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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

LÁZARO OLIVEIRA SANTOS BRITO


CAIO CÉSAR SOUZA SANTOS NEVES

ANÁLISE DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL URBANA DE


VITÓRIA DA CONQUISTA: SITUAÇÃO ATUAL E
PERSPECTIVAS FUTURAS

Vitória da conquista
Dezembro de 2015.
2

Lázaro Oliveira Santos Brito


Caio César Souza Santos Neves

ANÁLISE DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL URBANA DE


VITÓRIA DA CONQUISTA: SITUAÇÃO ATUAL E
PERSPECTIVAS FUTURAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência para a
obtenção do título de bacharel em
Engenharia Civil, submetido à banca
examinadora do Colegiado de Engenharia
Civil da Faculdade de Tecnologia e
Ciências – FTC, Campus de Vitoria da
Conquista.

Orientadora: Prof.ª Kelly Galvão Rodrigues


de Oliveira.
Coorientador: Prof. Cláudio Gomes do
Nascimento.

Vitória da conquista
Dezembro de 2015.
3

FOLHA DE APROVAÇÃO
LÁZARO OLIVEIRA SANTOS BRITO
CAIO CÉSAR SOUZA SANTOS NEVES

ANÁLISE DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL URBANA DE


VITÓRIA DA CONQUISTA: SITUAÇÃO ATUAL E
PERSPECTIVAS FUTURAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do


título de bacharel em Engenharia Civil, submetido à banca examinadora do Colegiado
de Engenharia Civil da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, Campus de Vitoria
da Conquista.

Aprovado em ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________
Prof. Gabriel Fernandes Pinto Ferreira
Presidente da Banca
______________________________________________________
Prof. Márcio de Oliveira Matos
2º Membro
______________________________________________________
Prof. Henrique Correia Santos
3º Membro
4

[...] construir sim, mas um mundo claro e


humano, ser bons construtores. Construir
com todos os instrumentos oferecidos pelo
progresso da técnica e da indústria,
porém lembrando que o homem necessita
de ar, de sol, de verde e de um espaço
para seus movimentos.
Roberto Guiducci.
5

ANÁLISE DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL URBANA DE VITÓRIA


DA CONQUISTA: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS
BRITO, Lázaro Oliveira Santos1
NEVES, Caio César Souza Santos2
OLIVEIRA, Kelly Galvão Rodrigues de3
NASCIMENTO, Cláudio Gomes do4

RESUMO

A urbanização é um processo de transformação do ambiente natural em uma


organização humana. Esse processo tem como consequência a alteração do
comportamento das águas pluviais no espaço agora urbano, através da modificação do
relevo e da superfície do solo. O resultado é o aumento do escoamento da água na
superfície, trazendo inconveniências e impactos para as populações humanas, o que
exige a adoção de medidas de controle e gestão da água da chuva. Este trabalho faz uma
análise da gestão das águas pluviais na cidade de Vitória da Conquista, especialmente
no que correspondem às medidas estruturais – as obras de engenharia de controle de
enchentes – através da descrição e qualificação do sistema de drenagem urbana da
cidade, apresentando um diagnóstico e sugerindo soluções para problemas encontrados.
Palavras-chave: Drenagem; Água de chuva; Águas pluviais; Urbanização.

ABSTRACT

Urbanization is a process of transformation of the natural environment in a human


organization. This process results in changing the behavior of rainwater in urban areas,
by modifying the topography and the soil surface. The result is the increased flow of
water on the surface, bringing inconvenience and impacy on human populations, which
requires the adoption of control measures and rainwater management. This paper

1
Graduando em Engenharia Civil pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC. Técnico em Meio
Ambiente pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA. E-mail:
lazaro.oliveira@inema.ba.gov.br.
2
Graduando em Engenharia Civil pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC. E-mail:
caiocesar.neves@hotmail.com.
3
Professora Orientadora, graduada em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Federal da
Bahia. E-mail: kelly.oliveira@embasa.ba.gov.br.
4
Professor Coorientador, graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail:
cgnasci@bol.com.br.
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analyzes the stormwater management in Vitória da Conquista city, especially in the


corresponding structural measures - the works of flood control engineering - through the
description and identification of the urban drainage system of the city, presenting a
diagnosis and suggesting solutions to problems encountered.
Keywords: Drainage; Stormwater; Urbanization.

INTRODUÇÃO

Em dias de grandes chuvas, é recorrente a veiculação nos jornais e blogs da


cidade notícias sobre enchentes e enxurradas que causam múltiplos prejuízos à
população e ao poder público. As águas invadem casas e lojas, danificam asfalto,
transportam areia e detritos para logradouros e bocas-de-lobo e provocam acidentes e
danos diversos; existem, inclusive, registros de mortes de pessoas carregadas pela
correnteza para as galerias e canais.
As atividades comerciais no Centro da cidade são interrompidas na ocorrência
de grandes escoamentos, pois fica impossibilitado o trânsito de pedestres e, em
determinados logradouros, de veículos. Lojas, vendedores ambulantes e o comércio
informal sofrem com a perda de produtos e equipamentos que são, eventualmente,
carregados pelas águas ou simplesmente danificados quando estas invadem os
estabelecimentos.
Devido, também, a ligações inadequadas do escoamento pluvial ao sistema de
esgotamento sanitário, o mesmo é sobrecarregado com o volume de água de chuva não
prevista no projeto. O resultado é o extravasamento dos efluentes domésticos através
dos poços de visita, o que deixa a população em exposição direta ao esgoto sanitário e
todos os malefícios daí advindos, como o mau cheiro e o risco de contaminação.
A ocorrência de escoamento superficial de águas pluviais em grande volume
não é meramente um problema técnico, porém é, inclusive, um obstáculo social,
econômico e ambiental. Desta forma, é necessária a realização de estudos que busquem
conhecer e analisar a gestão das águas pluviais e o Sistema de Drenagem Urbana de
Vitória da Conquista, visando identificar origem das falhas e sugerir possíveis soluções
para mitigar ou eliminá-las.
Com este objetivo, ao analisar o sistema de drenagem da cidade de Vitória da
Conquista, que os autores visam contribuir com o bem-estar social da população.
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1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Processo de Urbanização de Vitória da Conquista

Localizada na região Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista está situada a


