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DRENAGEM URBANA: MEDIDAS ESTRUTURAIS E NÃO

ESTRUTURAIS
URBAN DRAINAGE: STRUCTURAL AND NON-STRUCTURAL MEASURES
ISSN: 1984-3151

Filipy Augusto Ferreira ¹; Pedro Henrique Correa dos Santos 2; Eros de Faria 3

1 Graduando de Engenharia Civil. Centro Universitário de


Belo Horizonte - UniBH, 2016. Aluno de Graduação. Belo
Horizonte, MG. filipy15@hotmail.com.

2 Graduando de Engenharia Civil. Centro Universitário de


Belo Horizonte - UniBH, 2016. Aluno de Graduação. Belo
Horizonte, MG. pedroh.correa@hotmail.com.

3 Mestre em Engenharia Ambiental. UFOP, 2011. Professor


do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. Belo
Horizonte, MG. erosfaria@gmail.com.

RESUMO: Com o elevado crescimento populacional nos grandes centros urbanos é comum observar os impactos
negativos, ocasionados pelo aumento da produção dos sedimentos, contaminação dos aqüíferos e pela
impermeabilização do solo. Este processo gera mudanças no ciclo hidrológico, apresentando os efeitos mais
notáveis no aumento do escoamento superficial e na diminuição da infiltração o que pode ocasionar inundações,
enchentes e alagamentos no meio urbano. Para minimizar ou evitar esses eventos que trazem prejuízos e danos a
população é necessário a adoção de medidas que envolvam soluções de drenagem pluvial, sendo elas estruturais
e não estruturais. As medidas estruturais são as obras de engenharia, que podem ser separadas em medidas
intensivas e extensivas e possuem um custo alto. As não estruturais em contra partida são de custo mais baixo e
visam disciplinar a ocupação territorial.
PALAVRAS-CHAVE: Drenagem Urbana, Urbanização, Medidas de controle, inundação.

ABSTRACT: Due to the high population growth in the urban centers, is common note the negative impacts caused by
the increase of sediments production, contamination of aquifers and the soil waterproofing. This process generates
changes on the hydrological cycle, showing more remarkable effects like the increase of the runoff and the
decrease of water infiltration which can causes flood and overflows in the urban environment. To reduce or avoid
these events that cause loss and damages to the population is necessary the adoption of drainage measures,
which are structural and non-structural. The structural measures are engineering works, which can be divided in
intensive and extensive measures and have a high cost. The non-structural measures on the other hand, have a
lower cost and aim discipline the territorial occupation.
KEYWORDS: Article. Urban Drainage, Urbanization, Control Measures.

____________________________________________________________________________

1 INTRODUÇÃO seu ciclo hidrológico, contribuindo para sua escassez


(NUNES, 2006).
A água é condição determinante para a existência da
vida e essencial para o desenvolvimento de uma O processo de urbanização traz profundas

nação e também tem um papel importante na garantia modificações no uso e ocupação do solo, que por sua

do equilíbrio ecológico e ambiental. Existem vários vez causam marcas permanentes no ciclo hidrológico

fatores que afetam a perda da eficiência da água no das áreas urbanizadas, apresentando os efeitos mais

e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH.


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notáveis no aumento do escoamento superficial e na 2 REFERENCIAL TEÓRICO
diminuição da infiltração (FONTES e BARBASSA,
2003), o que pode ocasionar inundações, quando
2.1 Ciclo Hidrológico
ocorre um evento chuvoso mais intenso, devido a O ciclo hidrológico ocorre através da precipitação que
impermeabilização quase que total do solo nas áreas ocorre sobre a superfície do planeta, tanto nos
urbanas. continentes como nos oceanos. Nos continentes, a

A inundação ocorre quando há falha ou ineficiência do evaporação faz com que uma parte das precipitações

sistema de drenagem no transporte das águas pluviais seja devolvida para a atmosfera enquanto a outra

fazendo com que as águas dos rios, riachos, galerias parte deságua nos oceanos depois de escoar pela

pluviais saem do seu leito de escoamento e ocupe terra e percorrer os caminhos recortados pelos rios ou

áreas onde a população utiliza para moradia, infiltra e percola no solo ou nas rochas. Os oceanos

transporte (ruas, rodovias e passeios), entre outros recebem água por meio das precipitações e pelo

