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Filosofia

Sofistas e Sócrates

Objetivo
Aprender sobre o método socrático (ironia e maiêutica), bem como as principais diferenças entre a
dialética de Sócrates e a retórica dos sofistas.

Curiosidade
O filme Sócrates (Socrate, 1971) dirigido pelo consagrado cineasta italiano Roberto Rossellini
aborda o final da vida de Sócrates, em especial seu julgamento e sua condenação à morte,
retomando diversas passagens de alguns dos célebres diálogos socráticos como Apologia de
Sócrates, Críton e Fédon.

Teoria

Sofistas: Os mestres da retórica

No período clássico (séc. V e IV a.C.), o centro cultural foi deslocado das colônias gregas para a
cidade de Atenas. Nesse momento, Atenas vivia uma intensa produção artística, filosófica e literária,
além do desenvolvimento da política.

Em meio a esse contexto, surgiram os sofistas, pensadores que ficaram conhecidos como mestres
da retórica. Ironicamente, boa parte do que sabemos sobre eles procede das obras dos seus
adversários (os filósofos). Por isso, eles passaram para a história como impostores, demagogos e
enganadores. Na verdade, os sofistas eram professores itinerantes que cobravam por seus
ensinamentos.

Mas o que ensinavam os sofistas? A retórica. Ou seja, a arte de falar bem, isto é, de atacar e
defender o mesmo assunto com argumentos igualmente fortes. Além disso, eles ensinavam
técnicas de memorização, para que o orador fosse capaz de proferir longos discursos sem recorrer
ao auxílio da leitura, bem como técnicas de dicção, para que ele pudesse pronunciar as palavras
clara e corretamente, de modo a ser entendido por todos os ouvintes durante as assembleias que
aconteciam na Ágora (local destinado aos debates públicos).

De modo geral, aqueles que estudavam com os sofistas aprendiam, sobretudo, a dominar a arte da
palavra, ou seja, a falar com ritmo, graça e elegância. Tais habilidades eram fundamentais na
democracia ateniense, em que os cidadãos participavam ativamente dos debates públicos, cujo
objetivo era, entre outras coisas, definir os rumos políticos da cidade (Pólis).

Entretanto, a argumentação retórica não pretendia necessariamente alcançar a verdade, mas sim a
persuasão, o convencimento. Em outras palavras, seu objetivo era convencer os interlocutores. Para
os sofistas, a verdade é relativa, ou seja, aquilo que vale para um determinado lugar, não vale para
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outro. Portanto, o que importa é dispor de argumentos capazes de, em qualquer circunstância,
vencer o debate. Essa postura lhes rendeu a fama de relativistas.

Durante muito tempo, criou-se uma visão pejorativa dos sofistas, que eram tidos como charlatães
e interesseiros, mas a partir do século XIX uma nova historiografia surgiu, reabilitando-os e
realçando as suas contribuições para o desenvolvimento do pensamento ocidental. Dentre elas, a
contribuição para a sistematização do ensino, elaborada a partir de um percurso de estudos dividido
entre gramática (da qual são os iniciadores) e retórica. Além disso, a contribuição decisiva para a
consolidação da democracia ateniense.

Entre os sofistas de maior relevância estão Protágoras de Abdera e Górgias de Leontinos, ambos
presentes nos diálogos de Platão. O diálogo que leva o nome de Protágoras, apresenta questões
acerca da natureza da virtude e se é possível ensiná-la ou não. Por sua vez, o diálogo que leva o
nome de Górgias, trata de questões acerca da função da retórica e qual é a melhor maneira de
utilizá-la.

Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”

Protágoras nasceu por volta de 490 a.C. em Abdera e, possivelmente, foi o primeiro a defender, em
As Antilogias, que a respeito de todas as questões há dois discursos, coerentes em si mesmos mas
que se contradizem um ao outro.

Atribui-se a ele a famosa frase: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são,
enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”. Com isso, ele não só inaugurou o
relativismo, como também colocou o ser humano como o centro das discussões, uma vez que
somos nós que damos sentido às coisas do mundo e estabelecemos a verdade.