509 km de Salvador. A cidade possui uma área de 3.704,018 km². Possui temperatura
média anual de 20°C e precipitações médias anuais de 712 mm, sendo que as
precipitações concentram-se nos meses de novembro (o mais intenso) a março e os
demais meses caracterizados pela baixa umidade (IBGE, 2010; CLIMATE-DATA,
2015).
Conquista tem a população estimada em 343.230 habitantes e é considerada a
terceira maior cidade da Bahia, perdendo apenas para a Capital, Salvador, e Feira de
Santana (IBGE, 2010). Apresenta uma atividade rural consolidada e é referência
regional nos setores de educação, saúde e comércio. A tendência é se afirmar cada vez
mais como um polo importante de serviços rodoviários e como centro universitário e de
pesquisas. Ainda em expansão, a “capital do sudoeste baiano” já é considerada uma
grande cidade sob diversos aspectos.
Segundo Instituto Trata Brasil, que faz um diagnóstico dos principais
indicadores de saneamento básico dos 100 maiores municípios brasileiros, Vitória da
Conquista foi a que recebeu melhor pontuação entre os municípios analisados do Norte,
Nordeste e Centro-Oeste brasileiro no Ranking do Saneamento 2014, saltando da 36ª
colocação para a 14ª. Nota-se que essa qualificação deixa o município à frente de
grandes capitais brasileiras, como Salvador (37ª), Goiânia (28ª), Brasília (36ª), Vitória
(42ª) e Recife (66ª). (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2014).
O surgimento de Vitória da Conquista está relacionado à expansão da
colonização no final do século XVIII. Conhecida inicialmente como Arraial de Nossa
Senhora das Vitórias, a cidade foi crescendo lentamente, às margens do rio Verruga,
região que vai da atual Rua Ernesto Dantas até a Avenida Bartolomeu de Gusmão,
passando pelo CEASA (PMVC, 2015). As transformações espaciais na cidade
tornaram-se mais visíveis na medida em que se intensificava o processo de urbanização.
As matas ciliares foram praticamente extintas e diversos trechos do Rio Verruga e de
seus afluentes foram canalizados, retilinizados ou soterrados (ROCHA, 2008). Os
mapas na figura 1 a seguir mostram essas transformações no período de 1840 a 2000.
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Figura 1: Mapas da expansão urbana e transformação espacial no entorno do Rio Verruga.

Fonte: ROCHA, 2008.

Parte da malha urbana de Vitória da Conquista está localizada sobre a Serra do


Periperi, com altitude de até 1.109 metros, extensão de 15 km e área de 45 km² (PMVC,
2015; FREIRE, 2013). A Serra absorve as águas pluviais em sua área não
impermeabilizada, decorrendo no afloramento de várias nascentes onde o lençol freático
se encontra em baixa profundidade. Muitas destas nascentes formam afluentes do Rio
Verruga, o qual foi bastante degradado por ações antrópicas, de forma que hoje a maior
parte do seu curso d’água está canalizada abaixo da cidade e está extremamente poluído
por efluentes de origem doméstica (ROCHA, 2008).
A expansão do espaço urbano em Vitória da Conquista provocou a contínua
redução do ambiente natural no entorno das principais nascentes do alto rio Verruga.
Também a exploração mineral e a deposição de resíduos domésticos e de construção
civil na Serra do Periperi diminuíram a paisagem natural e prejudicaram o regime de
infiltração da bacia (ROCHA, 2008). O resultado é a ocorrência de enchentes e
enxurradas sempre em eventos de grandes chuvas.
Essas inundações são classificadas como inundações devido à urbanização
(TUCCI, 1997). Apesar de ser em área ribeirinha, a área de ocorrência das enchentes foi
consideravelmente aumentada devido ao processo de urbanização na bacia de
drenagem. A declividade do terreno potencializa os efeitos danosos, especialmente no
que se refere a processos erosivos e de assoreamento.
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Em outros bairros da cidade, como Jurema e Campinhos, ocorreu ocupação em


áreas alagadiças às margens de afluentes do Rio Verruga. Em épocas de chuva, as
enchentes cobrem as ruas e até mesmo invadem casas nessas áreas. Tais enchentes são
inundações em área ribeirinha (TUCCI, 1997), pois já ocorriam naturalmente: a
ocupação humana que foi realizada em local inadequado.
Além da disseminação de vetores e transmissão de doenças, as águas da chuva
proporcionam o transporte de sedimentos, provenientes do solo degradado pelo
desmatamento, pelo avanço das edificações sobre a Serra e pela retirada de cascalho
para a construção civil (ROCHA, 2008).

1.2 O Desenvolvimento Urbano e as Águas Pluviais

Fenômeno comum no processo civilizatório é a organização de agrupamentos


humanos às margens dos mananciais. Ao habitar próximo aos rios, lagos e regiões
costeiras, as civilizações usufruíram dos recursos hídricos para diversos fins,
especialmente dessendentação humana e animal, irrigação e transportes. A gestão de
água em larga escala iniciou-se com o desenvolvimento da agricultura, face à
necessidade de irrigação, e culminou atualmente em grandes projetos de saneamento e
de hidrovias (GRIBBIN, 2014).
As populações humanas passaram a se organizar em comunidades cada vez
mais populosas e com isso aumentava a modificação do espaço natural no chamado
processo de urbanização, que pode ser resumido nos seguintes tópicos (BOTELHO,
2011): (1) retirada da cobertura vegetal; (2) execução de cortes e aterros; (3) abertura de
ruas; (4) criação de terrenos planos para edificações; (5) construção das edificações; (6)
pavimentação das ruas; (7) ocupação humana.
Nota-se que os processos citados não seguem sempre uma ordem cronológica.
O que se observa, geralmente, é um processo de urbanização desordenado sem uma
sequência lógica planejada, especialmente em áreas que atraem grandes massas
imigrantes (BOTELHO, 2011).
Para melhorar a organização das cidades, muitos cursos d’água foram
canalizados e retilinizados para ocupação das várzeas (interferências que se traduzem na
impermeabilização no leito do rio e na extinção dos meandros), a despeito das
formações hídricas e geológicas que se desenvolveram durante milênios, muito
anteriores à ocupação humana (TUCCI, 1997).
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A consequência direta da urbanização não planejada é a diminuição da


comunicação da água da chuva e do curso d’água com o solo, ação que reduz a
infiltração e aumenta o escoamento superficial, e a ocupação de área inundável natural.
Desta maneira, Tucci (1997) faz uma separação das inundações provocadas por chuvas,
que podem ser, isoladamente ou combinadas, inundações em áreas ribeirinhas
(ocorrência natural) e inundações devido à urbanização (provocadas pela ação
antrópica).

Figura 2: Ilustração da característica do leito dos rios.

Fonte: TUCCI, 2008.

Diante das modificações no espaço natural, a infiltração é substituída pelo


escoamento superficial das águas precipitadas na bacia. Essa seguirá por caminhos
próprios, independente do desejo dos ocupantes do solo, buscando um novo equilíbrio
para o sistema. Assim, a água que é essencial para as organizações humanas torna-se,
em excesso, prejudicial às mesmas (BOTELHO, 2011).
Os eventos consequentes ao processo de urbanização sem planejamento de
drenagem é a ocorrência de enchentes e enxurradas, erosões nos terrenos, assoreamento
dos cursos d’água, deslizamento de encostas, aumento da velocidade de escoamento nas
ruas e consequente danificação de pavimentos, acúmulo de água em pontos baixos
(fundos de vale), proliferação de vetores e transmissão de doenças (BOTELHO, 2011).
Esses fenômenos são mais comuns quanto mais intenso e menos planejado for o
processo de urbanização.
Tucci (1997) afirma que o controle das cheias pode ser realizado através de
medidas estruturais e medidas não-estruturais, chamadas medidas estruturantes. As
obras de engenharia em geral são chamadas estruturais, possuem caráter essencialmente
corretivo, modificando o escoamento e as relações na bacia, e possuem alto custo de
implantação. Já as medidas estruturantes são aquelas de caráter preventivo ou que busca
uma melhor convivência com a ocorrência de enchentes, sendo geralmente de custo
menor que as medidas estruturais. São exemplos de medidas estruturantes as
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regulamentações de uso e ocupação do solo, previsões de cheias, políticas de


desenvolvimento adequadas, entre outras.

