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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO SAMAMBAIA

AFLUENTE DO CORREGO ANICUNS 1

Any Tâmara da Silva Rocha 2


Juliana Ferreira Leite ³

Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental


Avenida Universitária, N.º1440 – Setor Universitário – Fone (62)3946-1351.
CEP: 74605-010 – Goiânia - GO.

RESUMO: A poluição das águas pode ser facilmente notada pela população.
Independentemente de sua formação, todo indivíduo, mesmo que com pouquíssimo
conhecimento científico sobre o assunto, tem percebido a problemática que envolve os
recursos hídricos. Porém, muito dos fenômenos que envolvem a degradação e poluição das
águas podem ser diretamente observados. Um dos aspectos mais críticos de degradação das
águas é sua contaminação através do lançamento de esgotos industriais, domésticos
clandestinos e lixo urbano. Esse trabalho tem o objetivo de avaliar a qualidade das águas do
Córrego Samambaia afluente do Córrego Anicuns, através de análises físico-químicas,
pesquisa em literaturas e visitas ao local, visando diagnosticar a situação do córrego. Os
resultados confirmaram que o córrego está contaminado, pois há uma carga muito grande de
matéria orgânica, principalmente por lançamentos de esgotos clandestinos, tornando-se
urgente a implantação de um programa de monitoramento da qualidade da água.

Palavras-chave: Qualidade da água, parâmetros físicos e químicos, Córrego Samambaia.

WATER QUALITY MONITORING OF THE STREAM SAMAMBAIA STREAM


ANICUNS
ABSTRACT: Water pollution can be easily noticed by the population. Regardless of their
training, all individuals, even with very little scientific knowledge on the subject, has noticed
the problem involving water resources. But a lot of phenomena involving the degradation and
water pollution can be directly observed. One of the most critical aspects of degradation of its
water is contamination through the launch of industrial sewage, household garbage and illegal
urban. This study aims to evaluate the water quality of Fern Stream tributary of the Lebanon,
through physical-chemical analysis, research in literature and on-site visits, aimed at
diagnosing the state of the stream. The results confirmed that the stream is contaminated,
because there is a very large load of organic matter, especially for illegal sewage release,
making it urgent to establish a program for monitoring water quality.

Key- words: Water quality, physical and chemical parameters, Stream Samambaia.

1
Artigo apresentado à Universidade Católica de Goiás como exigência parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Ambiental.
2
Bacharelando (a) em Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás.
3
Professora orientadora.
2

1 INTRODUÇÃO

A água é um dos elementos essências a todas as formas de vida animal e vegetal,


bem como a maioria das atividades humanas. É encontrada em 70% da superfície do planeta,
onde 97% estão concentradas nos oceanos. Dos 2,5% de água doce, apenas 0,3% é apropriada
ao consumo humano (SPERLIN, 1996). Sendo mal utilizada, pode causar danos irreversíveis
aos ecossistemas e a qualidade de vida dos seres vivos.
Nos últimos anos, tem-se aumentado a poluição dos recursos hídricos devido à
taxa de crescimento industrial e populacional, levando a um aumento na produção e emissão
de poluentes nos corpos d’água. Outros fatores também contribuem para a degradação e
poluição da água, como o manejo inadequado do solo para a agricultura e pecuária, o uso de
fertilizantes e pesticidas, desflorestamento da mata ciliar, promovendo a erosão, as enchentes
e a diminuição das reservas de águas subterrâneas.
O Córrego Samambaia tem sua nascente na cidade de Trindade, mas a maior parte
do córrego está localizado na cidade de Goiânia no bairro Conjunto Vera Cruz, onde se
encontra com o Córrego Anicus. O Córrego Samambaia é afluente do Córrego Anicus, o qual
faz parte da Bacia do Meia Ponte,e é um dos mais representativos córregos urbanos da cidade
de Goiânia, por sua capacidade de abastecimento de água à população.
Este córrego foi escolhido para a avaliação da qualidade de suas águas porque não
existe nenhum estudo documentado, e que tem importante expressão no município de
Goiânia. Este além de dar suporte às atividades agrícolas, também é local de lançamentos de
esgotos clandestinos, e não pode ser ignorado por autoridades competentes como a Prefeitura.
Neste sentido este artigo tem como objetivo avaliar a qualidade das águas do
Córrego Samambaia, com intuito de diagnosticar a situação ambiental do córrego. A fim de
propor medidas de orientação às ações de gestão pública na região.
Não é comum no mesmo município dois córregos possuírem o mesmo nome, mas
neste caso isso ocorre. Em Goiânia existem dois córregos distintos com o mesmo nome de
Samambaia, o Córrego Samambaia afluente do Córrego Anicuns é o que estamos estudando, e
o outro córrego é o Córrego Samambaia afluente do Meia Ponte, que passa pela região Norte
de Goiânia no setor Itatiaia, e possui em suas margens uma estação de capitação de água da
SANEAGO e é monitorado pelo órgão, responsável por abastecer a Universidade Federal de
Goiás.
3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – A situação da água