Górgias: “Nada existe”

Górgias, por sua vez, nasceu na Sicília, em Leontinos, entre 485 a.C. e 480 a.C. e, por seus discursos
performáticos, foi considerado o orador mais famoso da Grécia Antiga. Dentre as suas principais
obras, destacam-se Sobre o Não-Ser ou Sobre a Natureza, O Elogio de Helena e A Defesa de
Palamedes.

Górgias é conhecido também por desenvolver três argumentos em torno das seguintes afirmações:
“Nada existe; mesmo que algo existisse, não poderíamos conhecê-lo; mesmo admitindo que
pudéssemos conhecer alguma coisa, não poderíamos comunicar esse conhecimento aos outros”.
Desse modo, ele ao mesmo tempo, aprofundou as consequências do relativismo de Protágoras e
se opôs ao pensamento eleático (de Parmênides e de seu discípulo Melisso)

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Sócrates: “Só sei que nada sei”

Sócrates (c. 470 - 399 a.C.) foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga e é
considerado um dos fundadores da filosofia ocidental. Curiosamente, ele está entre os poucos
pensadores da humanidade que não registraram as suas ideias por escrito. Por isso, tudo o que
sabemos sobre o seu pensamento e a sua biografia vem dos relatos produzidos pelos seus
discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte.

A presença de Sócrates como personagem principal dos diálogos platônicos, bem como a escassez
de registros históricos fez com que, durante séculos, a sua real existência fosse amplamente
questionada. Somente no século XIX, com o avanço das pesquisas, houve a possibilidade de
comprovação da existência de Sócrates que, dentre outras coisas, teria participado da Guerra do
Peloponeso.

O pensamento socrático é considerado um marco para a filosofia, na medida em que inaugura um


momento que ficou conhecido como período antropológico. Partindo da máxima: “Conhece-te a ti
mesmo”, inscrita na entrada do Oráculo de Delfos, Sócrates deslocou o foco da investigação
filosófica das questões cosmológicas (acerca da origem e da composição do Universo), para as
questões antropológicas, isto é, questões que são relativas à própria vida humana, tais como: “O
que é a coragem?”, “O que é a virtude?”, “O que é a justiça?” etc.

O método socrático: Ironia e maiêutica

Foi justamente em oposição à retórica dos sofistas que Sócrates desenvolveu a sua dialética,
também conhecida como método socrático, cujo objetivo era mostrar, por meio do diálogo e da
oposição de ideias, um caminho racional para o conhecimento verdadeiro. Para ele, a função do
diálogo não é persuadir, mas sim fazer com que as pessoas alcancem a verdade.

No diálogo Apologia de Sócrates, temos uma pista da origem do método socrático. Após descobrir
que a pitonisa de Delfos havia dito que ele era “o mais sábio dos homens”, Sócrates, que se
considerava ignorante, decidiu interrogar os homens que possuíam a reputação de sábios, para que
assim pudesse contestar o oráculo. Interrogou os políticos, os poetas e os artesãos.

Assim, ele percebeu que todos aqueles com quem conversava afirmavam conhecer alguma coisa,
mas não conheciam nada exatamente, pois as suas ideias estavam fundamentadas na mera opinião
(doxa). Por isso, Sócrates concluiu que era mais sábio do que todos aqueles homens justamente
por reconhecer a própria ignorância (“Só sei que nada sei”). Para ele, acreditar saber aquilo que não
sabe é o erro mais reprovável.

Basicamente, o método socrático consiste em duas etapas. A primeira chamada de ironia e a


segunda de maiêutica. Embora, para nós, a ironia esteja ligada à figura de linguagem em que se diz
o contrário do que se quer dar a entender, ou ainda à manifestação de descaso ou de deboche, o
verdadeiro sentido da ironia socrática é completamente outro.
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Ironia, do grego eironeia corresponde à “ação de perguntar, fingindo ignorar”. Desse modo, a ironia
socrática diz respeito ao conjunto de perguntas por meio das quais Sócrates interrogava os seus
interlocutores, a respeito dos conhecimentos que, até então, eles tomavam como verdadeiros. Tais
perguntas tinham o objetivo de evidenciar a ignorância desses interlocutores.

