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Número do CPF do candidato:

O POTENCIAL DO APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA EM DOIS


BAIRROS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM/PA

Ambiente Construído e Sociedade

Belém

2019
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1. PROBLEMATIZAÇÃO

A região da Amazônia possui um regime diferenciado de chuvas devido o seu clima e


grandes proporções territoriais. As estações chuvosas compreendem os meses de janeiro a
abril, enquanto os meses de maio a dezembro contemplam as estações menos chuvosas
(SANTOS et al., 2017). Conforme dados da Agencia Nacional de Águas (ANA, 2011), a
Amazônia possui cerca de 12% de toda a água doce superficial do planeta, entretanto é a
região do Brasil onde estão os piores índices de saneamento básico, de acordo com o Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS, 2016). A Região Norte possui o
maior potencial hídrico do país, no entanto, a cidade de Belém constitui a maior aglomeração
urbana de toda a região amazônica (TARGA et al, 2012)

O desordenado desenvolvimento urbano brasileiro acarreta significativos problemas


presentes em diversas cidades brasileiras, como: o aumento nas vazões máximas do
escoamento superficial, redução da evapotranspiração, redução do escoamento subterrâneo,
rebaixamento do lençol freático, aumento da produção de material sólido proveniente de
limpeza de ruas e da armazenagem inadequada do lixo pela população resultando na
deterioração da qualidade das águas superficiais e subterrâneas (TUCCI e COLLISCHONN,
1998). O crescimento urbano causa múltiplas alterações no meio e impactos ambientais,
podendo ser percebidas na mudança dos regimes hidrológicos dos rios, nos lançamentos
indevidos dos efluentes, no descarte e manejo inadequado de resíduos sólidos e na supressão
da cobertura vegetal em áreas urbanas (CASTRO, 2007).

A necessidade por água está ligada diretamente ao desenvolvimento humano, dessa


forma, quanto maior o crescimento, maior será a necessidade por esse recurso natural.
Todavia, a demanda por água está também dependente de mudanças climáticas que afetarão o
regime de chuvas, os quais agravam secas e inundações (CHAIB et al, 2015). A não
homogeneidade da distribuição da água precipitada e das alterações climáticas ocasiona a
escassez de recurso hídrico em algumas regiões, gerando conflitos pelos usos múltiplos da
água (CORREA, 2016).

2. JUSTIFICATIVA

A incorporação de políticas públicas para controle e gestão hídrica se torna essencial,


tendo em foco o abastecimento para toda população. De acordo com a Lei 9.433 de 1997, a
Política Nacional de Recursos Hídricos tem como objetivos assegurar a distribuição e
disponibilidade de água com qualidade adequada, o uso racional da mesma, a prevenção e a
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defesa contra eventos críticos hidrológicos, além de incentivar a captação, a preservação e o


aproveitamento de águas pluviais. Os motivos principais da popularização do aproveitamento
de água de chuva são as tendências do uso racional de água, a utilização de fontes alternativas
de abastecimento e os problemas quanto aos alagamentos urbanos (DORNELLES, 2012).

Segundo Dornelles (2012), o aproveitamento de água de chuva não somente visa


reduzir os volumes tradicionalmente captados, mas também se torna uma medida de controle
dos alagamentos, pois a parte da água destinada à rede pluvial será desviada para
armazenamento e posterior consumo. A substituição de água tratada por água de chuva é uma
alternativa muito relevante quando analisadas as relações de oferta para atender as demandas
não potáveis em regiões metropolitanas (CHAIB et al, 2015).

A importância da utilização de água de chuva para fins não potáveis pode ser
evidenciada nos problemas apresentados, além disso, esse aproveitamento reduz custos da
população e das companhias de abastecimento de água para garantir o abastecimento e evitar
os usos inadequados de água potável (ZOLET, 2005). A qualidade da água da rede pluvial
depende de vários fatores: frequência e qualidade da limpeza urbana, intensidade da
precipitação e sua distribuição no tempo e no espaço, bem como a época do ano e o tipo de
uso da área urbana (TUCCI & COLLISCHONN, 1998).

3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Analisar o potencial de aproveitamento de água de chuva em dois bairros da Região


Metropolitana de Belém (RMB), PA, e os seus possíveis impactos ambientais.