Segundo Silva (2007), o ciclo hidrológico é um sistema fechado que rege toda a
distribuição de água no planeta. Chamamos de ciclo hidrológico ou ciclo da água à constante
mudança de estado da água na natureza de sólido para líquido, de líquido para gasoso, assim
sucessivamente fechando o ciclo. O grande motor deste ciclo é o calor irradiado pelo sol. É
um sistema complexo que pode sofrer influências de alterações no meio. A urbanização é um
dos elementos que pode alterar o funcionamento do ciclo hidrológico (Figura 2.1). Com a
falta de áreas verdes devido às atividades antrópica como, por exemplo, a implantação de
edificações, acabando com áreas permeáveis importantes; destruição de matas ciliares para
agricultura e pasto para o gado, há conseqüentemente todo um impacto na qualidade e
quantidade de água de uma determinada região.

Figura 2.1 - Esquema do ciclo hidrológico (TEIXEIRA. et al., 2003)

Considera-se que, atualmente, a quantidade total de água na Terra é de cerca de


1.386 milhões de km3, sendo que esse volume tem permanecido constante no globo terrestre
durante os últimos 500 milhões de anos (ANEEL, 2002). Desse total, uma parte está em águas
subterrâneas (lençóis freáticos e aqüíferos), superficiais (oceanos, rios, lagos e represas,
4

dentre outros), congeladas (calotas polares e geleiras) e dispersas na atmosfera (na forma de
umidade do ar). O maior volume existente, cerca de 97,5%, é composto de água salgada,
sendo que somente 2,5% forma a parcela de água potável existente no planeta. Todavia, a
maior parte desse último valor encontra-se congelada nos pólos ou armazenada em aqüíferos
subterrâneos, restando apenas 0,27% de água doce facilmente disponível para o homem em
mananciais superficiais (TUCCI, 2001; REBOUÇAS, 2004).
O Brasil é um dos países que possui a maior disponibilidade de água, sendo,
portanto, privilegiado no quesito água, uma vez que suas coleções hídricas representam cerca
de 11% do total mundial. No entanto, no Brasil ainda existe a problemática da má distribuição
da água, tanto no espaço quanto no tempo.
Com a pequena disponibilidade de água doce no nosso planeta, existe ainda a
constante degradação dos recursos hídricos, como a poluição dos mananciais, que muitas
vezes é aliada ao aumento da população e, consequentemente, de suas necessidades. Anuncia-
se uma crise hídrica mundial, que poderá alcançar proporções alarmantes caso medidas que
objetivem reverter tal situação não sejam aplicadas. Segundo a Organização Mundial de
Saúde cerca de 70% da população rural e 25% da população urbana do Brasil sofre com a
falta de abastecimento com água de qualidade (TUCCI, 2002; REBOUÇAS, 2004).