Concluída a primeira etapa, passava-se à segunda: a maiêutica. Maiêutica, do grego maieutiké


significa “a arte de fazer um parto”. Sócrates dizia que, enquanto sua mãe fazia o parto de corpos,
ele ajudava a trazer à luz as ideias. Por isso, a maiêutica consiste na investigação dos conceitos.
Nesse momento, Sócrates fazia novas perguntas para que seu interlocutor refletisse a respeito do
assunto em questão. Dessa reflexão, surgia a possibilidade de formular um conhecimento
verdadeiro (episteme), fundamentado na razão.

Note que Sócrates não ensinava nada aos seus ouvintes, era o próprio interlocutor que descobria,
dentro de si, aquilo que a sua alma já conhecia. Portanto, assim como as parteiras conduzem os
bebês para fora do útero materno, Sócrates conduzia as pessoas para a verdade.

A Morte de Sócrates

Graças ao seu método filosófico, que expunha a ignorância daqueles que possuíam a fama de
sábios, Sócrates fez inúmeros adversários. Alguns deles eram menos conhecidos do que os
sofistas, porém bem mais perigosos. Como é o caso de Meleto, um poeta sem grandes talentos,
Lícon, um antigo desafeto de Sócrates e Ânito, um rico curtidor de couro.

Esses três foram os responsáveis por acusar Sócrates de impiedade e de corromper a juventude.
Embora Meleto e Lícon não fossem figuras muito importantes, a influência política de Ânito era tão
grande que, mesmo após provar a sua inocência, Sócrates foi condenado à morte pelo voto da
maioria.

Nesses casos, a lei ateniense permitia que o condenado escolhesse uma pena alternativa, como o
pagamento de uma multa, por exemplo. Mas Sócrates, que se considerava inocente, não aceitou a
proposta. Para ele, conduzir os homens na busca pela verdade era uma tarefa tão importante que
deveria ser digna de louvor e não de punição, independente de qual fosse.

Assim, em 399 a.C., cumprindo a sentença imposta pelos cidadãos de Atenas, Sócrates morreu,
após ingerir o famoso cálice de cicuta. Apesar de seu destino trágico, ele mesmo defendia que: “É
melhor sofrer uma injustiça do que cometê-la”. De qualquer modo, é impossível pensar a filosofia
sem lembrar dessa figura enigmática e tão importante que foi Sócrates.

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Exercícios de fixação

1. Os sofistas ganharam a fama de:


(A) Pré-socráticos.
(B) Filósofos da natureza.
(C) Relativistas.
(D) Dogmáticos.

2. Qual é a principal temática do diálogo platônico protagonizado por Górgias?


(A) A retórica.
(B) A virtude.
(C) O belo.
(D) A cidade.

3. Sócrates dá início ao período da filosofia conhecido como:


(A) Teológico.
(B) Cosmológico.
(C) Mitológico.
(D) Antropológico.

4. A filosofia socrática era baseada na:


(A) retórica
(B) dialética
(C) fé cristã
(D) mitologia

5. Em que consiste a retórica en4sinada pelos sofistas?

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Exercícios de vestibulares

1. (Enem Digital 2020) Há um tempo, belas e boas são todas as ações justas e virtuosas. Os que
as conhecem nada podem preferir-lhes. Os que não as conhecem, não somente não podem
praticá-las como, se o tentam, só cometem erros. Assim praticam os sábios atos belos e bons,
enquanto os que não o são só podem descambar em faltas. E se nada se faz justo, belo e bom
que não pela virtude, claro é que na sabedoria se resumem a justiça e todas as mais virtudes.
(XENOFONTE. Ditos e feitos memoráveis de Sócrates. Apud CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ática, 2005.)

Ao fazer referência ao conteúdo moral da filosofia socrática narrada por Xenofonte, o texto
indica que a vida virtuosa está associada à
(A) aceitação do sofrimento como gênese da felicidade suprema.
(B) moderação dos prazeres com vistas à serenidade da alma.
(C) contemplação da physis como fonte de conhecimento.
(D) satisfação dos desejos com o objetivo de evitar a melancolia.
(E) persecução da verdade como forma de agir corretamente.

2. (Enem PPL 2019) Tomemos o exemplo de Sócrates: é precisamente ele quem interpela as
pessoas na rua, os jovens no ginásio, perguntando: “Tu te ocupas de ti?” O deus o encarregou
disso, é sua missão, e ele não a abandonará, mesmo no momento em que for ameaçado de
morte. Ele é certamente o homem que cuida do cuidado dos outros: esta é a posição particular
do filósofo.
(FOUCAULT, M. Ditos e escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.)

