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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO - UFERSA


CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Trabalho de Conclusão de Curso (2019).

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE USO DOS EPIs E A


IMPORTANCIA DE CONSCIENTIZAÇÃO DE SUA
UTILIDADE PARA A ATIVIDADE DE FRENTISTA EM
POSTOS DE COMBUSTÍVEL DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ
– RN

Tayna Natally Medeiros Soares

Resumo: Este trabalho buscou analisar as condições de uso (ou não) de Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) em 07 postos de redes de abastecimento de combustíveis do
município de Mossoró- RN, bem como o nível de conscientização dos frentistas desses
estabelecimentos acerca da necessidade de sua utilização, considerando as especificidades
ambientais próprias ao exercício da atividade potenciais riscos que possam trazer para a saúde
e o bem-estar desses empregados decorrentes da atividade laboral. A partir de entrevista
previamente estruturada em questionário e aplicadas diretamente aos empregados constatou-se
que as condições de uso de tais equipamentos são obrigatórias apenas com relação a itens
básicos como fardamento e botas, embora algumas empresas disponham de outros tipos de EPI
opcionais como luvas e máscaras, utilizados por um pequeno número dos entrevistados, os
quais nem sempre possuem conhecimento pleno dos seus benefícios, tendo em vista que nem
sempre são oferecidos aos empregados treinamentos voltados a orientar sobre a necessidade de
uso de EPIs e as possíveis implicações de sua não utilização. Dentre as alegações dos frentistas
quanto a não utilização de alguns desses equipamentos de proteção foram apontados fatores
ligados ao clima local e desconforto gerado pelo uso durante o atendimento ao público, o que,
segundo os entrevistados, provoca limitação de desempenho e de agilidade no exercício das
atividades.

Palavras-chave: Frentistas. EPI. Riscos no trabalho. Consciência de uso.

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com o Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e


Biocombustíveis (2017), O Brasil possui cerca de 42 mil postos revendedores,
gerando benefícios aos país e exercendo uma atividade fortemente econômica,
visto que o Brasil, sendo o 7º maior consumidor de derivados de petróleo do
mundo, representa oportunidades de ampliação do consumo per capita de
combustíveis e consequentemente investimentos do setor, beneficiando a
sociedade com a geração de empregos. Porém, apesar ao lado de todos esses
benefícios, o setor de revenda de combustíveis apresenta especificidades quanto
à absorção de mão-de-obra, principalmente em atividades de exposição como as
dos frentistas. Nenhum ambiente de trabalho está totalmente isento de riscos ao
trabalhador e no caso particular dos frentistas os riscos físicos, químicos e de
acidente no trabalho preexistentes, se tornam potencialmente maior com o uso
inadequado dos Equipamento de Proteção Individual (EPI) ou a falta deles.
Os riscos são classificados em cincos tipos de acordo com sua natureza,
podendo vir a ser ergonômicos: Situação em que cause desconforto ao
trabalhador. Físicos, tais como: ruído, calor, pressão. Químicos: como substâncias
ou compostos químicos. Biológicos: agentes como bactérias, fungos e de
Acidente: Podem colocar o trabalhador em situação de vulnerabilidade
comprometendo a integridade física (BRASIL, 2011).
Devido à exposição ocupacional dos trabalhadores frentistas são necessárias
ações de vigilância em saúde, voltadas para criação de programas que visem
minimizar a exposição do trabalhador aos riscos e agravos ocupacionais, por meio
de medidas de prevenção individuais e coletivas.
Nesse contexto, é essencial o incentivo e a educação para o uso dos
equipamentos de proteção individuais adequados, além dos cuidados de higiene e
medidas de proteção coletiva. (ROCHA et al., 2014)

