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1 INTRODUÇÃO

1.1 CARACTERISTICAS DO ESTÁGIO SUPERVISONADO

O estágio descrito neste relatório foi realizado no Serviço Municipal Autônomo de


Água e Esgoto de Severínia (SAAE – Severínia), na sede da Estação de Tratamento de Água,
sob a supervisão da Química responsável Lilian Carla Foganhole dos Santos Dias e sob a
orientação do professor Márcio José Fonseca, totalizando 120 horas de atividades.
As atividades desenvolvidas durante o estágio foram:
→ Acompanhamento das coletas de água para análises físico-químicas e
bacteriológicas: a coleta de amostras é um dos procedimentos mais importantes para a
realização de um controle de qualidade da água eficaz.
→ Análises físico-química da água para consumo humano.

→ Visita a lagoa de tratamento de esgoto e acompanhamento da coleta das amostras


de efluentes.

1.2 HISTÓRICO DA EMPRESA

O SeMAE, Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto, localizada na Rua Adhemaro de


Godoy, 1250 – Cajobi – São Paulo, tel (17) 3563-3322. É representado legalmente em seu
município pelo superintendente Leandro Furiotti.
A prestação de serviços de tratamento de água e de esgotos sanitários a princípio foi objeto de
contrato de concessão celebrado entre o Município de Cajobi e a Sabesp, firmado no dia 20 de
agosto de 1976, pelo prazo de 30 anos.
Em 13 de novembro de 2006, o contrato de concessão foi extinto por termo contratual, e no
ano de 2007, foi criado o SeMAE – Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto de
Cajobi; uma entidade Autarquia Municipal, com personalidade jurídica própria dispondo de
autonomia econômica, financeira e administrativa de acordo com a Lei Complementar nº 11
de 25 de janeiro de 2007. A autarquia, desde então, foi responsável pelos sistemas de
abastecimento de água e esgotamento sanitário do município de Cajobi e do Distrito de Monte
Verde Paulista.
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Figura 1 - Sede da Estação de Tratamento de Cajobi

1.3 – DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA

Figura 2 – distribuição de água na Terra

Segundo especialistas 97,5% da água do planeta é salgada e imprópria para consumo humano,
contida nos oceanos e mares. É importante ressaltar que apenas 0,77 dessa água é
imediatamente aproveitável para as atividades humanas (a maior parte águas subterrâneas).
Cerca de 1,7% da água doce encontram-se nas calotas polares e nas geleiras e apenas 0,17%
distribuídas entre os solos, rios, lagos e na atmosfera .
O Brasil tem um potencial hídrico imenso, chegando a 36.000 m³ de água por habitante.
Entretanto 80% deste localiza-se na região amazônica onde vive apenas 5% da população
brasileira. Por outro lado, a região nordeste que responde por 1/3 da população brasileira
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possui apenas 3,3% da disponibilidade hídrica.


Em relação à sua utilização, em media, 70% da água vai para a agricultura, 22% é consumida
pela indústria e 8% para fins domésticos. Segundo a OPS (Organização Pan-Americana de
Saúde), uma pessoa precisa de, no mínimo, 50 litros de água por dia, enquanto que com 200
litros ela vive confortavelmente.
A qualidade da água é fundamental para o bem estar da população.
Uma água de má qualidade pode causar sérios riscos à saúde humana. 30% das mortes de
crianças com menos de 1 ano ocorre por diarréia e 80% das enfermidades no mundo são
contraídas por causa da água poluída. Vale então lembrar que 58% dos municípios do país
não possuem ETA’s e que apenas 8% tratam corretamente os seus esgotos.

1.3.1 – Água subterrânea


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Figura 3 – esquema de um poço

O volume de água subterrânea corresponde a 22% do volume de águas continentais, contra


0,3% correspondentes a rios e lagos de água doce. Descontando-se as calotas polares e
geleiras, 96,5% das águas continentais aproveitáveis ocorrem como água subterrânea e apenas
1,3% como água doce de superfície. Esta simples comparação já seria suficiente para
justificar a exploração preferencial da água subterrânea. A ela somam-se a qualidade quase
sempre superior e, conseqüentemente, a menor necessidade de tratamento (muitas vezes,
pode-se dispensar qualquer tratamento da água subterrânea), além do menor risco de
contaminação acidental e da maior facilidade e menor custo da captação em comparação com
a utilização de água dos rios – a captação de água muitas vezes pode ser localizada a menores
distâncias do local de utilização e não há necessidade de construção de barragens; com isto
faz-se economia na implantação das obras e na operação e manutenção, pela eliminação das
instalações de tratamento e de longas adutoras.
Grandes cidades brasileiras já são abastecidas, totais ou parcialmente, por água subterrânea.
No Estado de São Paulo estima-se que 75% das cidades são abastecidas por poços. Ribeirão
Preto é um bom exemplo de uma grande cidade onde a água subterrânea tem sido bem
gerenciada, garantindo o abastecimento de quase toda a população com uma água de ótima
qualidade. Nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, 90% das cidades são abastecidas por
águas subterrâneas. Obviamente que a água subterrânea, apesar de muito importante, não é
suficiente para abastecer grandes centros populacionais, situados em áreas de aqüíferos
pobres, como é o caso do Rio de Janeiro. No entanto, é um complemento importante à água
superficial. Poucos sabem, mas, mesmo na cidade do Rio de Janeiro, há muitas indústrias que
só usam água subterrânea.
Nas duas últimas décadas houve um grande crescimento do uso deste recurso no Brasil, mas
estamos longe dos níveis de uso e gerenciamento alcançados pelos países da Europa e os
Estados Unidos.
Por outro lado, uma vez contaminado, a remediação de um reservatório de água subterrânea é
muito mais demorada, mais cara e mais dificilmente alcança resultados satisfatórios em
comparação com a remediação de reservatórios de águas superficiais. O tempo de renovação
das águas de rios é relativamente curto (cerca de 2 semanas, em média), enquanto que o da
água subterrânea pode chegar a algumas centenas de ano, dependendo do sistema de fluxo da
região, o que mostra a grande dificuldade de recuperação da água subterrânea.
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1.4 USOS DA ÁGUA

Os Principais usos da água são:

• Abastecimento Doméstico
• Abastecimento Industrial
• Irrigação
• Dessedentação de Animas
• Aqüicultura
• Preservação Flora e Fauna
• Recreação e Lazer
• Paisagismo
• Geração de Energia
• Navegação
• Diluição de Despejos

Figura 4 – usos da água: recreação e laser Figura 5 – usos da água: abastecimento doméstico
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Figura 6 - usos da água: geração de energia

Destes usos o abastecimento doméstico e industrial, a irrigação e a dessedentação de animais


torna necessária a retirada da água de sua coleção hídrica. De uma forma geral, apenas os
abastecimentos domestico e industrial requerem um tratamento da água, a inter-relação entre
o uso da água e a qualidade requerida para a mesma é direta. A água para um fim mais nobre
como o abastecimento humano, requer a satisfação de diversos critérios de qualidade,
enquanto a para diluição de dejetos não possui nenhum requisito especial.
A água pode ter usos múltiplos, decorrendo daí a satisfação simultânea dos diversos critérios
de qualidade. Pode-se assim verificar que, em função da utilização que a água vai ter, existem
diversos parâmetros de qualidade a serem respeitados.
A resolução normativa nº357 do CONAMA estabelece a classificação das águas, segundo a
sua utilização, definindo os parâmetros de qualidade a serem atendidos para cada classe.

1.5. DOENÇAS TRANSMITIDAS POR MICROORGANISMOS PRESENTES NA


ÁGUA

1.5.1 A água na transmissão de doenças

No seu estado natural a água é um dos compostos mais puros existentes na natureza, no
entanto o crescimento desordenado da população e a ocupação do solo de forma intensa e
acelerada vêm causando sérios problemas de contaminação nos corpos d’água, inclusive nas
águas subterrâneas, com conseqüente comprometimento dos recursos hídricos disponíveis
para consumo humano. A água constitui um dos elementos fundamentais para a existência do
homem. Suas funções no abastecimento publico, industrial e agropecuário, na preservação da
vida aquática, na recreação e no transporte demonstram essa importância vital. É conveniente
lembrar que, embora a água cubra aproximadamente três quartos da superfície da Terra,
97,4% é salgada, encontrando-se nos oceanos e 1,8% está congelada, localizando-se nas
regiões polares; portanto, a água doce, disponível para a população do nosso planeta,
representa apenas 0,8% e, mesmo assim, não se conhece bem qual a fração que se encontra
contaminada. Essa contaminação, que vem ocorrendo ao longo dos anos, é causada pelo
desenvolvimento industrial, pelo crescimento demográfico e pela ocupação do solo de forma
intensa e acelerada; isto vem provocando o comprometimento dos recursos hídricos
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disponíveis para consumo humano, recreação e múltiplas atividades, aumentando


consideravelmente o risco de doenças de transmissão e de origem hídrica. Segundo dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das doenças que ocorrem nos países em
desenvolvimento são ocasionadas pela contaminação da água. Sabe-se também que, a cada
ano 15 milhões de crianças de 0 a 5 anos morrem direta ou indiretamente pela falta ou
deficiência dos sistemas de abastecimento de águas e esgotos. Somente 30% da população
mundial tem garantia de água tratada, sendo que os 70% dependem de poços e outras fontes
de abastecimento passíveis de contaminação. Uma série de doenças pode ser assoaciada à
água, seja em decorrência de sua contaminação por excretas humanas ou de outros animais,
seja pela presença de substâncias químicas nocivas à saúde humana.

Tradicionalmente, as doenças relacionadas com a água vêm sendo classificadas em dois


grupos:

● Doenças de transmissão hídrica: são aquelas em que a água atua como veículo do agente
infeccioso. Os microorganismos patogênicos atingem a água através das excretas de pessoas
ou animais infectados, causando problemas principalmente no aparelho intestinal do homem.
Essas doenças podem ser causadas por bactérias, fungos, vírus, protozoários e helmintos.

● Doenças de origem hídrica: são aquelas causadas por determinadas substâncias químicas,
orgânicas ou inorgânicas, presentes na água em concentrações inadequadas, em geral
superiores às especificadas nos padrões para águas de consumo humano. Essas substâncias
podem existir naturalmente no manancial ou resultarem da poluição. São exemplos de
doenças de origem hídrica: o saturnismo provocado por excesso de chumbo na água – a
metemoglobinemia em crianças – decorrente da ingestão de concentrações excessivas de
nitrato, o hidrargismo provocado pelo excesso de mercúrio e outras doenças de efeitos a curto
e longo prazo.

1.5.2 Doenças De Transmissão Hídrica

A seguir, tem-se uma breve descrição dos sintomas, agentes etiológicos, modo de transmissão
e período de incubação das principais doenças de veiculação hídrica.
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DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS

Febre Tifóide

A Doença infecciosa se caracteriza por febre contínua, mal-estar, manchas rosadas no tronco,
tosse seca, prisão de ventre (mais freqüente do que diarréia) e comprometimento dos tecidos
Linfóides.
Agente Etiológico: Salmonella Typhi, bactéria gram negativa.
Modo de Transmissão: doença de veiculação hídrica, cuja transmissão se dá através da
ingestão de água e moluscos, assim como do leite e derivados, principais alimentos
responsáveis pela sua transmissão. Outros alimentos, quando manipulados por portadores,
podem veicular a S. typhi, inclusive sucos de frutas.
Prazo de Incubação: Em média, 2 semanas.

Febre Paratifóide:

Infecção bacteriana que se caracteriza por febre contínua, eventual aparecimento de manchas
róseas no tronco e comumente diarréia. Embora semelhante à Febre Tifóide, sua letalidade é
muito mais baixa.

Shigeloses:

Infecção bacteriana aguda, principalmente no intestino grosso caracterizada por febre, náuseas
e, às vezes, vômitos, cólicas e tenesmo (sensação dolorosa na bexiga ou na região anal). Nos
casos graves as fezes contém sangue, muco e pus.
Sinonímia: Disenteria Bacilar
Agente Etiológico: bactéiras gram negativas do gênero Shigella, constituído por quatro
espécies S. dysenteriae (grupo A), S. fexnere (gurpo B), S. boydii (grupo C) e S. sonnei (grupo
D).
Modo de Transmissão: a infecção é adquirida pela ingestão de água contaminada ou de
alimentos preparados por água contaminada. Também foi demonstrado que as Shigelas
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podem ser transmitidas por contato pessoal.


Período de Incubação: varia de 12 á 48 horas.

Cólera

Doença intestinal bacteriana aguda, caracteriza-se por diarréia aquosa abundante, vômitos
ocasionais, rápida desidratação, acidose, câimbras musculares e colapso respiratório, podendo
levar o paciente a morte num período de 4 à 48 horas (casos não tratados).
Agente Etiológico: Vibrio cholerae.
Modo de Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vômitos de
doentes ou portador. A contaminação pessoa a pessoa é menos importante na cadeia
epidemiológica.
Período de Incubação: de horas a 5 dias. Na maioria dos casos varia de 2 a 3 dias.

Diarréia causada por Escherichia coli

Atualmente, são conhecidas quatro categoria de E. coli, reconhecidas como agente etiológicos
da diarréia humana: E. coli enteropatogênica clássica (EPEC), E. coli enteroinvasora (EIEC),
E. coli enterotoxigênica (ETEC) e E. coli enterohemorrágica (EHEC). Cada um dessas
categorias apresenta características distintas em relação a patogenicidade, síndrome clínica e
epidemiológica.
O diagnóstico específico baseia-se no isolamento de E. coli, e a diferenciação entre 4
categorias (invasoras, enterotoxigênicas, clássicas e enterohemorrágicas) é feita através de
provas específicas. Estas cepas nem sempre são patogênicas e podem ocorrer também em
pessoas sadias. A dose infectante é de 106 a 109 microorganismos.
Agente infeccioso: E. coli enterotoxigênica, E. coli enteroinvasora, E. coli enteropatogênica
clássica e E. coli enterohemorrágica.

DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

Hepatite A:
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Início geralmente súbito com febre, mal-estar geral, falta de apetite, náuseas, sintomas
abdominais seguidos de icterícia. A convalescença em geral é prolongada e a gravidade
aumenta com a idade, porém há recuperação total sem seqüelas.
A distribuição do vírus da Hepatite A é mundial; porém em locais onde o saneamento é
deficiente, a infecção é comum e ocorre em crianças de pouca idade.
Agente Etiológico: Vírus da hepatite tipo A, hepatovirus RNA, família Picornavirideo.
Modo de Transmissão: fecal-oral, água contaminada, alimentos contaminados.
Período de Incubação: de 15 a 45 dias, média de 30 dias.

Gastroenterites virais:

Figura 7: Cuidados para evitar gastroenterites

A diarréia está entre as cinco principais causas de morte por desidratação, em todo o mundo,
sendo a maioria causada por vírus.
A gastroenterite viral, também conhecida como gripe intestinal, pode ser provocada pelo
rotavírus, Norwalk vírus, astrovírus, calicivírus, adenovírus, parvovírus, norovírus, dentre
outros. Ela afeta o estômago e o intestino, provocando fadiga, arrepios, perda de apetite,
náusea, vômitos, diarreia, febre e dores musculares. Geralmente os sintomas não perduram
por mais de três dias, e crianças são as pessoas mais frequentemente afetadas. Para alguns
vírus, o organismo desenvolve defesas que evitam a reincidência.
O contágio se dá pela ingestão dos vírus, seja por meio de alimentos ou água contaminados,
contato íntimo com pessoas acometidas ou com objetos que entraram em contato com o
patógeno. No organismo, provoca a inflamação de mucosas, provocando a manifestação de
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seus sintomas entre 10 e 70 horas após esse evento.


