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FARMÁCIA- 5º P

Raquel Diniz
Suspensões  Apresentar sedimentação lenta e dispersar-se com
facilidade após agitação suave do recipiente;
 O tamanho da partícula deve permanecer o mesmo por
longos períodos;
CONSIDERAÇÕES GERAIS  Deve sair facilmente do recipiente. Não pode ser tão
espessa a ponto de prejudicar a retirada da embalagem.
É a forma farmacêutica que contém partículas finas da
substância ativa em dispersão relativamente uniforme num FATORES Q UE AFETAM A ESTABILIDADE DAS SUSPENS ÕES
veículo no qual esse fármaco apresente uma solubilidade
mínima;
VELOCIDADE DA SEDI ME NTAÇÃO
É um sistema disperso formado por:
 FASE INTERNA – fármaco insolúvel ou pouco solúvel
finamente dividido (fase dispersa);  A sedimentação é o movimento para baixo de partículas por
 FASE EXTERNA – veículo líquido contendo adjuvantes ação da gravidade e vários
 Vários são os fatores envolvidos na velocidade de sedimentação
dissolvidos (fase dispersante);
das partículas de uma suspensão e eles foram representados
Algumas já vêm prontas para uso, ou seja, já estão devidamente na equação de Stokes:
dispersas num veículo líquido com ou sem estabilizantes e outros
aditivos farmacêuticos (“... suspensão oral”); v = velocidade de sedimentação
Outras preparações estão disponíveis para uso na forma de pó d = diâmetro das partículas
seco destinado a ser misturado com veículos líquidos - p1 = densidade da partícula
antibióticos, por exemplo - (“... para suspensão oral”); 2
d (p1 – p2)g p2 = densidade do meio
v= g = constante gravitacional
18n
VANTAGENS n = viscosidade do meio

Melhoram a estabilidade de fármacos instáveis na forma de


soluções, mas estáveis na forma de suspensão;  A EQUAÇÃO DE ST OKES foi desenvolvida a partir de
Facilidade de deglutição e flexibilidade de administração de uma simulação de uma situação ideal onde as partículas
diferentes doses; são perfeitamente uniformes e esféricas e elas
Mascara sabor e odor desagradável – partículas insolúveis têm sedimentam sem causar turbulência, sem colidir umas
menor capacidade de entrar em contato com as papilas com as outras ou sem interagir ou ter afinidade com a
gustativas do que o fármaco em solução; fase dispersante líquida;
 Exemplo: Cloranfenicol solução é amargo; Palmitato de  A velocidade de sedimentação é maior para as partículas
Clorafenicol é insípido. maiores quando todos os outros fatores permanecem
constantes;
 Quanto maior for a densidade das partículas maior será a
DESVANTAGENS
velocidade de sedimentação, contanto que a densidade do
veículo não seja alterada;
Sistema instável – partículas sofrem sedimentação (força da  Quanto maior a viscosidade do veículo, menor será a
gravidade), exigindo agitação para a uniformização antes do velocidade de sedimentação;
uso.  Uma formulação não se torna mais viscosa por alterações
Menor velocidade de absorção. no seu veículo, mas também pelo conteúdo de sólidos
adicionados. Assim, quanto mais partículas sólidas em
CLASSIFICAÇÃO uma suspensão mais viscosa ela ficará.

PROPRIEDADES ELÉTRIC AS E P OTENCIAL ZETA


SUSPENSÕES ORAIS
 A maioria das partículas adquire carga elétrica superficial
 Veículos como xarope, sorbitol ou água espessada com quando colocadas em contato com o meio aquoso. Essa carga
polímeros; pode aparecer de várias maneiras: por dissociação de íons na
 Sabor e sensação ao paladar são importantes; superfície ou adsorção diferencial de íons da solução na
 Misturas secas para reconstituição podem ser preparadas superfície da partícula.
quando houver problemas de estabilidade  A carga superficial da partícula vai influenciar a distribuição de
íons no meio aquoso: os íons de carga oposta àqueles da
SUSPENSÕES TÓPICAS superfície da partícula atrairão íons opostos e repelirão íons
com carga semelhante.
 O resultado é a formação de uma dupla camada elétrica na
 Veículos como emulsões O/A ou A/O, pastas, magmas, interface da partícula com o líquido que se divide em duas
suspensões de argilas; regiões:
 Suspensão de calamina;  A primeira camada é chamada de “Camada de Stern”,
mais fixa;
SUSPENSÕES INJETÁVEI S E OFTÁLMICAS  A segunda camada é chamada de “Camada de Gouy-
Chapman” ou “Camada Difusa”.
 Essas cargas são responsáveis pela formação do POTENCIAL
 Veículos estéreis; ZETA, que é a função da carga superficial da partícula, de
 Tamanho de partícula controlado (fármaco micronizado). qualquer camada adsorvida na interface com o meio e da
natureza e composição do meio que a circunda.
CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS  Esse potencial pode ser determinado experimentalmente e,
como ele reflete a carga efetiva nas partículas, ele se
correlaciona com a repulsão eletrostática entre elas e com a
Além da eficácia terapêutica das suspensões, sua estabilidade estabilidade da suspensão.
química, respeito ao prazo de validade determinado e  Quanto maior o potencial Zeta, maiores as forças de
aparência, outras características são necessárias para repulsão entre as partículas e maior é a tendência de um
categorizar uma boa suspensão. São eles: sedimento compacto (caking).