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Sabendo-se que os riscos não podem ser eliminados totalmente, se faz
necessário o cumprimento de normas regulamentadoras, no geral com o objetivo
de prevenir os possíveis riscos ou acidentes, logo, a NR-6 ressalta que fica como
responsabilidade da empresa o fornecimento dos EPIs (Equipamento de Proteção
Individual) aos seus empregados de forma gratuita e em perfeito estado de
conservação, bem como de oferecer orientações sobre o seu uso adequado e sua
devida higienização e manutenção periódica do equipamento (BRASIL, 2014).
Ao serem realizadas pesquisas científicas, nota-se um campo de estudo
pouco explorado relacionados ao ambiente como função frentista, assim como a
adoção ou não dos Equipamentos de Segurança (EPI) por parte dos trabalhadores
e sua relação saúde-doença nas implicações ao não uso em seu ambiente de
trabalho, bem como as consequências do mau uso deles. Frente ao exposto, é de
suma importância estudos que possibilitem contribuir, com melhorias buscando a
somatização esforços conjuntos (trabalhadores, empregadores e profissionais da
segurança no trabalho) e o ambiente a qual eles exercem sua função, com o
objetivo na prevenção de possíveis acidentes ou riscos sua contribuindo na
promoção da saúde desses indivíduos.
Considerando a importância da disponibilização dos EPIs pelas empresas e
do uso pelos empregados, esta pesquisa aponta para o fato de que, mesmo com a
existência de normas regulamentadoras quanto aos benefícios desses
equipamentos de proteção individual ao trabalhador, há fatores que interferem na
efetividade de sua adoção, como o uso facultativo de alguns EPIs. Estudo destaca
que em relação à adesão ao uso do EPI, apesar do detalhamento das ações
constantes em lei, ainda se enfrenta problemas relacionados ao baixo nível de
conscientização de ambas as partes, ou seja, empregados e empregadores
(GRENDELE; TEIXEIRA, 2009).
Dito isto, busca analisar possíveis implicações, para o empregado frentista, do
possível não cumprimento das normas regulamentadoras, assim como o nível de
conscientização desses trabalhadores quanto à necessidade de uso dos EPIs.

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2. O TRABALHADOR DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS E A FUNÇÃO


DO USO DE EPIS

A função de frentista expõe o trabalhador a inúmeros tipos de riscos pré-


existentes em seu ambiente de trabalho, podendo se destacar, dentre eles, o risco
físico: com a presença de ruído, a exposição a calor e chuvas, ou quaisquer
variações do tempo devido ao seu ambiente de trabalho ser aberto; O risco
químico: com o contato de produtos químicos e seus derivados durante todo o seu
expediente; O risco ergonômico: com a repetitividade dos seus movimentos ou
possíveis problema nas bombas de abastecimento, exigindo uma força ou
movimento maior do que necessário, gerando eventuais problemas físicos. Além
disso, há a constante presença do risco por acidente de trabalho e agravantes
externos como assaltos ou possíveis atropelamentos (LIMA; JÚNIOR; NETO,
2008).
No contexto relacionado à saúde e prevenção de riscos aos trabalhadores
frentistas, é importante medidas de conscientização a práticas ao incentivo e
educação para o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado para
esse ambiente em específico, assim como, o cuidado com a higiene no trabalho e
medidas de ações de proteção coletiva, de modo que, influencie de maneira
positiva, promovendo saúde e integridade física ao trabalhador.
Alguns fatores podem concorrer para que o uso desses equipamentos de
proteção individual (EPI) não sejam totalmente efetivos, comprometendo o
atendimento das normas regulamentadoras. Esses possíveis problemas podem
ocorrer devido à falta de instruções ou treinamentos por parte do empregador ao
contratar seus empregados, por EPIs possivelmente quebrados ou não
disponibilizados, o que pode gerar problemas no futuro para empregado.
O ambiente dos postos de combustíveis propicia, aos trabalhadores, inúmeros
riscos e agravos à saúde, os quais devem ser considerados nocivos ao processo
saúde-doença do profissional exposto, podendo-se destacar: o contato com
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combustíveis e outros produtos químicos, permanência junto às bombas de
combustíveis, ruído, vibração, calor, frio, risco de atropelamento, assaltos,
repetitividade de movimentos, longas jornadas de pé e sobrecarga de trabalho
pelas múltiplas funções que desempenham (CEZAR-VAZ et al., 2012).
Outro fator possível é a resistência dos próprios trabalhadores quanto ao uso
regular desses equipamentos, por alegações de desconforto ao usá-lo, por eventual
esquecimento ou por subestimar riscos.
Em se tratando de condições de trabalho, a estrutura física inadequada também
contribui para a baixa adesão ao uso do EPI, torna-se incômodo o uso dos
equipamentos, a exemplificar, pela exposição ao calor. Soma-se a isso o fato de
se estar em um país tropical, onde as temperaturas em condições ambientais já são
altas (NEVES et al., 2011).