3.2 Específicos

Os objetivos específicos consistem em:

 identificar o potencial de aproveitamento de água da chuva através do mapa de


índice pluviométrico;

 mapear as áreas de telhado, ruas, áreas verdes; determinar o uso e ocupação do


solo; mapear as bacias dos bairros;

 identificar a redução que a rede de drenagem sofrerá caso todos os telhados


captassem a água da chuva.
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 Fazer análise socioeconômica da região;

 Estudar a viabilidade técnica e orçamentária de aplicação do sistema

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 Ciclo hidrológico e precipitações atmosféricas

O planeta Terra em sua maior parte é constituído por água, entretanto somente uma
pequena porcentagem pode ser utilizada pelo homem. Os oceanos e mares constituem 97,2%
da água presente na Terra e cobrem 71% da superfície terrestre (MOTA, 1997)

A água é o constituinte inorgânico fundamental para a manutenção da vida no planeta


Terra, por exemplo, no homem mais de 60% do seu peso é constituído por água. Por isso, é
importante saber a forma como a mesma se distribui e o seu percurso. De toda a água presente
no planeta, somente 0,8% destina-se à água doce e 3% disso pode ser utilizado facilmente
para abastecimento público sem tratamentos muito caros para melhorar a qualidade da água.
Portanto, é de grande importância a preservação dos recursos hídricos na Terra e a busca para
se evitar a contaminação do mesmo (VON SPERLING, 2014).

Segundo Von Sperling (2014), ciclo hidrológico é o nome que se dá à circulação da


água no planeta e os mecanismos de transferência da água são: precipitação, escoamento
superficial, infiltração, evaporação, transpiração. A precipitação é toda a água que cai na
superfície da Terra, principalmente, nas formas de chuva, neve, granizo e orvalho. Assim que
a precipitação atinge a superfície ocorrem o escoamento superficial (deslocamento da água
sobre o terreno variando de acordo com a capacidade de infiltração no solo e a intensidade da
chuva) e a infiltração da água no solo. A evapotranspiração se dá através de dois mecanismos:
evaporação (mudança de estado da água do líquido para o gasoso) e a transpiração (água
retirada pelas plantas que evapora).

A água de chuva que favorece a recarga de aquíferos subterrâneos equivale de 10% a


20% de toda a água precipitada. O processo de retirar mais água de um aquífero do que a
quantidade que retorna a ele se denomina super exploração dos lençóis freáticos e artesianos,
tornando o uso desordenado das águas subterrâneas um grande problema (VILLIERS, 2002).

O ciclo hidrológico ocorre em condições naturais, porém o intenso processo de


urbanização desordenada oferece riscos a esse ciclo. O homem, com o passar das décadas,
buscou controlar a escassez de água por meio de obras hidráulicas, visando a regularização
das vazões e aumentar o tempo de disponibilidade. O aumento da urbanização e da utilização
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de produtos químicos causa a contaminação da água junto com a deterioração dos mananciais
e a redução da qualidade da água disponibilizada para população (TUCCI & BERTONI,
2003).

4.2. Processo de Urbanização

As cidades, ao longo da história humana, tenderam a se estabelecer próximo a cursos


d’água para suprir o consumo e a higiene das comunidades, além de garantir insumos para
atividades agrícolas, comércio, comunicação e navegação, entretanto a supressão das áreas de
várzea desenvolveu situações de inundações. A urbanização provocou o uso desenfreado de
recursos naturais visando sempre à expansão das cidades, causando alterações no ciclo
hidrológico e impactos na drenagem, aumentando a possibilidade da ocorrência de enchentes
e deslizamentos (MORAES, 2011).

O intenso crescimento urbano teve início na segunda metade do século XX, ocorrendo
devido à grande tendência da população mundial em buscar nas cidades uma melhor
qualidade de vida (TUCCI, 2010). No Brasil é possível notar tal fato com as políticas
desenvolvimentistas de 1950, com o investimento de indústrias, estimulando o êxodo rural,
que ocorre até os dias atuais no país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a taxa estimada de urbanização no Brasil em 2010 correspondia a 84,36%
e para a região norte do país estima-se 73,53%, tais informações apenas comprovam o fato do
país ser essencialmente urbano.

