Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Paranaíba - 2003
INTRODUÇÃO
Este trabalho objetiva a aplicação das normas técnicas abordadas como necessárias pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na realização de trabalhos
solicitados na graduação e em pesquisas. Sendo assim, foi selecionado um tema de
grande importância e repercussão no Brasil e no mundo, a gama de poluição que,
diariamente, é lançada nos rios, lagos, mares e oceanos.
Este tema foi escolhido devido à água ser um dos elementos mais importantes para a
manutenção da vida na Terra, sua maior ou menor abundância é que determina os
ecossistemas existentes no planeta. Para que isso ocorra de maneira benéfica para todos
os seres, a poluição, seja qual for, necessita ser tratada com toda a atenção e precaução.
Desde os tempos mais remotos o homem costuma lançar seus detritos nos cursos de
água. Até a Revolução Industrial, porém, esse procedimento não causava problemas, já
que os rios, mares, e oceanos têm considerável poder de auto-limpeza, de purificação.
Com a industrialização, a situação passou a sofrer profundas alterações. O volume de
detritos despejados nas águas tornou-se cada vez maior, superando a capacidade de
purificação dos rios e oceanos, que é limitada. Além disso, passou a ser despejada na
água uma grande quantidade de elementos que não são biodegradáveis, ou seja, que não
são decompostos pela natureza. Tais elementos - por exemplo, os plásticos, a maioria
dos detergentes e os pesticidas - vão se acumulando nos rios, lagos e oceanos,
diminuindo a capacidade de retenção de oxigênio das águas e, conseqüentemente,
prejudicando a vida aquática.
CAPÍTULO I
1 - POLUIÇÃO
1. 1. O QUE É POLUIÇÃO
Desde muito tempo atrás, o homem, por meio do progresso tecnológico e da expansão
demográfica tem, infelizmente, degradado cada vez mais o meio ambiente em que vive,
pois necessita a cada dia de um maior aproveitamento das matérias-primas dispostas
pela natureza. Sendo assim, com o intenso uso da natureza, o homem acaba por
danificar a mesma, causando agressões violentas contra o meio ambiente, este que seria
um espaço onde se encontram os recursos naturais, inclusive aqueles já reproduzidos
(transformados) ou degenerados (poluídos) como no caso do meio ambiente urbano.
1. 1. 1. Poluição Hídrica
A água possui um ciclo indispensável à vida de qualquer ser vivo, ela pode existir em
abundância ou não, mas sempre terá grande importância à vida e também na
configuração dos ecossistemas. Mas como sempre existe um lado negativo, as águas
quase sempre são o destino final de quase toda poluição produzida pelo homem, mas
para que ela cesse, é necessária uma conscientização da população para que ocorra a
conservação, que constitui uma base de todo um processo de desenvolvimento que
possa receber o adjetivo sustentável. Pensando dessa maneira, o uso indiscriminado de
agrotóxicos na agricultura, associada à incidência de chuvas ou mesmo à prática de
irrigação, acarreta uma grande contaminação dos cursos e depósitos de água, incluindo
os lençóis freáticos, acarretando, também, prejuízos, agressões à saúde humana, seja de
forma direta ou indireta; existem, também, os danos causados à flora e principalmente à
fauna, que são de alta gravidade, assumindo dimensões crescentes, à medida que os usos
de atividades agrícolas poluidoras se expandem, impulsionadas pelo crescimento dos
mercados interno e externo.
A título de exemplo, Passos de Freitas exemplifica o problema da seguinte maneira:
O Brasil, nos últimos anos, vem tomando consciência do problema. Afinal, um povo que
possui os maiores rios do mundo tem dificuldade em imaginar que pode ficar sem água.
Mas, apesar de termos cerca de 13,7% da água doce disponível no mundo, a verdade é
que os problemas vêm se agravando. No Nordeste a falta de água é crônica. No Sudeste
ela é abundante, porém de má qualidade. A invasão de áreas de mananciais hídricos
pela população carente é um dos maiores problemas de São Paulo. Os dejetos
industriais lançados no rio Paraíba do Sul tornam precária a água que abastece o Rio
de Janeiro e outras cidades. Falta água para irrigar os arrozais do Rio Grande do Sul.
