Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ

PÂMELA SUANY RAMOS INAJOSA

20131538

POLUIÇÃO HÍDRICA

2021
A qualidade da água é o elemento central de todos os papéis que este recurso
desempenha em nossas vidas. A água de boa qualidade é essencial para toda a cadeia
vital e para a subsistência humana.

Para o aproveitamento humano, seja para beber, lavar ou para recreação, é


necessário que a água esteja livre de contaminantes de origem biológica, física e
química. Vegetação, animais e habitats que sustentam a biodiversidade também
dependem de água limpa. Para a produção de alimentos, o fornecimento de energia para
as cidades e para movimentar as indústrias é preciso haver água com determinado grau
de qualidade.

As atividades humanas, assim como os processos naturais, podem alterar as


características físicas, químicas e biológicas da água, com ramificações específicas para
a saúde humana e do ecossistema. A qualidade da água é afetada por mudanças em
teores de nutrientes, sedimentos, temperatura, pH, metais pesados, toxinas não
metálicas, componentes orgânicos persistentes e agrotóxicos, fatores biológicos, entre
muitos outros.

Há uma diversidade de contaminantes orgânicos produzidos pelo homem que


podem ser carreados para as águas superficiais e subterrâneas, provocando
contaminação desses recursos hídricos, em consequência de atividades humanas, entre
elas o uso de agrotóxicos e processos industriais, bem como resultantes da
decomposição de produtos químicos. Muitos desses poluentes, incluindo agrotóxicos e
outras toxinas não metálicas, são largamente utilizados em todo o mundo, persistem no
meio ambiente e podem ser transportados por longas distâncias até regiões nas quais
nunca foram produzidos. Os contaminantes orgânicos são encontrados com frequência
na forma de contaminantes de águas subterrâneas, onde chegam após lixiviação por solo
e águas superficiais, por meio do escoamento de áreas agrícolas e urbanas.

Atividades humanas que afetam a qualidade da água

Uma gama de atividades humanas afeta a qualidade da água:

Produção agrícola: Desde a década de 1970, é cada vez maior a preocupação


com os aumentos de escoamento de resíduos de nitrogênio, fósforo e agrotóxicos nas
águas superficiais e subterrâneas. Sabe-se há muito tempo, que os sistemas de cultivo
intensivo, a crescente concentração de pecuária confinada em fábricas e as operações de
aquacultura podem contribuir para a poluição difusa de águas superficiais e
subterrâneas.

Industrial e mineradora: A mineração e a perfuração para exploração e produção


de combustíveis fósseis trazem à superfície materiais das profundezas da terra, inclusive
água. Também tendem a gerar enormes quantidades de materiais de refugo ou
subprodutos relativos aos recursos almejados, criando assim grandes desafios em termos
de disposição final de resíduos. Mais ainda, as águas superficiais podem drenar pelas
aberturas das minas que, frequentemente, servem de pontos de acumulação das águas
subterrâneas. As águas de drenagem de minas tendem a ser extremamente poluídas por
sais presentes nas próprias águas subterrâneas; metais como chumbo, cobre, arsênio e
zinco, provenientes da rocha; compostos de enxofre lixiviado da rocha; e mercúrio ou
outros materiais utilizados nos processos de extração e beneficiamento.

Infraestrutura hídrica: As infraestruturas de abastecimento de água, incluindo


adutoras de sistemas de irrigação e barragens, afetam a qualidade da água por meio de
vários mecanismos. Esses impactos podem ser classificados conforme mostrado a
seguir:

 Impactos de primeira ordem, que envolvem a modificação das características


físicas, químicas e geomorfológicas de um rio ou fluxo de água, inclusive
alterando quantidade, distribuição e periodicidade naturais.

 Impactos de segunda ordem, que envolvem alterações na produtividade


biológica e nas características de ecossistemas fluviais e habitats a jusante, como
terras úmidas e deltas.

 Impactos de terceira ordem, que envolvem alterações à flora ou fauna (peixes,


anfíbios ou pássaros) provocadas por impactos de primeira ordem (bloqueio de
caminhos migratórios ou destruição de habitats de desova) ou por impactos de
segunda ordem (alterações de temperatura, reduzida disponibilidade de fontes de
alimentos ou mobilização de um contaminante). Os impactos de terceira ordem
podem também incluir efeitos sobre a saúde humana, a produtividade industrial
ou agrícola, ou mesmo terem consequências políticas.
A infraestrutura hídrica impõe muitas mudanças aos sistemas aquáticos naturais.
As grandes barragens, construídas para armazenamento de água, recreação e controle de
inundações, têm a pretensão de alterar o regime hidrológico natural ao afetar os
volumes, a distribuição e a periodicidade dos fluxos de água.

