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O NASCIMENTO DA FILOSOFIA.

Os historiadores da filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: final do século VII e inicio do século
VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor (particularmente as que formavam uma região denominada
Jônia), na cidade de Mileto. E o primeiro filosofo foi Tales de Mileto.

Além de possuir data e local de nascimento e de possuir seu primeiro autor, a filosofia também possui um conteú-
do preciso ao nascer: é uma cosmologia. A palavra cosmologia é composta de duas outras, cosmos que significa
mundo ordenado e organizado; e logia que vem da palavra logos, que significa pensamento racional, discurso
racional, conhecimento.

Assim, a filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza, donde cosmologia.
Muitos séculos mais tarde, o nascimento da filosofia seria explicado de forma diversa pelos padres da Igreja. Eles
queriam mostrar que os ensinamentos de Jesus eram elevados e perfeitos, não eram superstição nem primitivos e
incultos, e por isso mostravam que os filósofos gregos estavam filiados a correntes de pensamento místico e ori-
ental.

No entanto, nem todos aceitaram a tese chamada “orientalista”. E muitos, sobretudo no século XIX da nossa era,
passaram a falar na filosofia como sendo o “milagre grego”.

Com a palavra “milagre” queriam dizer várias coisas: que a filosofia surgiu inesperada e espantosamente na Gré-
cia, sem que nada anterior a preparasse; que a filosofia grega foi um acontecimento espontâneo, único e sem par,
como é próprio de um milagre; que os gregos foram um povo excepcional, sem nenhum outro semelhante a eles,
nem antes nem depois deles, e por isso somente eles poderiam ter sido capazes de criar a filosofia, como foram
os únicos a criar as ciências de dar ás artes uma elevação que nenhum outro povo conseguiu, nem antes nem
depois deles.

O que perguntavam os primeiros filósofos?

Por que os seres nascem e morrem? Por que os semelhantes dão origem aos semelhantes, de uma árvore nasce
outra arvore, de um cão nasce outro cão, de uma mulher nasce uma criança? Por que os diferentes também pare-
cem fazer surgir os diferentes: o dia parece fazer nascer à noite, o inverno parece fazer surgir à primavera, um
objeto escuro clareia com o passar do tempo, um objeto claro escurece com o passar do tempo?
Por que tudo muda? A criança se torna adulta, amadurece, envelhece e desaparece. A paisagem, cheia de flores
na primavera, vai perdendo o verde e as cores no outono, até ressecar-se e retorcer-se no inverno.

Por que a doença invade os corpos, rouba-lhes a cor, a força? Por que o alimento que antes me agradava, agora,
que estou doente, me causa repugnância? Por que o som da musica que antes me embalava, agora que estou
doente, parece um ruído insuportável?

OS SOFISTAS.

Os sofistas foram reputados como grandes mestres, eram procurados por jovens bem-nascidos, dispostos a pagar
muito dinheiro para aprender o que os filósofos tinham a lhes ensinar. O jovem buscava junto ao sofista a areté,
qualidade indispensável para se tornar um cidadão bem-sucedido.

No regime democrático que vigorava em Atenas, o exercício da função política dependia do bom uso da palavra.
E os sofistas foram mestres na arte de bem falar.

Os sofistas negam a existência da verdade, ou pelo menos a possibilidade de acesso a ela. Para os sofistas, o
que existe são opiniões: boas e más, melhores e piores, mas jamais falsas e verdadeiras. Na formulação clássica
de Protágoras, “o homem é a medida de todas as coisas”.

Sócrates desenvolveu um método de pesquisa, chamado dialética, que procedia por questões e respostas.
Sócrates é, para Platão, o único verdadeiro educador, capaz de levar à areté.

Platão estabelece oposições entre Sócrates e os sofistas:

a) sofista cobra pra ensinar, Sócrates não;

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b) sofista “sabe tudo”. Sócrates diz nada saber;
c) sofista faz retórica, Sócrates faz dialética;
d) O sofista refuta para ganhar a disputa verbal, Sócrates refuta para purificar a alma de sua ignorância.

Resumo: Os sofistas.

O período clássico da história da Grécia Antiga, séculos Va. C. ao IV a.C. Foi nesse período, que viveram: os so-
fistas, Sócrates, Platão e Aristóteles.

Esse período é caracterizado pelo auge da cultura grega, o desenvolvimento da pólis grega, pela consolidação da
democracia grega e pelo fato da Atenas ter se tornado o principal centro político, econômico, artístico e filosófico,
do mundo helênico.

Esse período é marcado pelo início da fase antropológica, ou seja, uma reflexão filosófica voltada às questões
humanas, seus precursores foram os sofistas.

Entre os sofistas, destacam-se: Protágoras, Híppias, Górgias, Isócrates, etc.

Os sofistas foram sábios que atuavam como professores de filosofia. Ensinavam, a um preço estipulado, a arte da
política, garantindo o sucesso dos jovens na vida política. Eles ensinavam a arte da retórica.

Os escritos dos sofistas se perderam no tempo, os conhecemos a partir de comentários de Platão, que nos deixa
uma visão estereotipada e negativa dos sofistas, denominados de charlatães, pois convencem os ignorantes de
um saber que, na verdade não possuem.

Mas é importante notar que esta é a visão de Platão sobre os sofistas, a qual por muito tempo predominou entre
os filósofos, mas que, na atualidade, tem sido questionada por outros filósofos.

Para Platão, os sofistas não eram filósofos. Apesar disso, eles deixaram importantes contribuições à filosofia. Fo-
ram os primeiros a fazer uma distinção entre a physis (ordem natural) e o nomos (ordem humana).

Afirmavam não haver uma verdade absoluta, diziam que o que existia eram opiniões. Protágoras, ao afirmar que
“o homem é a medida de todas as coisas”, pretendia dizer com isso que cada homem seria a medida de sua pró-
pria verdade.

Eram considerados como portadores de polimatia, ou seja, se posicionavam sobre qualquer assunto. Organizaram
um currículo: gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, astronomia e música. Tudo com o objetivo de
tornar o conhecimento acessível e didático para os seus alunos.

Em suma, nos dias atuais, vem mudando a maneira como a história da filosofia compreende os sofistas. Antes,
execrados. Hoje, valorizados.

QUESTÕES SOBRE SÓCRATES E OS SOFISTAS

A) QUEM FOI SÓCRATES? QUAL SUA OPINIÃO SOBRE OS SOFISTAS? QUAIS SUAS IDÉIAS FUNDAMEN-
TAIS?

É relativamente pouco o que sabemos sobre Sócrates, o homem. Nascido em 470 a.C., foi executado em 399
a.C., quando Atenas perdeu a Guerra do Peloponeso contra Esparta.

Sócrates ensinou que o sistema filosófico é o valor do conhecimento humano. Antes de Sócrates questionava-se a
natureza, depois de Sócrates, questiona-se o homem. O valor do conhecimento humano (Humanismo).
“CONHEÇA-TE A TI MESMO”, frase escrita no portal do templo de Apolo; cuja frase era a recomendação básica
feita por Sócrates a seus discípulos.

Sócrates percebeu que a sabedoria começa pelo reconhecimento da própria ignorância: “SÓ SEI QUE NADA
SEI”; é, para Sócrates, o princípio da sabedoria.

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O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se ao dos Sofistas, embora não vendesse seus ensinamentos. Com
habilidade de raciocínio, procurava evidenciar as contradições afirmadas, os novos problemas que surgiam a cada
resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a ignorância e a presunção do saber.

Usava dois métodos: IRONIA e MAIÊUTICA.

MAIÊUTICA: Dava alternativas, perguntas e respostas, ajudava a buscar a verdade. O nome Maiêutica foi uma
homenagem a sua mãe que era parteira. Ele dava luz às idéias.
IRONIA: A ironia socrática tinha um caráter purificador na medida em que levava os discípulos a confessarem
suas próprias contradições e ignorâncias, onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências, perguntas e
respostas, destruía o falso saber.

Os discípulos, libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, podiam iniciar o caminho da reconstrução
das próprias idéias. Com isso, Sócrates acreditava num só Deus (Monoteísmo); a época era de Politeísmo. Por
vários motivos ele foi perseguido. Foi condenado à morte em 399 a.c. por não aceitar mudar suas idéias (tomou
Cicuta, um tipo de bebida que o carrasco deu-lhe para beber).

Para Sócrates o homem deveria conhecer a si mesmo, chegar à virtude através do conhecer a si mesmo. È a
sabedoria que nos dá a virtude.