O diagnóstico se dá pela análise dos sintomas e exames laboratoriais. Como não há tratamento
específico para a doença, algumas medidas são essenciais, como hidratação com bastante
água e bebidas ricas em minerais, e ingestão de alimentos leves. O repouso também é
necessário. Em situações nas quais o vômito e/ou diarreia são persistentes, pode ser necessária
a hidratação intravenosa. O médico pode receitar medicamentos para reduzir as manifestações
sintomáticas.
Quanto à prevenção, evitar o contato com fluidos corporais de pessoas acometidas ou
desconhecidas, ou objetos que entraram em contato com eles; lavar frequentemente as mãos,
higienizar frutas e verduras antes de consumi-las, cozer adequadamente os alimentos, somente
ingerir água tratada ou previamente fervida e evitar aglomerações, são medidas muito
eficazes. Além disso, é importante desinfetar, com produtos apropriados, superfícies que
foram ou podem ter sido contaminadas com vômito e/ou fezes. Existe vacina apenas contra o
rotavírus A.

Enteroviroses:

Enfermidades virais agudas, cuja gravidade varia uma infecção assintomática até
manifestações febris com paralisia, meningites assépticas, formas paralíticas e, muitas vezes,
a morte. Os enterovírus replicam-se no intestino delgado do homem e são excretados com as
fezes; por não serem elementos de microbiota normal no trato intestinal, são excretados
somente por indivíduos infectados. Os níveis de infecção variam consideravelmente de área
para área, dependendo das condições sanitárias e sócio-econômicas.
Agente infeccioso: vírus pertencente ao grupo dos Enterovírus, entre eles: poliovírus,
Coxsackie e ECHO.

A sobrevivência dos Enterovírus na água depende primeiramente da temperatura e do grau de


contaminação. Em águas superficiais, pode variar de 4 a 100 dias, porém o tempo usual é de
20 dias. Em esgotos, esses vírus podem sobreviver por períodos de até 100 dias em
temperatura que variam de 20 a 30 º C devido, parcialmente, aos efeitos protetores de
substâncias sólidas.

DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS

Amebíase:
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Infecção causada por um protozoário parasita que se apresenta em duas formas: como cisto
infeccioso, resistente e como trofozoíto, mais frágil e potencialmente invasor. O parasita pode
atuar de forma comensal ou invadir os tecidos, originando infecções intestinais ou extra-
intestinais. As enfermidades intestinais variam desde uma disenteria aguda e fulminante, com
febre e calafrios e diarréia sanguinolenta ou mucóide (disenteria amebiana), até um mal-estar
abdominal leve e diarréia com sangue e muco alternando com períodos de estremecimento ou
remissão.
Agente Etiológico: Entamoeba hystolytica.
Modo de Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados por dejetos, contendo
cistos amebianos. Ocorre mais raramente na transmissão sexual devido a contato oral-anal.
Periodo de Incubação: entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos.

Giardíase:

Freqüentemente assintomática, pode também estar associada a uma diversidade de sintomas


intestinais: diarréia crônica, esteatorréia, cólicas abdominais, eliminação de fezes
esbranquiçadas gordurosas e fétidas, fadiga e perda de peso. Em casos de giardíase grave,
podem ocorrer lesões e alterações inflamatórias das células de mucosa do duodeno e jejuno.
Sinonímia: Enterite por giárdia.
Agente Etiológico: Giardia lamblia protozoário flagelado que existe sob as formas de cistos e
trofozoito. A primeira é a forma infectante.
Modo de Transmissão: direta, pela contaminação das mãos e conseqüente ingestão de cistos
existente em dejetos de pessoa infectada; ou indireta, através de ingestão de água ou alimento
contaminado.
Período de Incubação: de 1 a 4 semanas, com média de 7 a 10 dias.

DOENÇAS CAUSADAS POR HELMINTOS

Esquistossomose:

A sintomatologia depende da localização do parasita. Os efeitos patológicos mais importantes


são as complicações derivadas da infecção crônica: fibrose hepática e hipertensão portal.
Agente Etiológico: Schistosoma mansoni, família Schistosomatidae.
Modo de Transmissão: os ovos do S. mansoni são eliminados pelas fezes do hospedeiro
infectado (homem). Na água, eclodem, liberando uma larva ciliada denominada miracídio, a
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qual infecta o caramujo. Após 4 ou 6 semanas, abandonam o caramujo, na forma de cercária,


ficando livres nas águas naturais. O contato humano com as águas infectadas pelas cercárias é
a maneira pela qual o indivíduo adquire a esquistossomose.
Período de Incubação: em média, 2 a 6 semanas após a infecção.

Ascaridíase:

O primeiro sinal da infestação freqüente é a presença de vermes vivos nas fezes ou


ressurgidos. Sinais pulmonares inclui a síndrome de Coeffer, caracterizada por respiração
irregular, espasmos de tosse, febre e pronunciada eosinofilia no sangue. A alta densidade de
parasita pode causar distúrbios digestivos e nutricionais, dor abdominal, vômitos, inquietação
e perturbação do sono. Complicações graves não raro fatais incluem obstrução intestinal e
migração de vermes adultos para o fígado, pâncreas, apêndice, cavidade peritoneal e trado
respiratório superior.
Sinonímia: Infecção por Ascaris.
Agente Etiológico: Ascaris lumbricoides, ou lombriga.
Modo de Transmissão: ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água
ou alimentos contaminados com fezes humanas.
Período de Incubação: de 4 a 8 dias, tempo necessário para completar o ciclo vital do
parasita.

2. SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Um sistema de abastecimento de água é o conjunto de obras, instalações e serviços, capazes


de produzir e distribuir água a uma comunidade, em quantidade e qualidade compatíveis com
as necessidades da população, para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo
industrial e outros usos. Caracteriza-se pela retirada da água da natureza, adequação de sua
qualidade, transporte até os aglomerados humanos e fornecimento à população. A construção
de um sistema completo de abastecimento de água requer muitos estudos e pessoal altamente
especializado. Para iniciar-se o trabalho é necessário definir:
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• a população a ser abastecida;


• a taxa de crescimento da cidade e
• suas necessidades industriais.

Com base nessas informações, o sistema é projetado para servir à comunidade, durante muitos
anos, com a quantidade suficiente de água tratada.

Os tipos de sistemas de abastecimento de água podem ser:

Individuais: são mais indicados para regiões de moradias esparsas, como a zona rural.
Geralmente nesses casos o abastecimento provém de lençóis subterrâneos, como poços e
fontes. Devem ser seguidas uma série de recomendações para que este tipo de abastecimento
ocorra de forma segura.

Coletivos: são os mais recomendados para os centros urbanos. Possuem várias vantagens do
ponto de vista sanitário, tais como:

• mais fácil proteger o manancial;


• mais fácil supervisionar um sistema do que fazer supervisão de grande número de
mananciais e sistemas;
• mais fácil controlar a qualidade da água consumida;
• redução de recursos humanos e financeiros (economia de escala).

Partes constitutivas de um sistema de abastecimento de água

Um sistema de abastecimento de água geralmente compreende:

• captação
• adução
• estação de tratamento
• reservação
• redes de distribuição
• ligações domiciliares.

3. DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS ENVOLVIDOS NO TRATAMENTO DE ÁGUA


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O tratamento da água consiste em melhorar suas características organolépticas, físicas,


químicas e bacteriológicas, a fim de torná-la adequada ao consumo humano.

3.1 Captação – A captação é o conjunto de equipamentos e instalações utilizados para a


tomada de água do manancial, com a finalidade de lançá-la no sistema de abastecimento.
O tipo de captação varia de acordo com o manancial e com o equipamento empregado:

• poço tubular profundo (lençol subterrâneo) - a escolha das obras de captação deve ser
antecedidas da avaliação de uma série de fatores, tais como: dados hidrológicos da bacia em
estudo ou de bacias na mesma região; nível de água nos períodos de estiagem e enchente;
qualidade da água; monitoramento da bacia, para localização de fontes poluidoras em
potencial; distância do ponto de captação ao ponto de tratamento e distribuição;
desapropriações; necessidade de elevatória; fonte de energia; facilidade de acesso.

3.1.1 Sistema de captação por poços

A Água subterrânea é aquela existente no subsolo, que passa por um processo de filtragem
natural e de represamento, dando origem aos aqüíferos. Através da construção de poços
artesianos, essa água pode ser captada e utilizada no abastecimento público. A água captada
em nosso município é exclusivamente feita através de poços profundos. A água de lençóis
subterrâneos profundos tem geralmente uma excelente qualidade, apresentando uma
composição constante num mesmo lençol, sendo menos vulnerável à poluição que a água de
camadas menos profundas. Por isso que a água captada através de poços profundos, na
maioria das vezes, não precisa passar por diversas etapas de tratamentos, bastando apenas a
desinfecção com cloro e a fluoretação. Isso ocorre porque, nesse caso, a água não apresenta
qualquer turbidez, eliminando as outras fases que são necessárias ao tratamento das águas
superficiais.

3.1.2 Captação de água do SeMAE

A captação subterrânea do Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto de Cajobi é


efetuada através de 8 poços profundos, sendo 6 localizados na cidade de Cajobi e os outros
dois no Distrito de Monte Verde Paulista. Essa água é sugada por motobombas instaladas
perto do lençol d’água e enviada à superfície por tubulações. A água captada nos poços
profundos nº 1, 2, 4, 5 e 6 são transportadas através de tubulações até aos reservatórios da
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sede da estação de tratamento de água de Cajobi. Parte dessa água reservada segue pela rede
de distribuição e por gravidade abastece alguns pontos da cidade. Outra parte da água
reservada é bombeada através da bomba de recalque para o reservatório elevado de 100 m 3
abastecendo os pontos mais altos da cidade.
A água de poços profundos está, em sua quase totalidade, isenta de contaminação por
bactérias e vírus, além de apresentar uma turbidez muito baixa.

Figura 8 : poço profundo nº 5

3.2 Adução - é a parte de um sistema de abastecimento d'água que compreende o transporte


da água do ponto de captação até a estação de tratamento.

A adutora é destinada a promover a circulação da água entre:

• Captação e a Estação de Tratamento de Água (ETA);


• Captação e o Reservatório de Distribuição
• Captação e a Rede de Distribuição;
• ETA e o Reservatório de Distribuição;
• ETA e a Rede de Distribuição.

As adutoras podem ser classificadas em função:

a) Da natureza da água transportada:

• adutora de água bruta: transporta a água da captação até a Estação de Tratamento de Água;
• adutora de água tratada: transporta a água da Estação de Tratamento de Água até os
reservatórios de distribuição.

b) Da energia usada para movimentação da água:


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1-     Gravidade: quando a água escoa de um ponto mais elevado para outro mais baixo.

2-     Recalque: quando a água é bombeada

3-     Mista: sistema em que há alguns trechos em que o escoamento processa-se gravidade e
outros em que se recorre ao bombeamento.

No caso de Cajobi, esta transferência de água é feita através do ponto de captação da água até
aos reservatórios e em seguida para a rede de distribuição, e a energia para movimentação da
água é mista.

Figura 9: Tubulação – adutora

3.3 Estação de Tratamento de água de Cajobi

A Estação de Tratamento de Água de Cajobi está localizada na Rua Dr. Adhemaro de Godoy,
no Centro. O município de Cajobi é abastecido pelos sistemas Cajobi, Monsenhor e Distrito
de Monte Verde Paulista que produzem uma vazão total de 38,9 L/s. O tratamento da água é
simplificado e inclui os processos de desinfecção e fluoretação. O tratamento se inicia com a
captação da água de poços artesianos, com auxílio de bombas hidráulicas. Após bombeada, a
água é transferida para tanques de reservação primários, onde recebe dosagens da solução de
hipoclorito de sódio para sua desinfecção e de ácido fluorssilícico, este tratamento é
acionado por bombas dosadoras microprocessadas e conduzidas por meio de mangueiras até a
entrada do reservatório. Destes tanques, através de tubulações parte desta água é transferida
para reservatórios de distribuição (reservatórios elevados), e somente após o tratamento é que
serão distribuídas para as residências.
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Figura 10: Entrada do tratamento no reservatório

Os procedimentos utilizados para tratar a água estão esquematizados conforme a figura


abaixo:

Figura 11: esquema dos processos de tratamento de água.

Desinfecção – é uma das etapas mais importantes no tratamento de uma água potável, visto
que permite a eliminação de todo o tipo de germes, susceptíveis de provocarem e transmitirem
as mais variadas doenças.
A desinfecção é normalmente realizada através da dosagem de hipoclorito de sódio. Enquanto
que uma insuficiente dosagem pode não garantir a desinfecção da água, uma excessiva
dosagem é responsável por cheiros e sabores desagradáveis numa água potável, a qual não se
pode forçosamente considerar de boa qualidade.
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Fluoretação - é a adição, por meio de dosadores, de flúor na água, sendo usado o ácido
fluossilícico. A fluoretação das águas de abastecimento vem sendo praticada em todo o país,
em quase todos os sistemas abastecedores, como forma de prevenção da cárie dentária na
população especialmente no período de formação dos dentes, que vai do nascimento até os 15
anos de idade aproximadamente. Flúor adicionado de menos não é eficaz, enquanto que flúor
adicionado em excesso pode levar à ocorrência da denominada fluorose dentária, responsável
pelo escurecimento do esmalte dos dentes. No Brasil, a fluoretação da água em sistemas de
abastecimento em que existe estação de tratamento é obrigatória, de acordo com a Lei Federal
N º 6050, de 1974. Essa lei foi posteriormente regulamentada pelo Decreto Federal N º
76.872, de 1975. Segundo os padrões de potabilidade do Serviço de Saúde Pública dos
Estados Unidos, as concentrações ótimas do íon flúor (Cot) na água potável são as transcritas
na tabela 1, e dependem da temperatura (Tm) da região.

Tabela 1 - Concentrações ótimas do íon flúor em função da média anual das temperaturas

                      Média anual das temperaturas máximas de ar (ºC)


Limites F (mg/l)

Inferior Superior
10,0 – 12,0 0,9 1,7
12,1 – 14,6 0,8 1,5
14,7 – 17,8 0,8 1,3
17,7 – 21,4 0,7 1,2
21,5 – 26,2 0,6 1,0
26,3 – 32,6 0,6 0,8

As concentrações trabalhadas em Cajobi são de 0,6 a 0,8 mg/L.

3.4 Reservação – a água tratada é armazenada em grandes reservatórios, que tem por
finalidade:

Os reservatórios de distribuição têm como finalidade:

• garantir a quantidade de água, regularizar as diferenças entre abastecimento e consumo;


• garantir o armazenamento da água para as demandas de emergência;
• melhorar as condições de pressão da água na rede de distribuição.

Quanto à sua posição em relação ao solo, os reservatórios são classificados em subterrâneos 


(enterrados), apoiados e elevados.
32

Os reservatórios são normalmente construídos em: concreto armado, aço, fibra de vidro,
alvenaria e argamassa armada.
Os reservatórios são sempre um ponto fraco no sistema de distribuição de água. Para evitar
sua contaminação, é necessário que sejam protegidos com estrutura adequada, tubo de
ventilação, impermeabilização, cobertura, sistema de drenagem, abertura para limpeza,
registro de descarga, ladrão e indicador de nível.
Sua limpeza e desinfecção devem ser realizadas rotineiramente. Quanto a capacidade de
reservação, recomenda-se que o volume armazenado seja igual ou maior que 1/3 do volume
de água consumido referente ao dia de maior consumo.

3.4.1 Reservação do Sistema da Sede da Estação de Tratamento


Os principais reservatórios do sistema são RAP1 e RAP2, localizado na sede da estação de
tratamento, que atendem a região central do Município por gravidade, contudo em bairros
mais elevados, a bomba de recalque localizada na sede da estação de tratamento transporta a
água contida nos reservatórios RAP1 e RAP2 até o reservatório elevado REL1, localizado à
200 m da sede.