(TUCCI, 2003). desaguamento dos rios, e perdem pela evaporação. O


excesso de vapor na atmosfera sobre os oceanos é
Sistemas de drenagem são necessários no
transportado para os continentes, em sentido contrario
desenvolvimento de áreas urbanas, pois eles fazem a
ao desaguamento (ANA, 2002), e assim fechando o
interação entre a atividade humana e o ciclo natural da
ciclo hidrológico como mostram as figuras abaixo:
água. Os projetos de drenagem urbana têm como
finalidade o escoamento da água precipitada o mais
rápido possível para fora da área projetada, ou a
retenção da água nas vazões de pico, no caso das
bacias de detenção (MANUAL DE DRENAGEM
URBANA, 2002).

Este artigo tem como objetivo apresentar as medidas


estruturais e não estruturais para controle de
inundações, enchentes e alagamentos, visando Figura 1- Ciclo Hidrológico
demonstrar algumas das medidas que são aplicadas Fonte – ANA, 2002
em Belo Horizonte e apresentar sugestões para os
problemas existentes em sistemas de drenagem. As
medidas estruturais compreendem as obras de
engenharia, enquanto as não estruturais procuram
disciplinar a ocupação territorial (CANHOLI, 2005).

Diante dos problemas que abrangem a drenagem em


grandes centros urbanos justifica-se o estudo e
aplicação de novas soluções, sendo elas estruturais
ou não estruturais, adequando-as aos sistemas já
existentes.
Figura 2- Ciclo Hidrológico
Fonte – Ministério do Meio Ambiente, 2008

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2.2 A Drenagem Urbana Brasileira gestão de resíduos sólidos, sistemas eficientes de
saneamento e estruturas de drenagem.
O elevado crescimento populacional nos centros
urbanos, associado à ocupação desordenada; falta de 2.3 Estruturas de Drenagem
planos diretores de drenagem eficientes;
Quando se fala de estrutura de drenagem, refere-se a
impermeabilização do solo; falta de manutenção nos
basicamente a sistemas voltados para controle dos
dispositivos de drenagem; e a distribuição de chuvas
picos de cheia, onde os mesmos variam conforme
mal distribuídas provocadas pelas alterações do ciclo
cada situação seja ela provida por ocupação do solo
hidrológico tem gerado graves consequências no dia a
ou por fatores naturais como relevo. Dentro do
dia da população destes grandes centros. Segundo
sistema de drenagem e controle de cheias existem
Tucci (2008), o meio formado pelo ambiente natural e
diversas medidas estruturais e não estruturais que
pela população, é um ser vivo e dinâmico que gera um
buscam apaziguar e mitigar esses eventos. Assim
conjunto de efeitos interligados, que sem controle
como explica Carlos Tucci:
pode levar a cidade ao caos. Um dos eventos mais
A gestão das ações dentro do ambiente urbano
perigosos e imprevisíveis são os eventos de pico de pode ser definida de acordo com a relação de
cheia, onde se não controlados, podem gerar dependência da água através da bacia hidrográfica
ou da jurisdição administrativa do município, do
problemas gravíssimo para população em geral. Estado ou da nação. A tendência da gestão dos
recursos hídricos tem sido realizada através da
O crescimento urbano brasileiro tem ocorrido nas bacia hidrográfica, no entanto a gestão do uso do
solo é realizada pelo município ou grupo de
últimas décadas de forma acelerada transformando o municípios numa Região Metropolitana. A gestão
pode ser realizada de acordo com a definição do
Brasil em um país essencialmente urbano (83% de
espaço geográfico externo e interno à cidade.
população urbana), assim fatores como uso e (TUCCI, 2008)