Ao trabalhar com Os Sofistas, Sócrates observa e questiona:

a) Os Sofistas buscam o sucesso e ensinam as pessoas como conseguí-lo; Sócrates busca a verdade e incita
seus discípulos a descobri-la.
b) Os Sofistas é necessário fazer carreiras, Sócrates quer chegar à verdade, desapegando dos prazeres e dos
bens materiais.
c) Os Sofistas gabam-se de saberem tudo e fazer tudo; Sócrates tem a convicção de que ninguém pode ser mes-
tre dos outros.
d) Para os Sofistas, aprender é coisa passiva e facílima, afirmam isso e tudo por um preço módico.

Sócrates defendia que a opinião é individual, mas a sabedoria é universal. A questão da felicidade e honestidade
está na prática do agir. As riquezas não interessam aos homens.

A doutrina socrática identifica o sábio e o homem virtuoso. Derivam daí diversas conseqüências para a educação,
como: o conhecimento tem por fim tornar possível a vida moral; o processo para adquirir o saber é o diálogo; ne-
nhum conhecimento pode ser dogmaticamente, mas como condição para desenvolver a capacidade de pensar;
toda a educação é essencialmente ativa, e por ser auto-educação leva ao conhecimento de si mesmo; a análise
radical do conteúdo das discussões, retirado do cotidiano, leva ao questionamento do modo de vida de cada um e,
em última instância, da própria cidade.

B) QUEM FORAM OS SOFISTAS?

Etimologicamente, o termo sofista significa sábio, entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de im-
postor, devido, sobretudo, às críticas de Platão.

Os sofistas eram professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia.

Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloqüência e sagacidade mental, ou seja,
tinham fácil oratória e eram astuciosos. Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso dos negócios públicos e
privados.

As lições sofísticas tinham como objetivo o desenvolvimento do poder de argumentação, da habilidade de discur-
sos primorosos, porém, vazios de conteúdo. Eles transmitiam todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções
que seria utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários.

O momento histórico vivido pela civilização grega favoreceu o desenvolvimento desse tipo de atividade praticada
pelos sofistas. Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembléias democráticas.

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Por isso, os cidadãos mais ambiciosos sentiam a necessidade de aprender a arte de argumentar em público para,
manipulando as assembléias, fazerem prevalecer seus interesses individuais e de classe.

Entre os sofistas, destacamos Protágoras e Górgias, que pareciam mais preocupados com a distinção entre natu-
reza e convenção, de uma forma geral. Por essa razão, tinham como um de seus principais objetivos depreciar o
estudo da natureza e, desta maneira, toda a linha filosófica existente até essa época.

Protágoras alegou que o homem é a medida de todas as coisas, tanto das coisas que são o que são como das
coisas que não são, o que não são. Isto significa que tudo é como parece ao homem – não apenas aos homens
em geral, mas a cada indivíduo em particular. Esta tese, leva a um relativismo total, sem possibilidade alguma de
verdade absoluta.

Górgias foi ainda, mais radicalmente oposto à natureza e a seu estudo. Escreveu um livro no qual formulou uma
tripla alegação: 1) nada há; 2) mesmo que houvesse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la; e 3) mesmo que
pudéssemos conhecê-la não poderíamos comunicá-la aos demais.

Poderíamos descrever isto como um argumento mediante “retirada estratégica”: caso a posição mais radical não
seja julgada convincente, volta-se para outra, menos radical. Mas até mesmo esta última elimina a possibilidade
de estudo da natureza.

Górgias ensinava retórica, enquanto que Pródico, especializava-se em linguagem e gramática em geral, ao passo
que Hípias ensinava o treinamento da memória. Todas estas aquisições eram úteis em uma sociedade que tanto
dependia da capacidade de influenciar a opinião pública na assembléia.

De qualquer modo, na opinião de Sócrates, eles fracassaram em ensinar excelência moral ou virtude. A alegação
deles de ensinar arete (excelência) não apenas, na opinião de Sócrates, induzia em erro, mas corrompia também,
porque sugeria que podiam produzir excelência moral, ao passo que nada faziam neste particular.

DIFERENÇAS ENTRE SÓCRATES E OS SOFISTAS:

- O sofista é um professor ambulante. Sócrates é alguém ligado aos destinos de sua cidade;
- O sofista cobra para ensinar. Sócrates vive sua vida e essa confunde-se com a vida filosófica: “ Filosofar não é
profissão, é atividade do homem livre”
- O sofista “sabe tudo” e transmite um saber pronto, sem crítica (que Platão identifica com uma mercadoria, que o
sofista exibe e vende). Sócrates diz nada saber e, colocando-se no nível de seu interlocutor, dirige uma aventura
dialética em busca da verdade, que está no interior de cada um.
- O sofista faz retórica (discurso de forma primorosa, porém vazio de conteúdo). Sócrates faz dialética (bons ar-
gumentos). Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas,
persuadem sem transmitir conhecimento algum.
Na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo e não é possível ir adiante
sem deixar esclarecido o que ficou para trás.
- O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. Sócrates refuta para purificar a alma de sua ignorância.

AS PRINCIPAIS FASES DA FILOSOFIA

OS PRÉ-SOCRÁTICOS

Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.C.
Os filósofos que viveram antes de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natu-
reza.

Buscavam explicar tudo através da razão e do conhecimento científico. Podemos citar, neste contexto, os físicos
Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve seu pensamento defendendo a idéia de que tudo
preexiste à alma, já que esta é imortal. Demócrito e Leucipo defendem a formação de todas as coisas, a partir da
existência dos átomos.

PERÍODO CLÁSSICO

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Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de
cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o desenvolvimento
do pensamento. É a época dos sofistas e do grande pensador Sócrates.

Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos e Abdera, defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a for-
mação de um cidadão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Dentro desta pro-
posta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem (retórica), pensar e manifestar suas qualida-
des artísticas.

Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando entender o funcionamento do Universo dentro de
uma concepção científica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou textos ou
outros documentos, desta forma, só podemos conhecer as idéias de Sócrates através dos relatos deixados por
Platão.

Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensa-
dores teriam a função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências.

Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles
quem desenvolveu a lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização
e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos concei-
tos gerais para os específicos.

PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO

Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da Era Cristã, dentro de um contexto histórico
que representa o final da hegemonia política e militar da Grécia.

Ceticismo: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não
consegue conhecer nada de forma exata e segura.
Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da
virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer.
Estoicismo: os sábios estóicos como, por exemplo, Marcos Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer pre-
ço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como à emoção, o prazer e o sofrimento.

FILOSOFIA MEDIEVAL

A Idade Média inicia-se com a desorganização da vida política, econômica e social do Ocidente, agora transfor-
mado num mosaico de reinos bárbaros. Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo
propaga-se por diversos povos.

A diminuição da atividade cultural transforma o homem comum num ser dominado por crenças e superstições.

O período medieval não foi, porém, a "Idade das Trevas", como se acreditava. A filosofia clássica sobrevive, confi-
nada nos mosteiros religiosos.

Sob a influência da Igreja, as especulações se concentram em questões filosófico-teológicas, tentando conciliar a


fé e a razão. E são nesse esforço que Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino trazem à luz reflexões funda-
mentais para a história do pensamento cristão.

FILOSOFIA MODERNA

Pode a razão conhecer Deus? Atravessando tortuosos caminhos, o pensamento medieval não foi conclusivo. A
escolástica chegou ao seu limite. A desagregação da cristandade com a reforma protestante e o renascimento
cultural trouxe novas questões. A burguesia entra em cena e caracteriza a mentalidade moderna.

De modo geral, associam-se ao renascimento mudanças de ênfase nos seguintes valores: antropocentrismo, raci-
onalismo e individualismo.

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René Descartes é considerado um dos pais da filosofia moderna. Aplicando a dúvida metódica, chegou a celebre
conclusão: "Penso, logo existo". Seu método da dúvida crítica abalou profundamente o edifício do conhecimento
filosófico de sua época.

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

O conhecimento amplia-se e faz surgir um novo objeto de estudo, o próprio homem. Cada época abrange uma
corrente de pensamento, juntamente com seus respectivos conceitos e pensadores. Entre os filósofos idealistas
estão Descartes, Kant e Hegel. Já na tradição racionalista pós-cartesiana temos Pascal, Spinoza, Guilherme de
Occam e Leibniz.

No palco inicial do empirismo moderno os principais representantes são: Francis bacon, Locke, Berkeley e Hume.
Dentro da filosofia política destacam-se os seguintes filósofos: Aristóteles, Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rous-
seau, Engels, Maquiavel, Voltaire, Fichte, dentre outros. Já no positivismo temos Augusto Comte.