2.2 – Qualidade da água


Quando se fala em qualidade da água deve-se observar o seu conceito, que
segundo Araújo e Santaella (2001), podem ser entendidas como o conjunto das características
físicas, químicas e biológicas que esse recurso natural deve possuir para atender aos diferentes
usos a que se destina. Cunha (2001), completa afirmando que o conceito de qualidade da água
depende do seu uso ou fim, possuindo valor relativo.
Diante de tal definição é necessário se atentar para a observação da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente/SP (2000) e Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (2000), que ressaltam que a poluição da água está diretamente associada ao tipo de
uso e à ocupação do solo na Bacia Hidrográfica, que é usualmente definida como a área na
qual ocorre a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às
suas características geográficas e topográficas.
Dessa maneira, a poluição da água está diretamente associada ao tipo de uso e à
ocupação do solo na Bacia Hidrográfica, que é usualmente definida como a área na qual
ocorre a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas
características geográficas e topográficas, o Conselho Nacional de Meio Ambiente pré-definiu
5

alguns indicadores físicos, químicos e biológicos que, analisados em conjunto, possibilitam


verificar os níveis de poluição de um determinado manancial. Esses indicadores são chamados
de Parâmetros de Qualidade da Água.
Segundo Bárbara (2006) esses parâmetros são usados para:
• Avaliar, de maneira abrangente, a evolução da qualidade das águas dos corpos
hídricos;
• Identificar trechos de rios onde a qualidade da água possa estar mais degradada,
possibilitando o gerenciamento (tomada de ações preventivas e de controle)
pelos órgãos ambientais responsáveis;
• Subsidiar o diagnóstico da qualidade das águas doces utilizadas para o
abastecimento público ou para outros usos;
• Identificar as áreas prioritárias no que diz respeito ao controle da poluição dos
recursos hídricos;
• Fornecer subsídios técnicos para a elaboração de relatórios que objetivem
caracterizar os recursos hídricos de uma determinada região.
Considerando tal afirmação, a seguir será feita uma breve caracterização dos
parâmetros de qualidade da água que foram utilizados no presente estudo, incluindo seus
conceitos, definições e os principais aspectos ambientais.

2.3 – Parâmetros de qualidade da água


• Potencial de hidrogeniônico - (pH)

O potencial hidrogeniônico é formado pela presença de sólidos e gases dissolvidos


no meio hídrico que, por sua vez, são oriundos da dissolução de rochas, absorção de gases da
atmosfera, oxidação da matéria orgânica, fotossíntese e, em especial, dos efluentes de origem
antrópica (SPERLING, 1996). Segundo Lima (2001), o potencial hidrogeniônico (pH), pode
variar seu valor na faixa de zero a quatorze e representa o equilíbrio entre os íons H+ e OH-.
Se abaixo de sete, a água é tida como ácida; se acima, alcalina; e, caso seu valor se mantenha
na faixa de sete, é tida como neutra.
• Demanda bioquímica de oxigênio - (DBO)
DBO é a abreviatura de Demanda Bioquímica de Oxigênio. A palavra demanda
quer dizer, entre outros significados, quantidade consumida ou a consumir; a palavra
bioquímica significa um misto de reações de origem biológica e química. Dessa forma,
6

podemos resumir que DBO é um consumo de oxigênio, através de reações biológicas e


químicas.
A DBO é o parâmetro mais comumente utilizado na determinação do oxigênio
dissolvido consumido pelos microrganismos aeróbios e facultativos no processo de oxidação
da matéria orgânica biodegradável. Quanto mais elevado for a quantidade de matéria
orgânica, mais OD será necessário para que os seres decompositores estabilizem a mesma
(CHAPRA, 1997; SEMA/SP, 2000; MOTA, 2003). A DBO possui duas grandes vantagens:
(1) a possibilidade de diferentes efluentes poderem ter seus respectivos potenciais poluidores
comparados segundo uma mesma grandeza; e (2) o fato de tal parâmetro possibilitar uma
avaliação consideravelmente importante do estado da qualidade da água de um rio qualquer,
vez que é uma medida indireta do consumo de oxigênio dissolvido no mesmo (EIGER, 2003;
RODRIGUES, 2005).

O desenvolvimento da análise da DBO se baseia na diferença de concentrações de


oxigênio dissolvido em amostras integrais ou diluídas, durante um período de incubação de 5
dias a 20°C. O que se “mede” de fato nesta análise é a concentração de oxigênio dissolvido
antes e depois do período de incubação (SOUSA, 2001).

