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POLUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Paranaíba - 2003

INTRODUÇÃO

Este trabalho objetiva a aplicação das normas técnicas abordadas como necessárias pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na realização de trabalhos
solicitados na graduação e em pesquisas. Sendo assim, foi selecionado um tema de
grande importância e repercussão no Brasil e no mundo, a gama de poluição que,
diariamente, é lançada nos rios, lagos, mares e oceanos.

Este tema foi escolhido devido à água ser um dos elementos mais importantes para a
manutenção da vida na Terra, sua maior ou menor abundância é que determina os
ecossistemas existentes no planeta. Para que isso ocorra de maneira benéfica para todos
os seres, a poluição, seja qual for, necessita ser tratada com toda a atenção e precaução.

Desde os tempos mais remotos o homem costuma lançar seus detritos nos cursos de
água. Até a Revolução Industrial, porém, esse procedimento não causava problemas, já
que os rios, mares, e oceanos têm considerável poder de auto-limpeza, de purificação.
Com a industrialização, a situação passou a sofrer profundas alterações. O volume de
detritos despejados nas águas tornou-se cada vez maior, superando a capacidade de
purificação dos rios e oceanos, que é limitada. Além disso, passou a ser despejada na
água uma grande quantidade de elementos que não são biodegradáveis, ou seja, que não
são decompostos pela natureza. Tais elementos - por exemplo, os plásticos, a maioria
dos detergentes e os pesticidas - vão se acumulando nos rios, lagos e oceanos,
diminuindo a capacidade de retenção de oxigênio das águas e, conseqüentemente,
prejudicando a vida aquática.

A água empregada para resfriar os equipamentos nas usinas termoelétricas e átomo-


elétricas e em alguns tipos de indústrias também causa sérios problemas de poluição.
Essa água, que é lançada nos rios ainda quente, faz aumentar a temperatura da água do
rio e acaba provocando a eliminação de algumas espécies de peixes, e a proliferação
excessiva de outras e, em alguns casos, a destruição de todas.
Como é possível verificar no trecho acima, existem inúmeras formas poluidoras que
infelizmente comprometem o bom andamento da vida, além delas existem a poluição
sonora, a poluição atmosférica, a poluição visual, entre muitas outras, mas neste
trabalho dar-se-á destaque à poluição hídrica enfrentada atualmente.

A exploração do tema escolhida será conduzida de forma didática, respeitando as


normas da ABNT, para tanto, será explorado vários conceitos, dados, e o principal, as
normas que regulam a poluição do meio ambiente, com a exemplificação e a análise de
artigos e leis acerca do tema.

CAPÍTULO I

1 - POLUIÇÃO
1. 1. O QUE É POLUIÇÃO

Desde muito tempo atrás, o homem, por meio do progresso tecnológico e da expansão
demográfica tem, infelizmente, degradado cada vez mais o meio ambiente em que vive,
pois necessita a cada dia de um maior aproveitamento das matérias-primas dispostas
pela natureza. Sendo assim, com o intenso uso da natureza, o homem acaba por
danificar a mesma, causando agressões violentas contra o meio ambiente, este que seria
um espaço onde se encontram os recursos naturais, inclusive aqueles já reproduzidos
(transformados) ou degenerados (poluídos) como no caso do meio ambiente urbano.

Assim, após conceituar o meio-ambiente, elemento fundamental para o entendimento


acerca da poluição, pode-se, de maneira ampla, porém segura, conceituar poluição
conforme o artigo 2º, inciso III, a, b, c, d, e decorrente da Lei n.º 6938/81 como sendo a
"degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente: prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem
condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a
biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou
energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos". "A noção de
‘poluição’ é definida de forma diversa nas legislações vigentes. O art. 1º da lei belga de
26 de março de 1971 qualifica como tal qualquer contribuição da atividade humana que
possa alterar a água em sua composição ou em sua qualidade, de modo a torna-la
inidônea ao uso, ou de degrada-la...".

1. 1. 1. Poluição Hídrica

Após a conceituação de meio ambiente e poluição, nota-se que, pelos conceitos


passados é possível encontrar várias espécies de poluição no mundo atual, como por
exemplo: a poluição sonora, decorrente da máxima utilização dos meios de transportes
aéreos e terrestres e de mais elementos que emitem ondas sonoras acima dos 80 "Dbz"
tolerados pela lei e pela medicina, a poluição visual, hoje encarada como natural nas
grandes cidades por meio das propagandas em outdoors, a poluição hídrica, atualmente
muito comentada e analisada por pesquisadores e cientistas. Essa poluição é causada
pela emissão de dejetos humanos, resíduos sólidos das mais variadas espécies, assim,
devido a sua grande interferência na vida dos seres humanos, a poluição hídrica é alvo
do trabalho aqui apresentado.