Tabela 2 - Principais características dos reservatórios do sistema


Reservatório Localização Capacidade (m3)
Apoiado em concreto RAP1 R. Dr. Adhemaro de Godoy, 1250 150
Apoiado em concreto RAP2 R. Dr. Adhemaro de Godoy, 1250 500
Elevado em concreto REL1 R. Dr. Adhemaro de Godoy esquina 100
com a Rua Tiradentes
Reservação Total 750
33

Figura 12: Reservatório apoiado 150m3 Figura 13: Reservatório apoiado 500 m3

Figura 14:
Reservatório elevado 100 m3

3.4.2 Reservação do Sistema Monsenhor


O único reservatório do sistema é REL2, localizado na Rua Ângelo Menésio, s/nº que
atendem os Bairros Monsenhor José Maria Soares Bezerra, Residencial Viverde e
adjacências. Este reservatório somente atende esses bairros em dias de maior consumo de
água, geralmente às sextas-feiras. Nos dias de menor consumo esses bairros também são
abastecidos pelo sistema da sede da estação de tratamento.

Tabela 3 - Principais características do reservatório do Sistema Monsenhor


Reservatório Localização Capacidade (m3)
Elevado REL2 R. Ângelo Menésio s/nº 205
Reservação Total 205

3.4.3 Reservação do Distrito de Monte Verde Paulista


Os principais reservatórios do sistema são RAP1 e REL1, localizado na sede da estação de
tratamento do Distrito de Monte Verde Paulista, que atendem a região central por gravidade,
contudo em bairros mais elevados, a bomba de recalque localizada na da estação de
tratamento transporta a água contida nos reservatórios RAP1 até o reservatório elevado REL1,
localizado na sede. Isso é feito para garantir que a água chegue com maior pressão aos bairros
de cotas mais elevadas.

Tabela 4 - Principais características dos reservatórios do Sistema Monte Verde Paulista


Reservatório Localização Capacidade (m3)
Apoiado em concreto RAP1 Praça São Bento 100
Elevado de fibra REL1 Praça São Bento 15
34

Reservação Total 115

Figura 15: Vista da casa de bombas e do reservatório apoiado 100 m3

Figura 16: Vista do reservatório elevado 15 m3

3.5 Redes de distribuição – é o conjunto de tubulações que percorre as vias públicas (ruas e
passeios), conduzindo água tratada até os consumidores (casas, unidades de saúde, hotéis,
quartéis etc).
A rede de distribuição é constituída de tubulações de diversos diâmetros, sendo que os
maiores diâmetros formam a rede principal, que alimenta os de menor diâmetro (rede
secundária), responsável por levar a água diretamente ao ponto de consumo.
Além das tubulações, as conexões, registros e hidrantes completam a rede de distribuição.
Para que a água mantenha o padrão de potabilidade na rede de distribuição, alguns aspectos
construtivos devem ser observados, tais como: a pressão deve ser positiva em qualquer ponto
da rede de distribuição, isto é, a água deve atingir todos os pontos da rede e jorrar em todas as
torneiras abertas.
A rede deve estar protegida de contaminação externa. Além de certificar-se da estanqueidade
35

das tubulações, recomenda-se assentar a rede de distribuição de água a uma distância mínima
de três metros da rede coletora de esgotos, em nível superior ou em extremos opostos da via
pública.
Boas condições de operação do sistema de abastecimento evitam interrupções de
fornecimento de água, momento propício à ocorrência de queda de pressão na rede de
distribuição, favorecendo a entrada de contaminantes dentro das tubulações.
A rede de distribuição deve ser provida de registros e dispositivos que permitam manutenção
e descargas de rede sem prejuízo do abastecimento ou alteração no padrão de potabilidade.

A responsabilidade do SeMAE é entregar água até a entrada das residências, onde estão o
cavalete e o hidrômetro (o relógio que registra o consumo de água) a partir daí, a população
deve cuidar das instalações internas e da limpeza da caixa d’água.

Figura 17: tubulação da rede de distribuição

3.6 Ligações domiciliares - é uma instalação que une a rede de distribuição à rede interna de
cada residência, loja ou indústria, fazendo a água chegar às torneiras. Para controlar, medir e
registrar a quantidade de água consumida em cada imóvel instalá-se um hidrômetro junto á
ligação.
36

Figura 18: cavalete com hidrômetro

4. QUALIDADE DA ÁGUA

O organismo humano necessita de uma quantidade variada de substâncias e elementos


químicos indispensáveis à vida, tais como carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, cálcio,
fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, magnésio, etc.
Há outros elementos que o organismo necessita em pequenas quantidades, como cromo,
cobalto, cobre, estanho, ferro, iodo, manganês, molibdênio, selênio, zinco e flúor. E, outros
ainda de necessidade não confirmada, como arsênio, bário, bromo, estrôncio, níquel, silício e
vanádio.
As águas naturais contêm grande parte das substâncias e elementos facilmente absorvidos
pelo organismo, constituindo portanto, fonte essencial ao desenvolvimento do ser humano, já
que a maior parte da água utilizada é ingerida na forma líquida.
Por outro lado, as águas naturais podem conter organismos, substâncias, compostos e
elementos prejudiciais à saúde, devendo ter seu número ou concentração reduzidos ou
eliminados para o abastecimento público.
No Brasil a portaria 518 do Ministério da Saúde, aprovada em 25 de março de 2004,
estabelece os padrões de qualidade de água para abastecimento público, incluindo a
freqüência de amostragem.
Entre os principais parâmetros e seus valores máximos permitidos (VPM) na portaria
518/MS, destacam-se:

Tabela 5 – Padrões de qualidade de água para abastecimento público.


Parâmetro VPM na água distribuída VPM na água final
Escherichia coli ou Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
coliformes termotolerantes
Coliformes totais Ausência em 100 mL para Ausência em 100 mL
95% das amostras
Bactérias hetrotróficas 500 UFC/ mL 1,0 NTU
Turbidez 5 NTU 5,0 UC
Cor 15 UC -
pH 6,0 a 9,5 -
Cloro residual livre entre 0,2 e 2,0 ppm 1,5 mg/L
Fluoretos 1,5 mg/L
37

4.1. Parâmetros de qualidade da água

A água contém, geralmente, diversos componentes, os quais provêm do próprio ambiente


natural ou foram introduzidos a partir de atividades humanas.
Para caracterizar uma água, são determinados diversos parâmetros, os quais representam as
suas características físicas, químicas e biológicas. Esses parâmetros são indicadores da
qualidade da água e constituem impurezas quando alcançam valores superiores aos
estabelecidos para determinado uso. Assim, os padrões de potabilidade (água destinada ao
abastecimento humano) são diferentes dos de balneabilidade (água para fins de recreação de
contato primário), os quais, por sua vez, não são iguais aos estabelecidos para a água de
irrigação ou destinada ao uso industrial.
Os principais indicadores de qualidade da água são discutidos a seguir, separados sob os
aspectos físicos, químicos e biológicos estipulados pela Portaria nº 518 do Ministério da
Saúde.

4.1.1 Parâmetros Físicos

a) Sabor e odor: A água destinada ao consumo humano não deve apresentar gosto ou odor
perceptíveis. Na verdade, a água tem um sabor característico, que se deve à presença de sais e
gases nela dissolvidos. O senso comum, porém, classifica esse sabor como "sem gosto", pela
comparação com outros sabores. Assim, qualquer sabor (ou odor) diferente daquele que é
característico de águas "sem gosto" é considerado como objetável. Se a água apresenta gosto
ou odor objetáveis, ela é suspeita e portanto não deve ser ingerida, até que se identifique qual
é a substância que está provocando esse gosto ou odor e a sua concentração, para que se possa
avaliar o risco sanitário que ela representa. Há várias substâncias que podem produzir gosto
ou odor objetáveis na água, em concentrações muito abaixo daquelas que poderiam provocar
algum prejuízo a saúde. É o caso, por exemplo, de substâncias produzidas por certos tipos de
algas microscópicas, que vivem e se reproduzem em represas e lagos. Essas substâncias
transmitem à água odor e gosto, que podem lembrar mofo, terra, peixe, grama, etc,
dependendo do tipo de alga causadora, e são percebidas pelo paladar e olfato humanos em
concentrações baixíssimas, da ordem de bilionésimos de grama por litro de água. Nessas
concentrações, porém, elas não causam nenhum tipo de mal à saúde.
38

Padrão de potabilidade: não objetável.

b) Cor: Uma água de boa qualidade deve se apresentar incolor. Se a água apresentar qualquer
tipo de cor, esta se deve a existência na água, de substâncias em solução; pode ser causada
pelo ferro ou manganês, pela decomposição da matéria orgânica da água (principalmente
vegetais), pelas algas ou pela introdução de esgotos industriais e domésticos.Essas substâncias
podem ou não ser prejudiciais à saúde. Acima de certo teor, a cor pode ser percebida
visualmente. Além de eventuais riscos sanitários, uma água com cor pode trazer transtornos
para o usuário, como manchas em roupas, em louças sanitárias,etc. O consumidor, por sua
vez, da mesma forma que no caso da turbidez, tende a rejeitar uma água que apresenta algum
tipo de cor visível. A presença de cor avermelhada na água que circula na rede de distribuição
é normalmente devida ao arraste do material que está aderido às paredes da tubulação. Esse
tipo de problema não representa maiores riscos sanitários, embora possa causar o já
mencionado problema de manchas em roupas. Eventualmente, a água pode apresentar um
aspecto leitoso, opaco. Isso ocorre devido à dissolução, sob forte pressão, de ar na água, não
representando, portanto, nenhum risco para a saúde (as pessoas normalmente associam esse
fenômeno à presença de cloro em excesso na água, o que não é verdade).
Padrão de potabilidade: máximo 15 Unidade Hazen.

c) Turbidez: A turbidez é uma medida da presença de matéria em suspensão na água, como


argila, silte, substâncias orgânicas finamente divididas, organismos microscópicos e outras
partículas. Além de torná-la esteticamente desagradável (o consumidor tende a rejeitar uma
água turva), esse material pode também prejudicar a ação do cloro sobre microorganismos
que eventualmente estejam presentes nessa água (os microorganismos ficam protegidos no
interior das partículas, fugindo do contato com o cloro).
Padrão de potabilidade: máximo 1 NTU

d) pH: É uma medida indireta do potencial que uma água tem de provocardanos (corrosão,
incrustações) em tubulações e outras utilidades. Águas com pH muito baixo tendem a ser
corrosivas (desgastam a superfície de tubulações de ferro ou cimento), enquanto que águas
com pH muito alto tendem a ser incrustantes, isto é, favorecem a formação de depósitos em
tubulações, podendo chegar a obstruir essas tubulações. Além dessas propriedades, o pH é
utilizado também como indicador de estabilidade química da água. Embora o padrão de
potabilidade estabeleça a faixa de valores de 6,0 a 9,5, do ponto de vista da saúde pública, o
39

pH, por si só, não significa muito. Habitualmente bebemos refrigerantes, nos quais o gás
carbônico é introduzido artificialmente, com pH em torno de 4,5.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) prefere não fixar valores limites para o pH da água
potável, mesmo admitindo que irritações oculares e certas infecções cutâneas possam estar
associadas a valores de pH superiores a 11.
Padrão: mínimo = 6,0 e máximo = 9,5

4.1.2 Parâmetros Químicos

a) Flúor: os fluoretos têm ação benéfica de prevenção da cárie dentária; em concentrações


mais elevadas, podem provocar alterações da estrutura óssea ou a fluorose dentária (manchas
escuras nos dentes).
Padrão: 0,6 a 0,8 mg/l (São Paulo).

b) Cloro: Indica a concentração de cloro residual livre na água. O cloro é adicionado à água
durante o tratamento, pois sua presença, em concentração suficiente, é fundamental como
agente bactericida. A ausência, ou concentrações muito baixas de cloro residual (abaixo de
0,2 mg/l), torna a água suspeita do ponto de vista bacteriológico.
Padrão: 0,2 a 2 mg/L.

4.1.3 Parâmetros Biológicos

De modo geral, as análises bacteriológicas visam à determinação da presença de bactérias


denominadas coliformes.
Tais bactérias vivem no trato intestinal de animais de sangue quente, entre eles o homem, mas
existem algumas espécies de vida livre, isto é, que podem viver no solo. Daí o fato de se
efetuar análises para a determinação de coliformes totais e fecais.
A presença de coliformes fecais na água indica a possibilidade de contaminação por fezes
humanas, embora não comprove. Por este motivo, diz-se que os coliformes são indicadores de
contaminação. Evidentemente, constatar a presença desses organismos e, a partir daí, supor
que a amostra esta contaminada por organismos patogênicos, constitui tarefa mais fácil que a
de realizar todos os ensaios, específicos para cada tipo de organismo capaz de infectar o ser
humano, capazes de comprovar essa contaminação.
40

Ressalta-se que os coliformes, por si só, não são patogênicos, quando presentes nas
concentrações usuais no ser humano. Mas sua presença na água indica a possibilidade
da presença de organismos patogênicos.
a) Coliformes totais: Coliformes são um grupo de bactérias que normalmente vive no
intestino de animais de sangue quente, embora alguns tipos possam ser encontrados também
no solo, em vegetais ou outros animais (peixes, etc.). Sua presença indica que essa água
possivelmente recebeu algum tipo de dejeto animal (incluindo aí dejetos humanos). Por esse
motivo, aliado a outras vantagens, como baixo custo e relativa simplicidade do método de
análise, adotam-se os coliformes como um parâmetro internacional de avaliação da
potabilidade da água. A presença de bactérias coliformes numa água não significa
necessariamente que, se essa água for ingerida por uma pessoa, ela irá ficar doente, pois elas
em si não são patogênicas. O que ocorre é que, se elas estão presentes, deve-se contar com a
hipótese de estarem presentes também bactérias ou vírus patogênicos (causadores de doenças
como gastroenterites, hepatite, febre, cólera, etc.). Por esse motivo, uma água só é
considerada segura se o exame bacteriológico indicar ausência de coliformes.
Padrão: ausentes em pelo menos 95% das amostras.

b) Coliformes termotolerantes (ou E. Coli): Os coliformes termotolerantes são um subgrupo


dos coliformes. Sua presença na água indica que essa água com certeza esteve em contato
com dejetos animais, o que aumenta a probabilidade de estarem presentes bactérias ou vírus
patogênicos. Em outras palavras, a presença de coliformes fecais na água, embora também
não implique obrigatoriamente que uma pessoa irá desenvolver alguma doença se ingerir essa
água, representa um risco maior para a saúde do que a presença de coliformes sem
identificação (coliformes totais).
Padrão: ausentes em 100 % das amostras.

4.1.4 Parâmetros químicos de componentes inorgânicos que afetam a saúde

Esses parâmetros são realizados semestralmente na saída de tratamento de cada sistema. Será
dispensada a análise na rede de distribuição quando parâmetros fora do padrão não forem
detectados na saída do tratamento.
a) Arsênio: A presença de arsênio em águas naturais é decorrente de poluição industrial ou
água de irrigação contaminada por pesticidas orgânicos sintéticos. Tem potencial efeito
41

crônico de intoxicação ao sistema nervoso e possivelmente cancerígeno, quando em teores


excessivos.
Padrão: máximo 0,01 mg/l.
b) Cádmio: Pode ocorrer na água, devido a depósitos naturais, resíduos de indústria
metalúrgica, onde é empregado em ligas com cobre, chumbo e níquel, de galvanoplastia e de
pigmentos, e à corrosão de tubos galvanizados. Tem efeitos nocivos ao sistema renal, onde
tende a se acumular, e seus sais podem ainda causar cãibras, vômitos e diarréia.
Padrão: máximo 0,005 mg/l.

c) Cianeto - Este composto ocorre geralmente em resíduos de processos de galvanoplastia,


fabricação de aço, de plástico e de fertilizantes. Ao homem, em doses excessivas, pode
acarretar danos ao sistema nervoso e a glândula tiróide.
Padrão: máximo 0,07 mg/l.

d) Bário: Pode ter sua origem em depósitos naturais, em subprodutos de pigmentação, em


vedantes epóxi ou em resíduos de carvão. Em concentração excessiva na água pode provocar
efeitos nocivos ao sistema circulatório, por sua ação vaso-constritora, que causa aumento da
pressão sangüínea.
Padrão: máximo 0,7 mg/l.

e) Chumbo: Está presente em depósitos naturais ou em resíduos industriais, onde é utilizado


na produção de soldas, encanamentos e ligas metálicas como latão. Em teores excessivos,
pode provocar danos aos sistemas renais e nervoso pela sua toxicidade aguda e efeito
cumulativo.
Padrão: máximo 0,01 mg/l

f) Cromo : Pode ocorrer em depósitos naturais e em resíduos de galvanoplastia, de pigmentos


e de mineração. Concentrações excessivas podem acarretar distúrbios nos sistemas
circulatório e renal, no fígado e ulcerações intestinais.
Padrão: máximo 0,05 mg/l.

g) Selênio: Ocorre em depósitos naturais e em resíduos de mineração, fundição e de óleo


combustível. É largamente utilizado em processos de pigmentação, tinturas, fabricação de
vidros e de semicondutores. No homem pode, em teores elevados, provocar danos ao fígado.
42

Padrão: máximo 0,01 mg/l.

h) Mercúrio - padrão: máximo 0,001 mg/l. Ocorre em depósitos naturais e em resíduos de


mineração, fundição e de óleo combustível. É largamente utilizado em processos de
pigmentação, tinturas, fabricação de vidros e de semicondutores. No homem pode, em teores
elevados, provocar danos ao fígado.

i) Nitratos - padrão: máximo 10 mg/l. Sua presença indica o grau de poluição do aqüífero
ocasionada por despejo de esgotos, restos de animais ou águas de escoamento agrícola rica em
fertilizantes nitrogenados. Em teores elevados, na preparação de alimentos para crianças, pode
causar a cianose, doença que atinge crianças, e que se caracteriza pela cor azulada da pele.