O representante da crítica ao positivismo é Bérgson. Dentro da filosofia das Ciências ou Epistemologia temos
como representante Bachelard. A concepção de materialismo tem como representante Karl Marx.

Nas primeiras décadas do século XX, o mundo estava em crise. A filosofia também. Diversos pensadores passam
a questionar o sentido da vida humana. Surge, assim, a tendência existencialista.

SEUS PRINCIPAIS INSPIRADORES:

Kierkegaard, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Camus e Sartre. O inconsciente representa papel fundamental na
filosofia de Schopenhauer. Sob esse aspecto antecipou-se alguns dos conceitos mais importantes da psicanálise
fundada por Sigmund Freud.

No pensamento pós-moderno temos influências marcantes, tais como: Michel Foucault, Gilles Deleuze, Haber-
mas, Richard Rorty, Adorno, Marcuse, dentre outros.

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA:

Relatório sobre os filósofos pré-socráticos, ou seja, que antecederam Sócrates, filósofo que aperfeiçoou a arte de
filosofar.

Segue adiante a história dos filósofos pré-socráticos, citando nomes dos principais filósofos, data de nascimento,
falecimento, e teorias.

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO (SÉC. VII-V A.C.)

Período Naturalista pré-socrático, em que o interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza.

O primeiro período do pensamento grego toma a denominação substancial de período naturalista, porque a nas-
cente especulação dos filósofos é instintivamente voltada para o mundo exterior, julgando-se encontrar aí também
o princípio unitário de todas as coisas; e toma, outrossim, a denominação cronológica de período pré-socrático,
porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam uma mudança e um desenvolvimento e, por conseguinte, o
começo de um novo período na história do pensamento grego.

Esse primeiro período tem início no alvor do VI século a.C., e termina dois séculos depois, mais ou menos, nos
fins do século V.

Surge e floresce fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia)
e da Itália meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e especulativa pelas liberdades demo-
cráticas e pelo bem-estar econômico.

Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos.

Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está
sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. Pelo modo de a encarar e resolver,

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classificam-se os filósofos que nele floresceram em quatro escolas: Escola Jônica; Escola Itálica; Escola Eleática;
Escola Atomística.

OS FILÓSOFOS

TALES DE MILETO (624-548 A.C.) "ÁGUA"

Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Ta-
les não deixou nada escrito, mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A
terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano.

Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do
sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o
movimento dos astros para orientar a navegação.

Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filó-
sofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfri-
ar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva
quando novamente esfriados.

Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal.
A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a
causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro.
ANAXIMANDRO DE MILETO (611-547 A.C.) "ÁPEIRON"

Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um
tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantita-
tivamente infinita e qualitativamente indeterminada.

Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação"
derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos pei-
xes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar.

Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e
calor, etc. - que constituem o mundo.

O ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com
essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando um passo a mais na direção da
independência do "princípio" em relação às coisas particulares. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o
ápeiron (ilimitado).

Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon
(relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astro-
nomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o
processo cósmico total.

Diz-se também, que preveniu o povo de Esparta de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial
seria o indeterminado (ápeiron), infinito e em movimento perpétuo.

Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.) "Ar"

Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o
ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e
é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar.

As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações
quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento.

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Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios
professavam o hilozoísmo e o panteísmo naturalista.

Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. Anaxímenes
julga que o elemento primordial das coisas é o ar.

HERÁCLITO DE ÉFESO

Heráclito nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, de família que ainda conservava prerrogativas reais (descendentes
do fundador da cidade). Seu caráter altivo, misantrópico e melancólico ficou proverbial em toda a Antigüidade.
Desprezava a plebe. Recusou-se sempre a intervir na política.

Manifestou desprezo pelos antigos poetas, contra os filósofos de seu tempo e até contra a religião.

Sem ter sido mestre, Heráclito escreveu um livro Sobre a Natureza, em prosa, no dialeto jônico, mas de forma tão
concisa que recebeu o cognome de Skoteinós, o Obscuro.

Floresceu em 504-500 a.C. - Heráclito é por muitos considerados o mais eminente pensador pré-socrático, por
formular com vigor o problema da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas
particulares e transitórias.

Estabeleceu a existência de uma lei universal e fixa (o Lógos), regedora de todos os acontecimentos particulares
e fundamento da harmonia universal, harmonia feita de tensões, "como a do arco e da lira".

Suas filosofias eram:

A. Dialética exterior, um raciocinar de cá para lá e não a alma da coisa dissolvendo-se a si mesma;


B. Dialética imanente do objeto, situando-se, porém, na contemplação do sujeito;
C. Objetividade de Heráclito, isto é, compreender a própria dialética como princípio.

PITÁGORAS DE SAMOS

Pitágoras, o fundador da escola pitagórica, nasceu em Samos pelos anos 571-70 a.C. Em 532-31 foi para a Itália,
na Magna Grécia, e fundou em Crotona, colônia grega, uma associação científico-ético-política, que foi o centro
de irradiação da escola e encontrou partidários entre os gregos da Itália meridional e da Sicília.

Pitágoras aspirava - e também conseguiu - a fazer com que a educação ética da escola se ampliasse e se tornas-
se reforma política; isto, porém, levantou oposições contra ele e foi constrangido a deixar Crotona, mudando-se
para Metaponto, aí morrendo provavelmente em 497-96 a.C.

Segundo o pitagorismo, a essência, o princípio essencial de que são compostas todas as coisas, é o número, ou
seja, as relações matemáticas. Os pitagóricos, não distinguindo ainda bem forma, lei e matéria, substância das
coisas, consideraram o número como sendo a união de um e outro elemento.

Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas, passa-se à visão fantástica de que o
número seja a essência das coisas.

A doutrina e a vida de Pitágoras, desde os tempos da antiguidade, jaz envolta num véu de mistério.

A força mística do grande filósofo e reformador religioso, há 2.600 anos vem, poderosamente, influindo no pensa-
mento Ocidental. Dentre as religiões de mistérios, de caráter iniciático, a doutrina pitagórica foi a que mais se di-
fundiu na antiguidade.

Não consideramos apenas lenda o que se escreveu sobre essa vida maravilhosa, porque há, nessas descrições,
sem dúvida, muito de histórico do que é fruto da imaginação e da cooperação ficcional dos que se dedicaram a
descrever a vida do famoso filósofo de Samos.

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O fato de negar-se, peremptoriamente, a historicidade de Pitágoras (como alguns o fazem), por não se ter às
mãos documentação bastante, não impede que seja o pitagorismo uma realidade empolgante na história da filoso-
fia, cuja influência atravessa os séculos até nossos dias.

ZENÃO DE ELÉIA

Zenão floresceu cerca de 464/461 a.C. Nasceu em Eléia (Itália). Ao contrário de Heráclito, interveio na política,
dando leis à sua pátria. Tendo conspirado contra a tirania e o tirano (Nearco?), acabou preso, torturado e, por não
revelar o nome dos comparsas, perdeu a vida.

Escreveu várias obras em prosa: Discussões, Contra os Físicos, Sobre a Natureza, Explicação Crítica de Empé-
docles. - Considerado criador da dialética (entendida como argumentação combativa ou erística), Zenão erigiu-se
em defensor de seu mestre, Parmênides, contra as críticas dos adversários, principalmente os pitagóricos.

Defendeu o ser uno, contínuo e indivisível de Parmênides contra o ser múltiplo, descontínuo e divisível dos pitagó-
ricos.

A característica de Zenão é a dialética. Ele é o mestre da Escola Eleática; nela seu puro pensamento torna-se o
movimento do conceito em si mesmo, a alma pura da ciência - é o iniciador da dialética.

Demócrito de Abdera

De sua vida sabemos poucas coisas seguras, mas muitas lendas. Viagens extraordinárias, a ruína material, as
honras que recebeu de seus concidadãos, sua solidão, seu grande poder de trabalho. Uma tradição tardia afirma
que ele ria de tudo...

Demócrito e Leucipo partem do eleatismo. Mas o ponto de partida de Demócrito é acreditar na realidade do movi-
mento porque o pensamento é um movimento. Esse é seu ponto de ataque: o movimento existe porque eu penso
e o pensamento tem realidade.

