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Pemba, 2021.
Resumo
A água doce é um dos recursos naturais mais preciosos e a sua falta é uma das principais causas
de subdesenvolvimento. A água é um recurso finito e escasso pois somente 107 000 km3, ou
seja, aproximadamente 0.80 % do total de água doce aonde está disponível e é utilizado pelo
homem (Tundisi, 2003). A maior parte desta água encontra-se no subsolo compreendendo cerca
de 97 % de água doce do planeta (Millon, 2004; Muiuane, 2005). O presente trabalho visa
propor mecanismos de exploração de água subterrânea de Cabo Delgado para abastecimento do
Distrito de Pemba com maior destaque zona urbanizada e uma grande parte da zona semi-urbana
visto que estas constituem os locais onde se registam maiores problemas de abastecimento e
onde se localizam grande parte das concentrações humanas. Geralmente, o uso de águas
subterrâneas traz grandes benefícios económicos devido à disponibilidade local, confiabilidade
elevada em época de seca e boa qualidade que exige tratamento mínimo (Foster & Chilton,
2003). Em muitas zonas urbanas de Moçambique as águas subterrâneas são uma importante
fonte de água para o uso doméstico devido à baixa taxa de precipitação e clima árido e nestas
zonas, destacando a Provincia de Cabo Delgado, o mau sistema de saneamento, a falta de
infraestruturas de abastecimento de água, a perfuração desordenada de furos e sem seguir as
regras básicas de posicionamento, as profundidades de perfuração têm elevado o potencial de
degradação da qualidade das águas subterrâneas (Muiuane, 2005).
1.1. Objectivos
1.2. Metodologia
Hidrologia é definida como a ciência que trata do estudo da água na natureza, sua ocorrência,
circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas e suas reacções com o meio-
ambiente, incluindo suas relações com a vida. (Definição recomendada pelo United States
Federal Coucil of Science and Tecnology, 1962)
Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da suberfífie da terra, preenchendo os poros
ou vazios intergranulares das formações geológicas, ou seja, é acumulada dentro de um aquífero
(UNESCO, 1978). Mais de 97% da água doce disponível na Terra encontra-se no subsolo e,
portanto, menos de 3% da água potável disponível no planeta provém das águas de superfície
(Muiuane, 2005).
O presente trabalho teve como área de estudo o Município de Pemba com maior destaque para a
Cidade de Pemba, zona urbanizada e uma grande parte da zona semi-urbana visto que estas
constituem os locais onde se registam maiores problemas de abastecimento e onde se localizam
grande parte das concentrações humanas.
Figura 01 – Localização geográfica de Pemba. Fonte: Autor (com base nos dados de CENACARTA).
3.3. Divisão Administrativa
O Município de Pemba conta com uma área de 194Km² e encontra-se dividido em dez (10)
bairros a destacar: Cimento, Natite, Ingonane, Cariacó, Josina Machel, Paquitequete, Eduardo
Mondlane, Alto-Gingone, Chuiba, Mahate e Muxara (INE, 2017).
Figura 02: Divisão administrativa da Cidade de Pemba. Fonte: Autor (com base nos dados de
CENACARTA).
3.4. População
A região apresenta de novo um clima do tipo sub-húmido seco, onde a precipitação média anual
varia entre 800 e 1000 mm e a temperatura média durante o período de crescimento das culturas
excede os 25ºC (24 a 26ºC). A evapotranspiração potencial é da ordem dos 1400 a 1600 mm.
O distrito é atravessado por 4 rios principais de regime periódico. Nas proximidades da Baía de
Pemba existem algumas bacias de água devido à impermeabilidade de alguns solos e às
variações de profundidade dos seus leitos.
Figura 03 – Clima e Solos do Distrito de Pemba. Fonte: Autor (com base nos dados de CENACARTA).
3.6. Enquadramento Geológico
A geologia do distrito de Pemba é basicamente composta por diferentes tipos de solos com
maior destaque para: arenito, argilas aluviões e rochas carbonatadas, isto confere-lhe um grande
potencial na ocorrência de Calcários e outras rochas de natureza sedimentar ao longo da costa.
Com mostra a figura 04, em Cabo Delgado, ocorrem rochas sedimentares, igenas e
metamórficas, portanto, no distrito de pemba predominam grés e argilito intercalados, (cerca de
50% da área total do distrito) da Formação de Pemba (do período Cretácico1 ), seguindo-se os
gnaisses graníticos a tonalítico da Formação de Meluco do Mesoproterozoico2 . (20%), ambos
localizados no interior do distrito. Na zona litoral predominam rochas do Quaternário,
nomeadamente aluviões recentes que ocupam aproximadamente 10% da área do distrito,
lamelas de areias com cascalhos locais e uma associação de areia inconsolidada, arenito e
conglomerado.
Figura 04 – Geologia do distrito de Pemba (Cabo Delgado). Fonte: Autor (com base nos
dados de CENACARTA).