4.1.5 Parâmetros químicos de componentes que afetam a qualidade organoléptica

Esses parâmetros são realizados semestralmente na saída de tratamento de cada sistema. Será
dispensada a análise na rede de distribuição quando parâmetros fora do padrão não forem
detectados na saída do tratamento.

a) Alumínio: O alumínio é um elemento químico que aparece nas águas de abastecimento via
de regra porque ele é adicionado, durante o tratamento, para remoção da sujeira da água.
Quando ocorre algum tipo de problema no tratamento, o teor de alumínio pode se alterar. A
fixação de um limite máximo para a presença de alumínio residual na água é mais devida aos
problemas que ele pode causar no aspecto da água (aumento da turbidez) do que a riscos
sanitários.
Padrão: máximo 0,2 mg/l.

b) Cobre: É freqüentemente encontrado em águas superficiais e subterrâneas em baixas


concentrações, podendo ocorrer contaminações advindas de resíduos industriais da
preservação de madeiras, da corrosão de tubulações e do emprego de seus compostos para
controle de algas em reservatórios. Pode, em doses excessivas, causar irritações
gastrointestinais.
Padrão: máximo 2 mg/l.
43

c) Cloretos: São sais inorgânicos, sendo que o mais comum é o cloreto de sódio, principal
componente do sal de cozinha. A presença de cloretos nas águas naturais é devida à
dissolução de sais minerais presentes no solo. Podem, porém, estar associados à contaminação
por esgotos domésticos, que contém altos teores de cloretos. Em altas concentrações,
conferem sabor salgado à água ou propriedades laxativas.
Padrão: máximo 250 mg/l.

d) Dureza: Resulta da presença, principalmente, de sais alcalinos terrosos (cálcio e


magnésio), ou de outros metais bivalentes, em menor intensidade, em teores elevados; causa
sabor desagradável e efeitos laxativos; reduz a formação da espuma do sabão, aumentando o
seu consumo; provoca incrustações nas tubulações e caldeiras. Não existe, entretanto,
nenhum risco sanitário em se ingerir uma água com alto teor de dureza, a não ser o sabor
desagradável sentido por pessoas não acostumadas com esse tipo de água. O limite
estabelecido pela legislação se deve mais a problemas econômicos, como o aumento
exagerado do consumo de sabões em lavanderias, e principalmente ao problema da formação
de incrustações em tubulações, que esse tipo de água provoca quando aquecida, como no caso
de caldeiras. Classificação das águas, em termos de dureza (em CaC03 ):
• Menor que 50 mg/1 CaC03 - água mole
• Entre 50 e 150 mg/1 CaC03 - água com dureza moderada
• Entre 150 e 300 mg/1 CaC03 - água dura
• Maior que 300 mg/1 CaC03 - água muito dura
Padrão: máximo 500 mg/l de Carbonato de cálcio, CaCO3

e) Ferro: A presença de ferro na água distribuída é devida, normalmente, à dissolução do


ferro das tubulações. Com exceção do problema do aparecimento de cor na água, que
normalmente ocorre nestes casos, a presença de ferro, mesmo em teores acima do padrão, não
representa riscos sanitários se a água for ingerida.
Padrão: máximo 0,3 mg/l.

f) Manganês: Ocorre freqüentemente em águas superficiais, geralmente associado ao ferro,


como resultante da decomposição de vegetais e matéria orgânica. Sua concentração é limitada
porque o manganês pode alterar o aspecto da água (cor e turbidez) e, eventualmente, provocar
um sabor desagradável (metálico). Concentrações acima do limite não trazem risco à saúde.
Padrão: máximo 0,1 mg/l.
44

g) Sólidos totais dissolvidos: São os sólidos remanescentes após a filtração, geralmente na


forma de sais inorgânicos. Em quantidades excessivas podem tornar a água inadequada ao
consumo humano, prejudicando o paladar, e causar efeitos laxativos.
Padrão: máximo 1000 mg/l.

h) Sulfatos - padrão: máximo 250 mg/l. Ocorrem naturalmente em conseqüência da ação


das águas sobre certos minerais. Também pode ocorrer como uma das fases de decomposição
da matéria orgânica. Em concentrações elevadas pode ter efeito laxativo.

i) Zinco - padrão: máximo 5 mg/l. Ocorre normalmente em águas naturais, podendo advir de
resíduos de certas indústrias, como galvanoplastias, elétricas, de tintas e farmacêuticas, onde é
largamente usado. É um elemento essencial ao crescimento e benéfíco ao metabolismo
humano, porém em concentrações muito altas confere à água um sabor adstringente e uma
certa opalescência.

4.1.6 Parâmetros químicos de componentes orgânicos que afetam a saúde

Esses parâmetros são realizados semestralmente na saída de tratamento de cada sistema. Será
dispensada a análise na rede de distribuição quando parâmetros fora do padrão não forem
detectados na saída do tratamento.

a) Pesticidas organoclorados: Os pesticidas organoclorados constituem um grupo de


compostos orgânicos utilizados por várias décadas no controle de insetos, de fungos, pragas
nas lavouras, etc. Os padrões daqueles incluídos na Portaria 518 são apresentados a seguir:
 Aldrin - 0,03 µg/l
 Dieldrin - 0,03 µg/l
 Clordano - 0,2 µg/l
 DDT - 2 µg/l
 Endrin - 0,6 µg/l
 Heptacloro e Heptacloro Epóxido - 0,03 µg/l
 Hexaclorobenzeno - 1 µg/l
 Lindano - 2 µg/l
 Metoxicloro - 20 µg/l
45

Observação: 1 µg/l corresponde a 0,001 mg/l

Devido à sua alta persistência no ambiente (água, solo), ou seja, não se degradar facilmente, a
fabricação e comercialização dessas substâncias está proibida na grande maioria dos países
desde o começo da década de 1980. Entretanto, devido exatamente à sua difícil degradação
natural, são encontrados ainda resíduos no solo e na água e, por isso, os pesticidas
organoclorados são incluídos na legislação para análise obrigatória em águas de
abastecimento. Sua presença na água consumida, em concentrações muito acima dos limites
toleráveis (VMP) pode acarretar prejuízos à saúde que vão desde sintomas de envenenamento,
como dor de cabeça, distúrbios gastrointestinais, etc., até danos ao fígado, rins e sistema
nervoso, além de efeitos cancerígenos, dependendo do tipo de pesticida.

b) Solventes orgânicos aromáticos

São três os compostos desse grupo incluídos em normas ambientais e de potabilidade: o


benzeno, o tolueno e o xileno (o subgrupo BTX).

 Benzeno: A presença de benzeno em águas de abastecimento se deve à contaminação


por resíduos de indústrias, principalmente de tintas, de plástico, de medicamentos, etc.
O benzeno é considerado potencialmente cancerígeno. Padrão: máximo 5 µg/l.

c) Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares

Desse grupo de compostos, a Portaria 518 inclui o Benzo-a-pireno.

 Benzo-a-pireno: Trata-se de uma substância também considerada causadora potencial


de câncer, em concentrações relativamente baixas. Sua presença em águas de
abastecimento normalmente se deve a contaminação por resíduos da queima de
matéria orgânica, de derivados de petróleo, etc. Padrão: máximo 0,7 µg/l.

Fenóis
 Pentaclorofenol e 2,4,6-Triclorofenol: São largamente utilizado na manufatura de
desinfetantes, resinas sintéticas, indústria química e medicinal, estando também
presente em águas residuais industriais e de refinaria de petróleo. O maior problema
causado pela presença de fenol na água é que, ao reagir com o cloro adicionado no
tratamento, ele produz compostos chamados clorofenóis que, mesmo em baixas
46

concentrações, produzem um gosto e cheiro característico na água (gosto "de


remédio"). As concentrações que podem causar algum efeito à saúde são muito
superiores àquelas que alteram o sabor e o odor da água, o que reduz muito os riscos
de problemas sanitários ocasionados por essas substâncias. Padrões: máximo 9 µg/l e
0,2 mg/l.
 Trihalometanos: Podem estar presentes na água tratada e a sua formação se dá pela
reação do cloro com certos compostos orgânicos presentes em águas naturais. Embora
não haja provas cabais dos efeitos maléficos à saúde humana, mas com objetivo
preventivo, fixou-se o limite padrão, devido à suspeita de que, em teores excessivos,
os THM possam ser cancerígenos. Padrão: máximo 0,1 mg/l
 Solventes Halogenados - Os solventes halogenados constituem um grupo de
compostos orgânicos muito utilizados na indústria, principalmente indústrias de
plásticos, de tintas e corantes, etc. Aqueles incluídos na Portaria 518 e os respectivos
padrões (VMP) são:

 1,1 - Dicloroeteno - 30 µg/l


 1,2 - Dicloroetano - 10 µg/l
 Tetracloroeteno - 40 µg/l
 Tetracloreto de Carbono - 2 µg/l

Esses compostos, quando em concentrações excessivas, são potencialmente cancerígenos,


sendo alguns deles também causadores de danos ao fígado e rins. São substâncias voláteis,
isto é, desprendem-se na forma de gás, o que dificulta sua persistência por períodos longos
nas águas superficiais e no solo. Nas águas subterrâneas profundas, entretanto, essa
persistência é favorecida pelas condições de pressão e temperatura a que essas águas podem
estar submetidas. Em função disso, as águas subterrâneas, especialmente nas regiões
industrializadas, devem ser analisadas periodicamente para esse tipo de substâncias.

Herbicidas Fenoxiácidos Clorados


 2,4-D (Ácido diclorofenoxi acético): Os herbicidas são substâncias utilizadas na
agricultura para controle de plantas daninhas. Sua utilização em quantidades muito
acima do recomendado deixa resíduos no solo que, por ocasião das chuvas, são
carreados para os rios e lagos, contaminando a água, da mesma forma que ocorre com
os demais pesticidas empregados na lavoura. Ao contrário dos pesticidas
47

organoclorados, entretanto, sua persistência no ambiente é pequena, e sua toxidez para


mamíferos é também relativamente baixa. Padrão (VMP): 30 µg/l.

4.2 QUALIDADE DA ÁGUA DO MUNICÍPIO DE CAJOBI

Os rios e represas de onde a água é retirada para tratamento (captação) são chamados
mananciais. Sua qualidade é definida pela Resolução CONAMA 357/2005, do Ministério do
Meio Ambiente, e monitorada pelos órgãos ambientais estaduais. Em Cajobi os mananciais
são do tipo poço, localizados na bacia hidrográfica do Turvo / Grande. A ocupação da bacia é
de 3 % urbana, 1 % industrial, 23 % agrícola, 70 % pecuária e 3 % de matas naturais. Os
mananciais estão em boas condições e não contém fontes de poluição significativa. No Estado
de São Paulo, a lei nº 8.966/1997 dispõe sobre diretrizes, normas e mecanismos para a
proteção e recuperação das bacias hidrográficas dos mananciais. Dentre eles está definida a
participação conjunta do estado, municípios e sociedade civil, através dos Comitês de Bacia,
no planejamento e implantação de ações de melhoria. Portanto, é dever de todo cidadão
colaborar par garantir que a água continue disponível para as gerações futuras.

5. PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE

O SeMAE controla a qualidade da água em todo o sistema de abastecimento de água, desde os


mananciais até o cavalete de seu imóvel, coletando amostras em vários pontos da rede de
distribuição e realizando análises de cloro residual livre, determinação de pH, cor, turbidez e
flúor diariamente. As análises microbiológicas (coliformes totais, fecais e bactérias
heterotróficas) são realizadas duas vezes por semana na saída do tratamento e várias análises
são feitas durante o mês todo na rede de distribuição do município, atendendo à legislação
vigente no país. A ocorrência de resultados fora dos padrões não apresenta necessariamente
risco à saúde, pois as amostras indicam a situação em um momento e local específicos.
Pequenas variações podem ocorrer no processo de tratamento e distribuição de água sem que
sua qualidade se torne inadequada ao consumo humano. É importante saber que em todos os
casos anômalos foram tomadas ações corretivas imediatas e novas análises indicaram que a
situação já estava regularizada.
48

5.1 Programa de Amostragem

O exame de água é feito em amostras que se coletam de maneira a obter amostras


representativas, isto é, réplicas, as mais exatas possíveis do ambiente químico, físico e
biológico de onde foram coletadas. Isto equivale a dizer que a qualidade da água coletada
dever representar a qualidade da água amostrada em termos de concentração de componentes
examinados. Os programas de amostragem devem ser dimensionados de forma que os
resultados analíticos obtidos representem as variações espacial e temporal da qualidade da
água amostrada.

Validade e representatividade das amostras

Validade das amostras:

• escolha do local de amostragem;


•periodicidade, freqüência e hora de amostragem.

Representatividade:

• coleta de amostras;
•preservação de amostras (tamanho de amostra, tipo de frasco, preservação e prazo para
análise);
• dados de campo (anotações do ponto de coleta, data e hora da coleta).

Escolha do local de amostragem

Em geral os objetivos do programa de amostragem definem direta ou indiretamente o local ou


locais de um sistema (saída do tratamento, pontos do sistema de distribuição) adequados para
a coleta, segundo a informação que se quer obter.

Periodicidade, freqüência e hora de amostragem

Em geral, as informações sobre qualidade de água referem-se a um período (diário,


semanal,mensal, semestral) durante o qual esta qualidade pode variar. Por isso, a freqüência
durante o período de amostragem deve ser estabelecida de forma que as amostras estimem a
qualidade real de um determinado período. A freqüência com que são coletadas as amostras
deve ser tal que obtenham os dados necessários com um número viável de amostras, levando
49

a dados que reflitam num controle de qualidade eficiente. No caso do controle de qualidade
bacteriológica da água de abastecimento, por exemplo, o número de amostras coletadas deve
ser proporcional à população servida.