• Demanda química de oxigênio – (DQO)


A demanda química de oxigênio consiste em uma técnica utilizada para a
avaliação do potencial de matéria redutora de uma amostra, através de um processo de
oxidação química em que se emprega o dicromato de potássio (K2Cr2O7), (SOUSA, 2001).
Neste processo, o carbono orgânico de um carboidrato, por exemplo, é convertido em gás
carbônico e água. A DQO é um parâmetro indispensável nos estudos de caracterização de
esgotos sanitários e de efluentes industriais. A DQO é muito útil quando utilizada
conjuntamente com a DBO para observar a biodegradabilidade de despejos (SOUSA, 2001).
Sabe-se que o poder de oxidação do dicromato de potássio é maior do que o que resulta
mediante a ação de microrganismos. Como na DBO mede-se apenas a fração biodegradável,
quanto mais este valor se aproximar da DQO significa que mais facilmente biodegradável será
o efluente (RODRIGUES, 2005).

• Oxigênio dissolvido – (OD)

O oxigênio dissolvido é o elemento principal no metabolismo dos microrganismos


aeróbios que habitam as águas naturais ou os reatores para tratamento biológico de esgotos. É
7

um parâmetro de extrema relevância na legislação de classificação das águas naturais, bem


como na composição de índices de qualidade de águas (IQAs) (SOUSA, 2001).

O OD é um bom indicador da capacidade que um corpo hídrico tem de promover


a autodepuração da matéria orgânica descartada em seu curso. Os fatores que mais
influenciam a concentração desse gás no ambiente aquático são: (1) a temperatura da água
(que, quanto mais alta, menor será a concentração de saturação de OD presente no meio
hídrico; porém, maior será a capacidade de reaeração do corpo d’água); (2) a pressão
atmosférica: altitude; e (3) a salinidade (FEPAM, 1996; ANEEL, 1999).

• Alcalinidade
Define-se alcalinidade de uma água como a sua capacidade de neutralizar ácidos
(SOUSA, 2001). A alcalinidade das águas naturais é devida, principalmente, a sais de ácidos
fracos, embora possam contribuir também bases fracas e fortes. Embora muitas substâncias
possam contribuir para a alcalinidade de uma água, a maior parte desta característica nas
águas naturais é devida aos hidróxidos (OH-), carbonatos (CO3- 2) e bicarbonatos (HCO3-). A
distribuição das três espécies na água é função do pH. De todas estas substâncias, as que
aparecem em maior quantidade nas águas naturais são os bicarbonatos, que se formam em
virtude da passagem de águas contendo anidrido carbônico (águas ácidas) pelos calcários
(SOUSA, 2001).
Tal como a acidez, também a alcalinidade é pouco importante, sob o ponto de
vista da saúde pública. No entanto, as águas alcalinas, principalmente as que possuem
hidróxidos, são desagradáveis ao paladar e, por isso, pouco apreciadas pelo homem.
• Dureza
Em geral, designam-se águas duras àquelas que, exigem muita quantidade de
sabão para produzir espuma ou que dão origem a incrustações nas tubagens de água quente,
nas panelas ou noutros equipamentos, nos quais a temperatura da água é elevada (SOUSA,
2001). Embora com o aparecimento dos detergentes o problema da dureza, no que respeita ao
consumo de sabão, tenha perdido o seu impacto, o mesmo já não se poderá dizer quanto às
incrustações.
A dureza das águas naturais varia consideravelmente de lugar para lugar, sendo
que em geral, a dureza das águas superficiais é menor do que a das águas subterrâneas
(SOUSA, 2001). A dureza de uma água reflete a natureza das formações geológicas com as
quais ela esteve em contato. A dureza (em geral expressa em mg/L de carbonato de cálcio Ca
CO3) de uma água é devida à presença de cátions metálicos bivalentes principalmente cálcio
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(Ca2+) e magnésio (Mg2+), (SOUSA, 2001). Uma água dura é, portanto, aquela que contém
grande quantidade de cálcio e magnésio. No entanto, é habitual distinguir-se entre dureza
temporária (ou carbonatada) e dureza permanente (ou não-carbonatada). A primeira é devido
ao cálcio e ao magnésio que se encontram ligados aos bicarbonatos, e que são eliminados
quando a água é fervida. A dureza permanente é devida ao cálcio e ao magnésio que se
encontram associados aos sulfatos, cloretos, nitratos, que não são eliminados quando a água é
fervida (SOUSA, 2001).