1.3 Medidas Estruturais: Engenharia das Águas Pluviais

As medidas estruturais, segundo Tucci (1997), podem ser extensivas ou


intensivas. Medidas extensivas buscam alterar as relações entre precipitação e
escoamento na bacia, como o aumento de infiltração e controle de erosão através da
ampliação da cobertura vegetal. As medidas intensivas atuam diretamente no
escoamento, e podem ser para acelerar, retardar ou desviar o escoamento (SIMONS et
al., 1977, apud TUCCI, 1997)
As medidas de controle podem ser classificadas também segundo sua ação
sobre o hidrograma. Pode ser (1) o aumento da infiltração e percolação, que representa a
diminuição e o retardo do escoamento; (2) o armazenamento, que provoca o
retardamento da onda de cheia; (3) o aumento da eficiência do escoamento, que através
de dutos e canais drenam (aceleram) o escoamento e transferem a cheia para jusante; e
(4) diques e estações de bombeamento, que buscam desviar escoamentos e enchentes
localizadas para outras bacias de drenagem (TUCCI, 1997).
Tucci (1997) ainda classifica as medidas de controle de acordo com sua ação
na bacia de drenagem, podendo ser distribuída ou na fonte, de microdrenagem ou de
macrodrenagem.
As medidas de controle distribuídas (ou na fonte) são aquelas que controlam os
escoamentos nos lotes, parques, estacionamentos e todos os locais que geram os
escoamentos. A microdrenagem corresponde às estruturas de controle em nível de
loteamento, que atendem as precipitações de risco moderado, formando os primeiros
canais ou a rede primária urbana que coletam os escoamentos distribuídos ou na fonte.
Geralmente segue o traçado das vias públicas. A macrodrenagem controla os grandes
escoamentos urbanos, formados pelos sistemas coletores da microdrenagem. Atende
precipitações de maiores riscos e segue geralmente o traçado dos fundos de vale e dos
principais rios e riachos urbanos (TUCCI, 1997).
Abaixo são listados os principais equipamentos de um sistema de drenagem,
sendo separados segundo esta classificação. Porém, observa-se que na prática essa
separação não é exata, e um equipamento que abaixo possui uma classificação, muitas
vezes pode adquirir outra em campo.
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Medidas de controle na fonte ou distribuído:


 Calhas: Canal destinado a recolher e conduzir água de coberturas, terraços e
similares (ABNT, 1989). De forma abrangente, refere-se a qualquer canal aberto para
escoamento de água.
 Drenos: Condutores que removem o excesso de água em sua área de influência.
Podem ser abertos ou subterrâneos, de material poroso ou tubular (ABNT, 1998).

Figura 3: Vista de dreno em pavimento de rodovias.

Fonte: DNIT, 2006.

 Condutores: Canais ou tubulações destinados a recolher água de calhas e drenos


e conduzi-las até locais adequados ou a pontos de descarga. Podem ser nomeados
também como condutores horizontais ou verticais (ABNT, 1989) ou coletores (ABNT,
1998).
 Ralos: Caixa com grelha na parte superior que recebe águas pluviais em locais
planos de instalações prediais (ABNT, 1989). Na microdrenagem são utilizadas em
maior dimensão, como um tipo de boca-de-lobo, colocadas no meio do leito carroçável,
em frente às edificações onde há acesso de veículos, em calçadões e em situações
similares (BOTELHO, 2011).
 Caixas de areia: Caixas destinadas a separar e recolher detritos por deposição.
São instaladas em condutores horizontais (ABNT, 1989).
Microdrenagem:
 Calha viária: É o conjunto dos elementos de drenagem de uma via, sendo
composta pela via carroçável ou pista de rolamento, guias, sarjetas e sarjetões ou rasgos
(BOTELHO, 2011). Nota-se que as calhas viárias devem possuir declividade
longitudinal mínima pra permitir o escoamento. Ainda, as pistas de rolamento devem ter
declividade transversal (abaulamento) para a água escoar para as sarjetas.
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Figura 4: Componentes de uma calha viária.

Fonte: BOTELHO, 2011. Adaptado.

 Guias: Elementos colocados entre o passeio (calçada) e a via carroçável, feito de


pedra ou concreto (REZENDE e BIANCONCINI, 1973). Também chamado de meio-
fio, tem função de delimitar a via carroçável (BOTELHO, 2011).
 Sarjetas: Faixas da via carroçável mais baixas, posicionadas adjacente às guias,
para formarem juntas uma calha de escoamento preferencial das águas (REZENDE e
BIANCONCINI, 1973).
 Sarjetões e rasgos: Calhas no cruzamento de vias públicas com finalidade de dar
continuidade ao escoamento das sarjetas (REZENDE e BIANCONCINI, 1973).
 Bocas-de-lobo: Dispositivos de captação de águas pluviais em sarjetas e guias
(REZENDE e BIANCONCINI, 1973).

Figura 5: Vista de posicionamento e funcionamento de boca-de-lobo.

Fonte: BOTELHO, 2011.

 Galerias: Canalizações públicas utilizadas para conduzir o escoamento recebido


pelas bocas-de-lobo (REZENDE e BIANCONCINI, 1973).
 Tubos de ligação: Canalizações que ligam as bocas-de-lobo às galerias ou aos
poços de visita (REZENDE e BIANCONCINI, 1973).
 Caixas de ligação: Caixas colocadas em galerias para permitir a conexão com
tubos de ligação. Podem ser de concreto ou alvenaria (REZENDE e BIANCONCINI,
1973).
 Poços de visita (PV): Dispositivos inseridos nas galerias para permitir inspeção e
limpeza das canalizações e quando é necessário mudanças de direção, diâmetro ou
declividade das galerias (REZENDE e BIANCONCINI, 1973).
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 Trechos: São as partes de galeria situadas entre dois poços de visita (REZENDE
e BIANCONCINI, 1973).
 Valas e valetas: São depressões escavadas no solo de forma alongada, para
condução de água como pequenos canais. São usadas também para infiltração, nesse
caso sendo chamadas de valas, valetas ou trincheiras de infiltração (SÃO PAULO,
2012).
Macrodrenagem:
 Canais: Condutos livres (quando a superfície da água está exposta à atmosfera)
nos quais a água flui em declive. Podem ser construídos ou naturais, de diferentes
formas, como retangular, trapezoidal ou triangular, e construído ou revestido de
diferentes materiais, como solo coberto por grama, pedra e concreto (GRIBBIN, 2014).
Muitas vezes, no meio urbano os cursos hídricos são canalizados.

Figura 6: Canal em concreto de seção trapezoidal mista.

Fonte: SÃO PAULO, 1999.