Seguem-se abaixo as tabelas com os parâmetros e o número de amostras a serem analisadas


(freqüência e quantidade), conforme as exigências da Portaria nº 518/2004 do Ministério da
Saúde:

Tabela 6: Quantidades mínimas obrigatórias de análises de água segundo a Portaria 518/MS


para o município de Cajobi.
Saída do Tratamento Sistema de Distribuição
Parâmetros Manancial Subterrâneo Manancial Subterrâneo
Quantidade Frequência Quantidade Frequencia
Cor 1 Diária 5 Mensal
Turbidez 1 Diária 5 Mensal
Cloro residual 1 Diária 15 Mensal
livre
Fluoreto 1 Diária 5 Mensal
Coliformes 2 Semanal 15 Mensal
totais
*Coliformes * * * *
termotolerantes
ou E. coli
Contagem de em 20% das amostra mensais
bactérias - - para coliformes totais, deve
heterotróficas ser efetuada a contagem de
bactérias heterotróficas
Odor 1 Mensal 5 Mensal
Gosto 1 Mensal 5 Mensal
Demais 1 Semestral - -
parâmetros
* Apenas as amostras com resultados positivos para coliformes totais devem ser analisadas para
coliformes termotolerantes ou E. coli.
50

Tabela 7: Quantidades mínimas obrigatórias de análises de água segundo a Portaria 518/MS


para o Distrito de Monte Verde Paulista.
Saída do Tratamento Sistema de Distribuição
Parâmetros Manancial Subterrâneo Manancial Subterrâneo
Quantidade Frequência Quantidade Frequencia
Cor 1 Diária 5 Mensal
Turbidez 1 Diária 5 Mensal
Cloro residual 1 Diária 10 Mensal
livre
Fluoreto 1 Diária 5 Mensal
Coliformes 2 Semanal 10 Mensal
totais
*Coliformes * * * *
termotolerantes
ou E. coli
Contagem de em 20% das amostra mensais
bactérias - - para coliformes totais, deve
heterotróficas ser efetuada a contagem de
bactérias heterotróficas
Odor 1 Mensal 5 Mensal
Gosto 1 Mensal 5 Mensal
Demais 1 Semestral - -
parâmetros
* Apenas as amostras com resultados positivos para coliformes totais devem ser analisadas para
coliformes termotolerantes ou E. coli.

Na saída de cada unidade de tratamento (Cajobi, Monsenhor e Monte Verde) devem ser
coletadas, no mínimo, 2 (duas) amostras semanais (em dias diferentes) para fazer análise
bacteriológica da água (essas análises são enviadas ao laboratório GEA – Laboratório de
Geologia Ambiental que presta serviços ao SeMAE). Essas coletas são realizadas toda terça e
quarta-feira.
Na rede de distribuição do Município de Cajobi serão coletas 15 amostras em pontos
estratégicos divididos ao longo do mês. Na rede de distribuição do Distrito de Monte Verde
serão coletas 10 amostras no cavalete das residências divididas ao longo do mês.
51

Semestralmente deve ser realizado na saída de tratamento de cada um dos três sistema
(Cajobi, Monsenhor e Monte Verde Paulista), análises de vários parâmetros referentes às
Tabelas 1, 3 e 5 da Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde.

5.2 Planejamento, Coleta e Preservação de Amostras de Água para Análise

A qualidade da água é avaliada por meio de análises. Analisar toda a massa de água destinada
ao consumo é impraticável, por isso, colhem-se amostras e, através de sua análise, conclui-se
qual a qualidade da água. Os métodos de análise fixam o número de amostras e o volume de
água necessário, a fim de que o resultado seja o mais correto possível ou, em outras palavras,
represente melhor o que realmente se passa em uma massa líquida cuja qualidade se deseja
saber.
O resultado da análise de uma amostra de água de um manancial, rede pública, etc., dada a
variação constante das águas dos mesmos, na realidade revela, unicamente, as características
apresentadas pela água no momento em que foi coletada.
A amostra de água para análises físico-químicas comuns deve ser coletada em frasco
apropriado e convenientemente tampado. As amostras devem ser enviadas com a máxima
brevidade ao laboratório.

5.2.1 Planejamento

Planejamento é a elaboração de um roteiro para realização de determinada tarefa. Ao coletar,


deve-se realizar um planejamento para obter uma amostra representativa e resultados
satisfatórios dentro da realidade da amostragem. Um bom planejamento de amostragem
inclui:
- metodologia de coleta;
- tipos de amostras (para análises físico-químicas ou microbiológicas);
- pontos de amostragem;
- tempo de coleta;
- preservação;
- transporte;
- equipamentos necessários;
- coletor bem treinado;
- parâmetros a serem analisados.
52

5.2.2 Coleta

Procedimento de coleta

Amostras de água para a realização das análises físico-químicas


● Em cada ponto de amostragem, colher 1 frasco de polietileno.
● A água deve ser coletada no cavalete da residência.
● Enxaguar o frasco e sua tampa com a água a ser analisada por 2 vezes.
● Abra a torneira e deixe a água escorrer por alguns segundos, antes de fazer a coleta.
● Coletar água com garrafas plásticas identificando o endereço do local da retirada e a data.
● A coleta dever ser feita em lugares estratégicos como as pontas de redes.
● Devem ser retiradas amostras em três pontos de consumo de água, isso deve ser feito todos
os dias, inclusive sábados, domingos e feriados.

Amostras para Exames Bacteriológicos


Coletar as amostras em frascos de volume mínimo de 120 mL, limpos, esterilizados em
autoclave a 121ºC durante 15 min., contendo 3 gotas de solução de tiossulfato de sódio
pentahidratado 3% (para eliminar a possível presença de cloro residual livre na amostra).
Deve existir uma proteção de papel alumínio na tampa do frasco, que deve ser mantida desde
o final da esterilização do frasco até o instante do ensaio. O frasco deve ter vedação perfeita,
para não permitir qualquer vazamento ou contaminação externa durante o transporte da
amostra.

Figura 19 - Frasco de coleta bacteriológica


53

Cuidados na Amostragem para Análise Bacteriológica


● A coleta e manuseio dos frascos deverão ser feitos com cuidado, para evitar contaminação
da amostra.
● Não é indicado o uso de luvas, que geralmente contêm talco e podem contaminar a amostra.
● Verificar se o ponto de amostragem recebe água diretamente da rede de distribuição.
● A água deve ser coletada no cavalete da residência.
● Nunca colete água diretamente da mangueira.
● Limpar a torneira do ponto de coleta com álcool etílico 70 %.
● Abrir a torneira, no ponto de coleta, de forma a obter um fluxo baixo de água e deixar
escoar a água por cerca de 1 minuto e coletar a amostra sem enxaguar o frasco.
● Os frascos de coleta deverão ser abertos somente no momento da coleta da amostra e pelo
tempo necessário para seu enchimento, devendo ser fechados imediatamente após a coleta.
● Não tocar as partes internas dos frascos e tampas.
● Evitar conversa ou respiração na direção do frasco, no ato do seu enchimento.
● Cada frasco deverá identificar o endereço da local e a data da coleta.
● A coleta dever ser feita em lugares estratégicos como as pontas de redes.
● Não encher o frasco completamente para possibilitar homogeneização.
● Devem ser retiradas 15 amostras no município de Cajobi.
● Devem ser retiradas 10 amostras no Distrito de Monte Verde Paulista.

5.2.3 Preservação da amostra

Sabe-se que, quanto menor o tempo decorrido entre a coleta e a análise da amostra, maior
coincidência haverá entre os valores reais e os medidos; aliás, o ideal mesmo é efetuar as
análises no próprio local de coleta. Entretanto, muitas vezes é impossível fazê-lo e então
costuma-se preservar um volume suficiente, coletado em frasco apropriado, por um intervalo
de tempo conveniente para cada parâmetro ou grupo de parâmetros, ou, então, efetua-se parte
da determinação em campo com a finalidade de preservação. As técnicas de preservação em
geral restringem-se a retardar a atividade biológica e a hidrólise de compostos ou reduzir a
volatilidade dos constituintes. Na Tabela 8 encontra-se um resumo das particularidades
relativas a cada exame quanto a frasco de coleta, volume de amostra, técnica de preservação e
prazo para análise.
54

Tabela 8 – Resumo das particularidades, relativas a frasco de coleta, volume de amostra,


técnica de preservação e prazo para analise.

EXAME FRASCO VOLUME PRAZO

preservativo
Arsênico Plástico ou vidro 500 mL HNO3 conc. pH<2 6 meses
Cádmio Plástico ou vidro 300 mL HNO3 conc. pH<2 6 meses
Cianeto Plástico 1000 mL NaOH até pH<12 24 horas
Mercúrio Plástico ou vidro 300 mL HNO3 conc. pH<2 Vidro (38 dias)
Plástico (13 dias)
Chumbo Plástico ou vidro 500 mL HNO3 conc. pH<2 6 meses
Selênio Plástico ou vidro 3000 mL HNO3 conc. pH<2 6 meses
Fluoreto Plástico 500 mL Refrigeração a 4ºC 7 dias
Nitrato Plástico ou vidro 300 mL H2SO4 conc. pH<2, 24 horas
refrigeração 4ºC
Pesticidas Vidro escuro 100 mL Refrigeração a 4ºC S/ preservar 24
horas
Preservada – dias
Cor Plástico ou vidro 200 mL Refrigeração a 4ºC 24 horas
Odor Vidro 1000 mL Refrigeração a 4ºC O menor possível
Turbidez Plástico ou vidro 200 mL Evitar a luz 24 horas
Sólidos Plástico ou vidro 100 mL Refrigeração a 4ºC 7 dias
PH Plástico ou vidro 200 mL ------ In loco
Surfactantes Plástico ou vidro 100 mL ------ -------
Fenóis Plástico ou vidro 1000 mL 5 mL sol. CuSO45H2O10% S/preservar – 4 h
e H3PO4 até pH 4 Preservada – 24h
Dureza total Plástico ou vidro 300 mL HNO3 conc. pH <2 e 7 dias
refrigeração
Cálcio Plástico ou vidro 500 mL HNO3 conc. pH <2 6 meses
Cloretos Plástico ou vidro 200 mL ------ 7 dias
Cobre Vidro 500 mL HNO3 conc. pH <2 6 meses
Ferro total Vidro 100 mL HNO3 conc. pH <2 6 meses
Ferro solúvel Vidro 200 mL 1 mL HCl/100 mL 6 meses
Magnésio Plástico ou vidro 500 mL HNO3 conc. pH <2 6 meses
Manganês Plástico ou vidro 500 mL HNO3 conc. pH <2 6 meses
Sulfato Plástico ou vidro 300 mL pH8 e refrigeração a 4ºC
Nitrogênio Plástico ou vidro 200 mL Refrigeração a 4ºC 24 horas
Nitrito
Nitrogênio Plástico ou vidro 1000 mL H2SO4 conc. pH<2, 24 horas
Amoniacal refrigeração 4ºC
Cloro residual ------ ------ --------
Alcalinidade Plástico ou vidro 200 mL Refrigeração a 4ºC In loco
total
Alumínio Plástico ou vidro 500 mL ---- 4-8 h
Bacteriológico Plástico ou vidro 250 mL Refrigeração a menos de 24 horas
10ºC
55

5.3 Dados de campo da coleta

Cada amostra coletada deve ser acompanhada de uma ficha de dados de campo, tais como:
manancial, local de coleta, data de coleta, hora de coleta, preservação empregada, condições
do tempo e nome do coletor.

6. DESCRIÇÕES DAS ANÁLISES REALIZADAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

6.1 PROCEDIMENTO DA ANÁLISE DE COR EM ÁGUAS

EQUIPAMENTO COLORÍMETRO DEL LAB MODELO DLNH-100

Figura 20 - Colorímetro

A– OBJETIVO

Determinação de cor natural de águas

B – MÉTODO

Platino de cobalto

C – NOTAS IMPORTANTES ANTES DO PROCEDIMENTO DA ANÁLISE


C.1 – Contaminações das amostras precisam ser evitadas, para tanto, deve-se ter certeza de
que a vidraria esteja perfeitamente limpa.
C.2 – Os recipientes de coleta da amostra devem ser enxaguados com a própria água de
amostra.
C.3 – Águas com alta concentração de cor apresentam resultados de leitura duvidosos,
portanto recomenda-se a técnica de diluição.
56

D – PROCEDIMENTO DA ANÁLISE

D.1 – Transferir para um dos tubos de Nessler, próprio do Colorímetro, água destilada até
bem próximo à borda.
Em seguida, introduzir o mergulhado, observando que na interface líquido/mergulhador, não
exista bolha de ar. Essa operação deve provocar transbordamento do líquido. Remover o
excesso das paredes laterais e fundo, com o auxílio de papel absorvente e em seguida,
posicionar esse tubo no porta tubo exposto na lateral móvel do Colorímetro, indicado pela
letra B.
D.2 – A amostra deve ser transferida para o outro tubo de Nessler e seguir o mesmo exemplo
do item 4,1, posicionando-o no porta tubo do colorímetro indicado pela letra A.

E – COMPARAÇÃO E LEITURA
E.1 – Introduzir o disco colorimétrico para análise de cor, no porta disco do colorímetro DEL
LAB.
E.2 – Fechar o compartimento, pressionar o interruptor de luz do colorímetro.
E.3 – Girar o disco colorimétrico, procurando igualar a tonalidade de cor da imagem
proveniente dos tubos A e B, até o efeito de cor entre os dois seja igual ou mais próximo
possível.
E.4 – Sem tirar o disco da posição de igualdade de cor observada, o operador deve descansar
a vista por alguns segundos.
E.5 – Após ter descansado a vista, o operador deve focar novamente a imagem a fim de
confirmar a leitura obtida anteriormente.
E.6 – Confirmada a comparação de cor dos tubos A e B, anotar o número no visor da escala.
Este número representa a cor relativa da amostra.

6.2 – PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DE TURBIDEZ

EQUIPAMENTO - TURBIDÍMETRO DE BANCADA MICROPROCESSADO DA


TECNOPON
57

Figura 21 - Turbidímetro

A.CALIBRANDO E COLOCANDO EM OPERAÇÃO


ATENÇÃO: As soluções padrão são peças importantes na medição da turbidez,
portanto iniciaremos com alguns cuidados que devem ser tomados:
● Limpe a superfície das cubetas com papel toalha limpo embebida numa solução que
não deixe resíduos, pois eles podem ser interpretados como turbidez pelo
equipamento.
● Após 6 meses as cubetas devem ser substituídas por novas, ou recalibradas, pois seu
valor se altera ao longo do tempo.
● Não agite as cubetas antes da calibração, pois bolhas de ar atrapalham a leitura.
● Ligue o equipamento 30 minutos antes de utilizá-lo.
● Melhores resultados são obtidos se o equipamento for mantido ligado. Isto não causa
nenhum tipo de desgaste para o equipamento ou para a lâmpada.

Ao ligar o equipamento esta é a primeira tela:


69.5 NTU Não Calib
Esc Medir Cal
A B C

Mantenha o poço da cubeta sempre tampado.


Atenção: O display é composto de duas linhas. A de cima indica a leitura e seu estado.
A linha de baixo mostra as funções das teclas A, B e C, ou seja, neste momento:

● Apertando a tecla “A” você irá para o menu principal


● Apertando a tecla “B” você dispara a medição; Apertando “C” inicia-se o processo de
calibração.
Enquanto NÃO CALIB estiver acesa sobre o Cal no display, indica que o equipamento ainda
não foi calibrado.
58

4.1 – Retire as ampolas da embalagem de proteção, limpe o vidro para que fique livre de
impurezas, tais como gordura ou sujeira que venham a interferir no valor padrão.
4.2 - Pressione o botão CAL até que mude o display para calibração do equipamento.

INSERIR CUBETA PADRÃO 0.10


ESC OK

Insira a cubeta padrão 0,10 e pressione a tecla OK (tecla C)

CALIBRANDO

Agora siga colocando as cubetas padrão solicitadas pelo equipamento, até que ele indique que
a calibração foi bem sucedida

CALIBRAÇÃO BEM SUCEDIDA

Feito isto o equipamento está calibrado, e ele irá retornar ao menu de medição

69.5 NTU Não Calib


Esc Medir Cal

IMPORTANTE
Operando:
4.9 – Após a calibração o aparelho volta a condição de medição e está pronto para uso.
Note que “NÃO CALIB” desapareceu indicando que você calibrou o equipamento.
4,10 – Coloque a amostra na cubeta, pressione a tecla medir (B)

= 69.5 NTU
Desl Medir Cal

6.3 PROCEDIMENTO DA ANÁLISE DE pH


59

EQUIPAMENTO - COMPARADOR COLORIMÉTRICO DEL LAB MODELO DLH-


2000

Figura 22 - Comparador colorimétrico Figura 23 - Reagente vermelho de fenol

DISCOS DEL LAB PARA ANÁLISE

Figura 24 - Disco PH-CH

PH-CH: Reagente Vermelho de Fenol Faixa operacional de 6,8 a 8,4 pH.


