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Apresentação
Com relação à disponibilidade de recursos hídricos o Brasil tem uma posição de destaque em relação aos demais países.
Cerca de 12% de toda água doce do planeta está em território nacional.
Para termos uma ideia, o volume de água disponível por pessoa em nosso país é cerca de 19 vezes maior ao mínimo
estabelecido pela ONU (1.700 m3/s por habitante por ano).
Entretanto, esses recursos não são inesgotáveis e sua distribuição não é uniforme. Em função disso, em 1997 foi
sancionada a Lei 9.433, conhecida como Lei das Águas, que dentre outras coisas estabeleceu a Política Nacional de
Recursos Hídricos (PNRH). Um dos seus principais objetivos é assegurar a disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados, bem como promover uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos.
Objetivos
Reconhecer a importância dos Recursos Hídricos e de sua gestão;
Cerca de 75% da superfície do planeta é coberta por água, entretanto, 97,5% dela é salgada. Da parcela de água doce, 68,9%
encontra-se nas geleiras, calotas polares ou em regiões montanhosas, 29,9% em águas subterrâneas, 0,9% na umidade do solo
e dos pântanos.
A porção superficial de água doce presente em rios e lagos constitui apenas 0,3% do total, anteriormente mencionado, e ainda
assim não estão distribuídos de maneira uniforme pelo planeta.
Esta distribuição depende essencialmente dos ecossistemas que compõem o território de cada país.
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Perfil do consumo de água de acordo com os diversos setores:
Indústria – 22%
Agricultura – 70%
Doméstico – 8%
Ainda de acordo com a ONU, até 2050, cerca de 1 bilhão de pessoas viverão em
cidades com água insuficiente para todos. Sabendo que a quantidade de água no
planeta é fixa, o aumento da população implica maior demanda por água, levando
a uma necessidade de abastecimento cada vez maior.
Um alerta, feito pela ONU também, revela que apenas 20% da água residual é tratada. O que provoca riscos tanto para a saúde
quanto para a biodiversidade. Esse dado é bastante relevante se considerarmos, por exemplo, a África, onde mais de 547
milhões de pessoas carecem de acesso ao saneamento básico. Joan Clos, diretor executivo da ONU-Habitat, é enfático ao
afirmar que a gestão da água residual deve ser parte integral do planejamento urbano e da legislação de um país. Na mesma
linha, Achim Steiner, chefe do PNUMA, ressalta que aproximadamente 70% dos resíduos industriais dos países em
desenvolvimento não são tratados.
Aquíferos Brasileiros
O Brasil possui uma grande quantidade de aquíferos, que são formações geológicas subterrâneas capazes de armazenar água.
As rochas que o formam são porosas e permeáveis, portanto, capazes de reter e ceder água.
Merecem destaque:
Cabeças;
Urucuia-Areado;
Furnas.
De acordo com Rebouças et al. (2002), eles desempenham importantes papéis no meio ambiente, cumprindo funções como:
Função de produção
Corresponde à função tradicional de produção de água para consumo humano, industrial e/ou irrigação;
A utilização do aquífero para estocar excedentes de água que ocorrem durante as enchentes dos rios; estocagem de
excedentes da capacidade máxima das estações de tratamento durante os períodos de demanda baixa ou resultantes do
reaproveitamento de efluentes domésticos e/ou industriais;
Função de filtro
Corresponde à capacidade filtrante e de depuração biogeoquímica do maciço natural permeável, razão da implantação
dos poços a distâncias adequadas de rios perenes, de lagoas, lagos ou reservatórios, para extrair água naturalmente
clarificada e purificada, reduzindo, substancialmente, os custos dos processos convencionais de tratamento;
Função ambiental
A hidrogeologia evoluiu de enfoque naturalista tradicional (década de 40) para hidráulico quantitativo até a década de 60,
época a partir da qual se desenvolveu a hidroquímica em função da intensa utilização de insumos químicos nas áreas
urbanas industriais e nas atividades agrícolas, o que fez com que, na década de 80, surgisse a necessidade de uma
abordagem multidisciplinar integrada na geohidrologia ambiental;
Função transporte
É a utilização do aquífero como um sistema de transporte de água entre zonas de recarga artificial ou natural e áreas de
extração excessiva;
Função energética
Utilização da água subterrânea aquecida pelo gradiente geotermal como fonte de energia elétrica ou termal;
Função mantenedora
Função estratégica
Água contida no aquífero por acumulação durante muitos anos ou séculos, constituindo, portanto, reserva estratégica
para épocas de pouca ou nenhuma chuva.