Mas se há movimento deve haver um espaço vazio, o que equivale a dizer que o não-ser é tão real quanto o ser.
Se o espaço é absolutamente pleno, não pode haver movimento.
São características de seu pensamento:
Gosto pela ciência. Aitíai. Viagens.
Clareza. Aversão ao bizarro.
Simplicidade do método.
Arrojo poético (poesia do atomismo).
Sentimento de um progresso poderoso.
Fé absoluta em seu sistema.
O Mal excluído de seu sistema.
Paz de espírito, resultado do estudo cientifico. Pitágoras.
Inquietações míticas: racionalismo.
Inquietações morais: ascetismo.
Inquietações políticas: quietismo.
Inquietações conjugais: adoção de filhos.

Referências bibliográficas:

• ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires.Temas de Filosofia. SãoPaulo: Ed. Moderna,
1992;
• CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. SãoPaulo: Ed. Ática, 1995;
• COTRIM, Gilberto.Fundamentos da Filosofia – Ser, Saber e Fazer. São Paulo: Ed. Saraiva, 1997.

Platão: "A República" e o método dialético.

Todo mundo conhece o adjetivo platônico. Sabemos que ele tem relação com o filósofo grego Platão. Mas sabe-
mos também, consultando um dicionário, que platônico significa "alheio a interesses ou gozos materiais" (daí a
expressão "amor platônico", ou amor casto).

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Para entender melhor a origem dessa expressão, precisamos conhecer um pouco o pensamento de um dos filóso-
fos mais importantes de todos os tempos.

Platão não deixou uma obra filosófica sistemática, organizada de forma lógica e abstrata.

As obras de Platão foram escritas em forma de diálogo, em que diferentes personagens discutem acerca de um
determinado tema. Aliás, o diálogo não é apenas a forma como o filósofo se expressa, mas também o cerne de
seu método filosófico de descoberta da verdade. Para Platão, o conhecimento é resultado do convívio entre ho-
mens que discutem de forma livre e cordial.

Sócrates, o mestre.

Os diálogos de Platão estão organizados em torno da figura central de seu mestre - Sócrates. Escritos em lingua-
gem clara e envolvente, conquistam de imediato o leitor. Isso não quer dizer que a compreensão do pensamento
platônico seja simples. Platão é um filósofo rico e complexo, e suas ideias até hoje desafiam os pesquisadores.
Platão viveu na Grécia do período clássico. Nasceu em 427 a.C., em Atenas, numa família de origem aristocrática
e recebeu uma educação refinada, reservada àqueles destinados a participar da vida política de Atenas. Platão
tinha em torno de vinte anos (e o mestre, 63) quando conheceu o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo.

A partir desse encontro, Platão passou a assistir a suas discussões e tornou-se seu seguidor.

Quando o mestre foi levado ao tribunal, em 399 a.C., e condenado à morte bebendo cicuta (acusado de corromper
a juventude), Platão estava presente e registrou seus últimos ensinamentos na obra hoje conhecida como "Apolo-
gia de Sócrates".

Praticamente tudo que sabemos a respeito de Sócrates vem dos escritos de Platão.

Os diálogos de Platão.

Depois da morte de Sócrates, Platão desiludiu-se com a democracia e deixou Atenas. Realizou diversas viagens
pela Grécia, pelo Egito e pela Itália. Entre 399 a.C. e 387 a.C., criou vários de seus famosos diálogos em que Só-
crates aparece como personagem central, como "Críton", "Laques", "Lísias", "Górgias" e "Protágoras".

A seguir, Platão alternou longas temporadas em Atenas com a realização de três grandes viagens à Sicília, onde
realizou diversas tentativas de colocar em prática suas teorias políticas. Em Atenas, Platão fundou, por volta de
386 a.C., a famosa Academia, onde lecionou durante quarenta anos. O filósofo morreu em 347 a.C., aos 80 anos,
deixando como discípulo o filósofo Aristóteles.

A República.

Uma das principais obras platônicas é "A República", em que o filósofo discute o conceito de justiça. "A República"
é uma obra extensa, dividida em dez livros, em que Platão não faz uma análise de um sistema político concreto,
nem o exame de formas reais de organização da sociedade.

Pelo contrário, a obra de Platão discute o que seria um estado ideal.

Em "A República", temos um grupo de amigos: Sócrates, dois irmãos de Platão - Glauco e Adimanto - e vários
outros personagens, que serão provocados pelo mestre. O diálogo vai tratar de assuntos relacionados à organiza-
ção da sociedade e à natureza da política.

Na República ideal concebida por Platão, o governo deve estar nas mãos dos filósofos, que são aqueles mais
próximos da verdade, da ideia do bem e da justiça.

A investigação platônica utiliza o método dialético (palavra que tem na origem a noção de "diálogo"). Esse proce-
dimento consiste em apreender a relidade através de posições contraditórias, até que uma delas é finalmente
entendida como verdadeira e a outra como falsa. A dialética platônica é um processo indutivo, que vai da parte
para o todo.

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O mito da caverna.

No livro 7 de "A República" também aparece formulada a teoria das ideias. Trata-se de uma alegoria famosa, que
ficou conhecida como mito da caverna. Segundo o texto de Platão, o conhecimento do mundo sensível (o mundo
que podemos conhecer através dos órgãos dos sentidos) é inferior à contemplação da verdade.

Os homens, porém, tendo vivido sempre numa caverna, acorrentados, acreditam que as sombras que veem proje-
tadas na parede sejam a verdade. Mas só é possível conhecer a verdade além de nossos preconceitos e crenças.
Só o filósofo se liberta e vê a realidade à luz do sol.

John Locke e o empirismo britânico: Todo conhecimento provém da experiência

Uma das questões mais antigas que a filosofia tenta responder é "Qual a fonte do conhecimento humano?". Como
podemos saber se Deus existe, que dois mais dois são quatro ou que o céu é azul? Será que já nascemos com
algumas informações a respeito do mundo?

A moderna biologia genética nos diz apenas que possuímos uma história, inscrita em nossos genes, que irão de-
terminar algumas predisposições para desenvolvermos certas doenças hereditárias, tendências sexuais e compor-
tamentais ou mesmo o gosto por sorvete de chocolate.

Mas aquilo que somos depende de uma combinação de fatores genéticos com o ambiente em que fomos criados.
Seríamos, portanto, o resultado das escolhas que fizemos segundo as imposições de nosso patrimônio genético e
das oportunidades que temos na vida.

Mesmo assim, a ciência contemporânea ainda não responde às perguntas a respeito de como conhecemos as
coisas e como podemos estar seguros de possuir um entendimento verdadeiro. Filósofos como Platão (428/27-
347 a.C.), Santo Agostinho(354-430), e Descartes (1596-1650) acreditavam na doutrina das ideias inatas, ou ina-
tismo, que sustenta que o homem nasce com determinadas crenças verdadeiras.

Segundo eles, a alma humana teria uma espécie de repositório de informações conferidas por Deus, e isso valida-
ria as certezas sobre as coisas do mundo. Platão, no diálogo Fédon, diz que conhecer é recordar-se daquilo que
nossas almas imortais, que habitavam o Mundo das Ideias, já sabiam, mas que ao nascer nos esquecemos.

Contra essa doutrina, John Locke (1632-1704), um dos mais importantes filósofos ingleses modernos, escreveu
um livro chamado Ensaio Acerca do Entendimento Humano (1690), que inaugurou a escola chamada Empirismo
Britânico. Na época, Locke foi muito influenciado pela ciência moderna, baseada em observações.

Tábula rasa.

Para Locke, o princípio do inatismo, além de não provar nada, é completamente desnecessário para uma teoria do
conhecimento. Se realmente nossas almas imortais compartilhassem um mesmo estoque de informações, por que
todos não teríamos as mesmas concepções científicas de mundo, por exemplo?

Por que os europeus desenvolveram a ciência, enquanto índios que habitavam as Américas, não?
Segundo Locke, Deus nos conferiu apenas as faculdades para que pudéssemos adquirir conhecimento, dentro de
certos limites.

Contrariando o inatismo, ele afirma que, ao nascermos, somos como uma folha em branco - "tábula rasa", diziam
os empiristas - que é escrita na medida em que vivemos e temos experiência de mundo:

"Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres,
sem quaisquer ideias; como ela é suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada
fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão
e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela funda-
do, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento." (1978, I, II, ii).

Basicamente é isso que o empirismo sustenta: contrapondo-se ao racionalismo, que privilegia a razão como fonte
segura do conhecimento, esta escola enfatiza o papel da experiência. Junto com Locke, fazem parte do empirismo
britânico os filósofosGeorge Berkeley (1685-1753), David Hume (1711-1776) e John Stuart Mill (1806-1873).