O fragmento evoca o seguinte princípio moral da filosofia socrática, presente em sua ação
dialógica:
(A) Examinar a própria vida.
(B) Ironizar o seu oponente.
(C) Sofismar com a verdade.
(D) Debater visando a aporia.
(E) Desprezar a virtude alheia.

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3. (UEG 2011, adaptada) No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua democracia. Nesse mesmo
período, os teatros estavam lotados, afinal, as tragédias chamavam cada vez mais a atenção.
Outro aspecto importante da civilização grega da época eram os discursos proferidos na
ágora. Para obter a aprovação da maioria, esses pronunciamentos deveriam conter
argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns cidadãos procuravam aperfeiçoar sua
habilidade de discursar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de filósofos que
dominavam a arte da oratória. Esses filósofos vinham de diferentes cidades e ensinavam sua
arte em troca de pagamento. Eles foram duramente criticados por Sócrates e são conhecidos
como:
(A) maniqueístas.
(B) hedonistas.
(C) epicuristas.
(D) sofistas.
(E) estoicos.

4. (Enem 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que
a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas
acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da
sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.
(RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.)
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava
que a correlação entre justiça e ética é resultado de
(A) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
(B) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
(C) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
(D) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
(E) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

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5. (Unicentro 2019) É comum se afirmar que Sócrates era um filósofo dado ao diálogo e que se
encontrar com ele para debater era sempre uma atividade de risco. Isso porque a forma
dialogal preferida desse pensador consistia em colocar em prática a sua Maiêutica, cuja
primeira parte era a Ironia. Essa Ironia Socrática deve ser interpretada como
(A) uma postura de deboche e desconsideração em relação ao saber popular da época.
(B) uma etapa do método socrático segundo o qual o saber dos filósofos pitagóricos
precisava ser ironizado para demonstrar sua fragilidade e inconsistência.
(C) um método criado por Sófocles e adotado por Sócrates para provar a existência de seres
superiores, também chamados deuses.
(D) uma prática discursiva criada pelos sofistas e adotada por Sócrates para defender a
importância da filosofia crítica.
(E) uma etapa do método socrático que consiste em utilizar-se de perguntas com o objetivo
de levar o interlocutor a reconhecer a impropriedade de seu saber e, assim, torná-lo apto
a construir um novo saber.

6. (Enem Digital 2020) Os sofistas inventam a educação em ambiente artificial, o que se tornará
uma das características de nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, antes de
tudo pedagogos, ainda que seja necessário reconhecer a notável originalidade de um
Protágoras, de um Górgias ou de um Antifonte, por exemplo. Por um salário, eles ensinavam
a seus alunos receitas que lhes permitiam persuadir os ouvintes, defender, com a mesma
habilidade, o pró e o contra, conforme o entendimento de cada um.
(HADOT, P. O que é a filosofia antiga? São Paulo: Loyola, 2010 (adaptado).)

O texto apresenta uma característica dos sofistas, mestres da oratória que defendiam a(o)
(A) ideia do bem, demonstrado na mente com base na teoria da reminiscência.
(B) relativismo, evidenciado na convencionalidade das instituições políticas.
(C) ética, aprimorada pela educação de cada indivíduo com base na virtude.
(D) ciência, comprovada empiricamente por meio de conceitos universais.
(E) religião, revelada pelos mandamentos das leis divinas.

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7. (Enem 2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates
paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção
incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o
bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a
se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua
orientação.
(BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.)

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na


(A) contemplação da tradição mítica.
(B) sustentação do método dialético.
(C) relativização do saber verdadeiro.
(D) valorização da argumentação retórica.
(E) investigação dos fundamentos da natureza.

