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APRESENTAÇÃO

METODOLOGIA

A pesquisa realizada foi de cunho quantitativo e qualitativo, do tipo


exploratória. Desse modo, o procedimento utilizado decorreu de um estudo de
caso, onde buscou-se informações a respeito da quantidade de água
precipitada no último alagamento, ocorrido em agosto de 2021( dados retirados
do portal de notícias Kennedy em Dia), a fim de analisar se existia um volume
de chuva específico, que seja responsável por causar os alagamentos no
centro da cidade, levando em consideração que, não é qualquer chuva capaz
de provocar esse tipo de transtorno. Também foi analisado o diagnóstico e
prognóstico do sistema de drenagem da cidade, feito pela empresa Evolua
Ambiental Engenharia e Consultoria em parceria com a secretaria de meio
ambiente do município. Tal pesquisa feita pela equipe técnica compreendeu-se
os anos de 2015 e 2016. Desse modo realizou-se também, visitas “in locus”
para observar se existia obstrução visível dos bueiros por algum tipo de
material, com o objetivo de entender as possíveis causas da sua ineficiência na
drenagem.
Posteriormente, foi realizado a delimitação das bacias de contribuição,
utilizando a ferramenta: GOOGLE EARTH. Após isso, foi realizado a estimativa
do escoamento superficial por meio das seguintes equações: Tempo de
Concentração; Intensidade de Precipitação; Equação do método racional.
Nesse trabalho também foi calculado o coeficiente de compacidade, com
o intuito de identifica se existe uma propensão alta, média ou baixa a
alagamentos.
O trabalho também é composto por referenciais teóricos, a fim de,
enriquecer o mesmo, e para melhor entendimento dos leitores.

3.1 ALAGAMENTOS NOS CENTROS URBANOS

Os alagamentos nos centros urbanos são desencadeados pelas


precipitações intensas, onde o sistema de drenagem ultrapassa sua
capacidade de escoamento, provocando acúmulo de água nas ruas e
consequentemente causando perdas e danos para a população, uma vez que,
os estabelecimentos comerciais e a residências são afetadas.
Vale ressaltar que o avanço do processo de urbanização alterou o ciclo
hidrológico, uma vez que modificou-se as superfícies das cidades (asfaltos,
calçamentos e edificações) aumentando a impermeabilização do solo,
reduzindo a infiltração da água e acarretando aumento do escoamento
superficial, o que causa uma sobrecarga nos sistemas de drenagem. Segundo
Tucci (2003, p.36), “esse processo apresenta grave impacto nos países em
desenvolvimento, onde a urbanização e as obras de drenagem são realizadas
de forma totalmente insustentáveis [...].”
De acordo com Licco e Dowell (2015), os alagamentos revelam
vulnerabilidade de uma cidade, pois a mesma, tende a apresentar o aumento
desse fenômeno com a crescente urbanização, feita sem a implantação da
infraestrutura de drenagem urbana.

3.2 DIFERENÇA ENTRE ALAGAMENTO, ENCHENTE E INUNDAÇÃO


3.2.1 ALAGAMENTO

Alagamento é o acúmulo momentâneo de água em determinadas áreas


planas, fundo de vales ou com depressões, sendo ocasionado pela ineficiência
ou falta do sistema de drenagem no local, associado a chuvas intensas de
média ou de longa duração (SILVA; MOTENEGRO; ROCHA, 2014).

3.2.2 ENCHENTE
Enchente (ou cheias) é um processo natural, desencadeado pelas
chuvas intensas, fazendo com que os rios elevam seu nível de água do canal
e, acabam ocupando o seu leito maior sem que haja um transbordamento
(LICCO; DOWELL, 2015).

3.2.3 INUNDAÇÃO

A inundação é um fenômeno muito antigo e que já existe a séculos.


Ocorre quando as águas dos rios ou galerias pluviais saem do leito de
escoamento, seja por incapacidade do sistema no transporte ou aumento
abrupto do volume de água, onde por sua vez acaba atingindo ruas,
residências, comércios entre outros (SCHERER; SANTOS, 2012).
3.3 TIPOS DE DRENAGEM

Os sistemas de tradicional de drenagens urbanas são classificados em


dois grupos: macrodrenagem e microdrenagem. Sendo baseada tal divisão em
suas funções principais e nas suas dimensões. A macrodrenagem consiste em
um sistema composto por galerias de maior porte ou canais abertos.
A microdrenagem é um sistema que é projetado para atender a drenagem de
precipitação que possuem risco moderado e é conceituado como “sistema de
condutores pluviais ou canais em nível loteamento ou de rede primária urbana”.