PH-DH: Reagente Azul de Timol Faixa operacional de 7,8 a 10,0 pH.
PH-EH: Reagente Universal Faixa operacional de 3,0 a 11,0 pH.

1 – Colocar a amostra da água até a marca na cuba (5 mL).


2 – Adicionar 5 gotas de solução indicadora (Vermelho de Fenol) de pH (0,25 mL).
3 – Introduzir a cuba no orifício direito do comparador.
4 – Adicionar, na outra cuba, 5 mL de água destilada e introduzi-la no orifício esquerdo do
comparador.
5 – Colocar o disco colorimétrico de pH no aparelho e girar, fazendo comparação até obter a
cor que mais se aproxima,ou que fique igual entre si.
6 – Fazer a leitura no visor, que expressa o valor do pH da amostra.

NOTA IMPORTANTE
60

Reagentes tóxicos, em caso de ingestão procurar auxílio médico imediatamente.

6.4 PROCEDIMENTO DA ANÁLISE DO CLORO RESIDUAL LIVRE

EQUIPAMENTO - COMPARADOR COLORIMÉTRICO MOD. DLH – 2000

Figura 25 - Comparador colorimétrico

MÉTODO DPD

NOTAS IMPORTANTES ANTES DO PROCEDIMENTO DA ANÁLISE


Evitar troca de cubas para não haver contaminação. Cuidado para não contaminar a amostra,
verificando sempre o frasco de coleta, enxaguando-o com a própria água da amostra.
Conservar os reagentes em frascos bem fechados e ao abrigo de luz Solar e incidência direta
de luz artificial.

A – CLORO RESIDUAL LIVRE.

A.1– Colocar a amostra de água até a marca na cuba (5 mL). Esta é a cuba nº 1.
A.2 - Certifique-se de que a pá dosadora esteja limpa e seca. Introduza-a no frasco que
contém o reagente DPD em pó. Ao retirar, raspe o excesso no próprio frasco, de que apenas o
orifício contido na pá dosadora fique com reagente.
A.3 - Coloque o reagente na cubeta (nº 1) que contém a amostra, e agite.
A.4 -. Introduza a cuba nº 1 no orifício direito do comparador, e a cuba nº 2, com água
destilada no orifício esquerdo.
61

A.5 - Girando o disco colorimétrico, comparar imediatamente a cor da amostra reagida com
as cores contidas do disco.
A.6 - Faça a leitura que é expressa em mg/L de Cloro residual.

Observação: Determinação de Cloro livre na água. Para cada reagente deve ser utilizado
discos de Cloro apropriados, no comparador DLH-2000. Para o reagente DPD deve-se utilizar
o disco CL-BH.

6.5 PROCEDIMENTO DA ANÁLISE DO FLUORETO

EQUIPAMENTO – Fluorímetro (POCKET COLORIMETER DA HACH)

Figura 26 - Fluorímetro Figura 27 - Reagente para análise fluoreto

1 – Colocar água destilada até a marca na cubeta (10 mL). Adicionar 2 mL do reagente para
fluoreto (SPANDS). Esta é a solução padrão
2 – Colocar a amostra da água até a marca na cubeta (10 mL). Adicionar 2 mL do reagente
para fluoreto (SPANDS).
3 – Aguardar 1 minutos antes de fazer a leitura.
4 – Zerar o aparelho com a solução padrão, feita no item 1, para isso apertar o botão zero
5 – Por último colocar a cubeta com a amostra e apertar o botão ler).
62

7. PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS EM TRATAMENTO DE ÁGUAS PARA


ABASTECIMENTO PÚBLICO

7.1 Condições de segurança para manuseio com produtos químicos

O operador deverá usar como equipamento de proteção individual (EPI): óculos de proteção,
luva de PVC cano longo, avental plástico ou de PVC e botas de borracha. Qualquer contato
acidental com os produtos químicos, o local atingido deve ser lavado com grande abundância
de água limpa e consequentemente assistência médica.

7.2 Principais produtos

7.2.1 Ácido Fluorsilícico

O ácido fluorsilícico é utilizado para fluoretação. É um subproduto da indústria de


fertilizantes, tem concentração comercial próxima de 25% m/m. É altamente oxidante, seus
vapores (HF) atacam o vidro dos ambientes onde se encontra o armazenamento e dosagem. É
um produto extremamente corrosivo e em contato com pele provoca irritações, se houver
ferimentos, quando em contato com o ácido poderá provocar retardamento na cicatrização. É
muito agressivo à visão, em caso de contato enxaguar com limpa em abundância e procurar
ajuda médica imediatamente.

Figura 28 - Tambor de
armazenagem do Ac. fluorsilícico
63

7.2.2 Hipoclorito de Sódio

È produzido através da reação entre o cloro e a soda cáustica, resultando uma solução muito
alcalina e de forte poder oxidante com concentração de cloro ativo próxima de 15%.
Tem um custo aparentemente baixo, no entanto é importante relevar que este produto perde
sensivelmente sua concentração (teores até 5%) quando o mesmo é exposto a temperaturas
ambiente elevadas, à luz direta e uso demorado (mais de 30 dias). Seu transporte também fica
elevado, considerando que sua composição tem mais de 85% de água. Vazamentos durante o
transporte trazem sérias conseqüências de corrosão nos veículos utilizados. O manuseio do
produto deve ser sempre feito com EPI.

Figura 29 - Tambor de armazenagem do hipoclorito de sódio

8. ESGOTO

O desenvolvimento populacional trouxe a necessidade de eliminação dos dejetos provenientes


das atividades sócio-econômicas, tendo com primeira solução , o lançamento destes dejetos
nos corpos d’água e solos. Tal solução tornou-se problemática, gerando custos ambientais e
econômicos em função da grave incidência de doenças de veiculação hídrica, bem como da
limitação dos usos comerciais dos recursos hídricos como o turismo e a pesca.
A maioria das cidades brasileiras ainda não conta com coleta e tratamento de esgotos,
comprometendo os mananciais de abastecimento de água. Outras coletam os esgotos, mas
estes são lançados in natura, reduzindo a vida aquática nos corpos receptores. Apenas uma
minoria conta com coleta e tratamento de esgotos.
64

Em função do aumento da demanda por serviços de saneamento e da escassez de recursos,


procurou-se criar formas de tratar estes dejetos através da ação decompositora de
microrganismos encontrados naturalmente no solo e na água, com o objetivo de otimizar a
eficiência e minimizar custos.

8.1 Tipos de Esgotos

• Esgotos Domésticos: incluem as águas contendo matéria fecal e as águas servidas,


resultantes de banho e de lavagem de utensílios e roupas;
• Esgotos Industriais: compreendem os resíduos orgânicos, de indústria de alimentos,
matadouros, etc; as águas residuárias agressivas, procedentes de indústrias de metais etc; as
águas residuárias procedentes de indústrias de cerâmica, água de refrigeração, etc;
• Águas Pluviais: são as águas procedentes das chuvas;
• Água de Infiltração: são as águas do subsolo que se introduzem na rede.

8.2 Tipos de Sistemas


• Sistema Unitário
Consiste na coleta de águas pluviais, dos esgotos domésticos e dos despejos industriais em um
único coletor. Além da vantagem de permitir a implantação de um único sistema, é vantajoso
quando for previsto o lançamento do esgoto bruto, sem inconveniente em um corpo receptor
próximo. No dimensionamento do sistema deve ser previstas as precipitações máximas com
período de recorrência geralmente entre cinco e dez anos. Como desvantagem, apresenta
custo de implantação elevado e problemas de deposições de material nos coletores por ocasião
da estiagem.
Quanto ao tratamento, o custo de implantação é também elevado tendo em vista que a estação
deve ser projetada com capacidade máxima que , no sistema unitário, ocorre durante as
chuvas. Outrossim, a operação é prejudicada pela brusca variação da vazão na época das
chuvas, afetando do mesmo modo a qualidade do efluente.

• Sistema Separador Absoluto


Neste sistema, o esgoto doméstico e o industrial ficam completamente separados do esgoto
pluvial. É o sistema adotado no Brasil.
O custo de implantação é menor que o do sistema anterior, em virtude das seguintes razões:
65

- as águas pluviais não oferecem o mesmo perigo que o esgoto doméstico, podendo ser
encaminhadas aos corpos receptores (rios, lagos, etc.) sem tratamento; este será projetado
apenas para o esgoto doméstico;
- nem todas as ruas de uma cidade necessitam de rede de esgotamento pluvial. De acordo com
a declividade das ruas, a própria sarjeta se encarregará do escoamento, reduzindo assim, a
extensão da rede pluvial;
- esgoto doméstico deve ter prioridade, por representar um problema de saúde pública. O
diâmetro dos coletores é mais reduzidos;
- nem todo esgoto industrial pode ser encaminhado diretamente ao esgoto sanitário.
Dependendo de sua natureza e das exigências regulamentares, terá que passar por tratamento
prévio ou ser encaminhado à rede própria.

8.3 Partes Constitutivas do Sistema


• Ramal Predial: são os ramais que transportam os esgotos das casas até a rede pública de
coleta;
• Coletor de Esgoto: recebem os esgotos das casas e outras edificações, transportando-os aos
coletores tronco;
• Coletor Tronco: tubulação da rede coletora que recebe apenas contribuição de esgoto de
outros coletores;
• Interceptor: os interceptores correm nos fundos de vale margeando cursos d’água ou
canais. São responsáveis pelo transporte dos esgotos gerados na subbacia, evitando que os
mesmos sejam lançados nos corpos d’água. Geralmente possuem diâmetro maiores que o
coletor tronco em função de maior vazão;
• Emissário: são similares aos interceptores, diferenciando apenas por não receber
contribuição ao longo do percurso;
• Poços de Visita (PV): são câmaras cuja finalidade é permitir a inspeção e limpeza da rede.
Os locais mais indicados para sua instalação são:
- inicio da rede;
- nas mudanças de: (direção, declividade, diâmetro ou material), nas junções e em trechos
longos. Nos trechos longos a distância entre PV`s deve ser limitada pelo alcance dos
equipamentos de desobstrução.
• Elevatória: quando as profundidades das tubulações tornam-se demasiadamente elevadas,
quer devido à baixa declividade do terreno, quer devido à necessidade de se transpor uma
66

elevação, torna-se necessário bombear os esgotos para um nível mais elevado. A partir desse
ponto, os esgotos podem voltar a fluir por gravidade.
• Estação de Tratamento de Esgotos (ETE): a finalidade da ETE é a de remover os
poluentes dos esgotos, os quais viriam causar uma deterioração da qualidade dos cursos
d’água. Um sistema de esgotamento sanitário só pode ser considerado completo se incluir a
etapa de tratamento. A estação de tratamento de esgoto (ETE), pode dispor de alguns dos
seguintes itens, ou todos eles:
- grade;
- desarenador;
- sedimentação primária;
- estabilização aeróbica;
- filtro biológico ou de percolação
- lodos ativados;
- sedimentação secundária;
- digestor de lodo;
- secagem de lodo;
- desinfecção do efluente.
• Disposição Final: após o tratamento, os esgotos podem ser lançados ao corpo d’água
receptor ou, eventualmente, aplicados no solo. Em ambos os casos, há que se levar em conta
os poluentes eventualmente ainda presentes nos esgotos tratados, especialmente organismos
patogênicos e metais pesados. As tubulações que transportam estes esgotos são também
denominadas emissário.

8.4 Conceitos básicos


A seguir serão definidos alguns conceitos básicos para o melhor entendimento do processo de
tratamento dos esgotos, por lagoas de estabilização.

8.4.1 Esgotos Sanitários

Os esgotos são compostos de água, substâncias orgânicas e inorgânicas, sendo 99,9% de água
e 0,1% de sólidos, e desses sólidos 70% são orgânicos (proteínas, açúcares, gorduras) e 30%
são inorgânicos (areia, sais, metais).
Os esgotos sanitários são constituídos principalmente de despejos domésticos, numa parcela
de águas pluviais, águas de infiltração e, eventualmente, de uma parcela pequena de despejos
67

industriais. Os esgotos domésticos provêm de residências e qualquer edificação que contenha


instalações de banheiros, lavanderias ou cozinhas.
Os esgotos recém-produzidos apresentam-se como um líquido turvo, de coloração parda.
Contém sólidos flutuantes de grandes dimensões (tais como trapos e recipientes de plásticos)
sólidos de pequenas dimensões (tais como fezes e papéis) e sólidos muito pequenos não
sedimentáveis. Os esgotos são perigosos por causa do grande número de organismos
causadores de doenças (patogênicos) que contêm.
O Tratamento dos esgotos sanitários, antes de seus lançamentos em qualquer corpo hídrico,
tem como objetivo: prevenir e reduzir a disseminação de doenças de veiculação hídricas
causadas pelos microorganismos patogênicos.

8.4.2 Lagoas de Estabilização

As lagoas de estabilização constituem o método mais simples de tratamento de esgotos que


existe. São construídas através de escavações no terreno natural cercado de terra.
São definidas como todo corpo de água artificial usado para reter os esgotos, até que as águas
se tornem menos ofensivas, através de decomposição biológica e estejam em condições
adequada para a disposição final, que normalmente ocorre num rio.

8.4.3 Aspectos biológicos do processo

As lagoas de estabilização são habitadas por vários tipos de organismos vivos – bactérias,
algas, macro invertebrados, protozoários – que coexistem da interação entre eles e o próprio
meio ambiente. Essa comunidade de seres vivos, assim como os seres humanos, está sujeita a
contínuas mudanças, sendo difícil prever, com certeza, quando e como estas ocorrerão.
Sabe-se, contudo, serem os seguintes principais fatores que afetam os organismos desse meio
ambiente e, conseqüentemente, a própria eficácia do tratamento.

• disponibilidade de energias e nutrientes para o seu crescimento mudanças no tipo de resíduo;


• efeitos das interações entre os próprios seres vivos da comunidade;
• mudanças ambientais de natureza física, tais como temperatura, umidade, radiação solar;
• mudanças sazonais na operação das lagoas;
• processos que ocorrem em lagoas de estabilização.

A matéria orgânica que entra numa lagoa de estabilização constitui-se de sólidos


sedimentáveis e não-sedimentáveis, coloidal ou em solução. Enquanto a matéria sedimentável
68

e a matéria coloidal floculada sedimentam principalmente nas proximidades da entrada para


formar a camada de lodo, a matéria restante permanece no meio líquido.
Na camada de lodo, os sólidos orgânicos sedimentados são estabilizados por bactérias
(formadoras de ácidos e de metano) que, em condições anaeróbias, liberam gases para a
atmosfera e compostos solúveis para o meio líquido.
Sob determinadas condições de temperatura e quantidade de matéria orgânica aplicada na
lagoa, a gaseificação pode ser responsável por uma redução de 20% a 30% da carga de DBO
aplicada na lagoa. A matéria orgânica solúvel resultante dessa decomposição acarreta,
todavia, um acréscimo de DBO no meio líquido.
A fração de matéria orgânica no meio líquido corresponde aos sólidos não sedimentados e aos
compostos solúveis da realimentação da camada de lodo e é decomposta por bactérias
aeróbias, facultativas e anaeróbias.