Segundo Tucci (2010), o processo de desenvolvimento econômico e social é


denominado urbanização, cujo são resultados da modificação da economia rural para uma
economia voltada a serviços concentrada em área urbana. Além disso, destaca-se que o
processo de urbanização sem os devidos planejamentos e gestões pode acarretar em grandes
problemas nas águas urbanas e nos usos e ocupações dos solos. O desenvolvimento das
cidades ao longo dos anos encontra um desafio ao tentar conceber um sistema de drenagem
com funcionamento eficaz, pois os impactos devido à mudança climática e à urbanização
podem acarretar um aumento substancial na frequência e magnitude das inundações urbanas
em muitas regiões (ZHOU, 2014)

O desenvolvimento de um país de forma bem-sucedida depende do uso racional de


recursos naturais e na minimização ou eliminação de possíveis impactos ambientais através de
projetos, planejamento e gestão. A implantação de um sistema de drenagem é, em princípio, a
regulamentação do sistema de gestão da água (NASRALLA, 2009). A qualidade da água
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tornou-se cada vez mais significativa na concepção da drenagem urbana, como resultado de
um reconhecimento político mais amplo da sustentabilidade.

4.3. Legislação Ambiental

O Ministério do Meio Ambiente conceitua a Agenda 21 como um instrumento de


planejamento, o qual surgiu em 1992 nas conferencias Eco-92 e Rio-92, ocorridas na cidade
do Rio de Janeiro e vem a ser um plano de ação internacional adotado em escala global,
nacional e local por organizações do sistema das Nações Unidas, pelos governos e pela
sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. O plano
de ação brasileiro possui atividades nas quais todos os estados, segundo seus recursos e
capacidades, podem programar:
(a) Proteção dos recursos hídricos contra o esgotamento, a poluição e a degradação:
(i) introduzir instalações sanitárias de eliminação de resíduos baseadas em tecnologias
aperfeiçoáveis e ambientalmente adequadas de baixo custo;
(ii) implementar programas urbanos de drenagem e evacuação de águas pluviais;
(iii) promover a reciclagem e reutilização das águas residuais e dos resíduos sólidos;
(iv) controlar as fontes de poluição industrial para proteger os recursos hídricos;
(v). Proteger as vertentes contra o esgotamento e a degradação de sua cobertura florestal e as
atividades danosas a montante;
(vi) promover pesquisas sobre a contribuição das florestas para o desenvolvimento sustentável
dos recursos hídricos;
(vii) estimular melhores práticas de gestão para o uso de produtos agroquímicos, a fim de
minimizar o impacto destes últimos sobre os recursos hídricos. (AGENDA 21, cap. 18, pag.21)

No final da década de 90, surgiram novos instrumentos legais relativos tanto à


responsabilidade ambiental (e.g. Lei de Crimes Ambientais – Lei 9605/98) quanto à
introdução da cobrança pelo uso de recursos naturais que incorpora o “princípio do usuário-
pagador” (e.g.: Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei 9433/97). A Política Nacional de
Recursos Hídricos passou a reconhecer a água como bem econômico e recurso natural
limitado. Além de estabelecer, como um dos seus instrumentos para proteger os recursos
naturais, a cobrança dos recursos hídricos visando incentivar a racionalização da sua
utilização, através da fixação dos valores a serem cobrados pelos usos da água tais como a
captação e o lançamento de efluentes nos recursos hídricos (ANDRADE et al, 2001).

Devido aos impactos constantes aos recursos hídricos pela urbanização descontrolada
das cidades e o eminente risco a escassez completa da água doce de reservatórios superficiais
e subterrâneos, em 2017, a Lei nº 13.501 alterou o art. 2º da Política Nacional de Recursos
Hídricos Lei nº 9.433/97 a fim de incluir como um de seus objetivos o aproveitamento de
águas pluviais.

4.4. Águas Pluviais


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As águas das chuvas não podem ser deixadas de lado nas discussões sobre a falta de
água, tanto para o desenvolvimento de diversas atividades quanto para o consumo humano.
Na região Nordeste do Brasil, onde há muita escassez de água devido ao clima semiárido, as
águas pluviais são de fundamental importância a fim de suprir as necessidades de água para
uso doméstico e das atividades na agricultura. Nesta região, os rios são intermitentes e grande
parte da água subterrânea disponível possui altos teores de sais e minerais (OLIVEIRA,
2005).