3.4 IMPORTÂNCIA DE UM SISTEMA DE DRENAGEM

Um adequado sistema de drenagem possibilita uma série de benefícios,


tais como: diminuição dos riscos de prejuízos nas propriedades; escoamento
rápido das águas na superfície, favorecendo a circulação de pedestres e de
veículos em áreas urbanas após as chuvas; diminuição dos gastos com a
manutenção das vias públicas; redução de danos ao meio ambiente; redução
dos riscos da contaminação da água, por organismos patogênicos; valorização
das propriedades na área favorecida (MEDAU, 2018).
Vale ressaltar que a drenagem urbana tem como objetivo principal
eliminar a água, que chega até o solo urbano, captando e encaminhando para
áreas que menos prejudique a segurança e a durabilidade de uma via pública
(CALDEIRA; LIMA, 2020). Além de, servir como medidas preventivas para
evitar transtornos como alagamentos, inundações e enchentes.
Os moradores, disseram que é preciso resolver os alagamentos na
cidade, e uma das possíveis soluções para resolver o problema seria a
ampliação dos bueiros para melhor comportar o volume da água das chuvas
mais intensas (EVOLUA AMBIENTAL ENGENHARIA E CONSULTORIA,
2015).
Desde 2015, é nítido percebe que existia uma preocupação dos
munícipes e dos gestores da cidade para buscar soluções, para melhorar o
sistema de drenagem do município. Isso demostra que desde muito tempo, o
sistema vem operando de forma ineficiente.
Em 2016 a empresa Evolua Ambiental Engenharia e Consultoria chegou
a um prognóstico sobre a rede de drenagem do município, na qual análise
realizada apontou para uma ineficiência dos equipamentos de drenagem
instalados na cidade, uma vez que as galerias não suprem a vazão acumulada
em grandes períodos chuvosos. Segundo a empresa, embora existam diversas
legislações que tratam sobre o sistema de drenagem. Ainda sim as mesmas
não vendo sendo cumpridas de forma eficientes.Pois, o município necessita de
maior objetividade e dimensionamento nas leis. (EVOLUA AMBIENTAL
ENGENHARIA E CONSULTORIA , 2016).
Desse modo, é possível perceber que falta a fiscalização e
comprometimento dos órgãos competentes, para que as leis sejam
executadas, acaba dificultado a implantação de um sistema de drenagem
eficiente, capaz de drenar grandes volumes de chuva. Logo isso, acarreta uma
série de transtornos para a população.
O município não possui cadastro do sistema de drenagem
urbana, não existindo bases referenciadas sobre a rede
existente, bem como os componentes da microdrenagem,
indicando que o sistema foi construído conforme a demanda
necessária da infraestrutura de pavimentação. Entretanto o
município dispõe de um projeto executivo do sistema de
drenagem de águas pluviais, elaborado em 2009,
contemplando a área urbanizada da sede municipal, com todos
os componentes e a infraestrutura necessária para o
escoamento das águas. (EVOLUA AMBIENTAL ENGENHARIA
E CONSULTORIA , 2016, p. 36)

Nota-se, que o sistema de drenagem é antigo, pois foi criado com base
na necessidade daquela época, sem levar em consideração o processo de
urbanização e as infraestruturas de pavimentação adequadas. Dessa forma,
houve a necessidade de ser criado um novo projeto executivo, para resolver a
situação. Entretanto, até o momento nenhuma obra foi feita nos últimos anos
para resolver o problema. Exemplo claro disso, foram os dois últimos
alagamentos na cidade nos anos de 2021 e 2022. Representados pelas figuras
3 e 4 abaixo.

Figura 3- Forte chuvas provocam alagamentos de ruas no centro de Presidente Kennedy


Fonte: (KENNEDY EM DIA, 2021)

Figura 4- Alagamento no Centro de Presidente Kennedy

Fonte: (AUTOR DO TRABALHO, 2022)


Outro fator que contribui para os alagamentos na cidade é obstrução dos
bueiros e das galerias, uma vez que acabam comprometendo a captação de
água das chuvas. Segundo a Evolua Ambiental Engenharia e Consultoria
(2016, p.36) “a não existência de uma rotina de limpeza e manutenção dos
dispositivos de drenagem urbana, faz com que a estrutura perca a capacidade
de coleta e fluxo nas bocas de lobos, galerias [...] ”.