8.4.4 Procedimentos das lagoas de estabilização

Quanto à atividade biológica predominante, as lagoas de estabilização podem ser classificadas


em:

• lagoas anaeróbias: são aquelas em que não há oxigênio dissolvido na massa líquida, de
maneira que os organismos vivos nela existentes utilizam-se do oxigênio disponível nas
moléculas de matéria orgânica. Geralmente são empregadas antes de uma lagoa facultativa
constituindo o chamado Sistema Australiano. Apresentam profundidades normalmente entre
2,5 a 4,5m.;

• lagoas facultativas: funcionam através da ação de algas e bactérias que vivem em simbiose,
isto é, umas dependendo das outras. Estas lagoas são chamadas de facultativa devido às
condições aeróbias (com oxigênio) mantidas na superfície e às condições anaeróbias (sem
oxigênio) mantidas na parte inferior da lagoa. É o tipo mais comumente usado. A
profundidade das lagoas facultativas normalmente é de 1,0 a 2,0m;

• lagoas de maturação: são usados como refinamento do tratamento, sendo colocadas após as
lagoas facultativas, ou lagoas aeradas. Elas reduzem as bactérias, os sólidos em suspensão e
nutrientes (cálcio, potássio, etc). Normalmente rasas, de acordo com Gloyna (1971) citado por
Kellner (1998) sugere-se profundidade de 1,00m, em que todo o processo biológico ocorre na
presença de oxigênio dissolvido, altos valores de pH e grande zona fótica, permitindo que os
69

raios ultra violetas atinjam as camadas mais profundas. Esta lagoa não foi adotada neste
projeto.

8.4.5 Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO

As bactérias aeróbias sobrevivem na presença de oxigênio existente nas águas e utilizam a


matéria orgânica como alimento, transformando-a em gás carbônico e água (estabilização).
Assim define-se DBO como a quantidade de oxigênio, expressa em mg/l, necessária para a
estabilização da matéria orgânica pelas bactérias.
O ensaio de DBO consiste em se medir o consumo de oxigênio em uma amostra durante um
certo tempo (5 dias) em uma temperatura determinada (20ºC), denominada DBO5,20, ou
simplesmente DBO. A DBO5 não mede a demanda total de oxigênio, a demanda completa
ocorre num período maior, mas é utilizado como parâmetro de comparação.
O teste da DBO nos esgotos brutos e no efluente final indicará a eficiência da Estação de
Tratamento de Esgotos.

8.4.6 Demanda Química de Oxigênio - DQO

A demanda química de oxigênio corresponde à quantidade de oxigênio necessária para


transformar a matéria orgânica presente nos esgotos em gás carbônico (CO2) e água, obtida
pela reação do esgoto com uma solução do dicromato de potássio.
Para esgotos domésticos a relação entre DQO e DBO é praticamente constante (DBO/DQO =
0,5).

8.4.7 Sólidos nos Esgotos

Os esgotos são compostos de água e partículas sólidas de diversos tamanhos. Os sólidos nos
esgotos são classificados em sólidos totais, sólidos em suspensão, sólidos dissolvidos e
sólidos sedimentáveis.
Os sólidos totais são definidos como os resíduos que permanecem após evaporação a 103ºC.
Se esse resíduo é calcinado a 600ºC, as substâncias orgânicas se evaporam e as minerais
permanecem sob forma de cinza, compondo assim os sólidos totais voláteis e os sólidos totais
fixos. Assim sendo, os sólidos voláteis representam a matéria orgânica presente nos esgotos.
Os sólidos totais classificam-se ainda em sólidos em suspensão e dissolvidos. Os sólidos em
suspensão também chamados de sólidos não filtráveis compõe a parte que é retida, quando um
volume da amostra de esgoto é filtrado através de um filtro de asbestos num cadinho Gooch, a
70

fração que passa pelo filtro compõe os sólidos dissolvidos ou sólidos filtráveis.
Os sólidos em suspensão são classificados em sólidos sedimentáveis, aqueles que sedimentam
num período razoável de tempo (tomado arbitrariamente em 1 ou 2 horas) e sólidos não
sedimentáveis, porção finamente dividida que não sedimenta no tempo arbitrado de 2 horas.

8.4.8 pH

Denomina-se potencial hidrogeniônico ou, simplesmente pH, ao valor de concentração de


íons de hidrogênio.
As lagoas anaeróbias necessitam de um ambiente ligeiramente alcalino para melhor
desempenho do processo e o teste de pH indica se uma lagoa está ácida ou alcalina. Estas
lagoas, com tempos de detenção de cinco dias e com lâmina de água de 3,0m ou mais, têm
funcionado de forma satisfatória, com predominância da fase metanogência (pH ótimo de 7,0
a 7,2) sobre a fase ácidogência de formação de ácidos voláteis. O equilíbrio da população das
bactérias das fases metanogência e acidogênicas deve se manter para não formação de maus
odores.

9. TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS

9.1 Sistema de Esgotos Sanitários de Cajobi e Distrito de Monte Verde Paulista

A rede coletora de esgotos sanitários de Cajobi atende 100 % da cidade, sendo um índice de
destaque entre os municípios brasileiros. O esgoto, depois de coletado, é conduzido para as
duas Estações de tratamento de Esgotos. ETE I – situada na Fazenda Alvorada – Cajobi / SP,
distante 4.900 m da sede da Estação de Tratamento de Água. É composta por 2 lagoas em
série, sendo uma anaeróbia e uma facultativa.
A ETE II situada na Fazenda Boa Esperança, Distrito de Monte Verde Paulista, distante 6.900
m da sede. É composta por 1 lagoa anaeróbia onde se processam o tratamento pelo sistema
biológico sem a necessidade de adição de qualquer produto químico.
Cajobi é uma das poucas cidades brasileiras que tem implantado um sistema de esgotos
completo, com coletor público, coletor predial, emissário, estação elevatória, rede de recalque
e estação de tratamento, e todo o sistema está funcionado perfeitamente.
71

A malha coletora de esgoto é composta de um sistema convencional de coleta, através de


manilhas de barro, numa extensão de aproximadamente 26 mil metros assentados ao longo
dos anos, sendo que nas partes mais desfavoráveis pela topografia o esgoto é coletado e
recalcado por 4 Estações Elevatórias até as Lagoas de Tratamento de Cajobi e Lagoa do
Distrito de Monte Verde Paulista. Depois de tratado o esgoto é lançado no Córrego da
Limeira em Cajobi, pertencente a Bacia hidrográfica Turvo/Grande.

Figura 30 - sistema de tratamento de esgoto

10. DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

10.1 Coleta de esgoto

Nos imóveis residenciais, comerciais ou nas indústrias existem ligações com diâmetro
pequeno (coletor secundário) que conectam os imóveis às redes coletoras instaladas nas ruas.
Tais redes são conectadas aos coletores-tronco (canalização principal de maior diâmetro) e
que recebem os esgotos de diversas redes.
Dos coletores-tronco os esgotos vão para os interceptores, que são tubulações maiores,
destinados ao afastamento dos efluentes. Daí o destino será uma Estação de Tratamento, que
tem a missão de devolver a água, em boas condições, ao meio ambiente ou destiná-la ao reuso
para finalidades não potáveis.
72

Figura 31 - rede coletora de esgoto

O sistema passa pelas seguintes etapas:

10.2 Tratamento Preliminar

Pela característica do sistema de Cajobi, este processo se da junto à EEE - Estação Elevatória
de Esgotos que possui o gradeamento e a caixa desarenadora antes do conjunto de
bombeamento.

Objetivo do Tratamento Preliminar

O tratamento preliminar tem por objetivo remover os sólidos grosseiros flutuantes, tais como
pedaços de madeira, estopa, trapos, cabelos, etc e a areia, junto à caixa desarenadora na
chegada da EEE. Isto tem por objetivo a preservação do conjunto moto-bomba, linha de
recalque e minimizar o processo de assoreamento da Lagoa Anaeróbia.

DESCRIÇÃO DO PROCESSO

O processo envolvido no tratamento preliminar, gradeamento é essencialmente físico,


conforme descrito a seguir:

10.2.1 Gradeamento

O gradeamento remove os sólidos grosseiros e flutuantes, mediante passagem dos esgotos


sanitários brutos através de grades de barras.
As grades possuem inclinação no sentido de jusante do canal, para facilitar a remoção manual
do material retido.
À medida que os sólidos retidos vão obstruindo o fluxo de água pelas grades e, portanto
aumentando a velocidade de passagem dos esgotos pelas grades, haverá aumento de diferença
de nível de água a montante e a jusante das grades, necessitando-se de limpeza.
A remoção de material retido na grade deve ser feita periodicamente, a freqüência das
limpezas varia com os hábitos da população, época do ano e depende da abertura entre as
barras. O operador deve fazer um acompanhamento visual da quantidade de material retido na
grade. Quando a diferença de nível do esgoto a montante e a jusante da grade for da ordem de
73

10cm, o operador deverá remover o material retido na grade. Em condições normais deve-se
fazer a limpeza 1 vez por dia. Após uma chuva intensa o esgoto carregará mais materiais
grosseiros, assim a freqüência de limpeza deverá ser aumentada.
O material retido nas grades deverá ser removido com um rastelo e enterrado em valas
previamente abertas na área da ETE ou no aterro sanitário, logo após sua remoção. O material
removido deverá ser recoberto com uma camada de terra de pelo menos 20cm, evitando mau
cheiro e o aparecimento de moscas.

Figura 32 - Grade

10.2.2 Caixa de Areia

Em seguida, o esgoto passa pelas caixas de areia, que remove a areia contida no esgoto. As
caixas de areia ou desarenadores, são unidades destinadas a reter areia e outros minerais
inertes e pesados que se encontram nas águas de esgoto (entulhos, seixo, partículas de metal,
carvão e etc.).
Esses materiais provêm de lavagem, enxurradas, infiltrações, águas residuárias das indústrias
e etc. Têm como seu principal emprego a proteção dos conjuntos elevatórios evitando
abrasões, sedimentos incrustáveis nas canalizações e em partes componentes das ETEs, como,
decantadores, digestores, filtros, tanques de aeração e etc.

Figura 33 - Caixa de areia


74

10.3 Tratamento Secundário

É utilizado para a depuração dos esgotos através de processos biológicos e tem a finalidade
de reduzir o teor de matéria orgânica solúvel nos despejos. Este tipo de tratamento em Cajobi
é feito através de lagoas de estabilização. As lagoas de estabilização são classificadas quanto à
atividade biológica predominante em lagoas anaeróbias, aeróbicas e facultativas.

No município de Cajobi o esgoto é bombeado para a lagoa de estabilização (uma lagoa


anaeróbia seguida por uma lagoa facultativa, dando origem a um sistema mais eficiente), onde
ocorre o tratamento através da ação das bactérias, sendo em seguida, lançado no rio. Essa
água não é potável, mas está pronta para ser devolvida para a natureza. O Distrito de Monte
Verde Paulista possui uma lagoa anaeróbia.

10.3.1 Tratamento por Lagoa anaeróbia seguida de Lagoa facultativa – ETE Cajobi

O uso de lagoa anaeróbia seguida de facultativa é uma das melhores soluções técnicas que
existem e também é uma das mais econômicas, quando se dispõe de área adequada e de baixo
custo.
Na primeira lagoa ocorre a retenção e a digestão anaeróbia do material sedimentável e na
segunda ocorre a degradação dos contaminantes solúveis e contidos em partículas suspensas
muito pequenas. O lodo retido e digerido na primeira lagoa tem de ser removido em intervalos
que geralmente variam de 2 a 5 anos. Na 1.ª lagoa predomina-se o processo anaeróbio e, na 2.ª
lagoa o aeróbio, onde se atribui as algas a função da produção e a introdução da maior parte
do oxigênio consumido pelas bactérias.
75

Figura 34 - Lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa – Lagoa de Cajobi

10.3.2 Tratamento por Lagoa anaeróbia – ETE Distrito de Monte Verde Paulista

Forma de tratamento onde não há oxigênio livre na massa líquida, de maneira que os
organismos predominantes que existem no meio utilizam-se do oxigênio combinado existente
nas moléculas de matéria orgânica. Em geral são profundas, de 4 a 5 m, para reduzir a
possibilidade de penetração do oxigênio produzido na superfície (pela fotossíntese e pela
reaeração atmosférica) para as demais camadas. Essas lagoas ocupam uma menor área
superficial que os demais tipos de lagoas.
A estabilização em condições anaeróbias é lenta devido a baixa taxa de crescimento e
reprodução das bactérias anaeróbias. Isto é explicado pela menor produção de energia obtida
pelas bactérias anaeróbias a partir da matéria orgânica, devido a ausência de oxigênio livre no
meio. Assim, para obter energia as bactérias necessitam converter a matéria orgânica em gás
carbônico e metano, em um processo que é pouco eficiente em termos energéticos. Por outro
lado, é gerado um menor volume de lodo.

Figura 35 - Lagoa anaeróbia – Distrito de Monte Verde Paulista

10.4 DISPOSIÇÃO FINAL DO ESGOTO


76

O esgoto depois de tratado é lançado no Córrego da Limeira em Cajobi.

11. PROGRAMAS DE CONTROLE DE QUALIDADE

Coleta de amostras de águas residuárias

11.1 Importância da amostragem

A amostragem é a etapa inicial de uma análise que envolve grande responsabilidade, devendo
ser feita criteriosamente, pois todo um esforço analítico está na dependência direta do cuidado
com que tenha sido tomado a amostra para análise. Os resultados obtidos, na avaliação dos
dados, conduzirão às possíveis ações de reabilitação a que devem submeter um sistema de
tratamento para que sejam alcançados os objetivos propostos inicialmente no projeto.
A amostra representa a síntese do comportamento do universo estudado, ou seja, ela deve ser
representativa do conjunto que se quer avaliar e a forma de tomá-la depende da natureza do
material e objetivo do trabalho a ser executado, conseqüentemente, a precisão de uma análise
em laboratório, só é possível se a amostra colhida for representativa.
O aparelho faz a determinação certa e precisa, mas a amostra deverá representar fielmente as
verdadeiras condições de operação, para que então os resultados analíticos sejam indicativos
da realidade.
Dessa forma é importante observar os procedimentos recomendados nos pontos seguintes, de
modo a coletar amostras representativas.

11.2 Planejamento do programa de amostragem

O programa de amostragem pode ser delineado com vista a atingir objetivos gerais, a executar
dentro de um rotina que se repete ciclicamente. É o caso do monitoramento das condições de
funcionamento de uma ETE e da avaliação da qualidade do afluente, de modo a avaliar o
cumprimento das normas de descarga previstas na legislação com o objetivo de o seu
lançamento no meio receptor não causar impacto negativo.
Mas o programa de amostragem também pode ser planejado para alcançar fins específicos,
nomeadamente no âmbito de um programa de investigação científica.
77

A metodologia da coleta de amostras será definida pelo laboratório de análises da ETE.


Assim, os parâmetros a analisar, o número de amostras, a frequência da amostragem e o
número de pontos de coleta são determinados pela finalidade do estudo. Utilize somente
amostras representativas ou aquelas que estejam coerentes com o programa de amostragem.
Os procedimentos de coleta, transporte e preparação das amostras antes da análise
laboratorial, propriamente dita, devem ser tais que assegure que a amostra mantenha as suas
características originais, permanecendo assim inalterados os seus constituintes e as suas
propriedades.
As amostras para as análises físico-químicas, bacteriológicas e parasitológicas não devem ser
as mesmas, pois os métodos de coleta e preservação são diferentes. As amostras devem ter um
tratamento especial de preservação e acondicionamento, de acordo com o tipo de parâmetro a
ser analisado.

11.2.1 Localização dos pontos de amostragem

Os pontos de amostragem deverão ser de fácil acesso, simples identificação, característicos da


evolução do tratamento e representativos em relação ao estudo a que destinam os resultados
das análises.
A localização do ponto de amostragem deve ser selecionado tendo em consideração que se
pretende uma amostra homogênea, inclusive no que se refere aos sólidos em suspensão (SS) e
à matéria particulada em suspensão coloidal, que fazem parte da composição do esgoto.

Em Lagoas de Estabilização, os pontos de coleta devem localizar-se:


1) no esgoto afluente, antes da primeira lagoa;
2) entre duas lagoas em série, quando for este o sistema;
3) no esgoto efluente, após a lagoa ou a última lagoa, quando estas são em série.
Segue abaixo o quadro com os parâmetros, locais de coleta e freqüência das análises:

TABELA 9 – Locais de coleta em lagoas de estabilização.