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Mas isso não quer dizer que, para Locke, a razão não tem nenhuma função no processo cognitivo e que apenas
aprendemos por meio das sensações. Seria um absurdo dizer isso, porque equivaleria a dizer que um matemáti-
co, para saber que um triângulo possui três lados, teria que encontrar um triângulo andando de metrô ou vagando
pelo bosque.

Limites do conhecimento nas ideias.

O que Locke diz é que somente a experiência nos fornece as ideias que habitam nossos pensamentos. Em outras
palavras, que o conhecimento tem um início externo, fora do homem.

Ideias, segundo o filósofo inglês, são os objetos do conhecimento, isto é, a matéria da qual o conhecimento é for-
mado.

Elas são percebidas pelos sentidos, mas é o entendimento que confere o, por assim dizer, acabamento final.

Todo conhecimento, portanto, está fundamentado na experiência, que nos fornece as ideias que constituem tudo
aquilo que podemos saber sobre o mundo. As fontes dessas ideias, diz Locke, são duas:

Sensação, ou sentido externo: é a percepção de objetos sensíveis e particulares, como o gosto de uma maçã, a
sensação de uma xícara quente de café, o som da voz de nossa mãe ou a visão de um pôr do sol.
Reflexão ou sentido interno: é a percepção da operação de nossas mentes com as ideias já ali depositadas pela
sensação, derivando as dúvidas, crenças, vontades e o conhecimento propriamente dito.

É somente com o segundo estágio, da reflexão, que atingimos o entendimento das coisas; mas, sem as janelas
abertas para a luz vinda da experiência, nossa mente permanece como um quarto escuro. Os limites do que po-
demos conhecer, desse modo, são as ideias. Não podemos ir além delas.

Locke ainda divide as ideias em:

Simples: são as que nos chegam misturadas num objeto, mas que podem ser separadas pelos diferentes sentidos
pelos quais as recebemos: a textura lisa, o aroma perfumado, o gosto doce, a consistência firme e a cor vermelha
são ideias simples que podemos distinguir da maçã.
Complexas: quando nossa mente é preenchida dessas ideias simples, podemos formar, combinando-as, ideias
complexas, como, por exemplo, homem, beleza, maçã ou universo.

Boa parte do Ensaio Acerca do Entendimento Humano é dedicado ao exame dessas ideias simples e complexas
que são a base de todo entendimento, o que permite a Locke propor resoluções para importantes problemas filo-
sóficos envolvendo conceitos como espaço, tempo, infinidade, substância, Deus, liberdade e poder.

Graus de conhecimento Em resumo, diz Locke: "Conhecimento consiste na percepção do acordo ou desacordo de
duas ideias. Parece-me, pois, que o conhecimento nada mais é do que a percepção da conexão e acordo, ou
desacordo e rejeição, de quaisquer de nossas ideais." (1978, IV, I, ii).

Por exemplo, quando sabemos que branco não é preto, ao perceber que ambas as ideias ("branco" e "preto")
estão em desacordo; ou que os três ângulos de um triângulo são iguais a dois retos, ao perceber a igualdade en-
tre eles.

Em relação à clareza e certeza dessas afirmações, Locke classifica os graus de conhecimento em três:

Intuitivo: é aquele em que a mente percebe o acordo ou desacordo entre duas ideias imediatamente, sem a ne-
cessidade de outras ideias. Por exemplo, quando percebo que o branco não é preto, o quadrado não é triângulo
ou 1+1=2. É o tipo mais seguro e claro de conhecimento humano.
Demonstrativo: é quando a mente necessita de ideias subsidiárias para perceber o acordo ou desacordo entre
outras duas ideias - são as chamadas provas. Para saber, por exemplo, que três ângulos de um triângulo são
iguais a dois ângulos retos, preciso verificar essas medidas.
Sensível: é a percepção que temos de objetos particulares externos através dos sentidos. Apesar de Locke incluir
este terceiro tipo entre os graus de conhecimento, mesmo sendo o menos claro e seguro dos três anteriores, o
filósofo diz que o raciocínio que não for intuitivo ou demonstrativo é artigo de fé ou de opinião, não conhecimento
propriamente dito.

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Com base em sua classificação dos tipos de conhecimento, Locke diz que as certezas provenientes da matemáti-
ca e a moral são indubitáveis e evidentes, pois são alcançáveis pelo raciocínio com ideias presentes na mente
humana, enquanto as ciências empíricas, como a física, que necessitam de uma verificação e confronto com a
realidade sensível, não configuram verdades universais.

A teoria do conhecimento lockeana influenciou os filósofos iluministas, Kant e os positivistas lógicos, entre outros.

Bibliografia

LOCKE, John. "Ensaio Acerca do Entendimento Humano", em Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
David Hume e o empirismo britânico: O argumento cético que abalou a filosofia.
É comum termos a impressão de que a filosofia é algo muito abstrato, distante de nossa realidade. É o caso de
algumas metafísicas construídas com base em conceitos que carecem de qualquer significado mais concreto.
Na história das ideias, dificilmente encontramos um pensamento tão fatal para esse tipo de metafísica quanto
aquele que o filósofo escocês David Hume (1711-1776) expôs em suas Investigações sobre o Entendimento Hu-
mano (1748).
Os argumentos de Hume foram tão convincentes que despertaram Kant de seu "sono dogmático" e influenciaram
algumas das principais correntes contemporâneas da filosofia angloamericana.
A obra Investigações sobre o Entendimento Humano trata, essencialmente, da teoria do conhecimento, que é
aquele ramo da filosofia que busca responder questões sobre a origem e a validade de tudo que podemos conhe-
cer.
A este respeito, Hume era empirista, ou seja, acreditava que todo conhecimento provém da experiência. Mas,
diferente de Locke, para quem a mente do homem, ao nascer, era uma "folha em branco" a ser preenchida pela
experiência sensível, Hume era também cético a respeito de uma fundamentação para o que aprendemos com
base na experiência.

Fontes do conhecimento.

Para Hume, tudo aquilo que podemos vir a conhecer tem origem em duas fontes diferentes da percepção:

Impressões: são os dados fornecidos pelos sentidos. Podem ser internas, como um sentimento de prazer ou dor,
ou externas, como a visão de um prado, o cheiro de uma flor ou a sensação tátil do vento no rosto.
Ideias: são as impressões tais como representadas em nossa mente, conforme delas nos lembramos ou imagina-
mos. A lembrança de um dia no campo, por exemplo.

De acordo com o filósofo, as ideias são menos vívidas que as impressões e, por isso, são secundárias: "(...) todas
as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões, ou percepções mais vivas.

“Por isso, a experiência seria a base de todo conhecimento, que podemos chamar de raciocínio sobre questões
de fato. Enquanto que o segundo modo dos objetos externos se apresentarem à razão é chamado relação de
ideias.

As ideias, por sua vez, se relacionam umas com as outras de três modos:

por semelhança (uma fotografia que nos leva a ter a ideia do fato original);
por contiguidade de tempo e lugar (o dizer algo a respeito de um cômodo de uma casa me leva a perguntar sobre
os demais);
e por causalidade (ao nos recordarmos de uma pessoa ferida, imediatamente pensamos também na dor que ela
deve ter sentido - o ferimento, neste exemplo, é acausa; a dor, o efeito).

Nas relações de ideias, o conhecido obtido é chamado de demonstrativo, intuitivo ou dedutivo. É o caso da mate-
mática e da geometria.

Examinemos dois exemplos dados por Hume. No primeiro, temos a seguinte proposição: "O quadrado da hipote-
nusa (1) é igual à soma dos quadrados dos dois lados (2)".

Ela expressa a relação entre a ideia (1) e (2), que são, ambas, figuras geométricas.

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No segundo exemplo, a afirmação "Três vezes cinco (1) é igual à metade de trinta (2)" resulta da relação entre
números: 3 x 5 (1) e metade de 30 (2).

A partir daí podemos inferir três coisas: (a) que esse tipo de conhecimento independe completamente de objetos
externos; (b) que é necessariamente correto, seguro; e (c) que sua prova é dada inteiramente pela razão: seria um
absurdo lógico dizer o contrário daquilo que é afirmado, como, por exemplo, que dois mais dois é igual a cinco,
não quatro.

Mas, e em se tratando de questões de fato, ou seja, de coisas que afirmamos acerca da realidade? Tome-se a
seguinte proposição: "As rosas são vermelhas". Nada me impede de pensar, e dizer, que as rosas são brancas,
ou mesmo azuis ou verdes. Não haverá qualquer contradição lógica, mesmo que isso não corresponda, de fato, à
rosa a qual me refiro.