2.1. Riscos Ocupacionais


Os riscos ocupacionais são classificados pela Organização Mundial de Saúde
em biológicos, físicos, químicos, ergonômicos que interferem em seu processo
saúde/doença, algumas vezes de maneira abrupta e outras de forma insidiosa, na
maneira de viver ou de morrer dos trabalhadores, no modo de conduzir a vida
(SÊCCO et al., 2005).
Segundo a Legislação de Segurança e Medicina no Trabalho, a Norma
Regulamentadora 9 (NR-9) que aborda o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – PPRA objetiva a precaução com a saúde e integridade do
trabalhador, por meio da antecipação, avaliação e controle dos riscos ambientais
existentes, ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em vista a
proteção ao meio ambiente e recursos naturais. Dentre os riscos presentes no
mundo do trabalho em postos de combustíveis estão o risco químico, físico, e de
acidente.
Os riscos químicos presentes nas atividades realizadas em postos de combustíveis
estão relacionados aos combustíveis comercializados, tanto no seu manuseio
direto ou indireto, quanto no seu armazenamento (NETO; BALDESSAR;
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17LUCA, 2005). PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais –
Portaria Nº 25/2004

2.2. Classificação dos Grupos de Riscos


Figura 1: Indicação dos riscos ocupacionais de acordo com suas cores
respectivamente

Fonte: Ministério do Trabalho – Norma Regulamentadora (NR-9) (1994)

Nessa direção, entende-se por condição de trabalho o ambiente físico com


variáveis como temperatura, pressão, barulho, vibração, irradiação, altitude,
dentre outros; o ambiente químico, com a manipulação de produtos, vapores e
gases tóxicos, fumaça e poeira; o ambiente biológico, com a presença de vírus,
bactérias, fungos e outros parasitas. Ainda, “as condições de higiene, de segurança
além das características antropométricas que envolvem o posto de trabalho”
(DEJOURS, 2015, p. 29).

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2.2. Metodologia

A princípio o presente artigo utilizou como ponto de partida uma pesquisa


bibliográfica exploratória seguida de um estudo de caso.
A partir de um questionário sobre questões específicas do exercício de
atividade do frentista, aplicado a empregados de postos de Mossoró-RN , foram
feitas análises sobre condições de uso de EPIs, bem como do nível de
conscientização quanto ao uso e das implicações do não uso ou mau uso do
mesmo, uma fundamentação bibliográfica a partir de leitura de artigos já
documentados anteriormente com abordagens afins, de consulta a normas que
regem a segurança no trabalho, destacando-se as NR 6 – Sobre o uso de
equipamento individual e NR 20 – Segurança e saúde com inflamáveis e
combustíveis, tendo como enfoque as atividades exercidas em postos de
combustíveis com objetivo de reunir o máximo de informações acerca do assunto,
obedecendo ao seguinte roteiro metodológico:

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Pesquisas científicas voltadas aos riscos possíveis no ambiente de trabalho
e à conscientização de uso de EPIs no tocante à atividade de frentista e sua
ambientação em postos de combustíveis ainda são relativamente escassas. Nesse
contexto, surge a necessidade de abordar a realidade dos trabalhadores frentistas
de modo a contribuir com o planejamento e intervenção a possíveis riscos que os
mesmos enfrentam no seu cotidiano laboral. Para isso, elaborou-se uma pesquisa
de caráter exploratório que abrangeu 07 postos ligados às principais redes de
abastecimento de combustíveis na cidade de Mossoró-RN, nos quais 2 a cada 3
frentistas se submeteram a responder as perguntas, totalizando 18 frentistas, sendo
3 frentistas de sexo feminino e 15 do sexo masculino.
As perguntas voltavam-se às condições de uso (ou não) dos EPIs pelos
frentistas nos postos visitados, questionando-os sobre se haviam experimentado
algum incômodo (físico ou ergonômico) relacionado à atividade que exerciam
durante ou após o horário de trabalho.
Quanto ao uso dos EPI, em paralelo com as respostas obtidas dos frentistas,
observou-se que todos os entrevistados apresentavam uso de fardamentos e botas,
porém, quanto aos dos demais equipamentos de proteção, nenhum dos
entrevistados apresentavam o uso deles no momento, evidenciando a realidade de
todos os postos de combustíveis respectivamente.