 Descidas d’água: Dispositivos que permitem o escoamento preferencial das


águas em locais de declividade acentuada, como taludes e aterros, de forma a evitar a
erosão (DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES – DNIT, 2004). São as rampas e escadarias hidráulicas, estas últimas
podem ser com ou sem colchão de água, a fim de reduzir a velocidade do escoamento
(BOTELHO, 2011).
 Bueiros: Condutos ou galerias, geralmente de curta extensão, utilizados para
transpor vias ou aterros, permitindo passagem livre às águas de drenagem superficial e
cursos d’água (SÃO PAULO, 2012).
 Dispositivos de lançamento: Obas de proteção no ponto à jusante das galerias e
canais, junto ao curso hídrico receptor (REZENDE e BIANCONCINI, 1973). É
projetado de forma a reduzir ou evitar a erosão e o assoreamento do corpo hídrico.
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 Dissipadores de energia: Dispositivos utilizados para reduzir a velocidade de


escoamento através da dissipação da energia do fluxo d’água. Podem ser localizados,
como bacias de amortecimento, ou contínuos, como degraus em descidas d’água (DNIT,
2006).
 Diques: Obra hidráulica para proteção contra inundações através do barramento
da água. Podem ser de terra ou concreto (ABNT, 1998).
 Bacias de detenção: Obras de armazenamento do escoamento superficial, para
detenção temporária das águas durante e imediatamente após a precipitação. São
normalmente secas na ausência de precipitações (SÃO PAULO, 2012).
 Bacias de retenção: Obras de armazenamento do escoamento superficial, para
retenção das águas, que podem ser utilizadas para fins recreativos, estéticos,
paisagísticos, para abastecimento, entre outros. A água normalmente permanece retida
fora da ocorrência de precipitações (SÃO PAULO, 2012).
 Estações de bombeamento: Conjunto de obras e equipamentos que retiram água
de um canal de drenagem e transferem para outro canal mais elevado ou ao corpo
hídrico receptor. Devem ser utilizadas quando não for possível mais a utilização da
gravidade (SÃO PAULO, 2012).

2. ESTUDO DE CASO

2.1 Metodologia

A pesquisa é um estudo de caso e decorreu a partir da coleta e análise de dados,


sendo classificada como uma pesquisa qualitativo-descritiva. A primeira etapa foi o
embasamento bibliográfico através de referências em livros, artigos, teses, revistas e
sites da internet, já que estes descrevem e analisam perfeitamente os aspectos de
sistemas de drenagem urbana. A segunda etapa é o estudo de caso, na qual foram
coletados dados referentes ao objeto de estudo, seguido de descrição e qualificação do
mesmo.

2.1.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa qualitativa foi escolhida pela necessidade de informações de análise


social, econômica e ambiental relacionadas à gestão de águas pluviais na cidade de
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Vitória da Conquista, como a qualificação da eficiência dos equipamentos de drenagem


e identificação de suas falhas e impactos, além de outros fatores do gênero qualitativo.
A abordagem descritiva foi necessária para uma melhor abordagem do objeto de estudo,
trazendo melhor abrangência da análise.

2.1.2 O estudo de caso

O estudo de caso tem sido muito utilizado em pesquisas justamente porque


através dele se obtêm dados específicos da região ou área do problema tratado. Em
Vitória da Conquista um estudo de caso sobre o sistema de drenagem urbana se faz
necessário pelo fato dos recorrentes transtornos ocorridos em dias de grandes
precipitações. Nota-se que a realização de pesquisa local e consequente conscientização
e investimento em tecnologias que reduzam os impactos provocados pelas águas
pluviais são extremamente necessários para o bem estar social, econômico e ambiental
no município. Assim, é justamente por esse motivo que um estudo de caso em Vitória
da Conquista é de extrema importância para o benefício da sociedade conquistense em
geral.

2.1.3 A pesquisa de campo

Foram realizadas observações em campo aos equipamentos de drenagem em


diversos pontos da cidade, de acordo com as necessidades da pesquisa, utilizando o
conhecimento dos autores e as referências bibliográficas e registrando o que foi
observado através de imagens e anotações. Foram ouvidos relatos da população sobre os
equipamentos de drenagem vistoriados, pois a opinião dos usuários é essencial para a
obtenção de informações que não podem ser obtidas pela simples observação.

2.1.4 Caracterização do objeto da pesquisa

A Sede do município de Vitória da Conquista está dividida em 24 bairros,


conforme o Plano Diretor (Lei Municipal nº 1.385/2006). Esses bairros são: Centro,
Recreio, Jurema, Brasil, Patagônia, Candeias, Guarani, Cruzeiro, Alto Maron,
Primavera, Nossa Senhora Aparecida, Ibirapuera, Zabelê, Bateias, Jatobá, Campinhos,
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Felícia, Boa Vista, Espírito Santo, Airton Senna, São Pedro, Lagoa das Flores,
Universidade e Distrito Industrial dos Imborés.
Importante citar que todos os bairros estão na bacia hidrográfica do Rio
Verruga, à exceção do Distrito Industrial e parte do Nossa Senhora Aparecida e Lagoa
das Flores, que ultrapassam o divisor de bacias que é a Serra do Periperi.
Os bairros de maior altitude e declividade, que estão parcialmente sobre a Serra
do Periperi são Guarani, Cruzeiro, Alto Maron, Primavera, Nossa Senhora Aparecida,
Ibirapuera, Zabelê e o loteamento Nova Cidade. Esses bairros são considerados zonas
de adensamento controlado ou condicionado, com características topográficas especiais,
com restrições ambientais e com problemas de drenagem e declividade. Esses bairros
são carentes de infraestrutura e equipamentos públicos ou os mesmos estão
parcialmente implantados. A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista busca
priorizar o atendimento nesses bairros, especialmente no que se relaciona a drenagem de
águas pluviais (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2006).
Os bairros Centro, Recreio, Jurema, Brasil, Patagônia e Candeias são áreas de
ocupação consolidada e com equipamentos urbanos e infraestrutura implantados quase
na totalidade (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2006). Entretanto, no que tange à
drenagem, é necessário observar a obsolescência dos equipamentos e da rede,
especialmente nos bairros Centro, Recreio e Jurema, onde ocorrem problemas com
grandes enxurradas ou alagamentos no evento de chuvas.
Os bairros Bateias, São Pedro, Jatobá e Campinhos são áreas com baixa
qualificação da estrutura urbana, restrições ambientais e problemas de macrodrenagem.
Nesses bairros a administração municipal busca compatibilizar a ocupação com os
condicionantes ambientais e implantar a infraestrutura e solucionar os problemas com
drenagem (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2006). Esses bairros também devem ser
prioridade para a implantação de equipamentos públicos devido a sua carência, além
disso, devido a presença de córregos e áreas alagadiças, deve-se impor limites à
expansão urbana nesses locais e realizar uma preparação urbanística que favoreçam o
correto escoamento das águas.
Os demais bairros são considerados de expansão urbana preferencial ou
rarefeita, com grandes vazios urbanos. Possuem áreas de proteção ambiental, como as
margens do rio Verruga (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2006). Nesses bairros é
necessário preparar o zoneamento urbano para a urbanização que se prevê. Em especial,
18

deve-se manter preservado as margens do rio e áreas alagadas e realizar transformações


urbanísticas que harmonizem-se com a topografia local.

2.1.5 Resumo metodológico

A metodologia da pesquisa pode ser simplificada através dos seguintes tópicos:


 Realização de pesquisa bibliográfica;
 Análise das bibliografias;
 Pesquisa de campo, sendo:
o Coleta de informações junto à população;
o Observações em campo;
o Coleta de dados complementar junto à bibliografias e instituições de
pesquisa;
 Análise qualitativo-descritiva dos dados coletados.