Em outro exemplo, dado por Hume, dizer que "O Sol não nascerá amanhã", não é menos absurdo, do ponto de
vista lógico, do que dizer "O Sol nascerá amanhã". Qual deve ser, então, o fundamento do conhecimento empíri-
co?

Causalidade:

Segundo Hume, todo raciocínio empírico, sobre questões de fato, se assenta sobre relações de causa e efeito. Na
proposição "A pedra esquenta porque foi exposta aos raios solares" tenho uma afirmação que parte de duas im-
pressões sensíveis, uma tátil ("a pedra esquenta") e outra visual ("exposta aos raios solares").

O que une essas duas impressões é uma relação de causalidade: a pedra esquenta (efeito) porque foi exposta
aos raios solares (causa).

Portanto, para saber qual é o fundamento do conhecimento empírico, Hume precisou analisar o fundamento dessa
relação causal.

A primeira coisa que se pode dizer é que não há aqui nenhuma base lógica, dedutiva. Se tenho uma pedra em
minha mão e a solto, espero que, como efeito, ela caia no solo. Mas poderia naturalmente pensar que ficasse
suspensa no ar ou voasse em direção ao céu.

Podem ser coisas impossíveis de acontecer, mas concebíveis pelo intelecto.

Isso significa que, por meio da razão, é impossível chegar da causa (a) para o efeito (b). São duas coisas comple-
tamente diferentes: a pedra se soltar da minha mão (a) e cair no solo (b).

Para relacionar duas impressões sensíveis, preciso primeiro tê-las, isto é, preciso ver a pedra caindo no solo para,
então, dizer com segurança que ela caiu porque eu a soltei de minha mão.

Diz Hume: "O intelecto jamais poderá encontrar o efeito numa suposta causa, mesmo pelo mais acurado estudo e
exame, porquanto o efeito difere radicalmente da causa, e por isso não pode de nenhum modo ser descoberto
nela (...). Uma pedra ou um pedaço de metal erguido no ar e deixado sem nenhum apoio cai imediatamente; mas
quem considera esse fato a priori poderá descobrir na situação alguma coisa que sugira a ideia de um movimento
para baixo e não para cima, ou qualquer outro movimento na pedra ou no metal?”.

Qual deve ser, então, o fundamento da causalidade e, assim, do conhecimento empírico? Para Hume, não há
nenhum, a não ser o costume, o hábito que temos, pelo fato de inúmeras vezes termos visto, anteriormente, pe-
dras caindo no solo e o Sol nascendo a cada manhã.

Esperamos que aconteça sempre a mesma relação causal devido a uma crença, de cunho psicológico e subjetivo.
Nunca podemos, portanto, ter certeza do que estamos dizendo a cerca de questões de fato.

Metafísicas Este é, em resumo, o argumento cético de Hume sobre a causalidade. Ele foi devastador para a filo-
sofia porque todas as metafísicas também apelam para esse tipo de relação causal para explicar o mundo. Por
exemplo:

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Deus existe porque é a causa de tudo que existe (Santo Tomás de Aquino) ou as ideias claras e distintas da razão
são causas de nossos conhecimentos sobre a natureza (Descartes).

Não que Hume fosse avesso à filosofia, pelo contrário. O que ele dizia é que tais sistemas filosóficos carecem de
amparo nas impressões sensíveis, são muito abstratos e usam métodos demonstrativos da matemática que não
servem de fundamento para questões de fato.

O que Hume queria era fazer uma espécie de "faxina" na filosofia, de modo a livrá-la de suas pretensões e ideias
estéreis. Assim, ele influenciou Immanuel Kant,Auguste Comte, filósofos pragmatistas como Charles Sanders
Peirce, os empiristas lógicos e a filosofia analítica, entre outras importantes correntes do pensamento contempo-
râneo.

Bibliografia

HUME, David. "Investigações sobre o Entendimento Humano". São Paulo: UNESP, 2004.
Aristóteles e o papel da razão: Nada está no intelecto antes de ter passado pelos sentidos.
Apesar de ter sido discípulo de Platão durante vinte anos, Aristóteles (384-322 a.C.) diverge profundamente de
seu mestre em sua teoria do conhecimento.
Isso pode ser atribuído, em parte, ao profundo interesse de Aristóteles pela natureza (ele realizou grandes pro-
gressos em biologia e física), sem descuidar dos assuntos humanos, como a ética e a política.
Para Aristóteles, o dualismo platônico entre mundo sensível e mundo das ideias era um artifício dispensável para
responder à pergunta sobre o conhecimento verdadeiro. Nossos pensamentos não surgem do contato de nossa
alma com o mundo das ideias, mas da experiência sensível. "Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos
sentidos", dizia o filósofo.

Isso significa que não posso ter ideia de um teiú sem ter observado um diretamente ou por meio de uma pesquisa
científica. Sem isso, "teiú" é apenas uma palavra vazia de significado. Igualmente vazio ficaria nosso intelecto se
não fosse preenchido pelas informações que os sentidos nos trazem.

Mas nossa razão não é apenas receptora de informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a
capacidade de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é no que ela tem de
essencial. Por exemplo, se digo que "todos os cavalos são brancos", vou deixar de fora um grande número de
animais que poderiam ser considerados cavalos, mas que não são brancos. Por isso, ser branco não é algo es-
sencial em um cavalo, mas você nunca encontrará um cavalo que não seja mamífero, quadrúpede e herbívoro.

O papel da razão.

Conhecer é perceber o que acontece sempre ou frequentemente. As coisas que acontecem de modo esporádico
ou ao acaso, como o fato de uma pessoa ser baixa ou alta, ter cabelos castanhos ou escuros, nada disso é es-
sencial. Aristóteles chama essas características de acidentes.

O erro dos sofistas (e de muita gente ainda hoje) é o de tomar algo acidental como sendo a essência. Através
desse artifício, diziam que não se pode determinar quem é Sócrates, porque se Sócrates é músico, então não é
filósofo, se é filósofo, então não é músico. Ora, Sócrates pode ser várias coisas sem que isso mude sua essência,
ou seja, o fato de ser um animal racional como todos nós.

Mas como nós fazemos para conhecer a definição de algo e separar a essência dos acidentes? Aí está o papel da
razão.

A razão abstrai, ou seja, classifica, separa e organiza os objetos segundo critérios. Observando os insetos, perce-
bo que eles são muito diferentes uns dos outros, mas será que existe algo que todos tenham em comum que me
permita classificar uma barata, um besouro ou um gafanhoto como insetos? Sim, há: todos têm seis pernas. Se
abstrairmos mais um pouco, perceberemos que os insetos são animais, como os peixes, as aves...

Ato ou potência

E poderíamos ir mais longe, separando o que é ser, do que não é. E aqui chegamos à outra grande contribuição
de Aristóteles: se o ser é e o não-ser não é, como dizia Parmênides, então como é possível o movimento?

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Segundo Aristóteles, as coisas podem estar em ato ou em potência. Por exemplo, uma semente é uma árvore em
potência, mas não em ato. Quando germina, a semente torna-se árvore em ato. O movimento é a passagem do
ato à potência e da potência ao ato.

Qual a causa?

Por outro lado, se as coisas mudassem completamente ao acaso, não poderíamos conhecê-las. Conhecer é saber
qual a causa de algo. Se tenho uma dor de estômago, mas não sei a causa, também não posso tratar-me. Conhe-
cendo a causa é possível saber não só o que a coisa é, mas o que se tornará no futuro.

Pois, se determinado efeito se segue sempre de uma determinada causa, então podemos estabelecer leis e re-
gras, tal como se opera nos vários ramos da ciência.

Existem quatro tipos de causas: a causa final, a causa eficiente, a causa formal e a causa material. Por exemplo,
se examinarmos uma estátua, o mármore é a causa material, a causa eficiente é o escultor, a causa formal é o
modelo que serviu de base para escultura e a causa final é o propósito, que pode ser vender a obra ou enfeitar a
praça.

Há uma hierarquia entre as causas, sendo a causa final a mais importante. A ciência que estuda as causas últi-
mas de tudo é chamada de filosofia. Por isso, a tradição costuma situar a filosofia como a ciência mais elevada ou
mãe de todas as ciências, por ser o ramo do conhecimento que estuda as questões mais gerais e abstratas.

Hermenêutica: A arte de interpretar o sentido da palavra do autor.

É comum ouvirmos os jovens se queixando da falta de compreensão dos pais e os pais, por sua vez, dizerem que
não entendem seus filhos.

