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Resumo de Sofistas, Sócrates e Platão

1. Sofistas

Os sofistas correspondem aos filósofos que pertenceram à “Escola Sofística” (IV e V a.C).
Composta por um grupo de sábios e eruditos itinerantes, eles dominavam técnicas de retórica e
discurso, e estavam interessados em divulgar seus conhecimentos em troca do pagamento de
taxas pelos estudantes ou aprendizes.
Os sofistas rompem com a tradição pré-socrática, ao criticar os costumes e tradições da
sociedade ateniense da época.
Note que a palavra “sofista”, de origem grega, “sophistes”, corresponde a um termo derivado de
“sophia”, ou seja, sabedoria.

Dessa maneira, os jovens bem-nascidos, buscavam os sofistas interessados em adquirir


conhecimentos e especialmente o “aretê”, conceito grego que denota nobreza, excelência e
virtude e, no caso dos sofistas a união dos conhecimentos gerais indispensáveis (mais
precisamente nas áreas da oratória, retórica, ciência, música e filosofia), uma vez que na
Grécia Antiga, a função política, muito destacada, dependia do bom uso da palavra.

a) Sofistas e Sócrates

Em contraposição ao conceito de “Dialética” e da “Maiêutica” determinado pelo filósofo grego


Sócrates (470 a.C-399 a.C), os sofistas negam a existência da verdade, de modo que ela surge
por meio do consenso entre os homens.

Assim, para Sócrates, a “Maiêtica” que significa literalmente “dar à luz”, é um método de
argumentação, indicado para desvendar o conhecimento humano, como se ele estivesse
latente.

Dessa forma, o filósofo se opôs à “Escola Sofística” e, sobretudo, aos mestres da oratória, uma
vez que cobravam preços muito altos para disseminação do conhecimento.

Em outras palavras, se o sofista acredita nas coisas particularmente, de modo que cada
indivíduo tem sua visão, eles refutam, para ganhar o debate verbal, enquanto Sócrates, que
parte do pressuposto da existência do conceito absoluto de cada coisa, refuta, para assim,
purificar a alma de sua ignorância.
A despeito de terem sido combatidos por Sócrates, os sofistas foram criticados também pelos
filósofos gregos: Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) e Platão (428 a.C.-347 a.C.). De acordo com
Platão, os sofistas não eram considerados filósofos e sim mercenários.

b) Principais Sofistas Gregos


Os principais mestres da oratória da Grécia Antiga foram:

I. Protágoras

Um dos maiores representantes do sofismo, Protágoras, nasceu em Abdera, região da


Trácia, por volta de 481 a.C.

Foi um importante filósofo, acusado de ateísmo e por isso, teve de fugir para a Sicília,
onde morreu por volta dos 70 anos, cerca de 420 a.C.

Ficou conhecido pela célebre frase, que, de certa maneira, aponta para o relativismo da
filosofia: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são,
das coisas que não são, enquanto não são.”

II. Górgias

Górgias, nasceu em Leontinos, na Sicília, por volta de 483 a.C. e morreu em Lárissa,
cerca de 380 a.C.

Foi um filósofo grego que, junto à Protágoras, formou a primeira geração de sofistas.
Destacou-se como orador e retórico, de modo que confiava na objetividade da
elocução; segundo ele: “A persuasão aliada às palavras modela a mente dos homens
como quiser”. Durante sua vida, esteve muito interessado em divulgar seu
conhecimento, o que o levou a discursar em várias cidades e, sobretudo, nos grandes
centros pan-helênicos como Olímpia e Delfos. Teve uma vida longa (cerca de 100
anos), sendo nomeado Embaixador de Atenas, com aproximadamente 60 anos.

III. Hipías

Hípias de Elis (por volta de 430 a.C.- 343 a.C.), nasceu em Elis, cidade na costa
mediterrânica. Um dos mais famosos mestres sofistas, foi uma figura multifacetada,
sendo um hábil orador grego, além de se destacar nas áreas do artesanato, astronomia,
matemática e história.
Com seu trabalho, conseguiu obter muitos lucros, tornando-se um homem rico e
respeitado. Criador do método da "Mnemotécnica" (arte da memória), foi nomeado
Embaixador de sua cidade natal.

2. Sócrates
Sócrates (470 a.C.-399 a.C.) foi um filósofo grego, mesmo não sendo o primeiro filósofo da
história, é reconhecido como o "pai da filosofia" por representar o grande marco da filosofia
ocidental.

a) Biografia de Sócrates

*Sócrates

Sócrates (c. 469-399 a.C.) nasceu em Atenas, que em meados do século V a.C. tornou-se a
metrópole da cultura grega.
Da sua infância pouco se sabe para além de sua origem pobre. Ele era filho de um escultor,
Sofronisco, e uma parteira, Fenarete, da qual Sócrates pegaria a ideia do parto para sua forma
de fazer filosofia.