2.3. Resultados e Discussões

A amostra utilizada neste trabalho foi obtida em 06 bairros da cidade de


Mossoró-RN, em 07 redes de postos de combustíveis mais conhecidas da cidade.
A pesquisa foi realizada com 18 frentistas compostos por 87% de homens e 17%
de mulheres, dentro da faixa etária de 18 a 39 anos e grau de escolaridade entre
ensino fundamental incompleto e ensino superior incompleto. O tempo de
trabalho dos frentistas variaram entre 01 ano até superior a 10 anos, destes, 96%
estão na mesma função desde que ingressaram na empresa. Os frentistas
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responderam que abastecem em média de 15 a 50 carros por dia e o tempo de
atendimento individual varia entre 2 a 20 minutos. Em relação ao afastamento da
empresa, nenhum dos entrevistados relatou afastamento por meio de acidente ou
outros motivos ligados a contratempos no exercício da função.
Quanto à realização de exames de saúde, 100% afirmaram a realização de exames
admissionais, e apenas 10% alegam a realização de exames periódicos. Quanto à
oferta de cursos ou treinamentos relacionados ao uso de EPIs antes da contratação
ou durante exercício da função apenas 17% alegaram existir.
Como se pode ver, a grande maioria dos entrevistados (83%) não recebeu
treinamento para uso de EPIs, o que pode incorrer em mau uso desses
equipamentos por parte dos empregados ou em conhecimento superficial de sua
importância e da relação que mantém com a sua saúde
Sobre a obrigatoriedade quanto à disponibilização de EPIs por parte da
empresa, todos informam que a empresa disponibiliza e exige o uso obrigatório
de pelo menos 2 tipos de EPIs, sendo eles, o fardamento e as botas.
Questionados quanto aos demais EPIs, todos os entrevistados informaram que
fica a critério do frentista o uso ou não dos demais equipamentos.
Quando perguntado sobre a frequência do contato com o cheiro da gasolina ou
do álcool, cerca de 67% disseram que sempre sentem o cheiro/odor, 28% disseram
que sentem às vezes, dependendo das condições do meio ambiente, como direção
do vento ou calor, e apenas 5% informaram que nunca sentiram, o que relativiza
a necessidade de outros equipamentos como luvas, máscara ou óculos de proteção.

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Tabela 1-Perfil dos frentistas entrevistados, quanto ao gênero, idade, Tempo de


Serviço e Jornada de Trabalho em Mossoró-RN, de outubro 2018 a Fevereiro de
2019.

Fonte: Autoria Própria (2019)

Com base nas informações obtidas, pode-se concluir que nas 7 redes de postos
de combustíveis entrevistadas, observou-se uma obrigatoriedade parcial quanto
ao uso EPIs (farda e botas).

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Figura 2: UTILIZAÇÃO DOS EPIs PELOS FRENTISTAS

LUVAS 2

MÁSCARA 5

FARDA 18

BOTA 18

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Fonte: Autoria Própria (2019)

Constatou-se que o número relativamente pequeno de frentistas que usam


equipamentos complementares como luva e máscara atende a um critério
facultativo que não muito raro está relacionado com fatores ambientais como
clima e temperatura.