2.2 Resultados e Discussões

Nos últimos anos obras de pavimentação e drenagem foram ou estão sendo


executadas em algumas vias de loteamentos considerados antes carentes de
infraestrutura, como Miro Cairo, Senhorinha Cairo, Cidade Maravilhosa, Sobradinho,
Terras do Remanso, Morada Real, Vila América e Antônio Brito.
Além disso, são realizadas limpeza e manutenção em pontos importantes do
sistema de drenagem da cidade. A seguir são apresentados exemplos de obras de
recuperação executadas na cidade, através de fotos disponíveis no sítio eletrônico da
Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista:

Figura 7: Recuperação de galeria de drenagem na Rua Plácido de Castro (Centro).

Fonte: PMVC, 2015b.


19

Figura 8: Recuperação de valeta e via parcialmente erodida no CEASA (Centro).

Fonte: PMVC, 2015b.

Figura 9: Recuperação de bueiro e dispositivo de lançamento na Lagoa das Bateias (Bateias).

Fonte: PMVC, 2015b.

Figura 10: Recuperação de encosta erodida e implantação de dispositivo de lançamento e descida


d’água com dissipadores de energia, próxima a Rua A (Candeias).

Fonte: PMVC, 2015b. Adaptado.

Figura 11: Recuperação de canal com erosão no loteamento Urbis IV (Zabelê).

Fonte: PMVC, 2015b.


20

A administração municipal também realizou outras obras como a substituição


de grelhas em bocas-de-lobo na Avenida Lauro de Freitas (Centro), ampliação de
galeria com colocação de manilhas na Avenida Jorge Teixeira (Candeias), ampliação do
sistema de drenagem na Avenida Luís Eduardo Magalhães, próximo ao Estádio
Lomanto Júnior (Candeias), recuperação de galerias na Avenida Crescêncio Silveira
(Centro) e na Rua Guilhermino Novais (Recreio), recuperação de canal erodido na
Avenida Jadiel Matos (Campinhos), na Avenida Luís Eduardo Magalhães (Candeias) e
na Avenida José de O. Lima (Alto Maron), instalação de bueiro na Rua Coronel Maneca
Santos (Lagoa das Flores), limpeza da calha do córrego do Verruga a partir da Avenida
Bartolomeu de Gusmão (Recreio) e construção de escadaria hidráulica no Conjunto
Coelba.
Para melhor avaliar o sistema de drenagem urbana de Vitória da Conquista,
realizaram-se visitas a duas obras em andamento na cidade, sendo uma de expansão e
outra de manutenção. Ainda, diversos pontos na cidade foram vistoriados como objetivo
de se conhecer os equipamentos do sistema e identificar possíveis falhas ou vícios na
utilização. Nessas vistorias buscou-se também o contato com a população local,
ouvindo seus relatos e absorvendo as informações dos usuários dos equipamentos
inspecionados.

2.2.1 Expansão da rede de drenagem e pavimentação no loteamento Vila


América, bairro Boa Vista:

O loteamento Vila América foi criado em 1997 quando o Governo Municipal


doou casas e terrenos para população de baixa renda cadastrada no Programa Municipal
de Habitação Popular e hoje possui aproximadamente 18 mil habitantes (PMVC,
2015c).
A visita às obras foi realizada no dia 11 de novembro de 2015, através da qual
se procurou conhecer o método construtivo utilizado e a identificação dos equipamentos
do sistema de drenagem.
As obras de drenagem são em parte superficiais, através da instalação das
calhas viárias (pista de rolamento, sarjetas, guias e sarjetões), e parte subterrânea, com
instalação de bocas-de-lobo, tubos de ligação e galerias.
Foram observados cortes e aterros para adequação ao greide do projeto (figura
12). Essa atividade é essencial para manter o adequado escoamento da água da chuva
21

segundo o dimensionamento, evitando que haja formação de poças d’água ou que, ao


contrário, ocorra erosão devido à alta velocidade do escoamento. Em ambos os casos
antagônicos, haveria transtornos para a população.

Figura 12: Obras de adequação do greide da via. Movimentação de terra, à esquerda.


Rebaixamento da rede de água e esgoto, à direita.

Fonte: Da Pesquisa. Data: 11/11/2015.

Devido à correção do greide em alguns pontos, foi necessário realizar o


rebaixamento do sistema de abastecimento de água e coleta de esgoto para uma
profundidade adequada e para compatibilização com o projeto do sistema de drenagem
(figura 12). Nota-se que isso ocorreu porque a pavimentação e drenagem estão sendo
implantados 18 anos após a ocupação do loteamento. Dessa forma, as redes de água e
esgoto não foram projetadas e instaladas considerando o escoamento das águas pluviais.
Para a implantação das galerias de drenagem, foram observadas escavações de
valas para colocação de manilhas de concreto armado e, em menor quantidade, tubos
PVC, conhecidos pelo nome comercial de Rib Loc. Os maiores diâmetros observados
foram de 120 e 150 cm e caixas metálicas foram utilizadas para conferir estabilidade das
manilhas e manter o desnível de 0,5%, adequado para o escoamento nas galerias. Os
poços de visita (PV’s) foram construídos em alvenaria, com utilização de tampões de
concreto (figura 13).
Nota-se que as obras subterrâneas são caras e podem custar até três ou quatro
vezes o valor de obras superficiais, devido principalmente à movimentação de terra e
mobilização de equipamentos. Por isso, para economia com obras de drenagem é
importante o planejamento da urbanização, a fim de criar um traçado das vias que
favoreça o escoamento e evitar a ocupação de áreas alagáveis.
22

Figura 13: Obras de implantação de galerias. Colocação de manilhas de concreto armado em vala
com caixa metálica, à esquerda. Construção de PV em alvenaria, à direita. Nota-se utilização de
manilhas de concreto e de tubos de PVC Rib Loc.

Fonte: Da Pesquisa. Data: 11/11/2015.

Nesse sentido, os autores fazem uma ressalva quanto sistema adotado. O


método utilizado foi tradicional, que visa drenar as águas pluviais o mais rápido,
transferindo o problema para jusante. Entretanto, isso exige adoção de grandes obras e
galerias de grande diâmetro, como observado. Existem pontos baixos no loteamento,
um deles foi visitado, a Rua Graciliano Ramos (figura 14), e percebeu-se que a área não
é ocupada, sendo utilizada para um campo de futebol e uma praça sem infraestrutura.
Esse local poderia ser utilizado como bacia de detenção e infiltração, de forma a manter
a água da chuva durante um tempo e assim retardar a cheia no sistema de drenagem.
Corretamente dimensionada, a bacia poderia funcionar concomitante à praça e, fora da
ocorrência de chuvas, o local continuaria sendo utilizado como campo de futebol.

Figura 14: Praça localizada na Rua Graciliano Ramos que poderia ser utilizada para bacia de
detenção.

Fonte: Da Pesquisa. Data: 11/11/2015. Lat. S 14°53'47,12" / Long. W 40°50'21,9".


23

2.2.2 Manutenção de galeria na Rua Guilhermino Novais, bairro Recreio

A Rua Guilhermino Novais era um ponto crítico na cidade, com ocorrência de


grandes enxurradas, apesar da quantidade de dispositivos de drenagem. A manutenção e
ampliação da rede no local objetivou transformar essa situação, através da reconstrução
de galeria de concreto na Rua Guilhermino Novais e construção de galeria com
manilhas de concreto armado na Rua dos Expedicionários.
No dia 07 de julho de 2015 foi realizada uma vistoria à obra: a reconstrução de
uma galeria de seção retangular para passagem das águas pluviais (figura 15). Em
conversa com os operários, os mesmos afirmaram que a obra de recuperação foi
necessária devido à erosão provocada pelo escoamento. A galeria desaguava em um
canal em terreno natural, córrego afluente do Rio Verruga. Nota-se que havia bastante
erosão no local, que poderia inclusive afetar edificações próximas.