ocupação do solo provem diversos desafios à


sociedade, um deles é como elaborar e controlar 2.4 Medidas de Controle de Drenagem
sistema de drenagem pluvial a fim de evitar os
Com a crescente urbanização é comum observar
eventos de cheia como: enchentes, inundações e
impactos negativos gerados pela falta de
alagamentos (TUCCI, 2008).
planejamento urbano, ocasionados pelo aumento da
A administração da drenagem das águas intercala um
produção dos sedimentos, contaminação dos
sistema complexo de gestão e gerenciamento do
aquíferos, impermeabilização do solo, dentre outros.
sistema pluvial, buscando mitigar e reduzir ao máximo
Esses fatores contribuem para assoreamento dos
os eventos de cheia, proporcionando segurança e
canais hídricos, sobrecarga nos sistemas de
melhor qualidade de vida à população. O
drenagem e aumento da velocidade de escoamento
planejamento urbano é realizado para a cidade formal,
superficial. Segundo Canholi (2014), a falta de visão
e para a cidade informal e são analisadas tendências
sistemática no planejamento da macrodrenagem
dessa ocupação relacionando-as com a infraestrutura
ocorre devido ao estado caótico do controle das
proposta ou existente no ambiente urbano (TUCCI,
drenagens pluviais em áreas urbanas, sendo assim,
2008).
existe uma enorme necessidade de planejar ações
De acordo com IPEA - Instituto de Pesquisa
preventivas, corretivas e pontuais utilizando se das
Econômica Aplicada - (2010), o sistema de controle e
ferramentas denominadas medidas de controle. Em
planejamento urbano brasileiro vem evoluindo e
definição as medidas de controle visam minimizar, ou
começa criar propostas integradas de controle e
evitar, danos de eventos de inundações atuando no
controle dos picos de cheias através de medidas que As medidas de controle intensivas agem diretamente
podem ser estruturais ou não estruturais. no curso d’água e na superfície em escala menor,
sendo variável conforme seu objetivo, podendo ser na
2.4.1 Medidas Estruturais
forma de aceleração do escoamento, retardamento do
As medidas de controle estruturais são medidas fluxo, restauração de calhas naturais e desvio do
físicas de engenharia, ou seja, obras de infraestrutura escoamento. São elas:
desenvolvidas para reduzir o risco de enchentes, • Aceleração do escoamento:
podendo ser extensivas ou intensivas (ASSIS, 2006). São obras basicamente de canalização do curso
A integração, entre as medidas estruturais e o sistema d’agua como os diques ou polder, buscando o
de drenagem urbana fortalece o sistema hídrico- confinando do fluxo, aumento do nível de água na
hidráulico da bacia hidrográfica buscando controlar as seção para a mesma vazão e diminuindo o a
relações entre precipitação e vazão. velocidade de escoamento de montante para jusante
As medidas de controle extensivas correspondem a (SOUZA, GONÇALVES e GOLDENFUM, 2007).
tentativa global de controle da vazão hídrica,
• Retardameno do Fluxo:
buscando diminuir a energia do seu escoamento
Corresponde as bacias de detenção, ou retenção,
superficial por meios de obras de recomposição da
criado para reter o volume de chuva durante os picos
cobertura vegetal destinadas ao retardo e controle do
de cheia, minimizando o impacto a jusante do
escoamento, obras de controle de erosão do solo a
barramento.
fim de evitar o carreamento de partículas física do
mesmo. Sendo elas: • Restauração das Calhas Naturais:
• Recomposição da Cobertura Vegetal: São basicamente obras de revitalização do curso
A adoção dessa atividade possibilita o aumento do d’agua através da preservação natural, cobertura em
poder de armazenagem do volume precipitado por sua marginal vegatal e obras de permeabilidade do
interceptação vegetal ou percolação da água, garante solo, como pisos drenantes.
o acréscimo da evapotranspiração, retarda o
• Desvio do Escoamento:
coeficiente de escoamento superficial dificultando
Compreende-se obras de infraestrutura como túneis
eventos de erosão preservando a integridade da bacia
de derivação, canais de desvios, aumento da seção
(SOUZA, GONÇALVES e GOLDENFUM, 2007).
transversal e aprofundamento do canal. Tais
• Controle da erosão do solo: modificações morfológicas destinam-se ao aumento
Esta medida busca preservar o curso D’água natural da vazão mantendo o mesmo nível original (SOUZA,
mantendo o equilíbrio da seção do leito sempre GONÇALVES e GOLDENFUM, 2007).
favorável a sua vazão máxima. O carreamento de
2.4.2 Medidas não Estruturais
partículas provindas dos solos adjacentes contribui
para o assoreamento e redução do leito jusante para De acordo com Canholi (2005), as medidas não
evitar essas patologias. As medidas de estruturais procuram disciplinar a ocupação territorial,
reflorestamento, implantação de pequenos o comportamento de consumo das pessoas e as
reservatórios e a estabilização das margens atividades econômicas.
proporcionam a redução dos impactos gerados pelo Mesmo não sendo uma medida popular, diferente das
evento de pico de cheia (SOUZA, GONÇALVES e medidas estruturais, que se trata de obras, as
GOLDENFUM, 2007). medidas não estruturais podem gerar uma grande

