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SOFISTAS

A característica básica da cultura e do pensamento grego nos séculos V e IV a.C. foi o Humanismo: a preocupação
com a valorização do homem. Os filósofos se interessavam no homem e em sua sabedoria, moralidade e direitos.
A filosofia grega passou a se preocupar fundamentalmente com o homem; é o caso, por exemplo, dos sofistas –
Protágoras tendo sido o mais notável deles. Esses filósofos eram, acima de tudo, professores.

Como estudamos em História, a democracia ateniense era direta, enquanto hoje, nas sociedades ocidentais, prevalece
a democracia exercida através de representantes. No tempo de Péricles, os cidadãos se reuniam no Ágora (praça)
para conduzir os assuntos da Polis. O governo era, dessa maneira, “do cidadão e pelo cidadão”. As assembleias
populares eram comícios ao ar livre que agrupavam todos os cidadãos masculinos maiores de 18 anos.

As decisões aí tomadas representavam a palavra final nos tratados, na economia, no ordenamento jurídico, nas obras
públicas, na paz e na guerra, em suma, em todas as atividades administrativas. Essas reuniões eram cotidianas e
todos tinham o direito de fazer uso da palavra. Assim, a oratória tornou-se indispensável para o convencimento das
massas. Se o Ágora era o espaço geográfico do poder, nele imperava o Logos (a palavra). A democracia ateniense,
dessa maneira, gerou os demagogos (“demos”: povo; “gogos”: condutor), líderes que buscavam persuadir e seduzir
politicamente a população. Os demagogos tinham como mestres os sofistas, os primeiros professores pagos na
história da humanidade. Eles instruíam os jovens na arte de governar. O caminho era pela oratória.

O período filosófico grego, que abrangeu todo século V a.C., foi constituído pelos sofistas. Foi mencionado acima que
os sofistas foram os primeiros professores pagos. Alguns dos principais sofistas foram Protágoras, Górgias e Pródico.
Era uma cresça tradicional grega que suas cidades tinham recebido suas leis de alguma divindade, protetora da
cidade. Acreditavam também que o bom (a felicidade) constituía-se em conformar suas vidas a tais leis, aceitas como
divinas e eternas. Os sofistas questionaram e abalaram tal crença.

O termo sofismo deriva da palavra grega “sophos” ou “Sophia”, que quer dizer sabedoria.
A sofística, escola filosófica nascida em Atenas, defendia o “mundo da realidade” e o relativismo do conhecimento, ou
seja, a verdade é aquilo que é útil para a tomada e a manutenção do poder e para a ação humana.

Os sofistas correspondem aos filósofos que pertenceram à “Escola Sofística” (IV e V a.C).
Composta por um grupo de sábios e eruditos itinerantes, eles dominavam técnicas de retórica e discurso, e estavam
interessados em divulgar seus conhecimentos em troca do pagamento de taxa pelos estudantes ou aprendizes.
Os sofistas rompem com a tradição pré-socrática, ao criticar os costumes e tradições da sociedade ateniense da
época.
Note que a palavra “sofista”, de origem grega, “ sophistes”, corresponde a um termo derivado de “ sophia”, ou seja,
sabedoria.

Dessa maneira, os jovens bem-nascidos, buscavam os sofistas interessados em adquirir conhecimentos e


especialmente o “aretê”, conceito grego que denota nobreza, excelência e virtude e, no caso dos sofistas a união dos
conhecimentos gerais indispensáveis (mais precisamente nas áreas da oratória, retórica, ciência, música e filosofia),
uma vez que na Grécia Antiga, a função política, muito destacada, dependia do bom uso da palavra.

Os sofistas negam a existência da verdade, ou pelo menos a possibilidade de acesso a ela. Para os sofistas, o que
existe são opiniões: boas e más, melhores e piores, mas jamais falsas e verdadeiras. Na formulação clássica de
Protágoras, “o homem é a medida de todas as coisas”.