8. (FUMARC 2018) Os Sofistas surgem na Grécia antiga, século V a. C. na passagem da


oligarquia para a democracia. São os mestres de retórica e oratória, muitas vezes mestres
itinerantes, que percorrem as cidades-estados fornecendo seus ensinamentos, sua técnica,
suas habilidades aos cidadãos em geral. Eram relativistas. Sócrates também ensinava nas
praças públicas através de perguntas e respostas que despertavam a verdade que está no
interior de cada um. Sócrates afirmava que a opinião (doxa) é uma expressão individual, já o
conhecimento (episteme) é universal. Desta forma, os sofistas ensinavam a retórica para
convencer aos outros que sua opinião é a melhor e Sócrates ensinava a dialética, que através
de questionamentos (só sei que nada sei) levava ao conhecimento verdadeiro
(MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p. 42-48. Adaptado).

De acordo com o texto acima, Sócrates não era um sofista, pois ele
(A) buscava a verdade da episteme, enquanto os sofistas despertavam a verdade dentro de
cada um.
(B) defendia a existência de uma verdade universal, enquanto os sofistas eram relativistas.
(C) ensinava nas praças públicas apenas de Atenas, enquanto os sofistas eram itinerantes.
(D) era cético, seu lema era “só sei que nada sei”, enquanto os sofistas defendiam uma
verdade.
(E) persuadia através da retórica de que estava certo, enquanto os sofistas eram dialéticos.

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9. (Enem Libras 2017) Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo
daqueles que aboliram o critério, uma vez que ele afirma que todas as impressões dos
sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, uma vez
que tudo o que aparece a alguém ou é opinado por alguém é imediatamente real para essa
pessoa.
(KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).)

O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de


(A) alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência.
(B) justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais.
(C) priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas.
(D) preservar as regras de convivência entre os cidadãos.
(E) analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.

10. (Enem 2022) Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre as duas ordens de fenômenos,
os vínculos são demasiado estreitos para que o pensamento racional não apareça, em suas
origens, solidário das estruturas sociais e mentais próprias da cidade grega. Assim
recolocada na história, a filosofia despoja-se desse caráter de revelação absoluta que às
vezes lhe foi atribuído, saudando, na jovem ciência dos jônios, a razão intemporal que veio
encarnar-se no Tempo. A escola de Mileto não viu nascer a Razão; ela construiu uma Razão,
uma primeira forma de racionalidade. Essa razão grega não é a razão experimental da ciência
contemporânea.
(VERNANT, J. P. Origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002.)

Os vínculos entre os fenômenos indicados no trecho foram fortalecidos pelo surgimento de


uma categoria de pensadores, a saber:
(A) Os epicuristas, envolvidos com o ideal de vida feliz.
(B) Os estoicos, dedicados à superação dos infortúnios.
(C) Os sofistas, comprometidos com o ensino da retórica.
(D) Os peripatéticos, empenhados na dinâmica do ensino.
(E) Os poetas rapsodos, responsáveis pela narrativa do mito.

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. C
Os sofistas ganharam a fama de relativistas. Para eles, a verdade é relativa, ou seja, aquilo que
vale para um determinado lugar, não vale para outro.

2. A
O diálogo platônico intitulado Górgias, que tem Górgias de Leontinos como uma das
personagens principais, ao lado de Sócrates, trata de questões acerca da função da retórica e
qual é a melhor maneira de utilizá-la.

3. D
O pensamento socrático é considerado um marco para a filosofia, na medida em que inaugura
um momento que ficou conhecido como período antropológico.

4. B
A filosofia socrática era baseada na dialética, também conhecida como método socrático, cujo
objetivo era mostrar, por meio do diálogo e da oposição de ideias, um caminho racional para o
conhecimento verdadeiro.

5. A retórica ensinada pelos sofistas consiste na arte de falar bem, isto é, de ser capaz de atacar
e defender o mesmo assunto com argumentos igualmente fortes, visando sempre a persuasão
(convencimento do outro).

Exercícios de vestibulares

1. E
O texto de Xenofonte indica que a vida virtuosa está associada à persecução (perseguição) da
verdade. Ou seja, para que se possa praticar ações justas e virtuosas é preciso e conhecê-las.
Portanto, é necessário buscar a verdade. Note que a alternativa B corresponde a um
pensamento presente na filosofia estoica. A alternativa C, por sua vez, corresponde a um
pensamento presente na filosofia epicurista. Já a alternativa D está relacionada ao hedonismo.