• Turbidez
É uma propriedade física que se deve presença de partículas em suspensão
(material insolúvel) presentes na água e que impedem ou dificultam a passagem de luz
(SOUSA, 2001).
• Cor
Responsável pela coloração da águas(SPERLING, 1996). Parâmetro de aspecto
estético de aceitação ou rejeição do produto. A cor indica a presença de substâncias
dissolvidas ou finamente divididas que transmitem coloração específica à água (SOUSA,
2001).
• Temperatura
È um parâmetro físico (uma função de estado) descritivo de um sistema que
vulgarmente se associa as noções de frio e calor, bem como as transferências de energia
térmica, mas que se poderia definir, mas exatamente sob ponto de vista microscópico, como
medida da energia cinética associada ao movimento (vibração) aleatório das partículas que
compõem um dado sistema físico (SPERLING, 1996).
A temperatura é um parâmetro de grande importância, dado que tem influência na
velocidade das reações químicas, na solubilidade dos gases, na taxa de crescimento dos
microrganismos, entre outras (SOUSA, 2001).

2.4 – Resolução CONAMA n º 357 / 05:


Essa Resolução dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.
9

3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida constituiu de consulta a livros, revistas, teses de

doutorado, dissertações de mestrado, sites da internet referentes ao assunto estudado, bem

como de levantamento de dados em campo.

O córrego Samambaia está localizado no município de Goiânia no bairro Vera

Cruz, sob as coordenadas 16°39’58”S e 49°23’36”W com algumas das suas nascentes no

Município de Trindade.Como podemos verificar na área de estudo (Figura 1) e o encontro

dos Córregos Samambaia e Córregos Anicus (Figura 2).

Figura 1: Imagem aérea da área de estudo

Fonte: Google Earth (maio/2008)


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Figura 2: Imagem aérea da área de estudo

Fonte: Google Earth (maio/2008)

As visitas realizadas no local foram com o objetivo de identificar visualmente a


degradação ambiental existente na área. Para tanto, foi percorrido um trecho de 3 km. Além
do diagnostico visual foram ainda realizadas coletas de amostras de água para a realização de
análise de qualidade. Como instrumentos de registros foram utilizados caderneta, máquina
fotográfica, GPS, termômetro, vidrarias e reagentes e equipamentos necessários nas análises
de água, além de uma planilha desenvolvida especialmente para este trabalho. A planilha
dividiu-se em data, coordenadas geográficas, temperatura, altitude, pH, OD, DQO, cor,
turbidez, dureza, alcalinidade. Posteriormente comparou-se esses resultados com os preceitos
da Resolução CONAMA 357/05, verificando se os mesmos estão dentro dos padrões
estabelecidos.
Na escolha dos pontos de coleta procurou-se buscar de dois pontos onde havia o
lançamento de efluentes. Em um deles, o lançamento de efluente industrial e em outro o
lançamento pontual de esgoto doméstico do bairro. Enquanto que o terceiro ponto buscou-se
um ponto sem fonte de poluição próxima e distante dos demais.
A coleta foi realizada no dia nove de setembro de 2006, por volta das dez horas da
manhã até as duas da tarde. O primeiro ponto (P1) de coleta está localizado sob as
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coordenadas 16°39’32”S e 49°24’35”W. O segundo ponto (P2) de coleta está nas


coordenadas 16°39’59”S e 49°23’29”W distante 2.260 metros do primeiro ponto. O terceiro
ponto (P3) de coleta está nas coordenadas 16°40’11”S e 49°23’12”W, distante 655 metros do
segundo ponto e 2.915metros do primeiro.
As análises foram realizadas no laboratório de Qualidade de Água da
Universidade Federal de Goiás – UFG. Os parâmetros de qualidade da água foram analisados
pelo profissional responsável pelo laboratório o químico Alessandro, e repassados depois para
serem anexados a tabela de resultados. Foto abaixo:

Laboratório da Universidade Federal de Goiás

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

4.1 - Diagnóstico Ambiental da Área


Na avaliação do diagnóstico ambiental a partir das visitas in loco foram
verificados as seguintes situações:
Foi possível constatar a presença de lançamento de efluentes de uma indústria de
refrigerantes antes do ponto P1, e entre os pontos P1 e P2 uma indústria de óleo e uma
suinocultura.
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Foto 1: primeiro ponto de coleta (P1)

Parte do esgoto coletado no bairro é também lançado nesse manancial (Figura 3),
além de lançamentos difusos das residências as margens do córrego (Foto 2). Moradores do
local informaram que em época de estiagem a água do córrego fica bastante poluída, com a
produção de odores desagradáveis.