3.7. Hidrogeologia local
De acordo com Ferro & Bouman (1987) ocorrem condições de água subterrânea relativamente
pouco profundas sob o local de estudo com diferenças evidentes nos níveis de água, o que é
atribuído à presença de lentes de silte e argila desenvolvidas localmente. Com base nas
informações geológicas disponíveis, as indicações são de que não há nenhuma camada
confinante omnipresente, a separar um aquífero pouco profundo de um aquífero mais profundo.
Em Cabo delgado, a água subterrânea ocorre em calcários (rochas carbonaticas), onde a água
pode ser muito dura deivido a presença de iões de cálcio e magnésio,e com risco de intrusão
salina nos furos da península de Pemba. Os aquíferos nos carbonatos mais recentes do litoral
são, potencialmente, mais productivos, com rendimentos específicos de 0.53 a 3.3m3/hr/m.
Contudo, estes aquíferos pouco profundos são tipicamente mais mineralizados e (com
concentrações de Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) superiores a 1,000 mg / l), e são
considerados vulneráveis a intrusão de água salina, sendo relatado como tendo ocorrido em
algumas áreas, como resultado do excesso de abstração (Ferro & Bouman, 1987; Steyl & e
Dennis, 2009).
4. Contextualização
De acordo com declarações cedidas por Adriano Bata (2018), a água abastecida neste Município
provém do campo de furos de Metuge, através de um sistema por gravidade com uma conduta
adutora9 (localizada ao longo das estradas) de cerca 50 quilómetros de extensão (vide em anexo
1 o mapa da rede de abastecimento de água ao Município de Pemba). Salientar que esta rede
cobre, irregularmente, 70% dos bairros deste Município.
Com uma tubagem dos anos oitenta (os bairros urbanos) e noventa (bairros suburbanos), o
sistema de abastecimento de água esta a registar problemas de rotura do sistema devido ao
excesso do número de consumidores e de potência de distribuição. Para tratamento da água é
usado o cloro visto que o sistema de captação é subterrâneo.
Com cerca de 4557 consumidores e 124 fontenários (dos quais 81 encontram-se operacionais)
este Município tem como maiores consumidores os bairros de Ingonane, Natite e Cariacó devido
a densidade populacional e por se localizarem na zona baixa e apresenta como menores
consumidores os bairros do Alto Gingone e a parte alta do bairro Cariacó por se encontrarem em
zonas altas. Salientar que grande parte dos bairros que se encontram na zona alta deste
Município apresentam algumas restrições no fornecimento devido ao sistema de bombagem que
tem se demonstrado ineficaz. Alguns bairros são servidos por poços construídos por material
convencional que ajudam a diminuir a escassez deste líquido (como ilustra a figura a direita).
5. Ocorrência e distribuição das águas subterrâneas
O volume total de água subterrânea existente no país que e de 112.311 Km 3, corresponde a 112,
3 quatrilhões de litros. Este valor, considerando o consumo diário de 240 litros/pessoa e a
população local, de 180 milhões, daria para abastece-la por 7.122 anos. Logicamente, isto e
impossível do ponto de vista hidrogeologico, pois implicaria na retirada total de toda água dos
sistemas aquíferos o que, além de inconcebível pela tecnologia hoje existente, provocaria uma
catástrofe de ordem geológica em decorrência da formação de um grande espaço vazio
originado pela retirada da água.
5.6. Exploração e uso da água subterrânea
5.6.1. Pesquisa de águas subterrâneas
De acordo com Bouçam e Ferro (1987), as investigações relativas às águas subterrâneas, irá
definir a localização de sondagem ou planear novos campos de furos, podem incluir estudos de
Gabinete, compreendendo a recolha e analise de: dados existentes, estudos prévios (mapas,
levantamentos geológicos, interpretação de fotografias aéreas ou imagens de satélites,
levantamentos geofísicos, sondagens de pesquisa e ensaios de furos). A complexidade do
terreno, a distribuição dos aquíferos, caudal exigido, a recarga e a disponibilidade dos fundos,
tempo, pessoal, equipamentos e conhecimentos, são factores importantes que determinam a
selecção das investigações mais indicadas.
Os poços escavados;
Aos furos;
Captações de nascentes; e
Galerias de infiltração.
7. Referências bibliográficas
Feitosa, F. A. C.; Manoel Filho, J. 1997. Hidrogeologia: conceitos e aplicacoes. Fortaleza:
CPRM LABHID-UFPE, 412 p.
Muiuane, E. (2005). The Quality of Groundwater in and around Maputo city, Mozambique.
Department of Geology, Eduardo Mondlane University. Acedido em: 08de Julho, 2021 em:
http://www.waternetonline.ihe.nl/downloads/uploads/symposium/zambia-
2007/water%20and%Society/Muiuane.pdf.
Tundisi, J. G. (2003). Ciclo hidrológico e gerenciamento integrado. Ciência E Cultura, 55(4):
31–33.
Millon, M. M. B. (2004). Águas Subterrâneas e Política de Recursos Hídricos. Estudo de Caso:
Campeche. Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção. Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, UFSC. Florianópolis - SC. 101pp.