PERÍODO
O período clássico da história da Grécia Antiga, séculos Va. C. ao IV a.C. Foi nesse período, que viveram os sofistas.
Esse período é caracterizado pelo auge da cultura grega, o desenvolvimento da pólis grega, pela consolidação da
democracia grega e pelo fato da Atenas ter se tornado o principal centro político, econômico, artístico e filosófico, do
mundo helênico. Esse período é marcado pelo início da fase antropológica, ou seja, uma reflexão filosófica voltada às
questões humanas, seus precursores foram os sofistas.
PRINCIPAIS SOFISTAS
Protágoras de Abdera (492-422 a.C.) declara o princípio do homem-medida, densamente contido em sua sentença
segundo a qual “o homem é a medida de todas as coisas, das que são pelo que são e das que não são pelo que não
são”.

É imprescindível registrar que a referência de Protágoras, em seu enunciado, não é o ser humano como sujeito
universal do conhecimento, a espécie humana que encontra em si mesma conhecimentos idênticos e acessíveis a
todos os indivíduos. Trata-se do ser humano singular, individual, o que significa que o verdadeiro para um indivíduo
pode ser falso para outro. Constata-se, assim, uma atitude gnosiológica relativista desse filósofo.

O sofista Górgias de Leontinos (485-380 a.C.), em seus escritos intitulados Sobre a natureza e sobre o não
ser, explicita suas concepções filosóficas, que devem ser compreendidas em sua radical oposição à tradição
ontológica eleática, inaugurada pelo pré-socrático Parmênides, para a qual o ser é, e o não ser não é. Esse sofista
rejeita integralmente a cosmologia parmenidiana, mediante a articulação de três teses: o ser não existe; caso o ser
existisse, não seria cognoscível; e caso o ser fosse objeto de conhecimento, não seria possível comunicá-lo pela
linguagem.

QUESTÕES
01) Na Grécia antiga, principalmente na cidade de Atenas no século V a.C., desenvolveu-se uma corrente de
pensadores conhecidos como sofistas. Tidos como “sábios”, eram pagos para ensinar os jovens principalmente a arte
da argumentação.

Abaixo, julgue “V” para as afirmativas verdadeiras, e “F” para as falsas:

__Os sofistas não acreditavam na verdade absoluta, para eles o importante era conseguir convencer os outros de suas
ideias.
__Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas
(discursos) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação.
__O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de
argumentação.
__A conhecida frase "o homem é a medida de todas as coisas" surgiu dos ensinamentos sofistas.
__Uma das mais famosas doutrinas sofistas é a teoria do contra-argumento. Eles ensinavam que todo e qualquer
argumento poderia ser refutado por outro argumento, e que a efetividade de um dado argumento residiria na
verossimilhança (aparência de verdadeiro, mas não necessariamente verdadeiro) perante uma dada plateia.

02) Grupo de filósofos que se dedicavam a ensinar técnicas de persuasão para os jovens de modo que, numa
assembleia eles tivessem preparados para vencer os debates com argumentos fortes e imbatíveis. Esta afirmação
caracteriza os filósofos que são historicamente conhecidos como:

A) Sofistas.
B) Pré-socráticos.
C) Socráticos.
D) Platônicos.

03) Os sofistas foram mestres da oratória, que vendiam para os cidadãos suas habilidades com o discurso,
fundamental para a política. Assim, defendiam a opinião de quem lhes pagasse bem. Acreditavam que a verdade não
era absoluta, mas é fruto das construções humanas. Os principais foram Górgias, Protágoras e Hipías. Para eles, como
afirma a frase de Protágoras, ‘o homem é a medida de todas as coisas’. Por isso não existiriam coisas como o frio real.
O frio é frio apenas para quem o sente, também não existiriam um sentimento natural de pudor, ou a verdade que
Sócrates tanto procurava. A partir do que vimos em sala de aula escolha a alternativa correta.
A) Os sofistas buscavam a construção de uma política de ordem retórica, baseando-se normalmente nos interesses de
quem defendia os vários pontos de vista possíveis.
B) De acordo com os sofistas, todos nós poderíamos chegar a uma ética universal de caráter político.
C) O que importava na realidade para os sofistas políticos era a construção de uma sociedade mais rica.
D) Os sofistas eram amigos de Sócrates e, por isso, buscavam a verdade universal dentro de cada homem.