Como fruto da atuação do homem sobre o meio ambiente, surge o problema da poluição
dos rios, lagos, oceanos, enfim, do sistema hídrico. As fontes de poluição da água dos
rios são advindas dos esgotos domésticos, despejos industriais, escoamento da chuva
das áreas urbanas e das águas de retorno de irrigação. Desse modo, principalmente no
atual século, o grande crescimento populacional e o desenvolvimento industrial, além
do uso, cada vez maior, de fertilizantes químicos e inseticidas nas lavouras têm causado
sérios danos aos rios e a vida de modo geral. As grandes concentrações de nitrogênio e
fósforo, usados nos adubos e fertilizantes, constituem um tipo muito comum de
poluição da água. As enxurradas transportam para os rios os fosfatos e nitratos. Estes
nutrem as plantas aquáticas, as quais, multiplicando-se (especialmente algas), absorvem
o oxigênio da água. Por sua vez, a falta de oxigênio provoca a morte de muitas plantas e
animais que, ao se decomporem, aumentam a poluição. Além deste fato, muitos outros
são causadores da poluição dos recursos hídricos (Ramos, 2003):
Os inseticidas usados nas lavouras, que destroem o fitoplâncton existente nos rios, o
qual é responsável pela renovação de 70% do oxigênio da atmosfera;
Poluição Biológica: causada pelos esgotos urbanos ou por certas indústrias que
lançam substâncias que favorecem a proliferação que microorganismos que consomem
grande quantidade de oxigênio da água, assim, causando a morte de peixes que ali
vivem, não por envenenamentos, mas sim por asfixia.
Poluição Física: provocada por resíduos radioativos com precipitação atômica, cujo
perigo indireto manifestando-se de forma cancerígena e genética (Ramos, 2003).
Esses são os principais causadores da poluição hídrica atual. Foi dada apenas uma breve
introdução, esses elementos serão aprofundados no capítulo II – Crise dos Recursos
Hídricos.
CAPÍTULO II
2. 1. RECURSOS HÍDRICOS
O sistema hídrico mundial é muito rico, tanto é que a maior porção do Planeta Terra é
banhado por água, compreendendo lagos, rios, águas subterrâneas e os oceanos (cobre a
maior parte da Terra). Para demonstrar numericamente a grandiosidade dos recursos
hídricos, dados estimados divulgados pela ONU mostram que, infelizmente, 97,5% da
água encontrada no planeta é inconsumível, pois 95% são salgadas, portanto estão nos
oceanos e 2,5% das águas estão presentes nas geleiras, sobrando apenas 2,5% de reserva
de água doce, desse total, apenas 0,07% está acessível ao consumo humano.
O Brasil possui grande importância quando relacionado aos recursos hídricos, pois 8%
de toda água existente está nele, estando 80% na região Amazônica. Isso se reforça mais
quando se compara a falta de água que atinge, aproximadamente, um quinto da
população mundial, faltando esse recurso, permanentemente, em 22 países. Estudos da
ONU (Organização das Nações Unidas) ainda estimam que problemas de abastecimento
de água irão afetar dois terços da humanidade por volta do ano 2025 – hoje, como já foi
exposto, um quinto da população mundial sofre com a falta de água potável e o estoque
disponível vem sendo contaminado pela falta de tratamento (Fundo Mundial para a
Natureza, WWF, 1999).
Apesar das grandes dificuldades que o homem, no decorrer dos anos, impôs ao sistema
hídrico, existem diversas utilidades que são possíveis de se destacar, como por exemplo:
a irrigação na agricultura, o uso na indústria (após o uso, ser tratada), o uso doméstico,
para a pesca, para geração de energia elétrica, para o turismo e, também, são
importantíssimos para os recursos viários, o que não pode ser esquecido devido ao fator
do desenvolvimento econômico.