Figura 3: Local de lançamento do esgoto do Conjunto Vera Cruz I

Fonte: Google Earth (maio/2008)


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Foto 2: segundo ponto de coleta (P2), lançamento de esgoto clandestino

Além da presença de indústrias o Córrego Samambaia está, atualmente, com um


nível alto de ocupação das suas margens. Em um trecho dele é possível verificar a
parcelamento do solo, por meio da presença de chácaras de pequeno porte, além da instalação
de atividades voltadas para a horticultura (Figura 4). E em vários pontos é possível verificar a
retirada completa da Área de Preservação Permanete (Figura 5).
Figura 4: Presença de horticultura ás margens do Córrego Samambaia

Fonte: Google Earth (maio/2008)


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Figura 5: Área sem a presença de APP

Fonte: Google Earth (maio/2008)

Foto 3: terceiro ponto de coleta


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4.2 - Diagnóstico da Qualidade da Água

Segundo Osmar Mendes teoricamente todo córrego para consumo humano se


enquadra na seção das águas doces, na classe 2. Mas como vamos verificar o Córrego
Samambaia está poluído,e não está adequado para consumo humano. O tratamento do córrego
poluído para consumo humano fica inviável, pois se torna um tratamento muito caro.
Para avaliarmos a situação da qualidade da água do Córrego Samambaia iremos
comparar os resultados com os padrões da Resolução CONAMA 357/05, seção I das águas
doces, no Art. 4º, na classe 2, onde as águas podem ser destinadas para :
a) o abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho.
De acordo com a Tabela 1,o pH e a turbidez estão dentro dos parâmetros da
Resolução CONAMA 357/05. O pH que variou entre 6 a 9; e a turbidez que não ultrapassou
40 unidades nefelométrica de turbidez ( UNT ).
O Oxigênio Dissolvido (OD) merece atenção, pois mesmo que o ponto P3 que foi
igual a 5,2 mg/l de oxigênio, atenda aos padrões da Resolução CONAMA, segundo Sperling
(1996) sabe-se que os peixes mais exigentes morrem com OD em torno de 4-5 mg/L de
oxigênio, com OD igual a 2mg/L de oxigênio todos os peixes estão mortos e 0 mg/L de
oxigênio tem–se condições de anaerobiose; OD inferiores a saturação estimada são
indicativos da presença de matéria orgânica (provavelmente esgoto). E o OD do ponto P1 e
P2, foram de 3,3 mg/l de oxigênio e 2,2 mg/l de oxigênio,enquadrando-se em condições de
perda de vida aquática.
Alcalinidade que está diretamente ligada ao pH, também requer atenção, pois
influencia toda a vida aquática. A Demanda Química de Oxigênio (DQO) mesmo não tendo
parâmetros fixos é geralmente utilizada para medir a quantidade de matéria orgânica.
Na Tabela 1 observamos que a Cor Verdadeira da água no ponto1, ponto2, ponto3
respectivamente foram 187 PT/Co, 291 PT/Co, 121 PT/Co, estão bem acima dos padrões da
Resolução CONAMA 357/05 que é de 75 PT/Co. Essa água com cor elevada implica em um
delicado cuidado operacional no tratamento. Percebemos também na Tabela 1 que a Dureza
da água se é considerada mole. E que a variação de Temperatura observada pode estar
relacionada com o horário da coleta, e ou aumento de matéria orgânica.
De acordo com os resultados obtidos, constatou-se preocupante a qualidade físico-
química da água, e a qualidade microbiológica da água mesmo não tendo sido analisada de
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forma mais minuciosa em laboratório está bastante comprometida de acordo com o


diagnostico da área.