Homem feito, chamava atenção não só pela sua inteligência, mas também pela estranheza de
sua figura e seus hábitos. Corpulento, olhos saltados, vestes rotas e pés descalços, era
considerado o homem mais feio de Atenas. Costumava ficar horas mergulhado em seus
pensamentos. Quando não estava meditando solitário, conversava com seus discípulos,
procurando ajudá-los na busca da verdade.

Nessa época, iniciou a segunda fase da filosofia grega, conhecida como socrática ou
antropológica, onde Sócrates foi o principal filósofo desse período da filosofia antiga. Nessa
fase, os filósofos passaram a se preocupar com os problemas relacionados ao indivíduo e a
organização da humanidade.

Passaram a perguntar: O que é verdade? O que é o bem? O que é a justiça?, uma vez que na
primeira fase da filosofia grega a preocupação era com a origem do mundo, fase que ficou
conhecida como período pré-socrático da filosofia.
b) Principais Ideias de Sócrates

Ruínas do Oráculo de Delfos, templo do deus Apolo. Em sua entrada, lia-se "conhece-te a ti mesmo"

Para Sócrates, existiam verdades universais, válidas para toda a humanidade em qualquer
espaço e tempo. Para encontrá-las, era necessário refletir sobre elas. Essa percepção da
verdade como alcançável é um fator de diferenciação entre Sócrates e os sofistas.

O princípio da filosofia de Sócrates estava na frase "Conhece-te a ti mesmo", um oráculo


universal dado pelo deus Apolo na mitologia grega. Antes de lançar-se em busca de qualquer
verdade, o homem precisa se autoanalisar e reconhecer sua própria ignorância.

O próprio Sócrates ao consultar o Oráculo de Delfos recebeu a mensagem de que ele era o
mais sábio entre os gregos.

Sócrates percebeu que ele era sábio porque, dentre os sábios, era o único que julgava não
saber e buscava o verdadeiro conhecimento. Da afirmação de sua própria ignorância faz surgir
sua mais célebre frase:

"Só sei que nada sei."


A partir desta ideia, é desenvolvido o Método Socrático. O filósofo inicia uma discussão e
conduz seu interlocutor ao reconhecimento de sua própria ignorância através do diálogo: é a
primeira fase de seu método, chamada de ironia ou refutação.

Na segunda fase, a "maiêutica" (técnica de trazer à luz), Sócrates solicita vários exemplos
particulares do que está sendo discutido.

Por exemplo, ao ser questionado sobre a coragem, desenvolve um diálogo com um general
muito respeitado por sua atuação em guerras. O general (Laques) lhe dá exemplos de atos
corajosos. Não satisfeito, Sócrates analisa esses casos para descobrir o que é comum a todos
eles.

Esse algo comum poderia representar o conceito de coragem, a essência dos atos heroicos,
que existirá em qualquer ato corajoso, independente das circunstâncias que o cercam.

A "técnica de trazer à luz" pressupõe uma crença de Sócrates, segundo a qual a verdade está
no próprio homem, mas ele não pode atingi-la porque não só está envolto em falsas ideias, em
preconceitos, como está desprovido de métodos adequados. Derrubado esses obstáculos,
chega-se ao conhecimento verdadeiro, que Sócrates identifica como virtude, contraposta ao
vício, o qual se deve unicamente à ignorância.

Ninguém faz o mal voluntariamente.


c) A Morte de Sócrates

Cercado de amigos e seguidores em profunda tristeza, Sócrates recebe o cálice com cicuta após condenação à
morte

Sócrates era uma figura célebre de Atenas. Por onde ia, carregava consigo uma imensa
quantidade de seguidores e discípulos, sobretudo jovens. Em seus encontros com figuras
respeitadas da polis grega, por conta de seu método, acabava expondo e irritando seus
interlocutores.

Esse comportamento deu a Sócrates inimigos entre as figuras mais poderosas de Atenas. Em
pouco tempo, o filósofo foi acusado de corromper a juventude e atentar contra os deuses
gregos. Seu julgamento foi realizado em duas partes. Na primeira, a votação sobre sua culpa
ou inocência teve uma margem apertada a favor de sua condenação (280 a 220).

Posteriormente, Sócrates propôs como pena alternativa o pagamento de uma multa. Essa pena
é amplamente recusada e a condenação é a favor da pena capital (360 a 141).

Sócrates aceita o julgamento e despede-se com a frase:

"É a hora de irmos: eu para a morte, vós para as vossas vidas; quem terá a melhor sorte? Só
os deuses sabem."
d) O legado de Sócrates

Sócrates não deixou obra escrita, achava mais eficiente o intercâmbio de ideias, mediante
perguntas e respostas entre duas pessoas e acreditava que a escrita enrijecia o pensamento.