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2. A
O fragmento extraído da obra de Michel Foucault evoca o princípio da filosofia moral de
Sócrates, que consiste em examinar a própria vida. O pensamento socrático é considerado um
marco para a filosofia, justamente por inaugurar um momento que ficou conhecido como
período antropológico. Partindo da máxima: “Conhece-te a ti mesmo”, inscrita na entrada do
Oráculo de Delfos, Sócrates deslocou o foco da investigação filosófica das questões
cosmológicas (acerca da origem e da composição do Universo), para as questões
antropológicas, isto é, questões que são relativas à própria vida humana.

3. D
Conhecidos como mestres da retórica, os sofistas eram professores itinerantes que cobravam
por seus ensinamentos. Entre os sofistas de maior relevância estão Protágoras de Abdera e
Górgias de Leontinos, ambos presentes nos diálogos de Platão.

4. D
Para o pensamento socrático-platônico, a noção de justiça é real e tem validade universal. Ou
seja, uma vez que compreendemos qual é a definição de justiça, distinguimos aquilo que é justo
em todas as circunstâncias e em todos os lugares. Trasímaco, por sua vez, entende que a
verdade é relativa, isto é, que aquilo que vale para um determinado lugar, não vale para outro.
Portanto, o que define algo como justo ou injusto, certo ou errado são as convenções sociais.

5. E
Embora, para nós, a ironia esteja ligada à figura de linguagem em que se diz o contrário do que
se quer dar a entender, ou ainda à manifestação de descaso, ou de deboche, o sentido dentro
do método socrático é outro. Ironia, do grego eironeia corresponde à “ação de perguntar,
fingindo ignorar”. Desse modo, a ironia socrática diz respeito ao conjunto de perguntas por meio
das quais Sócrates interrogava os seus interlocutores a respeito dos conhecimentos que, até
então, eles tomavam como verdadeiros, de modo a evidenciar a sua ignorância.

6. B
A argumentação retórica, utilizada pelos sofistas, não pretendia alcançar a verdade, mas sim a
persuasão. Em outras palavras, seu objetivo era convencer os interlocutores. Para eles, a
verdade é relativa (o que vale para um determinado lugar, não vale para outro), portanto o que
importa é dispor de argumentos capazes de, em qualquer circunstância, vencer o debate. Essa
postura lhes rendeu a fama de relativistas.

7. B
Foi justamente em oposição à retórica dos sofistas que Sócrates desenvolveu a sua dialética,
também conhecida como método socrático, cujo objetivo era mostrar, por meio do diálogo
(conversação) e da oposição de ideias, um caminho racional para o conhecimento verdadeiro.
Para ele, a função do diálogo não é persuadir, mas sim fazer com que as pessoas alcancem a
verdade.

d
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8. B
De acordo com o texto, Sócrates não era um sofista, pois ele defendia a existência de uma
verdade universal, enquanto os sofistas eram relativistas. A alternativa A está incorreta, porque
os sofistas estavam preocupados com a persuasão, isto é, com o convencimento, e não em
despertar a verdade dentro de cada um. Na alternativa C temos um ponto de atenção: embora
Sócrates vivesse em Atenas, nós não podemos, a partir do texto, inferir que ele ensinava apenas
nas praças públicas atenienses. A alternativa D também traz um ponto importante: para os
céticos, é impossível alcançar a verdade, por isso, a atitude mais correta é suspender o juízo
(epokhé). Sócrates, ao contrário, acredita que é possível alcançá-la, mas para isso é necessário,
primeiro, reconhecer a própria ignorância. Isso o distância dos céticos. Por fim, a alternativa E
traz uma inversão nos métodos, pois o método dialético era praticado por Sócrates, enquanto
os sofistas persuadiam através da retórica.

9. C
O grupo ao qual Protágoras é associado é o dos sofistas, que consideravam não existir verdade
absoluta, mas uma diversidade de pontos de vista acerca da verdade, ou seja, existiriam apenas
verdades relativas.

10. C
Os vínculos entre o surgimento da Polis e o nascimento da filosofia, foram fortalecidos pelos
sofistas. Note que, embora Sócrates e Platão os considerassem os como demagogos e
enganadores, os sofistas foram fundamentais para a consolidação tanto da democracia
ateniense quanto do pensamento ocidental.

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