ANÁLISE DE DADOS COM BASE NAS EQUAÇÕES

 Araújo et al. (2016, p.2), “o tempo de concentração (tc) é definido como


o tempo necessário para que toda a área da bacia contribua para o
escoamento superficial num determinado ponto de controle.”

Resultado: 0,285 km (o cumprimento do curso d’água) e o tempo de


concentração de 7, 20 minutos.

 Equação da intensidade, duração e frequência de precipitação.

Resultado: 170, 85 mm/h de intensidade da chuva, considerando um


tempo de retorno de 11 anos.

 Equação do método racional


Para Melo et al. (2010, p 18), “ o método racional estima a vazão máxima
de escoamento de uma determinada área sujeita a uma intensidade
máxima de precipitação, com um determinado tempo de concentração.”

Resultado: Q= 0,39. Considerando o coeficiente de Runoff C=0,90.

 O cálculo do coeficiente de compacidade

Segundo Silva e Mello (2008) citado por Schmitt e Moreira (2015), o


valor coeficiente de compacidade pode ser interpretado da seguinte forma:
• 1,00 ≤Kc< 1,25 – bacia com alta propensão a grandes enchentes;
• 1,25 ≤ Kc< 1,50 – bacia com tendência mediana a grandes enchentes;
• Kc≥1,50 – bacia não sujeita a grandes enchentes.

Ao fazer a equação foi obtido coeficiente de compacidade equivalente a


1,35. Considerando perímetro (P) em metros igual 495 metros e área (A) 9.234
metros quadrado.
Em suma, o valor obtido nessa equação indica para uma probabilidade
ocorrência de alagamentos classificada como média. Isso significa que esses
problemas no centro estão relacionados a rede de drenagem. Além disso, o
processo de urbanização na região intensificou a impermeabilização do solo,
contribuindo ainda mais para ocorrência de alagamentos na região.

SISTEMA DE DRENAGEM
As possíveis causas da ineficiência existente no sistema, baseia-se em
fatos de que o mesmo é muito antigo, acreditando também que houve um mal
dimensionamento na época de sua instalação, na qual não foi levado em
consideração o próprio crescimento da cidade, o que seria e, é um agravante
nos dias atuais. Muito além da sua arcaica implantação, considera-se que a
falta de limpeza recorrente e manutenção do canal de drenagem e dos
bueiros, possam ser um fator determinante para com sua ineficiência, uma vez
que é possível haver materiais sólidos como lixo, folhas e até mesmo solo
obstruindo o escoamento da água na parte interna. Ressaltando também que,
o aumento da impermeabilização do solo através de pavimentos como asfalto e
edificações, influência diretamente na capacidade de drenagem de qualquer
sistema, pois a água acaba escoando de forma muito rápida o que acaba
sobrecarregando a drenagem do sistema.

Figura 5- Bueiro 01
Fonte: (AUTOR DO TRABALHO, 2022)

Figura 6- Bueiro 02

juhbj
Fonte: (AUTOR DO TRABALHO, 2022)

Figura 7- Bueiro 03

Fonte: (AUTOR DO TRABALHO, 2022)

Figura 7- Bueiro 04

Fonte: (AUTOR DO TRABALHO, 2022)

3.9 ADOÇÃO DE MEDIDAS COMPENSATÓRIAS


As técnicas compensatórias de drenagem vieram para amenizar os
impactos negativos causados pela urbanização. Tais medidas proporciona uma
série de benefícios, tais como: preservação do meio ambiente, qualidade de
vida para a população, diminuição do escoamento superficial entre outros.
(OLIVEIRA; BARBASA; GOLÇAVES, 2016).
De acordo com Almeida (2014, p. 24), “as técnicas compensatórias
minimizam os custos da drenagem clássica, reduzindo dimensões de
tubulações e, consequentemente reduzindo o tempo e a vazão de pico.” Além
disso, sua adoção é mais viável, pois ocupa menos espaços em áreas urbanas.
Desse modo, uma boa forma diminuir a ocorrência de alagamento em
Presidente Kennedy é adotando essas medidas: telhados verdes; captação e
armazenamento de água das chuvas; limpeza e manutenção da rede de
drenagem.