A água possui um ciclo indispensável à vida de qualquer ser vivo, ela pode existir em
abundância ou não, mas sempre terá grande importância à vida e também na
configuração dos ecossistemas. Mas como sempre existe um lado negativo, as águas
quase sempre são o destino final de quase toda poluição produzida pelo homem, mas
para que ela cesse, é necessária uma conscientização da população para que ocorra a
conservação, que constitui uma base de todo um processo de desenvolvimento que
possa receber o adjetivo sustentável. Pensando dessa maneira, o uso indiscriminado de
agrotóxicos na agricultura, associada à incidência de chuvas ou mesmo à prática de
irrigação, acarreta uma grande contaminação dos cursos e depósitos de água, incluindo
os lençóis freáticos, acarretando, também, prejuízos, agressões à saúde humana, seja de
forma direta ou indireta; existem, também, os danos causados à flora e principalmente à
fauna, que são de alta gravidade, assumindo dimensões crescentes, à medida que os usos
de atividades agrícolas poluidoras se expandem, impulsionadas pelo crescimento dos
mercados interno e externo.
A título de exemplo, Passos de Freitas exemplifica o problema da seguinte maneira:

O Brasil, nos últimos anos, vem tomando consciência do problema. Afinal, um povo que
possui os maiores rios do mundo tem dificuldade em imaginar que pode ficar sem água.
Mas, apesar de termos cerca de 13,7% da água doce disponível no mundo, a verdade é
que os problemas vêm se agravando. No Nordeste a falta de água é crônica. No Sudeste
ela é abundante, porém de má qualidade. A invasão de áreas de mananciais hídricos
pela população carente é um dos maiores problemas de São Paulo. Os dejetos
industriais lançados no rio Paraíba do Sul tornam precária a água que abastece o Rio
de Janeiro e outras cidades. Falta água para irrigar os arrozais do Rio Grande do Sul.

Atualmente, várias legislações têm a poluição hídrica como ponto fundamental na


elaboração de normas para regulamentação, assim como no Wasserhaushaltsgesetz
alemão nos §§ 3, 22, 26, 27, 32 ter, 38, identificam como poluição hídrica como sendo
qualquer espécie de "transformação prejudicial" da água, mediante alteração de suas
propriedades físicas, químicas e biológicas. A lei francesa de 16 de novembro do ano de
1964, no seu primeiro artigo, entende como poluição hídrica sendo qualquer operação
apta a provocar ou acrescentar a degradação das águas, mediante modificação de suas
características físicas, químicas, biológicas ou bacteriológicas. Mais genérica é a
conceituação dada pela lei holandesa em seu primeiro artigo: "qualquer descarga de
substâncias de qualquer modo prejudiciais à qualidade das águas superficiais". Assim,
é possível verificar a divergência, ou a amplitude quanto à conceituação de poluição
hídrica.

1. 1. 1. 1. Causas da Poluição Hídrica

Como fruto da atuação do homem sobre o meio ambiente, surge o problema da poluição
dos rios, lagos, oceanos, enfim, do sistema hídrico. As fontes de poluição da água dos
rios são advindas dos esgotos domésticos, despejos industriais, escoamento da chuva
das áreas urbanas e das águas de retorno de irrigação. Desse modo, principalmente no
atual século, o grande crescimento populacional e o desenvolvimento industrial, além
do uso, cada vez maior, de fertilizantes químicos e inseticidas nas lavouras têm causado
sérios danos aos rios e a vida de modo geral. As grandes concentrações de nitrogênio e
fósforo, usados nos adubos e fertilizantes, constituem um tipo muito comum de
poluição da água. As enxurradas transportam para os rios os fosfatos e nitratos. Estes
nutrem as plantas aquáticas, as quais, multiplicando-se (especialmente algas), absorvem
o oxigênio da água. Por sua vez, a falta de oxigênio provoca a morte de muitas plantas e
animais que, ao se decomporem, aumentam a poluição. Além deste fato, muitos outros
são causadores da poluição dos recursos hídricos (Ramos, 2003):

Os inseticidas usados nas lavouras, que destroem o fitoplâncton existente nos rios, o
qual é responsável pela renovação de 70% do oxigênio da atmosfera;

Os sedimentos que são transportados para os rios, pelas enxurradas, em decorrência


de práticas agrícolas que não se preocupam com a conservação do solo. Os sedimentos
ou detritos não deixam a luz do sol penetrar na água, dificultando as formas de vida
subaquáticas;
Quando é ultrapassada a capacidade de autodefesa da água em sanear os detritos, em
virtude do excesso de esgoto despejado nos rios, ocorre o aparecimento de gases
nocivos à vida aquática.