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O sistema foi descoberto por pesquisadores que estudavam o Aquífero Alter do Chão, com 86,4 trilhões de metros cúbicos de
água. Verificaram que ele fazia parte de um sistema maior, com cerca de 1,3 milhões de metros quadrados, que foi denominado
Sistema Aquífero Grande Amazônia — SAGA, que é transfronteiriço, e 67% dele fica no Brasil.
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o mapa do Sistema Aquífero Grande Amazônia.
Esse aquífero é uma reserva estratégica importante tanto para o abastecimento quanto para o desenvolvimento de atividades
econômicas e lazer. Sua recarga natural anual é de 160 Km³/ano, sendo que, desta, 40 Km³/ano constituem o potencial explorável
sem riscos para o sistema aquífero.
Entretanto, ele está sob graves ameaças:Uso indevido de agrotóxicos, principalmente nas plantações de soja;Perfurações
descontroladas de poços irregulares;317 fontes potenciais de contaminação nas áreas de recarga, que se estendem por 23.500
km² do total de 142.000 km² da reserva em território paulista;Ocupações irregulares em áreas de recarga.E essas são apenas
algumas.A sustentabilidade do Guarani está ameaçada, não só pelos fatores mencionados anteriormente, mas também pela
gestão inadequada da utilização de suas águas. Em Ribeirão Preto, por exemplo, extrai-se 13 vezes mais do que a capacidade de
recarga.
Esses aquíferos servem como fonte de reserva hídrica para inúmeras cidades e desenvolvimento de atividades socioeconômicas.
De acordo com a CETESB, órgão governamental do Estado de São Paulo, cerca de 80% dos municípios do Estado utilizam a água
do Aquífero Guarani para abastecimento.Em alguns pontos dos aquíferos, existem áreas de recarga de água. E um dos problemas
enfrentados atualmente é o crescimento sem planejamento de algumas cidades sobre as áreas de recarga, principalmente do
Aquífero Guarani, que se encontra sob a região mais populosa do país.Isso faz com que uma menor quantidade de água entre no
aquífero e, consequentemente, leve a uma diminuição da oferta de água para o abastecimento humano e a irrigação.Além da
diminuição das reservas de água, ainda pode ocorrer a contaminação dos lençóis por contaminantes provenientes de mananciais
de água com esgoto, agrotóxicos, metais pesados etc.
Compete à União e aos Estados legislar sobre as águas e organizar, a partir das bacias hidrográficas, um sistema de
administração de recursos hídricos que atenda às necessidades regionais. O Poder Público, a sociedade civil organizada e os
usuários da água integram os Comitês e atuam, em conjunto, na busca de melhores soluções para sua realidade.
Assegurar o acesso à água, conforme previsto na Lei das Águas, é um desafio, principalmente por causa da execução e
efetividade da gestão. Existem diferentes capacidades dentro dos estados, com níveis diversos de pessoal qualificado,
investimento, sistema de monitoramento da quantidade e qualidade das águas e capilaridade na execução.
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Em função disso, seu espectro de regulação ultrapassa os limites das bacias hidrográficas com rios de domínio da União, pois
alcança aspectos institucionais relacionados à regulação dos recursos hídricos no âmbito nacional.
Todos os instrumentos de gestão são alicerce para o bom funcionamento do Sistema Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos e
representam a base para a boa regulação. Por isso, a ANA desempenha ações de Regulação, Apoio à Gestão dos recursos hídricos,
de Monitoramento de rios e reservatórios, de Planejamento dos recursos hídricos.
Desenvolve, também, Programas e Projetos e oferece um conjunto de Informações com o objetivo de estimular a adequada gestão
e o uso racional e sustentável dos recursos hídricos.
Além disso, ela é responsável pelo estímulo à criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Ainda como órgão regulador, não
podem ser esquecidas as competências da ANA para:Definir as condições de operação dos reservatórios, públicos ou
privados;Garantir os usos múltiplos dos recursos hídricos;Avaliar a sustentabilidade de obras hídricas com participação de recursos
federais.