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 Portanto, deve-se reduzir o potencial zeta, adicionarndo-se MEIO DISPERSANTE
agentes floculantes que são íons de cargas opostas (até
certo ponto) e polímeros hidrofílicos que formam uma
camada protetora.  A sustentação das partículas pelo meio dispersante depende de
vários fatores como a densidade do pó e sua floculação ou não;
e a quantidade do material necessário à sustentação.
Forças de Forças de  O estudo das características de fluxo é denominado
atração>Forças de repulsão>Forças de REOLOGIA que leva em conta as características de
repulsão atração viscosidade de pós, líquidos e semi-sólidos. Os materiais são
divididos em duas categorias gerais:
 Newtorianos - caracteriza-se por viscosidade constante,
Predomínio de Sediemento independentemente da velocidade de cisalhamento
ligações fracas compacto (caking) aplicada.
 Não-newtoriano - caracteriza-se por uma mudança na
viscosidade com o aumento da velocidade de cisalhamento
Aglomerados Sistema e subdivide-se em:
ou flóculos desfloculado o Fluxo plástico – não começa enquanto não for
superada uma tensão de cisalhamento correspondente
a certo valor de rendimento. Os materiais são
“elásticos” abaixo do valor de rendimento;
o Pseudoplástico – começam a fluir quando se aplica
uma tensão de cisalhamento e não apresentam valor
de rendimento;
o Dilatante – aumentam de volume quando submetidos
a cisalhamento e a viscosidade aumenta com o
aumento da velocidade de cisalhamento.
Caracterizam-se por alta porcentagem de sólidos na
CARACTE RÍSTICAS FÍSICAS DA FASE DISPERSA
formulação.

 TAMANHO DAS PARTÍCULAS: COMPONENTES DAS SUSPENSÕES


 Na maioria das suspensões farmacêuticas, o diâmetro das
partículas é de 1 e 50 μm;
 A redução do tamanho geralmente é feita por trituração a FÁRMACO INSOLÚVEL OU POU CO SOL ÚVEL
seco antes da incorporação da fase dispersa no meio
dispersante.
o Micropulverização – método de produção de pós finos  Tamanho de partícula: importância na absorção (oral), irritação
com cerca de 10 a 50 μm; realizada com trituradores (tópica e oftálmica).
que funcionam por alta rotação, atrito ou impacto;  Submeter à subdivisão ou micronização, se necessário.
o Abrasão líquida/micronização – processo de obtenção
de partículas com menos de 10 μm, como as para VEÍCULOS
suspensões parenterais e oftálmicas; ocorre por ação
de cisalhamento dos jatos de ar em alta velocidade
sobre as partículas situadas num espaço confinado;  Água;
o Spray drying – meio para obtenção de partículas de  Óleos- óleo de milho, óleo de soja, vaselina líquida;
dimensões extremamente pequenas; o dispositivo  Sorbitol;
utilizado consiste em uma peça cônica em cujo interior  Xarope;
a solução em questão é aspergida e rapidamente  Base emulsiva.
dessecada por uma corrente de ar quente e seco que
circula no cone; AGENTES MOLHANTES
 A redução do tamanho das partículas propicia a
estabilidade da mesma, uma vez que a velocidade de
 São utilizados para otimizar o fluxo do veículo líquido por meio
sedimentação das partículas sólidas é reduzida à medida
da superfície da partícula, o que melhora a homogeneidade de
que elas se tornam menores.
distribuição das partículas na formulação:
 FORMA DAS PARTÍCULAS:
 Álcool;
 Foi demonstrado que partículas cilíndricas simétricas do
 Glicerina;
carbonato de cálcio produzem suspensões mais estáveis
 Propilenoglicol;
que as assimétricas, em forma de agulha. Estas, em
 Outros líquidos higroscópicos;
repouso, formam um sedimento compacto, resistente que
 Funcionam expulsando o ar dos sulcos das partículas,
não se redispersa, ao passo que as partículas cilíndricas
dispersando-as e permitindo a penetração da fase dispersante.
não formam aglomerados em repouso;
 A fim de evitar formação de aglomerado, é preciso tomar
certas medidas para que não ocorra a junção das AGENTES SUSPENSORES
partículas, a formação de cristais maiores ou massa;
 Um dos métodos mais comuns para evitar a coesão rígida  Usados para aumentar a viscosidade do sistema, mas também
é a formação intencional de um agregado menos rígido evitam a flutuação (têm afinidade pela interface) e favorecem a
das partículas, reunidas através de forças relativamente redispersibilidade (colóides protetores, formando uma película
menores de coesão- Floco ou flóculo; ao redor das partículas):
 Goma arábica – 5 a 15%;
 Pectina;
No flóculo, as partículas formam uma estrutura de tipo  Gelatina;
treliça que resiste a sedimentação completa com menor  Metilcelulose – 0,5 a 2%;
tendência a compactação e com a formação de sedimento  Etilcelulose;
mais volumoso que o das partículas não floculadas.  Celulose microcristalina;
 Álcool polivinílico.
ONENTES DOS XAROPES

