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SOFISTAS,
SÓCRATES E PLATÃO
Curso Online
Filosofia 360°
Prof. Dr. Mateus Salvadori
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SOFISTAS, SÓCRATES E PLATÃO
do “humanista” da filosofia grega, que tem sua razão de ser na crise da aristo-
cracia e a ascensão da nova classe social dos comerciantes.
- O século de Péricles (V a.C.) cons�tui o período áureo da cultura grega,
quando a democrá�ca Atenas desenvolve intensa vida cultural e ar�s�ca. Os
pensadores do período clássico, embora ainda discutam questões referentes à
natureza, desenvolvem o enfoque antropológico, abrangendo a moral e a polí-
�ca.
. Sistema�zação do ensino:
- Segundo Jaeger, historiador da filosofia, na sua obra Paideia, ele diz que os
sofistas exercem influência muito forte, vinculando-se à tradição educa�va
dos poetas Homero e Hesíodo.
- Eles deram importante contribuição para a sistema�zação do ensino. Forma-
ram um currículo de estudos: gramá�ca (da qual foram os iniciadores), retóri-
ca e dialé�ca; por influência dos pitagóricos, desenvolveram a aritmé�ca, a
geometria, a astronomia e a música. Essa divisão será retomada no ensino
medieval, cons�tuindo o trivium (referente aos três primeiros) e o quadrivium
(referente aos quatro úl�mos).
. Górgias (ce�cismo):
- Górgias de Leon�ne (485 a.C. a 380 a.C.) herda de Parmênides a temá�ca on-
tológica (o ser existe e o não-ser não existe), mas inverte os termos (o ser não
existe e o não-ser existe).
- Os pontos chaves de seu pensamento se exprimem nas três proposições
seguintes:
-- 1) “O nada existe” – A antítese entre a razão e a experiência é inultrapassá-
vel: a tenta�va de conciliar a existência do ser eterno com a existência dos
fenômenos em devir está condenada ao impossível, tendo sido necessário
reconhecer, inversamente, que “nada existe”. De fato, do ponto de vista da
razão, as coisas múl�plas e em devir do mundo não são (precisamente porque
Parmênides demonstrou que o ser é uno e imutável); do ponto de vista da ex-
periência, é impensável a existência de um ser que, enquanto uno e incriado,
não poderia estar sujeito a essas determinações espaciais;
-- 2) “Mesmo que exis�sse, não seria cognoscível” – Mas ainda que se admi-
tisse que alguma coisa existe, dela não poderíamos ter um conhecimento abso-
luto e irrefutável. Se dois fenômenos são heterogêneos, um dos dois não se
pode tornar no critério absoluto com base no qual o outro seja julgado: a vista
não pode julgar a verdade do ouvido e vice-versa. Deste modo, com base na
razão, não se pode afirmar a verdade ou a falsidade da experiência e vice-
-versa (já que as coisas que surgem perante a razão são heterogêneas em rela-
ção aos fenômenos da experiência). É assim condenada tanto a pretensão de
Parmênides e da sua escola de estabelecer, com base na razão, o valor da
experiência, tal como a pretensão do atomismo de modelar a estrutura da
razão com base na experiência. Portanto, NÃO TÊM VERDADE ABSOLUTA NEM
OS OBJETOS CONHECIDOS ATRAVÉS DA RAZÃO, NEM AQUELES QUE SÃO CO-
NHECIDOS ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA. E, no interior da própria razão e da pró-
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. Sócrates e os sofistas:
- Ele travou um grande embate com os sofistas ao dizer que eles não eram filó-
sofos, pois não �nham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defen-
dendo qualquer ideia, se isso fosse vantajoso. Os sofistas corrompiam o espíri-
to dos jovens, pois faziam o erro e a men�ra valerem tanto quanto a verdade.
Sócrates dizia que os sofistas estavam errados, que poderíamos sim obter um
conhecimento obje�vo, um saber verdadeiro.
- Apesar disso, Sócrates concordava com os sofistas em dois pontos: por um
lado, a educação antiga do guerreiro belo e bom já não atendia às exigências
da sociedade grega e, por outro, os filósofos pré-socráticos defendiam ideias
tão contrárias entre si que também não eram fonte segura para o conhecimen-
to verdadeiro.