A água da chuva em áreas urbanas contém componentes prejudiciais ao homem, tais


como o dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio gerados por automóveis e indústrias. A
contaminação da água da chuva também se dá através de impurezas localizadas nos telhados
tais como fuligem e dejetos de animais (IPT, 2015).

As águas pluviais devem sofrer tratamento, assim como todo o tipo de água antes de
chegar ao consumidor sempre visando a qualidade conforme a Portaria nº 2.914/11 do
Ministério da Saúde, e os principais modos de tratamento são a filtração e cloração
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). O uso da água da chuva é especialmente indicado na área
rural, em chácaras, condomínios e indústrias. Em residências, o alto custo de tratamento
geralmente inviabiliza o aproveitamento econômico da água de chuva para consumo como
bebida. Em indústrias, o elevado consumo e o custo mais elevado do metro cúbico de água
potável geralmente justificam o investimento no tratamento da água da chuva (OLIVEIRA,
2005).

Tendo em vista os custos elevados de tratamento para água de chuva e o fato da coleta
não ser avaliada segundo o padrão potabilidades, a água de chuva não pode ser ingerida.
Mesmo que pareça “limpa”, não há qualidade garantida. Por isso, para beber e cozinhar,
deverá ser utilizada a água fornecida pela rede de abastecimento (IPT, 2015).

Entretanto, devido a escassez presente em inúmeros centros urbanos em todo mundo, o


aproveitamento de água de chuva se torna uma medida mitigadora e um instrumento da gestão
moderna dos países desenvolvidos para atenuar o problema da escassez de água (CORREA,
2016). Um estudo realizado por Lima et al. (2011) para avaliar o potencial de economia de
água potável pelo uso de água de chuva na Amazônia, determinou um potencial médio de
economia de água de 76% nas cidades analisadas. Segundo Nascimento (2016), verifica-se
que o potencial de economia de água potável médio obtido após trabalho realizado na
Universidade Federal do Pará foi de 73,8% para o Setor Básico e 79,9% para o Setor
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Profissional. Em outro estudo, realizado por Ghisi et al. (2007), o setor residencial apresentou
um potencial de economia de água potável de 41%, analisando o uso de água de chuva em
várias cidades da região sudeste do Brasil.

A detenção das águas de chuva coletadas nas coberturas compõe um importante


instrumento de gestão dos recursos hídricos visando controlar cheias urbanas, reduzir os
custos de captação e tratamento de água pelas empresas de saneamento, serve como sistema
de distribuição para fins menos restritivos e para consumo humano direto (TORDO, 2004).
Para Tomaz (2011), com o objetivo de transportar a água coletada da superfície de captação
até os filtros são necessárias calhas e condutores, os filtros devem conter dispositivos de
descarte das primeiras chuvas, e posteriormente a água deve ser armazenada em reservatórios
exclusivos para águas pluviais.

5. METODOLOGIA

A pesquisa contou, primeiramente, com um referencial bibliográfico utilizando como


base livros, periódicos nacionais e internacionais, teses e dissertações. Em seguida foi
realizado um estudo de caso, dividindo a metodologia em quatro etapas: Levantamento de
dados sobre a área de estudo; Pesquisa de informações sobre a precipitação no município;
Cálculos teóricos do potencial de aproveitamento de água pluvial; Análise socioeconômica e
de viabilidade técnica e orçamentária para a aplicação do sistema de aproveitamento de água
da chuva.

A pesquisa será realizada nas áreas dos bairros de Fátima e bairro do Aeroporto
(Distrito de Mosqueiro), ambos localizados no município de Belém, capital do estado do Pará.
Os bairros foram escolhidos devido as suas áreas aproximadas, enquanto o bairro de Fátima
possui uma área total de 0,62 km², o bairro do Aeroporto consiste em uma área total de
0,46km². O bairro de Fátima é uma região bastante urbanizada, onde somente 6,7% de sua
área total possui espaços verdes, enquanto o bairro do Aeroporto apresenta 51,9% de área
verdes em toda a sua extensão. Por conta desse grande contraste urbano, foram selecionados
tais bairros para a realização do estudo.