Tabela 1: Tabela de resultados


Res. CONAMA
Parâmetros Ponto 1(P1) Ponto 2(P2) Ponto 3(P3) N 357/05
Temperatura (°C) 23,8 25,5 21,5 Não é determinado
Altitude (m) 792 776 769 Não é determinado
pH 7,2 6,65 6,57 6a9
OD (mg/L de O2) 3,3 2,2 5,2 >5
DQO (mg/L de O2) 106,7 23,3 10 Não é determinado
Cor Aparente PT/Co 373 303 186 Não é determinado
Cor Verdadeira PT/Co 187 291 121 75
Turbidez (UNT) 28,2 20,9 18,5 40
Dureza (mg/L de Ca/Mg) 10 10 9 <50 água mole
Alcalinidade (mg/L) 8,7 5 2,8 Não é determinado
Coordenadas S 16 39' 32" S 16 39' 59" S 16 40' 10"
Geográficas W 49 24' 35" W 49 23' 29" W 49 23' 12" Não é determinado

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O Córrego Samambaia demonstrou necessidade urgente de implantação de um


programa de monitoramento da qualidade da água, pois os resultados das análises confirmam
que o ribeirão está contaminado por causa dos lançamentos de esgotos, lixo urbano, mesmo
com dois parâmetros de todos os estudados, o pH e a tubidez estarem dentro dos limites
preconizados pela Resolução CONAMA 357/5.

Os outros parâmetros analisados indicam que o córrego está poluído, com uma
grande carga de matéria orgânica, percebe-se isso nos resultados de OD na Tabela 1, com isso
a vida aquática pode esta comprometida, e a população fazendo o uso dessas águas corre risco
de danos à saúde, pois o córrego pode ser fonte de transmissão de doenças, como viroses.

Mesmo com as limitações desta pesquisas, pois foi feita apenas uma amostragem
de cada ponto com poucos parâmetros químicos e microbiológicos no córrego Samambaia,
concluí-se que o trabalho foi extremamente satisfatório. Consideramos que conseguimos
avaliar o córrego de forma significativa, já que se tratar de um córrego urbano sem registros
ou documentos sobre sua relevância e história.
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Recomendaríamos um levantamento minucioso da área e coleta de água do


córrego Samambaia com pesquisas de todos os parâmetros físico-químicos, e
microbiológicos, visando alertar a população, sobre a qualidade de suas águas e oferecer
programas de educação ambiental junto à mesma. O fechamento de pontos de efluentes
clandestinos com políticas publica de planejamento urbano, fiscalização e monitoramento
constantes.
E que com esse trabalho possamos incentivar, e subsidiar novos estudos na área e
pesquisas com modelos matemáticos que são mais baratos que a análise do sistema real
(quando é possível) e os riscos ambientais são inexistentes quando nas simulações
computacionais, uma vez que estudos que envolvem produtos perigosos, por exemplo, não
podem ser desenvolvidos in loco. O custo ambiental e econômico de cometer erros e/ou
realizar experiências com o sistema real é incomparavelmente maior do que o custo de
exploração intensiva do modelo. Modelos são ferramentas de aprendizado em que processos
de tentativas e erros podem ser “explorados gratuitamente”, não só contribuindo para a
melhor compreensão do sistema, mas também estimulando a concepção de novas idéias e
linhas de ação. Modelos conferem flexibilidade às análises por que: “encurtam” o tempo, uma
vez que permitem que muitos anos sejam analisados em períodos extremamente curtos; e
diferentes alternativas podem ser analisadas, muitas vezes mediante simples alterações de
parâmetros. Portanto modelos matemáticos são muito eficientes para treinamento, quando
desenvolvidos ou adaptados especificamente para esta finalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AGENCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE GOIAS. Disponível em:


www.ambiental.go.gov/site/legislacao. Acesso em: novembro de 2008.

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Panorama da Qualidade das Águas


Superficiais do Brasil. Cadernos de recursos hídricos. Brasília, DF: ANA [et al.]. v. 1. 175 p.
2005.

ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. O Estado das Águas no


Brasil - 1999: perspectivas de gestão e informação de recursos hídricos. Brasília, DF: MME
[et al.]. 334 p. 1999.
18

ARAÚJO, J.C.; SANTAELLA, S.T. Gestão da Qualidade. In: Gestão das Águas. Nilson
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