Se problemas de compreensão surgem até mesmo entre pessoas de uma mesma família, o que dizer de pessoas
afastadas de nós por centenas ou milhares de anos? Como podemos ter certeza de que estamos interpretan-
do Platão ou uma passagem do Evangelho segundo a intenção de seu autor? Tais problemas constituem o objeto
de investigação da hermenêutica.

O termo "hermenêutica" remete ao deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, aquele que traz notícias. O
hermeneuta seria aquele que tanto transmite quanto interpreta uma mensagem, já que não é possível separar
uma coisa da outra. Por conseguinte, hermenêutica seria a arte de interpretar o sentido da palavra do autor, prin-
cipalmente de textos clássicos.

Para o filósofo Wilhelm Dilthey (1833-1911) a pergunta fundamental da hermenêutica é: "como é possível o com-
preender?" Ou seja, o que me torna capaz de compreender o que outra pessoa disse ou "quis dizer"? No caso das
ciências da natureza, a interpretação do cientista é algo a ser anulado para deixar os fatos falarem por si mesmos,
de modo a garantir a objetividade do conhecimento.

Nas ciências humanas, ocorre o processo inverso, é justamente a vivência do sujeito que permite atribuir uma
significação aos acontecimentos.

Compreendendo a mim e aos outros

Cada um de nós atribui um significado às nossas vivências construindo a nossa biografia individual, que é o que
permite que eu me reconheça quando olho as fotos de minha infância, por exemplo.

É também a minha biografia individual que permite que eu estabeleça uma conexão entre a vivência individual e a
existência coletiva, o que possibilita que eu compreenda os outros da mesma forma com que compreendo e inter-
preto as minhas próprias vivências.

Por exemplo, que se estivesse no lugar de outra pessoa em uma determinada situação teria feito isto ou aquilo.
Ao observar o modo de agir de alguém, eu posso compreender não só o que ele está fazendo, mas também o
sentido possível de sua ação, isto é, o que o sujeito pretende ao realizar tal ação.

Da mesma forma, quando observo a expressão de alguém, posso inferir se ela está triste, preocupada etc.

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Além do agir e da expressividade, a linguagem constitui o principal meio para se compreenderem as manifesta-
ções vitais.

É através dela que as vivências se exteriorizam permitindo que se tornem comuns, constituindo nosso mundo
cultural. As vivências são, portanto, o que possibilita nossa compreensão mútua, que nem sempre está isenta de
mal-entendidos.

Validade da interpretação

Como as pessoas interpretam os eventos segundo suas vivências, estas nem sempre correspondem as de outras
gerações ou culturas, levando aos erros de interpretação. O problema está, portanto, em estabelecer parâmetros
para saber quais interpretações são válidas e quais não são.

Sem tais parâmetros, poderíamos acabar achando que qualquer interpretação sobre um fato social ou histórico
seria igualmente válida.

Um outro complicador nessa questão é que, ao contrário das ciências naturais em que há a possibilidade de se
repetir um experimento, nas ciências humanas não há como "provar" que a interpretação é correta. Não se pode,
por exemplo, consultar os que já estão mortos para saber se concordam com a nossa interpretação, ou mesmo
garantir que um entrevistado esteja dizendo a verdade ao falar sobre suas memórias ou experiências.

Um parâmetro sugerido pelo filósofo Jürgen Habermas para garantir a objetividade de uma interpretação seria,
além do uso de métodos reconhecidos pela comunidade de historiadores ou cientistas sociais, a justificativa do
intérprete por ter escolhido essa hipótese e não aquela, além da explicitação dos pressupostos dos quais partiu.
"Círculo virtuoso"

Nas ciências humanas assim como nos diálogos cotidianos permanece sempre aberta a possibilidade de demons-
trar argumentativamente as razões para se compreender algo desta ou daquela maneira.

Através da crítica de outros estudiosos, podemos melhorar nossa compreensão do objeto e reconstruir a teoria em
um processo contínuo.

Tal processo foi denominado por Dilthey de "circulo virtuoso" em que partimos de uma compreensão provisória do
objeto, confrontamos os dados com a compreensão que tínhamos dele e alargamos nossa compreensão.
Isso tudo permite que nós, seres humanos, possamos compreender melhor a nossa arte, história, cultura e socie-
dade e se não resolve o problema da comunicação entre pais e filhos, ou entre povos de diferentes culturas, pelo
menos nos permite entender porque isso acontece.

Filosofia: para que serve?: O conhecimento sem finalidade utilitária.

Enquanto esperavam o próximo discurso na ágora, a praça das feiras e das discussões, os gregos do século 6
a.C. devem ter se perguntado: "Essa filosofia que apareceu por aí. Serve para quê?“

É próprio da filosofia perguntar, questionar, buscar explicações. Por que haveria ela de escapar à indagação sobre
sua própria existência? Ela, que tanto preza a interrogação, não poderia mesmo se furtar a seu próprio porquê.

Vinte e cinco séculos se passaram e a velha pergunta não cala: para que serve a filosofia? Na opinião da maior
parte das pessoas, no mundo utilitarista em que vivemos, tudo tem de ter uma razão de ser e uma finalidade. En-
tão, a resposta ainda é necessária. E ela seria: a filosofia não serve para nada!

Sem finalidade

Mas você já pensou que muitas outras coisas não têm finalidade específica e nem por isso são desimportantes? A
arte, por exemplo, serve para quê? Qual a finalidade da natureza, do mundo físico? Não é por não serem utilitá-
rias que a arte, a natureza e também a filosofia deixam de ter sua razão de ser.

Se você já estuda filosofia na escola, deve estar se perguntando: "Por que estou lendo sobre filosofia, se ela não
serve para nada? Para que vai me servir isso?" Você acaba de se questionar. Talvez tenha arranjado uma respos-

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ta, mesmo que provisória, e outra pergunta surgiu. É assim que se começa a filosofar. Perguntando sobre o mun-
do, sobre si e o outro.

O que sou?

O que sou? Essa é uma das primeiras perguntas que surgem para quem quer filosofar. Quer continuar? Pois sai-
ba que vai se iniciar uma história de perguntas sem fim. Veja como Marilena Chauí, filósofa brasileira, descreve o
pensamento filosófico:

"Eu imagino que a filosofia busca uma atitude precisa: perguntar. E perguntar, não para encontrar imediatamente
respostas. Perguntar para que respostas sejam dadas e voltar a fazer perguntas sobre as respostas que foram
dadas. É nunca abrir mão da atitude crítica, sabendo que é uma atitude desgraçada, na medida em que não tere-
mos nunca a vantagem de quem, em um navio, possui um mapa, uma bússola, todos os aparelhos eletrônicos, de
tal modo que o piloto possa até mesmo dormir e o navio vá sozinho para o seu destino. A ideia de assumir até o
fim um pensamento crítico é aceitar que navegamos sem mapa, sem bússola, no máximo talvez com uma estrela,
e que essa estrela seja: continuar perguntando." (in, Lorieri e Rios, 2004, págs.29-30).

"Só sei que nada sei"

Isso lhe parece desesperador? Pense bem. Se quer continuar no caminho da filosofia, vai precisar se distanciar
um pouco das certezas. A filosofia não lhe trará segurança a respeito de muita coisa. Sócrates, por exemplo, dizia:
"Só sei que nada sei".

Ele punha por terra tudo o que julgava mais certo, para então construir o seu conhecimento. Se você for aceitar o
desafio de filosofar, vai perceber que a filosofia é assim meio fugidia, atiça nossas incertezas. Ela é sedutora co-
mo as sereias que quase encantaram Ulisses na "Odisseia".

Mas, ao contrário do que acontece nessa história, a filosofia não põe em risco a aventura de navegar, sem mapas
nem bússolas.

Hora de filosofar

1) Sabia que, a partir de 2008, apesar de sua "insignificância", a filosofia e a sociologia voltarão oficialmente a
fazer parte do currículo de todas as escolas públicas brasileiras?
2) "A natureza virou recurso - demos-lhe essa finalidade - e nunca antes ela esteve tão próxima do fim".
Os termos fim e finalidade têm o mesmo significado? Explique.
3) A questão ambiental é um dos assuntos mais urgentes, também para a filosofia. Imagine que você está no ano
de 2057 e vê que o meio ambiente foi irreversivelmente devastado. Você irá viajar no tempo de volta para 2007
portando:

a) um relatório com a descrição do que viu; e


b) uma lista com dez iniciativas para que você e sua geração possam se antecipar ao problema da devastação
ambiental.
c) Envie um correio eletrônico com o relatório e a lista para três colegas. Convide-os a fazer essa atividade. Peça
que depois enviem a você o relatório e a descrição que fizeram. Observe as coincidências nos trabalhos de cada
um.

