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Equipamentos de proteção individual (EPIs) e as

dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores para


utilizá-los

Priscilla Schwenck Alvares Pimenta Dias1


Alisson Guedes2

1. INTRODUÇÃO

Os equipamentos de proteção individual (EPIs), são uma ferramenta fundamental para a


segurança dos trabalhadores de diversas áreas de atuação profissional. Desde manicures,
motociclistas, profissionais de saúde, de agropecuária e de construção civil, além de muitas outras
áreas onde esses equipamentos se fazem necessários.
A utilização adequada desses equipamentos, é responsável por garantir a segurança, tanto dos
profissionais prestadores de serviço, como do público a quem se destina esses serviços.
Uma breve pesquisa em sites de artigos científicos, como o Google Acadêmico, revela a
diversidade de áreas de atuação, onde esses equipamentos estão presentes e se fazem necessários.
Revela também que, o seu uso não é tão frequente como deveria e que muitos profissionais
apresentam resistência à utilização desses equipamentos.
De acordo com o artigo publicado na revista Laboreal “esses equipamentos representam a
última barreira contra os riscos a que os trabalhadores estão expostos”3
Mesmo sendo os EPIs de suma importância para a proteção dos trabalhadores, na prática, sua
utilização muitas vezes é dispensada, aumentado a exposição do trabalhador ao risco de um
acidente de trabalho.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“Em 1919 é editada a primeira lei de acidente de trabalho, Em 1994, a


Portaria nº 3,214, de 8 de junho de 1978, aprova as Normas
Regulamentadoras - NRs. A NR 7 dispõe sobre a obrigatoriedade e a
implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional,
com o objetivo de promover e preservar a saúde do conjunto dos seus
trabalhadores. (BRASIL, 1997a). Por sua vez, a NR 9 estabelece a
obrigatoriedade da elaboração de um programa de prevenção de riscos
ambientais no trabalho, considerando a proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais. Indica a adoção de equipamentos de proteção coletiva-
EPC bem como, quando for necessário, em caráter complementar, a
utilização de equipamentos de proteção individual - EPI. Embora existam
todos esses dispositivos legais que buscam prevenir e preservar a saúde do

1
Acadêmica
2
Tutor Externo
Centro Universitário Leonardo Da Vinci – UNIASSELVI – Nutrição (NTR0680/3) - Prática do Modulo I - 10/12/2021
3
DUARTE; THÉRY; MARCILLA, 2016, p. 1
2

trabalhador, garantindo seus direitos, na prática, esbarram em grandes


dificuldades que dizem respeito á necessidade de estabelecimento de um
nexo de causalidade que é comprovado por uma lesão, doença ou problema
de saúde já instalado”4
Mesmo diante da existência de leis que regulamentam a utilização de EPIs, sua adoção é
constantemente negligenciada por profissionais de diversas áreas. Vários trabalhadores relatam se
sentir incomodados com a utilização dos equipamentos de proteção, alegando ser esse o motivo do
descumprimento da legislação que regulamenta a obrigatoriedade de utilização dos mesmos.5
Muitas vezes o trabalhador não tem a percepção total dos riscos que a não utilização dos
EPIs pode representar para a sua segurança. Outras vezes, alguns trabalhadores consideram como
facultativo o uso de equipamentos que deveriam ser obrigatórios.
Na grande maioria dos casos, a dispensa do uso dos EPIs se deve ao fato de que “os
trabalhadores sentem uma serie de dificuldades e inconvenientes que interferem no
desenvolvimento das suas atividades”6. Sendo assim, a analise da ergonomia desses equipamentos,
se faz fundamental para garantir maior adesão.
Profissionais que possuem acúmulo de funções, estão, geralmente, relacionados à menor
frequência de uso dos EPIs, e consequentemente são mais vulneráveis a acidentes de trabalho,
decorrentes da não utilização desses equipamentos, conforme evidencia a tabela abaixo:

TABELA 1 – FREOÜÊNCIA DE ACIDENTES OCORRIDOS COM TRABALHADORES DE


ENFERMAGEM, SEGUNDO A CATEGORIA PROFISSIONAL, 19967

Categoria Profissional Trabalhadores Acidentados CR


nº % nº %
Auxiliar de Enfermagem 436 70,60 66 80,50 15,13
Atendente de Enfermagem 135 21,80 12 14,60 8,88
Enfermeiro 47 7,60 4 4,90 8,51
Total 618 100,00 82 100,00 13,62

Falta de hábito e/ou disciplina, equipamentos desconfortáveis, inadequados ou


indisponíveis, bem como, a necessidade de desempenhar várias funções ao mesmo tempo, são
motivos frequentemente relatados por profissionais para a não utilização dos EPIs.8

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Mesmo reconhecendo a importância da utilização dos EPIs para proteção pessoal, a fim de
evitar acidentes de trabalho, boa parte dos profissionais dispensa o uso de alguns desses
equipamentos, colocando sua segurança em risco.
Dentre os motivos comumente alegados para essa pratica estão: a falta de disciplina, o
desconforto causado pelos equipamentos, geralmente devido a sua ergonomia, a

4
SARQUIS, 2000, p. 564, 565
5
DE SOUZA. 2014
6
DUARTE; THÉRY; MARCILLA, 2016, p. 2
7
SARQUIS, 2000, p. 567
8
NISHIDE, 2004
3

indisponibilidade dos mesmos no ambiente de trabalho no momento da realização de uma


tarefa, a inadequação do equipamento para a pratica profissional e a sobrecarga de tarefas.
Considerando os artigos referenciados, podemos concluir que, a utilização dos EPIs ainda
não é amplamente difundida entre trabalhadores de diversas categorias, e ainda é pauta para
muitas discussões, a fim de melhorar a aceitação dos profissionais e tornar frequente a sua
utilização.

4. REFERÊNCIAS

DE SOUZA, Marcelo Lourenço. MOTIVOS DA RESISTÊNCIA AO USO DO


EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI). Enaproc, v. 1, n. 1, 2014.

DUARTE, Francisco; THÉRY, Laurence; ULLILEN–MARCILLA, Carolina. “Os


equipamentos de proteção individual (EPI): Protetores, mas nem sempre”: Apresentação do
dossier. Laboreal, v. 12, n. Nº1, 2016.

MEIRELES, Natália Martins; DO OLIVEIRA PINTO, Fernanda. A conscientização do


trabalhador quanto à importância do uso do EPI na aerosoldas em Macaé. Revista
Científica Interdisciplinar. ISSN, v. 2358, p. 8411, 2016.

NISHIDE, Vera Médice; BENATTI, Maria Cecília Cardoso. Riscos ocupacionais entre
trabalhadores de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, v. 38, p. 406-414, 2004.

SARQUIS, Leila Maria Mansano; FELLI, Vanda Elisa Andres. O uso dos equipamentos de
proteção individual entre os trabalhadores de enfermagem acidentados com instrumentos
perfurocortantes. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 53, n. 4, p. 564-573, 2000.

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