. Intelectualismo é�co:
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SOFISTAS, SÓCRATES E PLATÃO
. Socrá�cos menores:
- Os socrá�cos menores (sécs. V-IV a.C.) a�ngiram da mensagem de Sócrates
tanto os conceitos é�cos como os elementos lógico-dialé�cos. Foram todos
discípulos diretos de Sócrates e são chamados de “menores” porque entende-
ram ou desenvolveram de modo imperfeito o seu pensamento. Eis as escolas:
- 1) cínicos (An�stenes): desenvolveu os temas é�cos da liberdade e do auto-
domínio; em lógica, elaborou uma teoria par�cular, que negava a possibilida-
de de definir as coisas simples;
- 2) cirenaicos (Aris�po): afastou-se de Sócrates e iden�ficou no prazer o sumo
bem;
- 3) megáricos (Euclides): assumindo também alguns princípios da Escola de
Eléia, iden�ficou o Bem com o Uno e desenvolveu a técnica lógico-refutatória
de Sócrates;
- 4) Escola Élida (Fédon): retomou tanto o aspecto lógico-dialé�co como o
é�co do mestre, mas sem desenvolvimentos de par�cular importância.
. Diálogos:
- Platão viveu num momento em que acontecia uma revolução cultural, que
consis�a em um conflito entre a oralidade e a escrita, com a vitória da escrita.
Na tradição an�ga, a oralidade era o meio de comunicação privilegiado. Sócra-
tes confia apenas na oralidade e, por isso, nada escreveu. Os sofistas privilegia-
ram a escrita. Aristóteles adotara a cultura da escrita sem reservas, consagran-
do-a defini�vamente. Platão usou as duas formas.
- Platão escreveu em forma de diálogo e recupera o valor do mito como com-
plemento do logos. A organização clássica da obra platônica em tetralogias de-
ve-se ao gramá�co alexandrino Trasilo de Mendes. Há 36 diálogos divididos
em 9 tetralogias (problemas: auten�cidade, cronologia e relação com a doutri-
na não escrita):
-- I. Eutífron, Apologia de Sócrates, Críton e Fédon
-- II. Crátilo, Teeteto, Sofista e Político
-- III. Parmênides, Filebo, Banquete e Fedro
-- IV. Alcibíades I, Alcibíades II, Hiparco e Amantes
-- V. Teages, Cármides, Laques e Lísis
-- VI. Eutidemo, Protágoras, Górgias e Mênon
-- VII. Hípias maior, Hípias menor, Íon e Menexêno
-- VIII. Clitofon, República, Timeu e Crítias
-- IX. Minos, Leis, Epínomis e Epístolas
. A imutabilidade da ideia:
- A principal novidade da filosofia platônica consiste na descoberta de uma
realidade superior ao mundo sensível, ou seja, uma dimensão supra�sica (ou
meta�sica) do ser. Esta descoberta é ilustrada por Platão com a imagem mari-
nha da “segunda navegação” (a primeira foi realizada pelos naturalistas): o
que é o grande? No sensível, a verdade oscila; ex.: pedra, grande e ser. Portan-
to, a verdade está no inteligível.
- O conteúdo do conceito, ou seja, aquilo que em cada conceito é, exatamen-
te, concebido – é designado por Platão de IDEIA. Deste modo, enquanto os
entes par�culares são objeto de devir e mutáveis, a ideia é imutável e eterna,
sendo, pois, o ser por excelência.
- O termo “ideia” não indica uma valência puramente “mental” ou “psíquica”
do conteúdo do conceito (quase como se tal conteúdo apenas exis�sse na
mente humana), antes pretendendo exprimir a inteligibilidade do ser, a trans-
parência do ser perante o pensamento. As ideias (formas), não sendo simples
conceitos mentais, são “en�dades” ou “essências” que subsistem em si e por
si em um sistema hierárquico bem-organizado e cons�tuem o verdadeiro Ser.
As palavras gregas idea e eidos, usadas por Platão, designam a forma que as
coisas se apresentam ao olhar – o olhar não dos olhos, mas sim o do conheci-
mento conceitual; e o aspecto e a forma não são os das coisas sensíveis, mas
sim o significado do ser que, invisível aos olhos do corpo, surge ao olhar con-
ceitual. A ideia é, portanto, o próprio ser, no seu surgir. O verdadeiro é o Ser,
uno, imutável, idên�co a si mesmo, eterno, imperecível, puramente inteligí-
vel.
- Se �vermos presente que o sen�do originário da physis, no pensamento filo-
sófico, é o surgir do ser, então a ideia é a própria physis; e a preferência de
Platão pelo termo “ideia” tem o propósito de tornar completamente explícito
que o surgir da physis não é uma sensação ou uma percepção sensível.