Figura 3: SOBRE OS EPIs QUE FORAM DEIXADOS DE SEREM


UTILIZADOS NO EXPEDIENTE DE TRABALHO

EPI's QUE FORAM DEIXADOS DE SEREM


UTILIZADOS NO EXPEDIENTE DE TRABALHO

18 18
16

0 0

FARDA BOTAS LUVAS PROTETOR MÁSCARA


AURICULAR

Fonte: Autoria Própria (2019)

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Apesar de todas as 07 redes de postos que foram entrevistadas fornecerem


quase todos os EPIs (exceto o protetor auricular), no momento da contratação do
empregado, foi constatado que 89% dos frentistas comumente dispensam a
utilização de luvas, que têm como principal objetivo evitar o contato pela via
cutânea com o combustível, e o mesmo ocorre com as máscaras, que têm como
objetivo é impedir a inalação de vapores das substâncias tóxicas que estejam
presentes no ambiente de trabalho, mas que são usadas apenas excepcionalmente,
como nas ocasiões de verificação dos níveis de tanques para abastecimento.

Figura 4: MOTIVOS DA NÃO UTILIZAÇÃO DOS EPIs

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1 0 0

CALOR DESCONFORTO NÃO É OUTROS MOTIVO EMPRESA NÃO EQUIPAMENTO


OBRIGATÓRIO FORNECE QUEBRADO

Gráfico de autoria própria (2019)

Entre os motivos que parecem levar os empregados a não utilizarem EPIs,


destacando-se o não uso de luvas e máscaras, tem como motivos principalmente
o calor e o desconforto. O calor, devido à região apresentar um clima quente,
principalmente na parte do dia, podendo causar até mal-estar por parte desses
trabalhadores. E o desconforto mencionado foi na hora do abastecimento, com o
uso das luvas, relatando que ao abastecer, gera um desconforto e até mesmo
dificuldade, atrasando assim, o processo de abastecimento. Vale destacar também,

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dos 18 entrevistados, 3 informaram que não usavam esses EPIs devido a empresa
não ter como obrigatoriedade o mesmo, ou seja, mesmo que a empresa disponha
desses equipamentos para uso opcional, alguns frentistas só os adotariam em caso
de obrigatoriedade, o que aponta uma limitação quanto ao uso consciente desses
equipamentos.

Figura 5: FORNCIMENTO DE CURSOS OU TREINAMENTOS SOBRE USO


DE EPIs ANTES OU DEPOIS DA CONTRATAÇÃO

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SIM NÃO

Gráfico de autoria própria (2019)


Sobre o fornecimento de cursos ou treinamentos antes ou após a contratação
trabalhadores, todos relataram que existe um treinamento, porém, esse
treinamento tem como objetivo apenas a identificação de combustíveis e como
fazer o abastecimento correto nos veículos. Porém, em relação a treinamentos ou
cursos sobre como fazer a utilização correta dos EPIs, apenas 17% dessas
empresas oferece esse fornecimento e 83% não oferecem quaisquer meios para
informar sobre a utilização dos mesmos, deixando a critério do trabalhador sua
forma de utilização.

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Figura 6: FREQUÊNCIA DO ODOR DO ALCOOL/GASOLINA

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SEMPRE NUNCA AS VEZES

Gráfico de autoria própria (2019)

Quando perguntados sobre a frequência do contato perceptível do odor do com o


cheiro da gasolina ou álcool, cerca de 67% disseram que sempre sentem o
cheiro/odor, enquanto 28% deles disseram que sentem às vezes, dependendo das
condições do meio ambiente, dependendo do vento ou chuvas ou quando estão
fazendo o abastecimento, e apenas 5% informaram que nunca sentiu.

Figura 7: FREQUÊNCIA DE INCÔMODOS EXPERIMENTADOS PELOS


FRENTISTAS DESDE A CONTRATAÇÃO

SINTOMAS

DORES DE CABEÇA

28% NUNCA SENTIU

56% DORES NAS PERNAS


5%
11%
IRRITAÇÃO OU COCEIRA
NOS OLHOS

Fonte: Autoria Própria (2019)

Tais relatos, que denunciam incômodos experimentados pelos frentistas, não


indicam necessariamente uma relação direta ou de consequência com o exercício
de suas atividades, mas podem apontar efeitos precoces de exposição ao benzeno,
produto potencialmente cancerígeno que entra na composição de combustíveis.