Conhecer o mundo: Mitologia, religião, ciência, filosofia, senso comum.

Há muitos modos de se conhecer o mundo, que dependem da situação do sujeito diante do objeto do conheci-
mento. Ao olhar as estrelas no céu noturno, um índio caiapó as enxerga a partir de um ponto de vista bastante
diferente do de um astrônomo.

O caiapó vê nas estrelas as fogueiras que alguns de seus deuses acendem no céu para tornar a noite mais clara.
O cientista vê astros que têm luz própria e que formam uma galáxia. O índio compreende e conhece as estrelas a
partir de um ponto de vista mitológico ou religioso. O astrônomo as compreende e conhece a partir de um ponto
de vista científico.

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A mitologia, a religião e a ciência são formas de conhecer o mundo. São modos do conhecimento, assim como
o senso comum, a filosofia e a arte. Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo, desven-
da os segredos do mundo, explicando-o ou atribuindo-lhe um sentido. Vamos examinar mais de perto cada uma
dessas formas de conhecimento.

O mito e a religião

O mito proporciona um conhecimento que explica o mundo a partir da ação de entidades - ou seja, forças, energi-
as, criaturas, personagens - que estão além do mundo natural, que o transcendem, que são sobrenaturais.

Veja, por exemplo, o mito através do qual os antigos gregos explicavam a origem do mundo:

No princípio era o Caos, o Vazio primordial, vasto abismo insondável, como um imenso mar, denso e profundo,
onde nada podia existir.

Dessa oca imensidão sem onde nem quando, de um modo inexplicável e incompreensível, emergiram a Noite
negra e a Morte impenetrável. Da muda união desses dois entes tenebrosos, no leito infinito do vácuo, nasceu
uma entidade de natureza oposta à deles, o Amor, que surgiu cintilando dentro de um ovo incandescente.

Ao ser posto no regaço do Caos, sua casca resfriou e se partiu em duas metades que se transformaram no Céu e
na Terra, casal que jazia no espaço, espiando-se em deslumbramento mútuo, empapuçados de amor. Então, o
Céu cobriu e fecundou a Terra, fazendo-a gerar muitos filhos que passaram a habitar o vasto corpo da própria
mãe, aconchegante e hospitaleiro.

Assim como o mito, a religião, ou melhor, as religiões também apresentam uma explicação sobrenatural para o
mundo. Para aderir a uma religião, é obrigatório crer ou ter fé nessa explicação. Além disso, é uma parte funda-
mental da crença religiosa a fé em que essa explicação sobrenatural proporciona ao homem uma garantia de sal-
vação, bem como prescreve maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que são os ritos, os sacra-
mentos e as orações.

Antes de seguir em frente, convém esclarecer que não vem ao caso discutir aqui a validade do conhecimento
religioso. Em matéria de provas objetivas, se a religião não tem como provar a existência de Deus, a ciência tam-
bém não tem como provar a Sua inexistência.

E, a propósito disso, vale a pena apresentar uma outra narrativa filosófica:

Certa vez, um cosmonauta e um neurologista russos discutiam sobre religião. O neurologista era cristão, e o cos-
monauta não.

“Já estive várias vezes no espaço”, gabou-se o cosmonauta, “e nunca vi nem Deus, nem anjos”.
“E eu já operei muitos cérebros inteligentes”, respondeu o neurologista, “e também nunca vi um pensamento”.

O mundo de Sofia, Jostein Gaardner, Cia. das Letras, 1995.

A ciência

A ciência procura descobrir como a natureza "funciona", considerando, principalmente, as relações de causa e
efeito. Nesse sentido, pretende buscar o conhecimento objetivo, isto é, que se baseia nas características do obje-
to, com interferência mínima do sujeito. Veja, por exemplo, a seguinte descrição científica:

O coração é um músculo oco, em forma de cone achatado com a base virada para cima e a ponta voltada para
baixo, do tamanho aproximado de um punho fechado. O músculo cardíaco é chamado de miocárdio. Sua superfí-
cie interna é recoberta por uma membrana delgada, o endocárdio.

Sua superfície externa tem um invólucro fibro-seroso, o pericárdio.

Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998

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Quando se fala em "mínima interferência do sujeito", quer se dizer que a descrição de coração proposta acima é
válida independentemente do estudioso de anatomia que a formulou.

A definição tradicional de ciência pressupõe que ela seja um modo de conhecimento com absoluta garantia de
validade.

A ciência moderna já não tem a pretensão ao absoluto, mas ao máximo grau de certeza.

Quanto à garantia de validade, ela pode consistir:

Na descrição, conforme o exemplo acima; Na demonstração, como no caso de um teorema matemático;


Na corrigibilidade, ou seja, na possibilidade de corrigir noções e conceitos, a partir dos avanços da própria ciência.
Finalmente, é importante esclarecer que a aplicação da ciência resulta na tecnologia, ou no conhecimento tecno-
lógico.

O senso comum O senso comum ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo, baseada na
opinião, que não inclui nenhuma garantia da própria validade. Para alguns filósofos, o senso comum designa as
crenças tradicionais do gênero humano, aquilo em que a maioria dos homens acredita ou devem acreditar.

A mais completa tradução do senso comum talvez sejam os ditados populares. A título de exemplo, eis alguns:
“Cada cabeça, uma sentença.“ “Quem desdenha quer comprar.“ “Quem ri por último ri melhor.“ “A pressa é a ini-
miga da perfeição.“ “Se conselho fosse bom, não era dado de graça.“

A filosofia Para Platão, a filosofia é o uso do saber em proveito do homem. Isso implica a posse ou aquisição de
um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível; e também o uso desse co-
nhecimento em benefício do homem. Essa definição, porém, exige a uma definição de benefício, que por sua vez
exige uma definição de Bem.

Para saber o que é o Bem, entretanto, também é necessário descobrir o que é a Verdade.

Alguns filósofos, definem a filosofia como a busca do Bem, da Verdade, do Belo e de como os homens podem
conhecer essas três entidades.

Portanto, a filosofia toma para si a árdua tarefa de debater problemas ou especular sobre problemas que ainda
não estão abertos aos métodos científicos: o bem e o mal, o belo e o feio, a ordem e a liberdade, a vida e a morte.

Vamos a um exemplo de texto filosófico, em que um filósofo norte-americano, John Dewey, procura refletir justa-
mente sobre o que é senso comum:

Visto que os problemas e as indagações em torno do senso comum dizem respeito às interações entre os seres
vivos e o ambiente, com o fim de realizar objetos de uso e de fruição, os símbolos empregados são determinados
pela cultura corrente de um grupo social. Eles formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais
prático que intelectual. Esse sistema é constituído por tradições, profissões, técnicas, interesses e instituições
estabelecidas no grupo.

As significações que o compõem são efeito da linguagem cotidiana comum, com a qual os membros do grupo se
intercomunicam.

Lógica, VI, 6, J. DeweyTradicionalmente, a filosofia se divide em cinco áreas:

Lógica, que estuda o método ideal de pensar e investigar; Metafísica, que estuda a natureza do Ser (ontologia), da
mente (psicologia filosófica) e das relações entre a mente e o ser no processo do conhecimento (epistemologia);
Ética, que estuda o Bem, o comportamento ideal para o ser humano;
Política, que estuda a organização social do homem;
Estética, que estuda a beleza e que pode ser chamada de filosofia da Arte.

Convém concluir lembrando que a ciência e o pensamento científico se originaram com a filosofia na Grécia da
Antiguidade. Com o passar do tempo, certas áreas da especulação filosófica, como a matemática, a física e a
biologia ganharam tal especificidade que se separaram da filosofia.

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A arte O conhecimento proporcionado pela arte não nos dá o conhecimento objetivo de uma coisa qualquer, mas
o de um modo particular de compreendê-la, um modo que traduz a sensibilidade do artista. Trata-se, portanto, de
um conhecimento produzido pelo sujeito e pela subjetividade.

Veja por exemplo o seguinte soneto, escrito pelo poeta bahiano do século 17,Gregório de Matos, no qual ele dá a
sua "visão" do braço de uma imagem do Menino Jesus que havia sido quebrada por holandeses protestantes,
quando da invasão da cidade de Salvador:

O todo sem a parte não é todo;


A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.
Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte
Em qualquer parte sempre fica todo.
O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.

Filosofia antiga: Quadro relaciona os principais filósofos da Antiguidade.

PRÉ-SOCRÁTICOS

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FILOSOFIA CLÁSSICA.

FILOSOFIA HELENÍSTICA.

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