Figura 15: À esquerda, vista de obra de recuperação de galeria em concreto de seção retangular. À
direita, vista de córrego e erosão à sua margem.

Fonte: Da Pesquisa. Data: 07/07/2015.

2.2.3 Equipamentos de drenagem urbana observados em Vitória da Conquista

A partir do dia 29 de abril de 2015, foram realizadas vistorias em diversos


pontos da cidade com o objetivo de se conhecer o sistema de drenagem urbana de
Vitória da Conquista. Foram observados os dispositivos de drenagem e os seguintes
pontos foram analisados: (1) tipo de equipamento utilizado, (2) manutenção e
conservação do dispositivo observado, e (3) correta utilização do sistema de drenagem.
Foram ponderados, também, os possíveis impactos sociais, hidrológicos e ambientais
provocados pelo sistema ou suas falhas, e possíveis soluções foram listadas.
24

 Bacia de detenção e retenção

Ao fundo da Praça da Juventude, próximo ao Poço Escuro, foi construída uma


bacia de detenção, mostrada na figura 16 a seguir. Na ocorrência de chuvas, a lagoa
retém temporariamente o escoamento proveniente da Reserva Florestal do Poço Escuro
e dos bairros vizinhos, diminuindo a vazão no Rio Verruga, que é canalizado
imediatamente à jusante da Reserva. Entretanto, durante precipitações muito intensas,
ocorrem grandes enxurradas em ruas a menos de um quilômetro à jusante, cruzando a
Rua Lisboa em direção ao Centro.

Figura 16: Vista de bacia de detenção na Praça da Juventude. Nota-se Rio


Verruga canalizado no canto esquerdo inferior da imagem.

Fonte: Da Pesquisa. Data: 16/11/2015. Lat. S 14°50'35,4" / Long. W 40°50'20,5".

Outro ponto importante no sistema de drenagem, a Lagoa das Bateias, funciona


como bacia de retenção. A água da chuva que escoa dos bairros Zabelê, Ibirapuera,
Brasil e parte do Nossa Senhora Aparecida fica retida na Lagoa, que deveria ser um
ponto de lazer da população e um berçário do ecossistema local. Entretanto, devido ao
lançamento de esgoto doméstico na rede de águas pluviais, a Lagoa das Bateias recebeu
grande quantidade de matéria orgânica, o que resultou na eutrofização de suas águas e
na proliferação de plantas conhecidas como “taboas”. Ainda, o mau cheiro muitas vezes
impede a população de usufruir do local.

 Calhas viárias:
25

Em vistorias pela cidade, foi observada a má manutenção das calhas viárias e a


utilização inadequada das mesmas. As principais falhas observadas, suas consequências
e soluções são apresentadas na tabela 1, ilustrada pela figura 17, a seguir:
Situação Consequências Solução
Ausência de pavimentação. Erosão do solo devido ao Realizar a pavimentação.
escoamento da água da
chuva. Dificulta o trânsito
de veículos e pedestres.
Mau dimensionamento ou Ausência de um caminho Realizar a manutenção da
ausência de sarjetas e preferencial para o calha viária como um todo
sarjetões (muito estreitas, escoamento. Logo, a água e realizar o
sem declividade transversal da chuva se espalha por dimensionamento
adequada, revestimento toda a calha viária e adequado das sarjetas e
deteriorado, asfalto eventualmente sobre as sarjetões.
cobrindo total ou calçadas, dificultando ou
parcialmente sarjetas e impedindo a passagem e
sarjetões). travessia de pedestres.
Presença de resíduos Este tema é mais bem abordado abaixo, no item “Vícios
sólidos, detritos e e déficits do sistema de drenagem”.
proliferação de plantas.
Vedação de sarjetas para Promove o desvio da água Realizar a fiscalização da
construção de rampas para pelo leito carroçável e se correta utilização do
veículos. espalha sobre ele, sistema de drenagem e
dificultando a passagem de promover a educação dos
pedestres. usuários.
Lançamento de esgoto Este tema é mais bem abordado abaixo, no item “Vícios
doméstico na calha viária. e déficits do sistema de drenagem”.
Recalque ou ausência de Promove o empoçamento Recapeamento do leito
abaulamento do leito das águas e a erosão do carroçável. Estudo para
carroçável. pavimento, dificultando a identificar os motivos do
passagem de veículos e recalque e assim solucioná-
pedestres. lo.
Tabela 1: Situação das calhas viárias, consequências e soluções. Fonte: Da Pesquisa.

Figura 17: Vista de sarjeta obstruída devido à construção de rampa na Travessa Lauro de
Freitas (Data: 07/11/2015. Lat. S 14°51'09,9" / Long. W 40°50'32,1"). Vista de erosão devida
ausência parcial da pavimentação na Av. Pará, Urbis V (Data: 30/10/2015. Lat. S 14°50'32,7"
/ Long. W 40°52'27,9").

Fonte: Da Pesquisa.
26

 Bocas-de-lobo:

As bocas-de-lobo são equipamentos muito importantes na drenagem, pois


promovem a passagem do escoamento superficial para as galerias, desobstruindo as
vias. Após vistoria a esses equipamentos pela cidade, as principais falhas observadas
são apresentadas na tabela 2 a seguir e exemplificada na figura 18:
Situação Consequência Solução
Obstrução causada pela Este tema é mais bem abordado abaixo, no item “Vícios
presença de resíduos e déficits do sistema de drenagem”.
sólidos, plantas e detritos.
Tampas de concreto (guias- Promove a entrada de Colocação ou substituição
chapéu) e grelhas ausentes resíduos sólidos e detritos. das tampas e grelhas.
ou quebradas. Obstrução das bocas-de-
lobo pelas próprias tampas
quebradas ou mal
posicionadas. Risco de
acidentes para pedestres.
Mau dimensionamento das Ineficiência do dispositivo.
Revisão do sistema de
bocas-de-lobo. Decorre de Aumento do escoamento drenagem já implantado
(1) falta de rebaixamento superficial nas vias
para correto
da entrada, quando (enxurradas). dimensionamento das
necessário; (2) abertura bocas-de-lobo e correção
demasiadamente grande ou das mesmas.
pequena, (3) espaçamento
muito grande entre bocas-
de-lobo, ou (4) mau
posicionamento da boca-
de-lobo, como a colocação
em esquinas (TUCCI,
1995).
Presença de esgoto Este tema é mais bem abordado abaixo, no item “Vícios
doméstico. e déficits do sistema de drenagem”.
Tabela 2: Situação das bocas-de-lobo, consequências e soluções. Fonte: Da Pesquisa.

Figura 18: Bocas-de-lobo com tampas danificadas na Rua Hormindo Barros (Data:
25/09/2015. Lat. S 14°52'42,0" / Long. W 40°48'52,8"). Vista interior de boca-de-lobo
obstruída por resíduos sólidos na Rua da Misericórdia (Data: 03/11/2015. Lat. S 14°51'07,7"
/ Long. W 40°50'30,9").