3.9.1 TELHADOS VERDES


Com a urbanização houve um aumento das áreas pavimentadas e
edificações nas cidades, o que possibilitou uma redução da vegetação, e
consequentemente diminuição da infiltração da água das chuvas (BELTOLDI,
2017). Com isso, os sistemas de drenagem acabam na maioria das vezes
sobrecarregados.
Um das medidas para resolver esse problema seria a adoção do telhado
verde, também conhecido como jardim telhado. Cuja aplicação desse método,
ocorre em camadas impermeáveis, sobre: telhados de casas, fábricas,
escritórios e outras edificações. (MARRONEZ; CAVARRO, 2017)
De acordo com Maronez e Cavarro (2017), os telhados verdes
minimizam os efeitos causados pela urbanização, uma vez que, atuam como
agentes controladores do escoamento superficial urbano, pois ajudam a reter a
água da chuva, por meio de sua camada vegetal. Desse modo, é possível
perceber que essa medida seria eficiente, para que em grandes períodos de
volume água das chuvas no município, não ocorra alagamento no centro.

3.9.2 CAPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS ÁGUAS DAS CHUVAS


A captação e armazenamento da água da chuva é uma medida bastante
eficiente para aproveitamento das águas que cai nos telhados das casas ou
outras edificações. Essa água é coletada por meio de calhas, sendo conduzida
por condutores verticais e horizontais, onde passa por um processo de
filtragem e descartes de impurezas por meio de filtros seletores. Após passar
por esse processo, a água é armazenada na cisterna. (COLLA, 2008).
Essa água coletada pode ser utilizada para fins domésticos e industriais
como por exemplos: lavagem de calçadas, pisos, descargas sanitárias entre
outros. “Além de contribuir para a redução do volume de escoamento
superficial e na redução do volume da água num sistema de atenuação de um
determinado local.” (WOODS-BALLARD et al.,2015 apud ALMEIDA, 2020, p.
19).
Nota-se que essa medida além de ser sustentável, sua adoção seria
essencial no município de Presidente Kennedy, pois evitaria que o sistema de
drenagem do centro se sobrecarregasse, ou seja, reduziria o volume e
velocidade da água da chuva naquele local. Logo o sistema, conseguiria
drenar água pluvial de forma mais eficiente.

3.9.3 LIMPEZA E MANUTENÇÃO DA REDE DE DRENAGEM


A limpeza das ruas regulamente impende que os resíduos sólidos (lixo,
ganhos e entulhos), cheguem até os bueiros, evitando assim possíveis
obstruções em dias chuvosos. “A varrição das ruas é considerada uma medida
fundamental, reduzindo a carga de sólidos e sedimentos dos deflúvios.”
( RIGHETO, 2009, p. 33).
Segundo Righeto (2009), uma outra forma de garantir a manutenção da
rede de drenagem é limpeza do dispositivo de retenção de resíduos sólidos e
sentimentos, que se encontra localizado na entrada da boca-de-lobo. Vale
acrescentar que, o material sólido que se encontra preso dentro desse
compartimento, pode ser recolhido por meio da retirada da grelha
manualmente. “A retenção dos resíduos e dos sedimentos impende a
transferências desses materiais para o corpo receptor situado a jusante;
recomenda-se a limpeza dessas estruturas pelo menos duas vezes ao ano.”
(RIGHETO, 2009, p. 34).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da investigação do diagnóstico e prognóstico feito em 2015 e
2016, pelos técnicos da empresa Evolua Ambiental Engenharia e Consultoria, é
possível afirmar que o sistema de drenagem é antigo, pois provavelmente na
época, não houve preocupação com o processo de urbanização. Situação está
que se assemelha a outras cidades que enfrentam o mesmo problema.
Ao realizar a equação do coeficiente de compacidade, foi obtido o
resultado de 1,35, evidenciando assim, uma probabilidade mediana a
ocorrência de alagamentos naquela região. Logo, esse cálculo confirma que o
sistema de drenagem não estar conseguindo captar volumes intensos de água
pluvial.
Além disso, uma outra observação a ser pontuada é que os bueiros e as
galerias ao serem obstruídos por material sólido, podem perde sua capacidade
de drenar o volume da água da chuva. Portando, é de suma a importância uma
rotina de limpeza e manutenção no sistema de drenagem urbano.
Desse modo ao se respaldar na pesquisa realizada, conclui-se que o
sistema de drenagem é de fato ineficiente baseado nos históricos de
alagamentos, nas observações e nos cálculos feitos. Sendo assim, é
necessário que município adote algumas das medidas compensatórias
supracitadas no trabalho, com o intuito de amenizar os efeitos e ajudar o
sistema de drenagem a exercer sua função de forma eficiente.

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