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minimização dos prejuízos, e com um custo baixo se 3 METODOLOGIA
trabalhadas juntamente com um plano diretor (IMAP,
Buscando uma abrangência desses fatores, segue- se
2014).
a estrutura de pesquisa documental esclarecida por
As medidas não estruturais podem ser: Gil (2008), como ferramenta de busca rica e estável

• Zoneamento de áreas inundáveis: de informações em diversos meios confiáveis.

Estabelece o zoneamento de áreas inundáveis, O presente artigo seguirá de forma ordenada métodos
criando regulamentações para a construção e e meios de coletas seguindo tal estrutura proposta:
podendo fazer a desapropriação de áreas para a
construção de parques, praças para que não provoque
• Fez-se o levantamento técnico e bibliográfico
danos ou prejuízos importantes a população e evitar
do sistema hidráulico urbano;
ocupações ilegais (IMAP, 2014).
• Realizou-se o levantamento de algumas
• Educação Ambiental; medidas estruturais e não estruturais
É a conscientização da população voltada ao controle realizadas em Belo Horizonte;
da poluição difusa, erosão e lixo. Realizando • Fez-se a composição técnica dos sistemas de
campanhas contra lançamento de lixo e esgoto nos drenagem urbana;
córregos urbanos, e outras ações (CANHOLI, 2005). • Realizou-se visita técnica a superintendência
• Seguro Enchente: de desenvolvimento da capital de Belo
Esta medida pode ser calculada a partir do tamanho Horizonte;
dos riscos associados as cheias e permite a • Fez-se a conceituação e estruturação de
população o ressarcimento contra prejuízos causados medidas mitigadoras ou regulamentadora de
por inundações ou enchentes (IMAP, 2014). drenagem urbana;

• Sistemas de alerta e previsão de inundações:


São sistemas que visam evitar imprevistos, 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
monitorando áreas de riscos através de sensores de
nível e pluviômetros e quando há possível ocorrência 4.1 Drenagem Urbana de Belo Horizonte
de inundação alerta a Defesa Civil e órgãos públicos Belo Horizonte é um município com área territorial
que realizam ações preventivas de isolamento de aproximada de 331,4 km² (IBGE, 2015), que é dividido
áreas, retirada pessoas das áreas de inundação e em quatro bacias hidrográficas: Ribeirão Arrudas,
desvios de tráfego. Ribeirão do Onça, Ribeirão do Isidoro e Rio das

• Utilização de pavimentos permeáveis, nas vias Velhas, sendo que a primeira possui 163,70 km² em

públicas: Belo Horizonte, 28,96 km² em Contagem e 15,10 km²

É a utilização de canaletas, passeios e até mesmo em Sabará, a segunda possui 102,57 km² em Belo

asfalto feito de material permeável para auxiliar a Horizonte e 53,45 km² em Contagem, a terceira possui

infiltração da água da chuva e ajudar a diminuir a 55,61 km² em Belo Horizonte e a quarta possui 10,50

velocidade de escoamento, minimizando assim os km² em Belo Horizonte (PMS, 2015). Os Ribeirões do

impactos dos picos de cheia. Arrudas e do Onça são os principais responsáveis


pela drenagem natural do município, ambos tem seus
cursos d’água indo em sentido ao Rio das Velhas
(PMS, 2015). De acordo com o Plano Diretor de
Drenagem de Belo Horizonte (2012), o sistema de
macrodrenagem de Belo Horizonte possui: 113,6 km
de extensão de trechos não canalizados, 207,9 km de
trecho canalizado e 350,0 km de hidrografia não
cadastrada.