Lançamento direto de efluentes domésticos: A atividade que mais conduz a


problemas difusos de qualidade da água é o despejo de esgotos domésticos. A
contaminação fecal resulta, muitas vezes, de descargas de esgoto não tratado nas águas
naturais – método de disposição de esgoto mais comum nos países menos
desenvolvidos e em países mais avançados. Mesmo nos países desenvolvidos, o esgoto
parcial ou inadequadamente tratado continua sendo grande fonte de comprometimento
da qualidade da água. A falta de tratamento e de disposição adequada de esgotos
domésticos provoca a contaminação de cursos de água de todo o mundo e constitui uma
das maiores fontes de poluição hídrica.

Urbanização e crescimento demográfico: o mundo está se tornando cada vez


mais urbano, com a maioria da atual população mundial vivendo em áreas urbanas. A
maior parte deste crescimento e a intensificação da urbanização ocorrerão em países em
desenvolvimento que já sofrem de estresse hídrico. Populações crescentes,
especialmente quando concentradas em áreas urbanas, tendem a criar maiores volumes
de resíduos domésticos e de esgoto, sobrecarregando rios e sistemas de tratamento, o
que resulta em águas cada vez mais poluídas. Estima-se que 42 por cento da água
utilizada para finalidades domésticas e municipais acabam retornando ao ciclo da água,
volume este que corresponde a 11 por cento do total dos efluentes. Em alguns países,
apenas 2 por cento do volume total de esgoto recebem qualquer tratamento. Nos países
em desenvolvimento, os investimentos em estações de tratamento de água estão
constantemente aquém das demandas impostas pelo crescimento demográfico, fazendo
que grande parte dos efluentes permaneça sem tratamento.

Além de gerar volumes cada vez maiores de efluentes, as áreas urbanas agravam
o problema de baixa qualidade da água de várias maneiras. A alta concentração de
superfícies impermeáveis aumenta os volumes de água de escoamento de ruas,
provocando o transporte de poluentes como óleos, metais pesados, borracha e outros
resíduos automobilísticos para rios e cursos de água.
Mudanças climáticas.: As mudanças climáticas exercem grandes impactos nas
fontes de água doce do planeta, na qualidade da água e na gestão de recursos hídricos.
Os aumentos de temperatura da água e as alterações na periodicidade e nos volumes de
águas de escoamento devem produzir mudanças desfavoráveis na qualidade das águas
de superfície que, por sua vez, afetarão a saúde humana e do ecossistema.

No decorrer dos próximos 100 anos, modelos climáticos sugerem que as


temperaturas mais quentes têm grande probabilidade de provocar maior variabilidade
climática e aumento dos riscos de eventos hidrológicos extremos, ou seja, enchentes e
secas. O aumento de incidências de episódios de enchentes em consequência de chuvas
torrenciais, aliado a tempestades intensificadas pela elevação do nível do mar causada
por mudanças climáticas, poderá afetar a qualidade da água, sobrecarregando
infraestruturas como redes de águas pluviais, sistemas efluentes, estações de tratamento,
barragens de contenção de resíduos de mineração e aterros sanitários, assim ampliando
os riscos de contaminação.

Serviços ecossistêmicos

Por confiar nos processos ecossistêmicos naturais de depuração da água, há


centenas e milhares de anos a humanidade vem lançando resíduos agrícolas, municipais
e industriais nos ecossistemas de água doce. A magnitude e a toxicidade dessas águas
efluentes, contudo, muitas vezes supera a capacidade depurativa dos ecossistemas,
acabando por degradar a qualidade da água, local e regionalmente. A manifestação
dessas degradações vem na forma de depreciação do valor dos serviços ecossistêmicos,
da redução da biodiversidade e da diminuição da capacidade dos ecossistemas de
desempenhar funções como tratamento de águas servidas etc.

A eutrofização – resultando da introdução de quantidades excessivas de


nitrogênio e fósforo – diminui a prestação de diversos serviços ecossistêmicos: de
abastecimento, de regulação de fluxos, culturais e de suporte. As águas eutróficas
exigem tratamentos caros e difíceis até atingirem a qualidade de água potável;
produzem menos peixes; têm menor valor para serviços ou usos recreativos e repassam
maiores cargas de nutrientes aos trechos a jusante.

A solução de problemas relativos à qualidade da água exige estratégias para


prevenir contra a poluição, tratar efluentes e resíduos e remediar a poluição hídrica.
Como uma primeira intervenção, a poluição pode ser evitada antes mesmo que alcance
os cursos de água; em segundo lugar, águas servidas podem passar por tratamento antes
de serem lançadas; e, em terceiro lugar, a integridade biológica dos cursos de água
poluídos pode ser fisicamente restaurada por meio de ações de remediação.

REFERÊNCIAS

PALANIAPPAN, Meena et al. Cuidando das Águas Soluções para melhorar a qualidade
dos recursos hídricos. 2013.

Você também pode gostar