São quatro as fontes básicas para o conhecimento de Sócrates: o filósofo Platão, seu discípulo,
em cujos Diálogos o mestre figura sempre como personagem central. A segunda fonte é o
historiador Xenofonte, amigo e frequentador assíduo das reuniões em que Sócrates
participava.

O dramaturgo Aristófanes cita Sócrates como personagem em algumas de suas comédias, mas
sempre o ridiculariza. A última fonte é Aristóteles, discípulo de Platão, e que nasceu 15 anos
após a morte de Sócrates. Essas fontes nem sempre são coerentes entre si.

3. Platão
Platão (428 a.C.-347 a.C.) foi filósofo grego, considerado um dos principais pensadores de sua
época.

Discípulo de Sócrates, procurava transmitir uma profunda fé na razão e na verdade, adotando o


lema de Sócrates "o sábio é o virtuoso".

Escreveu diversos diálogos filosóficos, entre eles "A República", obra dividida em dez volumes.
a) Biografia de Platão

Escultura do rosto de Platão.

Platão nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 428 a.C. De família nobre, estudou leitura,
escrita, música, pintura, poesia e ginástica.

Excelente atleta, participou dos Jogos Olímpicos como lutador. Desejava fazer carreira política,
mas, muito cedo, tornou-se discípulo de Sócrates, com quem aprendeu a discutir os problemas
do conhecimento do mundo e das virtudes humanas.

Quando Sócrates morreu, desiludiu-se com a política e dedicou-se à filosofia. Resolveu


eternizar os ensinamentos do mestre, que não havia redigido nenhum livro, escreveu vários
diálogos onde a figura principal é Sócrates.

Platão opôs-se à democracia ateniense e abandonou sua terra. Viajou para Megara, onde
estudou Geometria, foi ao Egito, onde se dedicou à Astronomia, em Cyrene (Norte da África) ,
dedicou-se à matemática, em Crotona (Sul da Itália) e reuniu-se com os discípulos de
Pitágoras.
Esses estudos deram-lhe a formação intelectual necessária para formular suas próprias teorias,
aprofundando os ensinamentos de Sócrates e a filosofia grega.

Quando voltou à Atenas, por volta de 387 a.C., fundou sua escola filosófica "Academia", onde
reunia seus discípulos para estudar Filosofia, Ciências, Matemática e Geometria.

Tal foi a influência de Platão, que sua Academia subsistiu, mesmo após sua morte. Em 529, o
imperador romano Justiniano mandou fechar a Academia, mas a doutrina platônica já tinha sido
amplamente difundida. O Platonismo designa o conjunto das ideias de Platão.

b) Obras de Platão

Das obras de Platão, cerca de trinta chegaram até nossos dias. As mais célebres foram
escritas sob a forma de diálogo:

República (dez volumes)


Protágoras
Apologia
Fedro
Timon
Banquete
Ele estava empenhado em um grande tratado - "As Leis", quando morreu, no ano de 347 a.C.

c) A Sociedade Ideal e a República de Platão


Aplicando sua filosofia, Platão imaginou na "República", uma sociedade ideal dividida em três
classes, considerando a capacidade intelectual de cada indivíduo.

A primeira camada, mais presa às necessidades do corpo, seria encarregada da produção e


distribuição de gêneros para toda a comunidade: lavradores, artífices e comerciantes. A
segunda classe, mais empreendedora, se dedicava à defesa: os soldados. A classe superior,
capacitada para servir-se da razão, seria a dos intelectuais, com poder político, assim os reis
teriam de ser escolhidos entre os filósofos.
d) Platão e o Mito da Caverna

Representação do Mito da Caverna

Platão escreveu em forma de diálogo, no livro VII da "República", a história "mito da caverna",
onde relata a vida de alguns homens que desde a infância se encontram aprisionados em uma
caverna, com uma pequena abertura por onde penetra a luz.

Os homens passam o tempo olhando para uma parede de fundo. Lá fora, nas costas dos
cativos, brilha um fogo aceso sobre uma colina e entre ela e os presos, passam homens
carregando pequenas estátuas. As sombras desses passantes são projetadas no fundo da
caverna.

As vozes ouvidas são atribuídas às próprias sombras, para eles a única realidade. Quando um
dos cativos consegue evadir-se, percebe que viverá num mundo irreal.

Platão usa todas essas imagens para dizer que o mundo que percebemos com nossos
sentidos, é um mundo ilusório e confuso, é o mundo das sombras.

Mas esta realidade sensível não é todo o universo. Há um reino mais elevado, espiritual,
eterno, onde está o que existe de verdade, é o mundo das ideias, que só a razão pode
conhecer, e que apenas os filósofos podem perceber.

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