4.2 Medidas adotadas em Belo Horizonte

Belo Horizonte por ser uma capital, possui uma alta


taxa de ocupação e devido a isso teve sua drenagem
natural alterada ao longo dos anos. Para amenizar ou
tentar solucionar problemas relacionados a
inundações, enchentes e alagamentos, a cidade Figura 3 – Projeto Executivo do Parque da Sub-bacia
adotou diversas medidas estruturais e não estruturais. Fonte – Plano Municipal de Saneamento de Belo
Horizonte, 2014
4.2.1 Programa DRENURBS
• Bacia do Córrego Engenho Nogueira;
DRENURBS é um programa criado pela Prefeitura de
De acordo com o Plano Municipal de Saneamento de
Belo Horizonte que visa tratar de forma integrada os
Belo Horizonte (2015), a obra concluída em dezembro
problemas sanitários, ambientais e sociais em cursos
de 2011 na Regional Noroeste, com custo aproximado
d’água que ainda mantêm seus leitos naturais, ou não
de R$ 24,6 milhões beneficiou cerca de 19.600
canalizados. Os principais objetivos do programa são:
habitantes através da realização de medidas
a despoluição dos cursos d’água, redução dos riscos
estruturais como: tratamento de fundo de vale,
de inundação e controle da produção de sedimentos
implantação da bacia de detenção do Engenho
(PMS, 2015). Para cumprir tais objetivos,
Nogueira, criação de redes de micro e
principalmente na questão de drenagem urbana, o
macrodrenagem e controle de erosões.
programa utilizou de algumas medidas estruturais e
não estruturais através das obras abaixo: • Sub-bacia do Córrego Baleares;
De acordo com o Plano Municipal de Saneamento de
• Sub-bacia do Córrego 1º de Maio;
Belo Horizonte (2015), a obra concluída em maio de
De acordo com o Plano Municipal de Saneamento de
2008 na Regional Venda Nova, com custo aproximado
Belo Horizonte (2015), a obra realizada no córrego 1º
de R$ 7,8 milhões realizou medidas estruturais como:
de Maio na Regional Norte teve custo total de R$ 5,83
recomposição de talude, controle de focos de erosões,
milhões. Concluída em abril de 2008, a obra realizou
tratamento de fundo de vale, recuperação de
obras estruturais tais como: tratamento de fundo de
nascentes e contenção de margens; e também de
vale, contenção de margens, implantação e melhoria
medidas não estruturais como: criação do parque
de sistema de drenagem, controle de focos erosivos e
urbano Baleares e de praças e de programas de
implantação da bacia de detenção; e também medidas
educação ambiental para a comunidade beneficiada.
não estruturais como: proteção de nascentes,
remoção de famílias das áreas de risco e criação de • Bacia do Córrego Bonsucesso;
programas de educação ambiental para orientar a De acordo com o Plano Municipal de Saneamento de
população que mora próxima a sub-bacia. Belo Horizonte (2015), a obra com parte concluída em

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dezembro de 2011 e o restante previsto para 2017 nas Hidrológico, que armazena esses dados e os
Regionais Oeste e Barreiro, beneficia uma população transforma em tabelas, gráficos e relatórios. Com isso
de cerca de 42.000 habitantes e um custo aproximado é possivel acompanhar eventos de chuva e os níves
R$ 264,4 milhões. A obra contempla diversas áreas da d’água dos córregos em tempo real, permitindo com
engenharia civil como a construção de unidades que a Defesa Civil e os orgãos públicos ajam
habitacionais, infraestrutura de ruas, mas na questão antecipadamente em casos de eventos críticos e
de drenagem urbana realizou-se algumas medidas permite também alertar a população que vive em
estruturais como: tratamento de fundo de vale, áreas de risco de inundação, uma vez que as
implantação da bacia de detenção, contenção de estações fluviométricas possuem três tipos de alerta
margens, controle de focos de erosões e ampliação da que são: amarelo quando a água atinge 50% da seção
rede de microdrenagem. útil do canal, laranja quando atinge 80% da seção útil
e o vermelho quando há o extravasamento do canal
(SIQUEIRA, AGUIAR e MOURA, 2013). O sistema de
monitoramento hidrológico permite também um
diagnóstico contínuo do sistema de drenagem d a
cidade, auxilia na elaboração de novos projetos
drenagem e na calibração de modelos hidrológicos
das bacias do município.