Bacias Hidrográficas
Regiões Hidrográficas
A bacia hidrográfica, de acordo com a Lei 9.433/97, é a unidade territorial para a implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A partir disso, o Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional, segundo a resolução nº32, de 15 de outubro de 2003.
A figura nos mostra as proporções com que os recursos
hídricos estão distribuídos em nosso país. Podemos
observar que a região hidrográfica Amazônica detém
73,6% dos recursos hídricos superficiais. Ou seja, a vazão
média dessa região é quase três vezes maior que a soma
das vazões das demais regiões hidrográficas. A segunda
maior região, em termos de disponibilidade hídrica, é a do
Tocantins/Araguaia, com 13.624 m3/s (7,6%), seguida da
região do Paraná, com 11.453 m3 /s (6,4%).
LEGENDA
A bacia hidrográfica
A bacia hidrográfica é a região compreendida por um território e por diversos cursos d’água. Da chuva que cai no
interior da bacia, parte escoa pela superfície e parte infiltra no solo.
A água superficial escoa até um curso d’água (rio principal) ou um sistema conectado de cursos d’água afluentes.
Essas águas, normalmente, são descarregadas por meio de uma única foz (ou exutório) localizada no ponto mais
baixo da região.
Da parte infiltrada, uma parcela escoa para os leitos dos rios, outra parcela é evaporada por meio da transpiração da
vegetação e outra é armazenada no subsolo, compondo os aquíferos subterrâneos.
Outorga da Água
A outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos da Política Nacional de Recursos
Hídricos. Esse instrumento, em particular, tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos
da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso aos recursos hídricos.
De acordo com a legislação para corpos d’água de domínio da União, a competência para conferir a outorga é
prerrogativa da ANA. Em corpos hídricos de domínio dos Estados e do Distrito Federal, a solicitação de outorga deve
ser feita ao órgão gestor estadual de recursos hídricos.
Comitês de bacias
Hidrográficas
Os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH) são formados
por um grupo de pessoas que se reúnem para discutir um
interesse comum — o uso da água na bacia. Os comitês
são constituídos dos mais variados grupos, sejam eles de
representantes governamentais ou populares.
LEGENDA.
Saiba mais
I - De maneira geral, o Brasil é um país privilegiado quanto ao volume de recursos hídricos, pois abriga de 12% a 13,7% da
água doce do mundo. Contudo, a disponibilidade desses recursos é irregular.
II - Cerca de 73% da água doce disponível no país encontra-se na Bacia Amazônica, que é habitada por menos de 5% da
população.
III - Apenas 27% dos recursos hídricos brasileiros estão disponíveis para as demais regiões, onde reside 95% da população
do país.
IV – Outro fator de extrema relevância é o elevado desperdício de água no país: de 20% a 60% da água tratada para
consumo se perde na distribuição, dependendo das condições de conservação das redes de abastecimento.
a) I, II e III
b) I, II e IV
c) I. III e IV
Referências
d) II, III e IV
e) I, II, III e IV
ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. Região Hidrográfica Amazônica. Disponível em: Link. Acesso em: 17 set. 2015.
Pacto Nacional pela Gestão das Águas. Disponível em: Link. Acesso em: 17 set. 2015.
BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Meio Ambiente — Guia Prático e Didático. São Paulo: Érica, 2012
BRASIL. Comitês de Bacias Hidrográficas. Disponível em: Link. Acesso em: 17 set. 2018.
MINISTÉRIO do meio ambiente. Água. Disponível em: Link. Acesso em: 17 set. 2015.
MINISTÉRIO do meio ambiente. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Disponível em: link. Acesso em: 17
set. 2015.
ONUBR. Água para um Mundo Sustentável. Disponível em: Link. Acesso em 17 set. 2015.
PEREIRA JUNIOR, J. de S. Recursos Hídricos ― Conceituação, Disponibilidade e Usos. Disponível em: Link. Acesso em: 17 set.
2015.
REBOUÇAS, A. da C.; BRAGA, B.; TUDINISI, J. G. Águas doces no Brasil: Capital ecológico, uso e conservação. 2.ed. rev. e ampl.
São Paulo: Escrituras, 2002.
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