As informações a respeito da precipitação do município de Belém serão adquiridas nas


bases de dados governamentais da Agência Nacional de Águas (ANA). Os dados utilizados
foram extraídos da estação pluviométrica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) de
código 148002, com coordenadas geográficas de latitude 01º26’06” S e de longitude
48º26’16” W.
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Através da topografia local a ser obtida será elaborado o Modelo Digital de Elevação
(MDE) por meio do software QGis 2.18.17 com o raster de interpolação. As áreas dos tipos de
superfícies serão adquiridas pelo mesmo software de gis por meio de imagens de satélite do
Google Earth. De acordo com estudo realizado por FLORES, et al. (2012), o erro médio é de
0,99% entre as medidas das dimensões reais dos telhados e as dimensões do Google Earth,
erro o qual é considerado satisfatório, dessa forma os dados de satélite atenderão a
metodologia empregada.

O método do Racional foi a equação selecionada para a estimativa da vazão de


escoamento, a mesma leva em consideração: Coeficiente de escoamento superficial , a
intensidade da chuva e a área de contribuição da bacia. Este método é bastante utilizado para
pequenas bacias de até 8 km², dessa forma, ele ses enquadra no estudo de caso realizado. A
vazão é determinada pela Equação 1.

Onde: Q: vazão de escoamento (m³/s); C: coeficiente de escoamento superficial varia


de 0 a 1; A: área de contribuição (km²); I: intensidade média da chuva (mm); 3,6 é um fator de
conversão de unidades.

As vazões de drenagem da bacia dependem do coeficiente de escoamento superficial


da mesma podendo variar de acordo com os tipos de ocupação do solo e das suas áreas
estudadas, dessa forma se faz necessário calcular o coeficiente médio por meio de uma média
ponderada para cada bacia, definido em:

O volume total precipitado se dará pelo produto da área da bacia e a média da precipitação
mensal.

Onde: V: volume total precipitado no bairro (m³); P: precipitação média mensal (mm);
AT: área total do bairro (m²);

A estimativa do volume de água de chuva aproveitado pelas áreas dos telhados dos
bairros de Fátima e Aeroporto será determinada utilizando a formula da NBR 15.527/2007, a
qual leva em consideração a precipitação média mensal, a área de coleta, o coeficiente de
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escoamento superficial da cobertura e a eficiência do sistema levando em conta o descarte


inicial do sistema e eventuais perdas.

V = (P*A*C*µ)/1000

Sendo: V: volume de água da chuva aproveitável (m³); P: precipitação média mensal


(mm); A: área de coleta (m²); C: coeficiente de escoamento superficial da cobertura; µ:
eficiência do sistema de captação, levando em consideração o dispositivo de descarte de
sólidos e desvio de escoamento inicial, foi adotado descarte de 15%.

Posteriormente será realizado um estudo supondo que haja captação de água da chuva
por meio dos telhados de ambos os bairros adotando uma precipitação média mensal de 49,53
m³/hab.ano, que equivale ao consumo per capita previsto no Plano Municipal de
Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do município de Belém (BELÉM, 2014).
Será analisado o consumo de água potável pela rede de abastecimento de água da RMB e o
quanto cada bairro iria economizar caso utiliza-se o sistema de reaproveitamento de água da
chuva.

5. RESULTADOS ESPERADOS

O trabalho permitirá observar a potencialidade do sistema de aproveitamento de águas


pluviais, os seus impactos sobre o sistema de drenagem urbana e sobre o abastecimento de
água. A captação promove o uso sustentável dos recursos hídricos, por meio do reuso dos
recursos naturais diretamente da fonte.

Ressaltando que esse volume de água captado não é capaz de suprir todas as
necessidades humanas, pois dadas necessidades exigem um padrão de qualidade da água
pressupondo tratamento específico. As águas pluviais são adotadas como fonte secundária de
abastecimento, não devendo ser utilizadas para consumo humano, então caso utilizado tal
sistema amortizaria o volume de água que seria consumido da companhia de abastecimento
público. De acordo com Dornelles (2012), para projetos de abastecimento de água, 50% do
per capta pode ser atendido pelo uso de água de fontes alternativas. Tendo isso em vista, seria
possível abastecer as residências dos bairros estudados.

Portanto, o potencial de aproveitamento de água de chuva deve ser explorado de forma


mais consistente para outras áreas da Região Metropolitana de Belém, a fim de avaliar de fato
o potencial econômico desse sistema e seus benefícios para sociedade.
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6. REFERÊNCIAS

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