Fonte: Da Pesquisa.
27

 Galerias e poços de visita:

As galerias permanecem escondidas da população em geral, por isso sua


situação e até mesmo sua existência costuma ser ignorada. Porém é o dispositivo que
promove a drenagem em si, e devem ser bem preservadas e dimensionadas. A tabela 3
descreve a situação observada nas galerias vistoriadas em Vitória da Conquista:
Situação Consequência Solução
Obstrução por resíduos Este tema é mais bem abordado abaixo, no item “Vícios
sólidos e detritos. e déficits do sistema de drenagem”.
Erosão. Danificação das galerias e Recuperação das galerias
Ocorre naturalmente onde PVs e infiltração da água erodidas e evitar o
há passagem de água. É no solo. Recalque do lançamento de esgotos
potencializada quando há pavimento e de edificações sanitários no sistema de
contaminação por esgoto sobre as galerias. drenagem.
doméstico.
Presença de esgoto Este tema é mais bem abordado abaixo, no item “Vícios
doméstico. e déficits do sistema de drenagem”.
Cobertura parcial ou total Impede ou dificulta a Quando ocorrer nova
de tampas de PV por inspeção, limpeza e pavimentação, deve-se
pavimentação (asfalto). manutenção das galerias. procurar retirar o asfalto
Na verdade, o PV antigo antes da execução
obstruído já é indicativo do novo, tomando as
que não ocorre inspeção do devidas precauções com os
sistema, tampouco PV’s, bem como com as
manutenção e limpeza. aberturas de bocas-de-lobo,
sarjetas, sarjetões.
Tampas de PV’s Promove a deposição de Substituição das tampas
danificadas ou ausentes. resíduos sólidos e detritos. dos PV’s deteriorados ou
Ocorre deterioração devido Possibilidade de acidentes ausentes. Preferir tampas
ao tempo e ao trânsito de com veículos e pedestres. de concreto para locais
veículo. As tampas de ferro mais propensos a furtos e
fundido podem ser furtadas tampas de ferro para vias
devido o valor econômico de trânsito intenso ou
do material. (fig. 19). pesado.
Tabela 2: Situação das galerias e poços de visita, consequências e soluções. Fonte: Da Pesquisa.

Figura 19: Tampa de PV de concreto deteriorada na Av. Jonas Hortélio (Data: 21/11/2015.
Lat. S 14°51'27,6" / Long. W 40°5'09,3"). Tampa de PV ausente na Av. 18, Senhorinha Cairo
(Data: 07/11/2015. Lat. S 14°50'16,8" / Long. W 40°52'56,9").

Fonte: Da Pesquisa.
28

 Bueiros:

Figura 20: Vista de bueiro recém-reformado no Rio Verruga sob Anel de


Contorno Rodoviário Leste.

Fonte: Da Pesquisa. Data: 21/11/2015. Lat. S 14°53'07,7" / Long. W 40°48'49,3".

Os bueiros devem permitir a passagem segura sobre um curso d’água, sem


causar barramento ou obstrução do mesmo. Os equipamentos vistoriados, em geral, são
muito eficientes em sua função. Porém, alguns bueiros (no Anel Viário Leste, na Lagoa
das Bateias e na Av. Juracy Magalhães) passaram por manutenção recente, pois, devido
o mau dimensionamento dos equipamentos, ocorreu erosão do aterro e, às vezes, do
pavimento sobre a passagem de água. A correção é a reforma do bueiro, com o correto
dimensionamento para uma vazão para evento de grande precipitação, utilizando-se o
tempo de retorno adequado para o cálculo desse evento.

 Descidas d’água:

Figura 21: Descida d’água com resíduos na Av. Luís Eduardo Magalhães (Data: 06/07/2015.
Lat. S 14°52'15,9" / Long. W 40°49'52,7"). Descida d’água no Viaduto Paulino Santos (Data:
16/11/2015. Lat. S 14°50'45,1" / Long. W 40°50'18,5").

Fonte: Da Pesquisa.

As descidas d’água vistoriadas em geral estão em bom estado de conservação.


Existe a presença de resíduos sólidos, que deve ser combatida. É comum encontrar
plantas que nascem sobre o revestimento dessas descidas. As mesmas geralmente não
29

atrapalham significativamente o escoamento da água, porém devem ser retiradas para


evitar rachaduras e destacamento do revestimento.

 Valas, valetas e canais:

As calhas em geral foram bem dimensionadas e permitem a passagem


adequada do escoamento. Nota-se que a administração municipal optou por utilização
de canais em diversos pontos da cidade, principalmente em grandes avenidas e com
maior inclinação, especialmente nos bairros Zabelê e Candeias. Nessas localidades foi
possível evitar o erro cometido em bairros mais antigos, como Guarani, Centro e Alto
Maron, onde ocorrem grandes escoamentos superficiais devido às galerias obsoletas. Os
canais abertos permitem maior vazão de projeto com custos menores, além de ter a
manutenção, limpeza e mesmo ampliação facilitadas.
Porém, ainda assim foram observadas a presença de resíduos sólidos e a
proliferação de plantas nesses canais. Ainda, em todos os canais vistoriados foi
percebido o escoamento de esgoto doméstico. (Fig. 22). As consequências e soluções
dessas falhas são mais bem abordadas abaixo, no item “Vícios e déficits do sistema de
drenagem”.

Figura 22: Vala de drenagem próxima ao CEASA com presença de esgoto doméstico (Data:
07/07/2015. Lat. S 14°51'20,8" / Long. W 40°50'35,7"). Grande presença de esgoto doméstico
e resíduo sólido em canal de drenagem central na Av. Rafael Spínola (Data: 16/07/2015. Lat.
S 14°50'17,2" / Long. W 40°52'47,2").

Fonte: Da Pesquisa.

 Vícios e déficits do sistema de drenagem:

Este item pretende listar e discutir os problemas diversos que perpassam os


dispositivos de drenagem e atingem o sistema como um todo. Abaixo são listadas as
falhas e vícios observados ou relatadas pela população:
30

 Lançamento de esgoto doméstico no Sistema de Drenagem Urbana e seus


impactos.
Infelizmente esta falha é bastante comum no sistema de drenagem urbana de
Vitória da Conquista e traz impactos sociais, afetando a saúde e bem-estar da
população, e ambientais, degradando os recursos hídricos.
Provoca mau cheiro nas ruas, calhas e bocas-de-lobo, promove a proliferação
de vetores e aumenta o risco de transmissão de doenças, além de causar a grave
contaminação do corpo hídrico receptor. Pode ainda acarretar sobrecarga do sistema de
drenagem e influir na erosão nas sarjetas, galerias e calhas, seja pelo escoamento
constante, seja pela presença de substâncias corrosivas.
O maior impacto ambiental provocado por esse lançamento indevido é
conhecido: a poluição das águas do Rio Verruga (Fig. 23) e a eutrofização da Lagoa das
Bateias. Infelizmente, uma rica biodiversidade foi e está sendo perdida devido à
poluição com dejetos domésticos.

Figura 23: Lançamento de efluentes de lava-jato em sarjeta na Rua A, Vila Serrana I (Data:
14/11/2015. Lat. S 14°50'29,4" / Long. W 40°52'48,7"). Rio Verruga canalizado e poluído na
Av. Yolando Fonseca (Data: 07/07/2015. Lat. S 14°51'31,7" / Long. W 40°50'35,0").