04) O filme “Sócrates”, de Rossellini mostra o final da vida de Sócrates, em especial seu julgamento e sua condenação
à morte. Quais foram as acusações que levaram Sócrates a ser condenado pela assembleia ateniense?
A) De disseminar o diálogo filosófico e de corromper a juventude.
B) De criticar o governo dos tiranos e ensinar os jovens a pensar por si mesmo.
C) De cobrar por seus ensinamentos e criticar o trabalho feito pelos sofistas.
D) De não acreditar nos deuses da cidade de Atenas e de corromper a juventude.

05) Um discípulo de Sócrates foi até o Oráculo de Delfos perguntar à Pitonisa (sacerdotisa do templo de Apolo) quem
era o homem mais sábio de Atenas. A sacerdotisa disse que o homem mais sábio de Atenas era Sócrates. Entretanto,
ao saber da revelação do oráculo, Sócrates ficou surpreso, pois não se considerava um sábio. Depois de muito refletir,
o filósofo compreendeu o anúncio dos deuses. Assinale a alternativa que corresponda a conclusão que o filósofo
chegou com a afirmação divina:
A) Sócrates era pretensioso, e como sábio que era, reconhecia a ignorância dos outros.
B) Sócrates concluiu que era o mais sábio de Atenas, pois os seus interlocutores nunca conseguiam responder
adequadamente aos seus questionamentos.
C) Sócrates concluiu que era o homem mais sábio de Atenas, pois talvez fosse o único que reconhecia a sua
ignorância e buscava constantemente a sabedoria.
D) Sócrates concluiu que era o homem mais sábio de Atenas, pois acreditava nos deuses totalmente, não admitindo
que eles tenham se enganado ou mentido.

06. Tem como significado "dar a luz (parto)" intelectual, da procura da verdade no interior do ser humano. Sócrates
conduzia este parto em dois momentos: no primeiro, ele levava os seus discípulos ou interlocutores a duvidar de seu
próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto; no segundo, Sócrates os levava a conceber, de si
mesmos, uma nova ideia, uma nova opinião sobre o assunto em questão. A este exercício filosófico chamamos de:

A) Ironia socrática.
B) Maiêutica.
C) Sofisma.
D) Dialética.

07. Certa vez, o filósofo romano Cícero disse que “Sócrates trouxe a filosofia do céu para a terra”. Assinale a
alternativa que corresponde a melhor explicação para essa afirmação.

A) Antes de Sócrates, a filosofia era cosmológica, isto é, tratava de explicar o mundo sobre a visão do cosmos e dos
deuses. Com Sócrates inaugura-se a filosofia antropocêntrica, isto é, o homem como sendo o centro das investigações
filosóficas. O filósofo preferiu prestar atenção à política e a forma de interação do homem em sociedade.
B) Que Sócrates era um filósofo que vivia “no mundo das nuvens”, sem se preocupar com as coisas da cidade e de sua
família.
C) Exprime exatamente o caráter da investigação socrática. Ela tem por objeto exclusivamente a origem da vida e do
mundo e não a comunidade em que vive.
D)Nenhuma das alternativas.

08. Sócrates foi um dos mais importantes filósofos da antiguidade. Para ele, a filosofia não era um simples conjunto de
teorias, mas uma maneira de viver. Sobre o pensamento e a vida de Sócrates, assinale o que for incorreto:

A) Sócrates acreditava que deveria passar a vida filosofando, isto é, examinar a si mesmo e a conduta moral das
pessoas.
B) Nas conversações que mantinha nos lugares públicos da Atenas do século V a.C., Sócrates repetia nada saber
para, assim, não responder às questões que formulava e motivar seus interlocutores a darem conta de suas opiniões.
C) Em polêmica com Aristóteles, para quem a cidade nasce de um acordo ou de um contrato social, Sócrates escreveu
a República.
D) O exercício da filosofia, para Sócrates, consistia em questionar e em investigar a natureza dos princípios e dos
valores que devem governar a vida. Assim se comportando, Sócrates contraiu inimizades de poderosos que o
executaram sob a acusação de impiedade e de corromper a juventude.

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