. Os dois mundos:
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-se porque par�cipam de uma ideia. Platão exprime os vários modos da pre-
sença da ideia no sensível, afirmando que o sensível “par�cipa” ou “imita” a
ideia, ou que dela é “cópia” ou “imagem”. A ideia é o conteúdo do conceito; os
entes sensíveis são mutáveis; a ideia é o ser por excelência; é como as coisas
se apresentam ao olhar, mas ao olhar não dos olhos e sim conceitual;
- 2) O demiurgo faz com que a ideia se encontre presente no mundo sensível.
Se o sensível se cria porque acaba por par�cipar do inteligível, por outro lado,
é necessária uma causa da criação (como haviam já salientado todos os filóso-
fos, desde Anaximandro a Anaxágoras), uma causa que torne o sensível num
par�cipante do inteligível. Tudo aquilo que nasce só pode nascer na medida
em que par�cipa do eterno ser inteligível; mas é exigida também uma força
que tenha a capacidade de realizar tal par�cipação. Este supremo poder da
sabedoria – este Demiurgo do universo – é aquele a quem Platão chama Deus;
- 3) O receptáculo informe é aquilo que vai receber o inteligível, o espaço. A
ideia “Bem” é o supremo vér�ce do ser. Se a ideia se encontra presente no
mundo sensível por obra do Demiurgo, a cons�tuição do mundo sensível exige
também a existência daquilo que recebe o inteligível, ou seja, daquilo em que
o inteligível está presente e em que é gerado o universo. Se o sensível é
imagem da ideia, a imagem pode exis�r apenas na medida em que é cons�tuí-
da por alguma coisa que, por obra de Deus, é transformada em imagem da
ideia, sendo o seu receptáculo, a “mãe” que espera a fecundação demiúrgica.
Esta natureza materna (Platão chama-lhe também chora, “espaço”), exata-
mente porque pode receber qualquer marca do inteligível, não possui por si só
qualquer inteligibilidade, isto é, não é nem terra, nem ar, nem fogo, nem água,
sendo em vez disso absolutamente indeterminada, ou seja, é a pura capacida-
de de receber qualquer forma.
. Da opinião à verdade:
- Se para Sócrates, a verdade não consegue ser mais do que o simples “saber”
“não saber”, já para Platão ela adquire um conteúdo posi�vo (ou seja, torna-se
no “saber” “saber”). Esse conteúdo consiste exatamente no conhecimento da
idealidade ou inteligibilidade do ser.
- A verdade, enquanto saber irrefutável, isto é, enquanto ciência, episteme, é
conhecimento da ideia, ou seja, do ser imutável, do ser que é de um modo ab-
soluto.
- A maioria conhece apenas o mundo sensível: ignoram o belo em si, o bom em
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. Alegoria da caverna:
- Na ALEGORIA DA CAVERNA, Platão dis�ngue os graus do conhecimento da
seguinte forma:
-- i) Opinião (doxa): 1° Imaginação – eikasia – sombras, imagens; 2° Crença –
pistis – as coisas, os objetos;
-- ii) Ciência (episteme): 3° pensamento discursivo – dianóia – matemá�ca e
geometria; 4° pensamento intui�vo – noesis – dialé�ca.
passa, por exemplo, por Plo�no, Proclo, Santo Agos�nho, John Scotus Eriúge-
na, pela Escola de Chartres, Nicolau de Cusa, Ficino, G. Bruno, Spinoza,
Schelling, Hegel, Marx, Lamarck, Darwin, Dawkins, Stephen Jay Gould, os �si-
cos da teoria do Big Bang, Stephen Hawking e tantos outros; de Parmênides e
Aristóteles temos a analí�ca. Esse projeto passa, por exemplo, por Alberto
Magno, Tomás de Aquino, Duns Scotus, Guilherme de Occam, Descartes, Leib-
niz, Kant, Frege, Wi�genstein, pela Filosofia Analí�ca, pela lógica atual e gran-
des �sicos como Galileu, Copérnico, Newton e Einstein são analí�cos;
- PIRÂMIDE: dialé�ca ascendente e descendente, teoria e prá�ca pelo grau de
generalidade (Smolin da �sica, Beinhocker da economia e Bertalanffy da biolo-
gia); sonho dedu�vista.
INDICAÇÕES DE LEITURAS