente interessante para os instrumentos das materialidades da comunicação.

Teoria das materialidades:

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)


lOMoARcPSD|6589824

o Pós-humanos.

How we becamw posthuman, de N. Katherine Hayles (1992) e The Pearly Gates of


Cybespace, de Marget Wertheim (1999).

Advertindo que nenhuma tecnologia é neutra, mas antes “informada historicamente não
apenas por sua materialidade como também pode seu contexto político económico e
social”, Vivian Sobchack sugere que as novas tecnologias já estão promovendo o
desaparecimento da cultura da imagem, assim como do corpo. Surge uma curiosa
inversão, onde a materialidade das novas tecnologias determina um imaginário de
imaterialidade para os sujeitos humanos. As fantasias sobre a transferência (download)
de consciência humanas para computadores confirmam essa ideia, Sobchack estuda
também as características dos movimentos, da cinesia determinada pela materialidade
das novas tecnologias – o ritmo da utilização de teclados e ratos – para procurar
entender as suas consequências sobre os usuários.

Descarregado por Lili Martins (lilianarcmartins@hotmail.com)

Você também pode gostar