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Figura 8: SOBRE SE O FRENTISTA JÁ SOFREU ALGUM ACIDENTE OU
AFASTAMENTO POR DOENÇA NO TRABALHO DESDE A SUA
CONTRATAÇÃO

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SIM NÃO

Gráfico de autoria própria (2019)

Quando perguntado aos trabalhadores se eles já sofreram algum acidente de


trabalho ou afastamento por doença desde sua contratação, todos os 18
entrevistados, ou seja, 100% deles informaram que nunca sofreram acidente ou
tiveram afastamento por doença devido ao trabalho.

Figura 9: SOBRE A FISCALIZAÇÃO PERIODICA DE VISITAS DE ORGÃO


PUBLICO COM INTUITO DE ANALISAR O AMBIENTE DE TRABALHO E
USO DE EPIs

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SIM NÃO

Gráfico de autoria própria (2019)

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Quando perguntado se eles recebiam visitas frequentes de órgãos fiscais para
análise do cumprimento de normas, análise dos riscos bem como sua higienização
no ambiente de trabalho por parte dos trabalhadores, cerca de 89% informou que
recebem frequentemente visitas, porém não souberam responder qual o tempo do
período que são feitas essas visitas e cerca de 11% informaram que desde sua
contratação, nenhum órgão de fiscalização foi visitar o posto de combustível.

3. CONCLUSÕES

Diante dos resultados observados ao longo deste trabalho, conclui-se que em


todos os postos de abastecimento estudados nenhum frentista em seu exercício de
trabalho utiliza totalmente todos os EPIs, mesmo quando, não sendo obrigatórios,
apresentam-se disponíveis, o que revela uma relativa falta de conscientização dos
trabalhadores com relação.
Vale salientar que essa é uma prática extensiva a outros postos que não fizeram
parte dessa pesquisa.
Os motivos para isso, apontados pelos entrevistados foram desconforto e o calor
na utilização dos mesmos, considerando-se como agravante do desconforto as
implicações do clima local muito quente, principalmente durante o dia, horário de
maior fluxo de trabalho, que exige mais rapidez de atendimento, muitas vezes
comprometida pelo uso de alguns EPIs, como máscaras e luvas, que afetam o
desempenho pela inabilidade gerada pelo uso não regular.
Dentre os entrevistados, a maioria relatou que sente algum tipo de incômodo
físico que pode estar relacionado ao exercício da atividade, embora essa relação
não esteja necessariamente comprovada. Contudo, tais relatos podem apontar
sintomas precoces de males relacionados ao contato diário com agentes químicos
como o benzeno, podendo evoluir, ainda que lentamente para problemas futuros
mais sérios. Junte-se a esses aspectos, a falta de uma fiscalização mais frequente.
Dos riscos ocupacionais próprios da função de frentista, um dos mais
agravantes para a saúde destes trabalhadores é a cotidiana inalação de vapores
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químicos já que o contato com estes produtos, podem afetar prejudicialmente o
organismo humano.
Os riscos de acidentes também não podem ser desconsiderados - em especial o
risco de incêndio e explosão, pois qualquer faísca pode ser perigosa - embora não
tenhamos tido relato de nenhuma ocorrência. Acrescente-se a isso o risco de
atropelamento não muito comum, mas particularmente arriscado para este tipo de
empreendimento devido ao entra e sai de veículos no local, além de possíveis
problemas psicológicos decorrentes da exposição ao risco de assaltos, cada vez
mais frequentes.
Considerando a relativa escassez de estudos no ramo da atividade de frentista,
principalmente em nível local, sugere-se, a partir dessa pesquisa, que a realização
de trabalhos futuros sobre este tema venham a abranger um corpus mais amplo de
investigação, incluindo os dirigentes desses estabelecimentos e/ou autoridades
locais que possam contribuir para a melhoria das condições de trabalho dos
frentistas a partir de campanhas de conscientização do uso correto de EPIs e
iniciativas outras, que visem a prevenção de doenças como a implementação de
exames laboratoriais periódicos nos trabalhadores de postos revendedores de
combustíveis para verificar a presença dos compostos nos organismos humanos,
bem como, a medição da exposição ocupacional através de detectores de gases
acoplados próximo ao sistema respiratório do trabalhador para que a concentração
apresentada seja a mais próxima possível da realidade dos frentistas e para que
seja possível estudar a relação entre a concentração verificada desses compostos
e os sintomas apresentados pelos trabalhadores.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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