Parâmetro Local da coleta Freqüência
Coliformes 1–2–3 mensal

DBO 1–2–3 mensal


78

DQO 1–2–3 mensal

Oxigênio dissolvido No meio da última lagoa Mensal


Oxigênio de fotossíntese No final da última lagoa Mensal
Nitrogênio Orgânico 1–2–3 Mensal
Nitratos 1–2–3 mensal

pH 1–2–3 mensal

Sólidos totais 1–2–3 mensal

Sólidos sedimentáveis 1–2–3 mensal

Sólidos em suspensão 1–2–3 mensal

Temperatura 1–3 mensal

Óleos e gordura 1–3 mensal

11.3 Preservação de amostras

As amostras nem sempre poderão ser analisadas após a coleta, devendo, portanto, serem,
imediatamente, preservadas e acondicionadas convenientemente em função do parâmetro a
analisar, de modo a garantir que possíveis alterações químicas e biológicas não modifiquem
substancialmente as suas características originais, até o momento da análise.
Os métodos de preservação são geralmente limitados e têm por objetivo retardar a ação
biológica, as reações químicas dos compostos e reduzir a volatilização dos constituintes.
São necessários cuidados especiais para amostras destinadas à determinação de compostos
orgânicos ou metais. Muitos constituintes podem estar presentes em concentrações
significativas de microgramas por litro, que podem desaparecer por completo se a amostra
não for preservada convenientemente.
79

O transporte das amostras ao laboratório pode demorar algum tempo, dependendo da distância
entre os locais. Além da preservação, as amostras devem ser transportadas em caixas térmicas
e acondicionadas com gelo. As amostras destinadas à determinações pelos métodos
espectrofométricos, em que se utilizam kits de reagentes, devem obedecer aos critérios de
preservação recomendados, conforme instruções do aparelho, a cada parâmetro a ser
analisado.

11.4 METODOLOGIA DE COLETA DE AMOSTRAS

Para coletar as amostras, o operador deve ter conhecimento do programa de amostragem, o


que irá definir o tipo de material que deverá ser levado para o trabalho de campo. Em geral, o
laboratório de analises físico-químicas e microbiológicas, determina através do programa de
amostragem, o número, a freqüência, o local dos pontos de coleta e a profundidade a que
devem ser tiradas as amostras.
Há procedimentos que são gerais a todas as amostras e outros que são específicos de cada
grupo de parâmetros a analisar, conforme se descrevem nos pontos seguintes. Tais
procedimentos devem ser executados com muita atenção, de modo a que os resultados
traduzam o funcionamento do sistema, no momento da coleta.

TABELA 10 – Indicação do volume e preservação da amostra


Parâmetro Preservante Período máximo de Volume em mL Frascos
conservação
Coliformes Refrigeração a 4º C Mais beve possível 120 V
DBO Refrigeração a 4º C 24 h 300 P, V
DQO H2SO4 conc., até pH 7 dias 50-200 P, V
2-3 a 4º C
Oxigênio Determinado no Não há conservação 300 V
dissolvido momento da coleta
Oxigênio de Refrigeração a 4º C Não há conservação 300 V, âmbar
fotossíntese efetuar a leitura após 1h
Nitrogênio H2SO4 até pH < 2 e 7 dias 600 P, V
Orgânico refrigeração a 4º C
80

Nitratos H2SO4 até pH < 2 e 7 dias ou 24 h 200 P, V


refrigeração a 4º C
pH Determinar no Não há conservação ou 50 P, V
momento da coleta 6h
Sólidos Refrigeração a 4º C 7 dias 2000 P, V
Temperatura Determinar no Não há conservação - -
momento da coleta
Óleos e HCl conc. Até pH <2 24 h 800 V
gordura

P = polietileno
V = vidro neutro ou borossilicatado

11.4.1 Procedimentos gerais

A maneira de coletar as amostras implica diretamente na sua representatividade. A fim de


evitar erros e aconselhável que se observem os seguintes procedimentos:

Preparação de material
A preparação de uma lista de material é da maior conveniência, evitando que algum item
possa ser esquecido. É importante certificar-se de que todo o material necessário está na caixa
de coleta, tais como:
a) frascos em quantidade suficiente ao número desejado de amostras;
b) garrafas coletoras;
c) preservantes químicos;
d) termômetros;
e) ficha de registro dos dados, pipetas, equipamentos de proteção (luvas, botas, máscaras,
jalecos e;
f) produtos de desinfecção para os equipamentos e instrumentos utilizados na coleta das
amostras.

11.4.2 Execução da amostragem

a) Deve-se evitar as amostras junto as paredes ou próximo do fundo dos canais. Convém
81

procurar um ponto representativo da massa líquida.


b) As amostras deverão ser tomadas no centro do canal, onde a velocidade é mais elevada e a
sedimentação de sólidos é mínima.
c) Em qualquer situação, convém escolher um local de amostragem em que o esgoto seja
uniforme e de preferência bem misturado. Pontos localizados junto a vertedores não são
recomendados.
d) Antes de iniciar a coleta, enxágüe o frasco algumas vezes com a própria amostra, com
exceção daqueles que contêm solução preservante.
e) Na coleta da amostra deve ser mantida a verdadeira proporção entre líquido e os sólidos em
suspensão, devendo, contudo, evitar-se a presença de material estranho como: folhas, pedaços
de pedra, etc...
f) No local da coleta o frasco deve ser mergulhado a alguns centímetros abaixo do nível da
água evitando a entrada de material flutuante, que poderá tornar a amostra não representativa.
É importante também levar em conta que a amostra característica do esgoto afluente deve ser
colhida depois das grades ou da caixa de areia, caso existam.
g) Tanto a temperatura da água como do ar (na sombra), deverão ser registradas no
momento da coleta.

11.4.3 Cuidados adicionais

O operador encarregado da coleta de amostras tem um papel muito importante. Toda e


qualquer informação de campo complementa os resultados das análises na interpretação
dos mesmos. Assim, o operador deve:
a) Registrar na ficha de dados:
● as condições climáticas como: a nebulosidade, insolação e a ocorrência de chuvas no dia
anterior e no dia a coleta da amostra;
● a temperatura do ar;
● a temperatura do esgoto;
● a cor aparente do esgoto;
● o número da amostra;
● a data, a hora e o nome do responsável pela coleta;
● observações que julgue ser de interesse para a análise e interpretação dos resultados.
b) Identificar corretamente os frascos:
● anotar o tipo de amostra;
82

● o parâmetro a efetuar;
● a solução preservante, se for o caso;
● numerar os frascos segundo o ponto de coleta.
c) Lavar o material utilizado na amostragem:
● após a coleta das amostras o material utilizado deve ser lavado com um jato de água e
seguidamente passado por uma solução desinfetante. Para preparar esta solução basta misturar
num balde:
● 1 copo de água sanitária concentrada;
● 10 litros de água.

12. Operação das Lagoas

Operação das Lagoas

O trabalho de operação de uma Estação de Tratamento de Esgotos através de lagoas de


estabilização é bastante reduzido, pois se trata de um processo natural de decomposição da
matéria orgânica.

12.1 Lagoa Anaeróbia

Os procedimentos são indicados:

• verificar pelo menos uma vez em cada período, o aspecto do efluente e o nível de sólidos em
suspensão que está sendo descartado. É importante que os operadores possam visualmente
relacionar a qualidade do efluente neste aspecto específico de qualidade;
• realizar as análises conforme o programa de monitoramento;
• não permitir que a vegetação cresça sobre o talude interno da lagoa;

Problemas Operacionais.

I - Os principais problemas que causam perturbações operacionais nas lagoas são:

• proliferação de insetos;
• odores Desagradáveis;
• possíveis causas;
• sobrecarga de esgotos.
83

II - Recircular parte do efluente da lagoa, através de bombeamento, utilizando as bombas de


lodo:

• substâncias tóxicas nos esgotos;


• medida recomendada.

O operador da ETE observar alterações na qualidade dos esgotos (cor, cheiro) ou presença de
gorduras, ele deverá solicitar ao laboratório central da companhia que realize análises físico-
químicas do esgoto afluente à lagoa.

Se os resultados dessas análises indicarem teores de substâncias tóxicas ou gorduras


provenientes de lançamento de despejos industriais acima dos limites permissíveis pela
legislação vigente (no Estado de São Paulo nº 8.468 de 08/09/76), deverá ser acionado o
órgão responsável, CETESB, para as providências cabíveis.

• Queda brusca do pH na lagoa.

OBS: A queda do pH do esgoto na lagoa poderá produzir maus odores e afetar o processo em
si.

• Medidas recomendadas.

Verificar se o abaixamento do pH não é devido a substâncias tóxicas nos esgotos, conforme


item anterior.

Se o abaixamento do pH não for devido à substância tóxicas, pode-se usar como medida
provisória à adição de cal, na proporção de 120g de cal para cada 10m3 de volume de lagoa,
até que pH volte aos valores normais (pH próximo de 7).

• Proliferações de Insetos.

O aparecimento de mosquitos, pernilongos nas lagoas de estabilização é devido à presença de


vegetação nas margens internas dos taludes da lagoa.

• Medidas recomendada.

Erradicação da vegetação das margens internas das lagoas tendo-se o cuidado de não deixá-
los cair na lagoa.
84

É importante lembrar que os problemas operacionais aqui mencionados são ilustrativos,


dando alguns exemplos de problemas e soluções.

12.2 Lagoa Facultativa

A seguir estão descritos os procedimentos para a operação das lagoas facultativas realizar as
análises conforme o programa de monitoramento

• não permitir que a vegetação cresça sobre a superfície dos taludes internos dos diques,
evitando-se assim o aparecimento de mosquitos e outros insetos;

• Problemas Operacionais

OBS: Os principais problemas que causam perturbações operacionais nas lagoas facultativas
são:

• Escuma;
• Proliferação de insetos;
• Escuma.

Na superfície da lagoa facultativa não deve ter escumas, óleos, graxas, sólidos flutuantes
(pedaços de papel, plásticos) ou qualquer outro material.

I - Possíveis causas

• massas flutuantes de algas na superfície da lagoa;


• lançamento de lixo na lagoa;
• manutenção inadequada da grade;
• prevenção e recuperação.

Podem ocorrer em superflorecimento de algas, devido à não remoção do lodo. Tais algas
podem chegar a formar uma massa flutuante sobre a superfície da lagoa.

• Medida recomendada .

A nata de algas deverá ser removida com um rastelo e logo após enterrada, pois se a nata de
algas não for removida, poderá produzir odores desagradáveis devido à morte destas algas.

• Lançamento de lixo na lagoa.


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Nunca deverá ser lançado lixo (plásticos, papéis, etc) na lagoa facultativa.

• Manutenção inadequada da grade.

Os materiais flutuantes (plásticos, papéis, pedaços de madeira) deverão estar sendo retidos nas
grades. Se isso não estiver acontecendo o operador deve observar a freqüência de limpeza da
grade, conforme anteriormente descrito.

• odores desagradáveis;
• possíveis causas;

• sobrecarga de sólidos;
• inversão térmica;
• substâncias tóxicas nos esgotos;
• prevenção e recuperação

13. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DA ÁREA

Para quem trabalha com esgotos, é muito importante que o local onde se situa o tratamento
tenha um aspecto agradável. Dessa forma, deve-se ter um programa mínimo de manutenção e
conservação.

• a grama dos taludes externos deve estar sempre aparada e isenta de ervas daninhas.
• as canaletas de drenagem devem ser periodicamente limpas;
• o operador deve percorrer diariamente a cerca em torno da área da estação de tratamento, a
fim de verificar se não existe nenhum mourão enfraquecido ou arame arrebentado que permita
a entrada de animais;
• havendo vazamento de líquidos pelos taludes, deve ser identificada a causa e proceder
correção tecnicamente adequada.
86

14. FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUA E


ESGOTO

CAPTAÇÃO DE ADUÇÃO TRATAMENTO DE


ÁGUA ÁGUA
SUBTERRÂNEA

LIGAÇÃO DISTRIBUIÇÃO RESERVAÇÃO


DOMICILIARES

TRATAMENTO:
LAGOAS
COLETA DE ESGOTO AFASTAMENTO ANAERÓBIA,
DO ESGOTO FACULTATIVA

DISPOSIÇÃO
FINAL DO
ESGOTO
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15. CONCLUSÃO

O estágio no Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto de Cajobi – SeMAE foi


de grande valia, uma vez que possibilitou colocar em prática os conhecimentos teóricos e os
práticos adquiridos durante o curso. Também pude compreender melhor o sistema de
tratamento de água e esgoto e tive a oportunidade de vivenciar o funcionamento de uma
empresa, conhecendo suas dificuldades e desafios, o que me tornou mais consciente e
preparado para o mercado de trabalho.
O abastecimento público tem a responsabilidade de garantir que a água possa ser
consumida sem riscos à saúde. Para isso o SeMAE utiliza alguns produtos para tratar a água
visando eliminar os possíveis microorganismos presentes na água consumida e também
monitora rigorosamente sua qualidade entregando à população um produto dentro das normas
e dos padrões de potabilidade de água destinada ao consumo humano, exigidos pela Portaria
Nº 518 / 2004 do Ministério da Saúde.
Em relação ao tratamento de esgoto pude perceber a importância de investimentos em
sistemas de coleta, tratamento e disposição do esgoto sanitário para a melhoria da qualidade
de vida da população.
88

16. Bibliografia
AZEVEDO NETO, José M. Técnica de Abastecimento e Tratamento da Água. São Paulo:
CETESB, 1987, v.2.
CETESB. Técnicas de Abastecimento e Tratamento de água. 2a Edição revisada. São
Paulo, 1976.
DI BERNARDO, Luiz. Métodos e Técnicas de Tratamento da Água. Rio de Janeiro: ABES,
1993.
JORDÃO, Eduardo Pacheco e Constantino Arruda Pessoa - Tratamento de Esgotos
Domésticos - 4ª edição - Rio de Janeiro, 2005
Lei 6050 de 24 de maio de 1974 - Dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas de
abastecimento quando existir estação de tratamento.
LEME, FRANCÍLIO PAES. Teoria e técnicas de tratamento de água. São Paulo: CETESB,
1979.
MENDONÇA, Sérgio Rolim - Tópicos Avançados em Sistemas de Esgotos Sanitários - Rio
de Janeiro, 1987 ABES São Paulo, 1986 Convênio CETESB/ ASCETESB.
PORTARIA 518 DE 25 DE MARÇO DE 2004 - Ministério da Saúde - Gabinete do Ministro -
Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras
providências.
PORTARIA 635/BSB DE 26 DE DEZEMBRO DE 1975 – Fluoretação.
RESOLUÇÃO CONJUNTA SMA/SERHS/SES - 3, de 21 de junho de 2006.
RESOLUÇÃO CONJUNTA SS/SMA 1 DE 26 DE AGOSTO DE 1997 - São Paulo - Dispõe
sobre o teor mínimo de cloro residual livre na rede de abastecimento de água.
RESOLUÇÃO CONAMA 357 DE 17 DE MARÇO DE 2005 - Dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
89

RESOLUÇÃO SS-250 DE 15 DE AGOSTO DE 1995 - Secretaria de Estado da Saúde -


Centro de Vigilância Sanitária - São Paulo - Define teores de concentração do íon fluoreto nas
águas para consumo humano, fornecidas por sistemas públicos de abastecimento.
SILVA, Salomão Anselmo e Mara, David Duncam – Tratamento Biológico de Águas
Residuárias/Lagoas de Estabilização, Rio de Janeiro, 1979.
SPERLING, Marcos Von - Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de
Esgotos - Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental-DESA - UFMG vol 1, Belo
Horizonte, 1995
SPERLING, Marcos Von - Lagoas de Estabilização - Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental-DESA - UFMG vol 2, Belo Horizonte, 1995
SPERLING, Marcos Von - Princípios Básicos do Tratamento de Esgotos - vol 2 – Belo
Horizonte, 1996
SPERLING, Marcos Von - Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias: Lagoas
de Estabilização - vol 3 - editora UFMG, Belo Horizonte, 1996
VIANA, Marcos Rocha. Introdução ao Tratamento da Água - 1996

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