A partir do momento em que um fator for prejudicial à vida, será também considerado
poluente. Assim, praticamente todo agente físico ou químico torna-se poluente quando
ultrapassa certo limite em relação ao meio ambiente natural.
Tipos de agentes poluentes da água (Fundo Mundial para a Natureza, WWF, 1999):
2. 2. 1. Despejos Industriais
Apenas 10% da água utilizada no planeta são para fins domésticos. Boa parte da água
doce é destinada à indústria ou à agricultura. Considera-se atualmente que as indústrias
são responsáveis por dois terços do total de poluentes produzidos pelo ser humano.
2. 2. 2. Os Detergentes
2. 2. 3. Os Inseticidas
2. 2. 4. Poluição Térmica
A poluição térmica baseia-se nesse fenômeno. Assim, quando uma usina nuclear aquece
as águas de um rio, a redução da quantidade de oxigênio dissolvido prejudica todos os
seres aquáticos da região (Bronzati, 2003).
2. 2. 6. Desastres Ecológicos
Nos últimos anos, rios e mares têm sido seriamente afetados por grandes desastres
ambientais. Um dos principais ocorre em janeiro de 2000, quando um vazamento de 1,3
milhão de litros de óleo de uma refinaria da Petrobras poluiu a baía de Guanabara, no
Rio de Janeiro. Em setembro do mesmo ano, 4 milhões de litros de óleo escapam de
outra refinaria da estatal no Paraná, atingindo o rio Iguaçu. A seqüência de acidentes
envolvendo a empresa continua em 2001. Em fevereiro vazou 50 mil litros de óleo
diesel de um duto da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, numa região de preservação
ambiental, em Morretes (PR) (Ronney, 2003).
2. 2. 7. Substâncias Tóxicas
Os agrotóxicos utilizados nas lavouras acabam, por meio das chuvas, atingindo rios e
lençóis freáticos. Não há números sobre o consumo desses produtos em território
brasileiro, embora estimativas indiquem que em 1999 eles movimentaram 2,3 bilhões de
dólares no país. Por razão da agressão ao ambiente e dos males causados à saúde pelos
agrotóxicos e por outras substâncias tóxicas, 90 países, entre eles o Brasil, assinaram em
maio de 2001 um acordo para eliminar ou reduzir o uso de 12 Poluentes Orgânicos
Persistentes (POPs). Dos poluentes proibidos – aldrin, clorano, mirex, dieldrin, DDT,
dioxinas, furanos, PCB, endrin, heptacloro, HCB, toxafeno –, o Brasil ainda utiliza o
DDT, o HCB e o heptacloro. As bacias hidrográficas brasileiras sofrem ainda com os
efeitos de atividades econômicas que degradam o ambiente e afetam a saúde da
população. De acordo com a Fundação Onda Azul, entre 35 mil e 40 mil toneladas de
mercúrio são lançadas por ano pelo garimpo nos rios da região Amazônica,
contaminando cerca de 10 mil pessoas (Ronney, 2003).
Capítulo III
3 - Normas Reguladoras
Após ter analisado a poluição e a grande crise que ronda os recursos hídricos, se faz
necessário integrar esses assuntos às normas reguladoras, ou seja, as leis que regulam o
dia-a-dia da população.
Assim, "as normas ambientais são essencialmente voltadas a uma relação social e não a
uma assistência à natureza. O direito ambiental é um direto para o homem. É um direito
que deve ver o homem em todas as dimensões de sua humanidade" (Derani, 2001,
p.79).
3. 1. NORMAS
"Corromper ou poluir" são conceitos que já devem estar claros ao leitor, após ser tão
explorado e analisado. Partindo desse ponto, a poluição será analisada segundo as
normas reguladoras.
3. 1. 1.Constituição
A Constituição Brasileira de 1988 é uma das mais modernas do mundo, sendo muito
admirada por outras nações, que vêm pesquisá-la, analisá-la para emprego em seus
respectivos países, sendo assim, a Constituição de 1988 não deixou de legislar sobre o
meio ambiente, ou mesmo, sobre os recursos hídricos:
"São bens da União: os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
domínio, ou que banham mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais
e as praias fluviais" (art. 20, III).