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AGENTES FLOCULANTES SUSPENSÕES EXTEMPORÂ NEAS

 Para cargas negativas - fosfato monopotássico; cloreto de  É uma mistura de pós que contem fármacos, agentes
cálcio; cloreto de alumínio; suspensores e conservantes. Esta mistura ao ser diluída e
 Para cargas positivas - hexametafosfato de sódio; citrato agitada com uma quantidade especifica de veiculo (geralmente
trissódico; água purificada), forma uma suspensão apropriada para a
 Argilas (ambas as cargas): bentonita. administração;
 Para obtê-la, o farmacêutico pode usar uma forma sólida (por
CONSERVANTES exemplo, comprimido, cápsula) do medicamento e formular
extemporaneamente um produto líquido;
 De modo geral, ao se preparar uma suspensão a partir de uma
 Uso interno - metilparabeno/propilparabeno; Benzoato de forma sólida, costuma-se:
sódio; ácido benzóico (pH < 5); sorbato de potássio; ácido 1. Esvaziar o conteúdo da cápsula ou triturar o comprimido num
sórbico (pH < 6); almofariz;
 Uso externo (tópico) - álcool benzílico (pH=7); Parabenos
2. O veículo* escolhido vai então sendo acrescentado lentamente
(4<pH<7); cloreto de benzalcônio (pH=7); cloroxilenol;
ao pó, misturando-se até formar uma pasta**;
formaldeído; fenoxietanol; fenol; clorobutanol; ácido bórico;
gluconato de clorexidina (pH >7); 3. Diluir a pasta até se obter o volume desejado.
 Injetáveis – fenol; álcool benzílico (pH = 7);
*Existem veículos no mercado para esse fim, como por exemplo, o
 Uso oftálmico - gluconato de clorexidina (pH>7); clorobutanol;
diluente da Roxane (aromatizado) para uso oral ou o Suspendol – S da
cloreto de benzalcônio; ácido bórico.
Paddock.
**O tipo de formulação depende do paciente ao qual o produto é
ESTABILIZANTES destinado. Por exemplo, para um recém-nascido a suspensão não deve
conter conservantes, corantes, flavorizantes e álcool, visto que esses
 Antioxidantes - sulfito e metabissulfito de sódio; ácido excipientes podem causar efeitos colaterais agudos e crônicos.
ascórbico; BHT; vitamina E;
 Quelantes de metais – EDTA; ácido cítrico; SUSPENSÕES DE LIBERA ÇÃO PROLONGADA

OUTROS  O princípio ativo continua adsorvido na resina, mas vai sendo


lentamente liberado pelo processo de troca de íons no tubo
 Edulcorantes e corretivos de aroma e sabor: xarope simples; digestivo.
sorbitol; sacarina; ciclamato; glicerina.  Exemplo: Polistirex de hidrocodona;

MANIPULAÇÃO Acondicionamento e embalagem

Se a fase dispersa tem afinidade com o veículo líquido que será Todas as suspensões devem ser acondicionadas em recipientes
utilizado ela será rapidamente “molhada” pelo veículo; de boca larga, deixando-se espaço suficiente acima do líquido
Se os componentes não são facilmente embebidos pelo veículo e para possibilitar a agitação e facilitar o escoamento;
tendem a formar grumos ou a flutuar na superfície deste, é A maioria das suspensões deve ser acondicionada em recipientes
necessário utilizar agentes molhantes: hermeticamente fechados e protegidos do congelamento, do
1. O pó deve primeiro ser molhado com um agente molhante calor excessivo e da luz;
para torná-lo mais permeável ao meio dispersante;
2. Na produção de suspensões em larga escala, esses
componentes são misturados com as partículas por algum
aparelho do tipo moinho coloidal; em pequena escala, são
misturados com almofariz e pistilo;
3. Quando o pó já está embebido, o meio dispersante (ao qual já
terão sido acrescentados todos os componentes solúveis da
fórmula, como corantes, flavorizantes e conservantes*) é
acrescentado aos poucos ao pó e tudo é bem misturado antes
de se acrescentar mais veículo;
4. Uma parte do veículo é usada para lavar o equipamento,
limpando o suspensóide, e essa porção é usada para
completar o volume final da suspensão e garantir a
concentração desejada de materiais sólidos;
5. O produto final passa então por um moinho coloidal ou por
outro misturador para se obter uniformidade.
*Sempre que indicado, deve-se acrescentar conservantes às
suspensões para protegê-las de contaminação bacteriana e fúngica.

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