Figura 4 – Vista da bacia de detenção


Fonte – Plano Municipal de Saneamento de Belo
Horizonte, 2014

4.2.2 Monitoramento Hidrológico

O sistema de monitoramento hidrológico, como já dito


antes, é uma medida não estrutural que foi adotada
pela Prefeitura de Belo Horizonte através da seção de
monitoramento hidrológico na Superitendência de
Desenvolvimento da Capital (SUDECAP). Criado a
partir da segunda etapa do Plano Diretor de
Drenagem de Belo Horizonte em 2006, o sistema de
monitoramento hidrológico entrou em funcionamento
no mês de outubro de 2011.

O sistema é composto por 42 estações, das quais 04


são climatológicas, 11 pluviométricas e 27
fluviométricas, que foram instaladas em áreas
estratégicas pela cidade. As estações transmitem os
Figura 5 – Mapa das Estações
dados de 10 em 10 minutos para o Banco de Dados Fonte – Arquivo SUDECAP, 2011
4.2.3 Núcleos de Alerta de Chuvas - NAC complexo atuante. Devido essa a complexidade as
medidas de controle em operação nos sistemas de
O NAC é uma medida não estrutural com o objetivo de
drenagem urbana mostram se muitas vezes incapazes
minimizar os efeitos de eventos chuvosos em áreas de
de atender as demandas dos eventos de pico de
risco, através de uma parceria entre a Prefeitura de
cheia, gerando uma série de problemas como
Belo Horizonte e a comunidade. Os NAC são grupos
inundações, enchentes, proliferações de vetores,
formados por moradores voluntários das áreas de
redução da qualidade de vida, etc.
risco e que recebem treinamentos para prevenirem e
agir contra os riscos provocados pelas cheias em sua Para prevenir e mitigar os problemas gerados pelos

comunidade. A localização dos NAC foi escolhida com eventos de cheia é necessário implementar mais

base nos históricos de eventos de inundação onde medidas de controle não estruturais, pois, apesar de

ocorreram grandes prejuízos materiais e risco de serem obras mais simples e de baixo valor econômico

morte para os moradores da comunidade. Em Belo e social essas medidas contribuem profundamente no

Horizonte existem 43 núcleos com um total de 379 sistema de drenagem como um todo, aumentando a

pessoas participantes e eles possuem um canal de oferta de drenagem, reduzindo assim as vazões e o

comunicação direto com a Defesa Civil, e através escoamento superficial. A valorização dessas medidas

deste canal recebem as informações sobre possíveis também é um ponto importante, pois medidas

eventos de chuva e a partir daí então é possível de estruturais funcionam como mecanismo eleitoral

forma preventiva para evitar os danos materiais e as sendo ferramenta para aquisição de voto.
vidas dos moradores (PMS, 2015). A prefeitura atua
Concluiu-se também que Belo Horizonte vem
de forma conjunta com os NAC elaborando,
utilizando ao longo dos anos medidas estruturais e
capacitando e planejando as ações que devem ser
não estruturais nas áreas mais precárias e
tomada em casos de eventos críticos.
necessitadas de sistemas de drenagem com objetivo
5 CONCLUSÃO de reduzir e combater os eventos de inundação,
alagamento e enchentes que trazem prejuízos a
Os eventos de pico de cheias atrelam-se ao sistema
população. A cidade mostra-se favorável as medidas
de drenagem, assim quando esses sistemas são
não estruturais, uma vez que possui um sistema de
construídos ou projetados de forma difusa sem
monitoramento hidrológico operante e outras medidas
considerar a área global de uma bacia hidrográfica,
que demonstram um resultado satisfatório.
apenas considerando áreas setoriais de influência
podem gerar impactos para a sociedade. Esta visão
local e setorial acarreta uma falsa sensação de
segurança e controle das águas oriundas dos eventos
chuvosos, podendo desperdiçar recursos com
medidas que não farão efeitos e diminuindo qualidade
de vida e desvalorizando essas áreas setoriais.

Em Belo Horizonte existe diversos mecanismos de


drenagem urbana compondo um sistema hidráulico
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e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH.


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REFERÊNCIAS

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