"As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados" (art. 225, §3).
Como a poluição vem aterrorizando a sociedade atual, fez-se necessário legislar na "lei
superior" sobre ela, impondo sanções, penas para os que não cumprem com o seu
respectivo dever, ou seja, o de preservar.
As normas de emissão dos efluentes hídricos têm relação tanto com o uso do solo como
com a obtenção ou manutenção de um determinado padrão de qualidade da água.
Legislar sobre o que e em que quantidade pode ser lançado na água é matéria que diz
respeito primeiramente ao poder de polícia dos estados, pois não se está legislando
sobre as águas, quando se definem as normas de emissão. Entretanto, conforme forem
essas normas poder-se-á atingir ou não o padrão de qualidade determinado pela norma
federal. Portanto a norma de emissão estadual deverá conformar-se com a norma federal
de qualidade das águas (Machado, 1996, p.51).
Para a imposição de sanções sobre a poluição, foi legislado no CP. O Código Penal
Brasileiro de 1940 (Decreto-lei 2848, de 7 de Dezembro de 1940, com vigência a partir
de 1 de Janeiro de 1942) prevê o envenenamento de água potável ou de substância
alimentícia ou medicinal no art. 270 e a corrupção ou poluição de água potável no art.
271 – "Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a
imprópria para consumo ou nociva à saúde" – pena: reclusão de dois a cinco anos.
Modalidade Culposa – parágrafo único: se o crime é culposo: pena – detenção de dois
meses a um ano (Machado, 1996, p. 363).
A água em seu estado de pureza total não existe; deve-se imagina-la como uma
substância que se manifesta sob a forma de numerosas dispersões aquosas, de
composição muito variável, que lhe conferem, em conseqüência, características que
nem sempre são aquelas que representam a condição desejada.
A prova de se haver tornado a água imprópria para o consumo ou nociva à saúde deverá
ser feita por meio de perícia. As normas de emissão oriundas das autoridades ambientais
e os padrões de qualidade da água ajudarão na constatação do crime. Interessa
comprovar-se a probabilidade de dano para a saúde das pessoas e dos animais e a
transformação da água em imprópria ao consumo (Machado, 1996, p. 367).
Dada a importância da conservação do meio e dos recursos hídricos, várias leis foram
criadas para a conservação do meio, a lei 9605 de 12 de Fevereiro de 1998 é de grande
importância para tal recurso.
Art. 54 - Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de animais ou a
destruição significativa da flora:
Parágrafo 2º - Se o crime:
(...)
CONCLUSÃO
Feito um estudo e análise geral sobre os aspectos, efeitos e conseqüências que rodeiam a
poluição, foi possível verificar, em primeiro plano, que existem diversas formas de
poluição, mas a poluição hídrica, aqui abordada, tem sido muito comentada e é a causa
da grande preocupação da humanidade.
Disposto nos itens e capítulos anteriores, em termos de recursos hídricos, sabe-se que há
mecanismos legais interessantes e modernos capazes de diminuir a poluição. Porém, de
nada valerão se não houver uma aplicação correta, sendo importante nesse processo a
conscientização de todos de que a água, principalmente a doce, é o mais vulnerável dos
recursos naturais, não se esquecendo que esse importantíssimo bem é renovável mas
finito. Finito porque se a poluição for, por exemplo, por material radioativo, mercúrio
ou chumbo, estará comprometida a sua renovabilidade.
Também não podemos esquecer que a água que hoje utilizamos é a mesma de milhões
de anos, pois ela apenas muda seu estado em um ciclo eterno, de forma que não
podemos a contaminar, sob pena de comprometer a nossa própria sobrevivência.
BIBLIOGRAFIA
JÚNIOR, Paulo José da Costa. Direito Penal Ecológico. 2ª edição. Rio de Janeiro:
Forense Universitária. 1996.
MILARÉ, Édia. Direito Ambiental. 2ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais.
2001.