Fonte: Da Pesquisa.

Solução: A solução para este problema é por meio de duas vias: a educativa e a
punitiva. A primeira busca conscientizar a população das consequências da disposição
irregular do esgoto doméstico, através de propagandas na mídia e imprensa, de reuniões
e audiências, campanhas em escolas, ou por qualquer meio eficaz. A segunda é a
punição dos envolvidos. O lançamento de efluentes no sistema de drenagem é proibido
na legislação ambiental estadual (BAHIA, 2006). Portanto, o órgão ambiental
competente, neste caso o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA
deve identificar os responsáveis e aplicar as medidas punitivas e corretivas cabíveis.
Nota-se também que, nos locais onde não existe sistema de esgotamento
sanitário, deve-se promover a instalação das redes coletoras ou, se não for possível essa
31

ampliação da rede, incentivar a deposição por outro método adequado, como fossa
séptica.

 Lançamento de águas pluviais em sistemas de esgotamento sanitário.


Esta é a falha inversa ao item anterior e trata-se de uma falha de drenagem na
fonte. O sistema de esgotamento sanitário não foi dimensionado para suportar a vazão
de água da chuva. Portanto, na ocorrência de chuvas, a rede de esgoto transborda a
jusante através dos PV’s desse sistema, trazendo os efluentes para a calha viária. Essa
ocorrência é também comum em alguns bairros antigos, segundo relatos de moradores
dos bairros Guarani, Centro, Recreio e Alto Maron. Isso ocorre porque, nesses locais,
muitas residências tem um sistema unitário para esgotamento sanitário e drenagem
pluvial.
Solução: separação dos sistemas residenciais de esgoto e água de chuva. O
pedido para os moradores pode ser por reuniões ou audiências, ou notificações com
embasamento em decreto municipal.

 Deposição de resíduos sólidos nos equipamentos de drenagem, assoreamento e


proliferação de plantas.
Infelizmente é comum a deposição de resíduos sólidos nas ruas da cidade.
Também é grande a quantidade de entulhos da construção civil jogados em calçadas e
terrenos baldios. Esses resíduos são transportados para o sistema de drenagem, que sem
limpeza acaba por acumular esse lixo e favorecer o crescimento de plantas. A
consequência é a obstrução das sarjetas e sarjetões, fazendo com que a água desvie pelo
leito carroçável, ou de bocas-de-lobo e galerias, provocando o retorno do escoamento
para a calha viária, resultando em grandes enxurradas. Nos canais, os resíduos e detritos
são levados até o curso hídrico, provocando poluição e assoreamento.

Figura 24: Flagrante de deposição de resíduos de construção na Rua 13, S. Cairo (Data:
07/11/2015. Lat. S 14°50'11,6" / Long. W 40°52'56,2"). Boca-de-lobo obstruída por resíduos
na Rua K, Cidade Maravilhosa (Data: 07/11/2015. Lat. S 14°50'15,6" / Long. W 40°52'39,0").

Fonte: Da Pesquisa.
32

Solução: Deve ser realizada a correta e frequente limpeza das calhas viárias e
bocas-de-lobo, bem como realizar inspeções nas galerias, especialmente antes do
período de chuvas. Além disso, promover a educação ambiental da população como
método preventivo. Se necessário, deve-se criar leis que proíbam e punam o lançamento
inadequado de resíduos sólidos nas ruas.

 As enxurradas, os pontos críticos e a obsolescência do sitema:


As enxurradas ocorrem em diversos logradouros na cidade e dificultam o
trânsito de veículos e praticamente impede a passagem de pedestres. Ainda, provoca a
erosão dos pavimentos, exigindo do Poder Público gastos com “operações tapa-buraco”.
De acordo com relatos da população, os pontos críticos são: a Avenida Lauro de Freitas
(terminal de ônibus, Centro), na Travessa dos Artistas (Centro), na Rua do Triunfo
(Centro), na Rua da Conquista (Centro), na Rua Fernando Matos (Centro), na Ruas
Ascendino Melo (Centro), na Rua Guilhermino Novais (Recreio), na Avenida
Crescêncio Silveira (Centro), na Avenida Otávio Santos (Recreio), na Avenida São
Geraldo (Recreio/Alto Maron), entre outros.

Figura 25: Ocorrência de enxurrada e alagamento na Avenida


Crescêncio Silveira após chuva moderada.

Fonte: Da Pesquisa. Data: 29/04/2015. Lat: S 14°50'57" / Long: W


40°50'34".

Nesses pontos, um conjunto de fatores é agravante para a situação, sendo os


principais (1) galerias de drenagem obsoletas, (2) obstrução total ou parcial devido a
resíduos sólidos depositados nas ruas pela população, (3) ausência ou mau
dimensionamento de sarjetas e bocas-de-lobo. Dessa forma, uma drenagem insuficiente
promove o escoamento nos logradouros, transformando ruas em verdadeiros rios
efêmeros.
33

Essas três falhas principais devem ser corrigidas e combatidas para acabar
definitivamente com as enxurradas, que simplesmente interrompem o trânsito e o
comércio, trazendo perda econômica e social para o município. Atinge assim a
população em conjunto e individualmente, trazendo inclusive perdas econômicas, como
a danificação de produtos do comércio, veículos e até mesmo edificações. Solucionar
esse déficit do Sistema de Drenagem exigirá muito investimento e força de vontade do
poder público, e terá que contar com o apoio da população.

3. CONCLUSÃO

O Sistema de Drenagem de Vitória da Conquista – como a cidade – está em


processo de expansão. Observou-se que a administração municipal tem se empenhado,
com eficiência, em promover uma melhor gestão da hidrologia urbana, através de obras
de expansão e recuperação. Entretanto, os déficits no sistema existem e foram
comprovados por meio deste trabalho. Essas falhas devem ser corrigidas e os vícios
combatidos.
Portanto, a viabilidade das soluções sugeridas neste trabalho deve ser estudada
em trabalhos futuros para que sejam implantadas e assim corrigidas as falhas do sistema
de drenagem. Assim Vitória da Conquista de oferecer um espaço urbano melhor aos
seus habitantes.
O poder público é o principal responsável pela gestão das águas pluviais – e
suas falhas, mas foi demonstrado que a população tem grande influência na eficiência
do sistema. Desta maneira, o povo deve ser inserido ativamente nesse processo de
gerenciamento, com urgência, principalmente através da difusão de conhecimentos
sobre o sistema de drenagem e da consciência ambiental. Afinal, as obras de drenagem
tornam-se ineficientes se utilizadas de forma incorreta.
Portanto, os investimentos em engenharia são imprescindíveis, mas a educação
é e sempre será a base essencial para a manutenção de uma cidade – e sociedade –
melhores.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 14145 –


Drenagem agrícola: Terminologia e simbologia. Rio de Janeiro, 1989. 13 p.
34

ABNT. NBR 10844 – Instalações prediais de águas pluviais. Rio de Janeiro, 1998. 6
p.

BAHIA. Lei Estadual nº 10.431 de 20 de Dezembro de 2006. Dispõe sobre a Política


de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá outras
providências. Salvador, 2006.

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GRIBBIN, J. E. Introdução a Hidráulica, Hidrologia e Gestão de Águas


Pluviais. Tradução de Andrea Pisan Soares Aguiar. São Paulo: Cengage Learning,
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