Assim, as poluições dos recursos hídricos são classificadas em:

Poluição Biológica: causada pelos esgotos urbanos ou por certas indústrias que
lançam substâncias que favorecem a proliferação que microorganismos que consomem
grande quantidade de oxigênio da água, assim, causando a morte de peixes que ali
vivem, não por envenenamentos, mas sim por asfixia.

Poluição Química: provocada por substâncias não biodegradáveis presentes na água.


São aquelas que não podem ser decompostas pela ação dos microorganismos como
metais pesados, detergentes, herbicidas, pesticidas, petróleo e outros.

Poluição Física: provocada por resíduos radioativos com precipitação atômica, cujo
perigo indireto manifestando-se de forma cancerígena e genética (Ramos, 2003).

Esses são os principais causadores da poluição hídrica atual. Foi dada apenas uma breve
introdução, esses elementos serão aprofundados no capítulo II – Crise dos Recursos
Hídricos.

CAPÍTULO II

2 - CRISE DOS RECURSOS HÍDRICOS

2. 1. RECURSOS HÍDRICOS

O sistema hídrico mundial é muito rico, tanto é que a maior porção do Planeta Terra é
banhado por água, compreendendo lagos, rios, águas subterrâneas e os oceanos (cobre a
maior parte da Terra). Para demonstrar numericamente a grandiosidade dos recursos
hídricos, dados estimados divulgados pela ONU mostram que, infelizmente, 97,5% da
água encontrada no planeta é inconsumível, pois 95% são salgadas, portanto estão nos
oceanos e 2,5% das águas estão presentes nas geleiras, sobrando apenas 2,5% de reserva
de água doce, desse total, apenas 0,07% está acessível ao consumo humano.

O Brasil possui grande importância quando relacionado aos recursos hídricos, pois 8%
de toda água existente está nele, estando 80% na região Amazônica. Isso se reforça mais
quando se compara a falta de água que atinge, aproximadamente, um quinto da
população mundial, faltando esse recurso, permanentemente, em 22 países. Estudos da
ONU (Organização das Nações Unidas) ainda estimam que problemas de abastecimento
de água irão afetar dois terços da humanidade por volta do ano 2025 – hoje, como já foi
exposto, um quinto da população mundial sofre com a falta de água potável e o estoque
disponível vem sendo contaminado pela falta de tratamento (Fundo Mundial para a
Natureza, WWF, 1999).

Apesar das grandes dificuldades que o homem, no decorrer dos anos, impôs ao sistema
hídrico, existem diversas utilidades que são possíveis de se destacar, como por exemplo:
a irrigação na agricultura, o uso na indústria (após o uso, ser tratada), o uso doméstico,
para a pesca, para geração de energia elétrica, para o turismo e, também, são
importantíssimos para os recursos viários, o que não pode ser esquecido devido ao fator
do desenvolvimento econômico.

2. 2. PRINCIPAIS CAUSAS DA POLUIÇÃO HÍDRICA

A partir do momento em que um fator for prejudicial à vida, será também considerado
poluente. Assim, praticamente todo agente físico ou químico torna-se poluente quando
ultrapassa certo limite em relação ao meio ambiente natural.  

Tipos de agentes poluentes da água (Fundo Mundial para a Natureza, WWF, 1999):

 Íons de metais de transição - Cu, Hg, Pb, Ni, Cd;


 Compostos orgânicos - Inseticidas, detergente, petróleo;
 Nutrientes de plantas - NO, PO;
 Substâncias radioativas - Despejos com urânio;
 Agentes biológicas - Bactérias e vírus;
 Calor - Água utilizada na refrigeração de sistemas industriais e usinas nucleares;
 Despejos que retiram o oxigênio dissolvido - despejos de animais, vegetação em
decomposição.

2. 2. 1. Despejos Industriais

Apenas 10% da água utilizada no planeta são para fins domésticos. Boa parte da água
doce é destinada à indústria ou à agricultura. Considera-se atualmente que as indústrias
são responsáveis por dois terços do total de poluentes produzidos pelo ser humano.

As principais indústrias poluentes são as fabrica de papel, de alimentos, metalúrgicas e


de química pesada (produtora de ácidos, sais, bases, óxidos e fertilizantes) (Bronzati,
2003).

2. 2. 2. Os Detergentes

São substâncias que facilitam a dissolução de óleos e gorduras na água. Quando os


despejos domésticos e industriais são lançados nos rios, há bactérias que atacam os
detergentes biodegradáveis, transformando em moléculas menores, facilitando, assim,
sua eliminação. No entanto, há detergentes não-biodegradáveis, altamente poluentes que
só podem ser eliminados por técnicas especiais (Bronzati, 2003).

2. 2. 3. Os Inseticidas

Também chamados de agrotóxicos, os inseticidas são importante fonte de contaminação


de lençóis freáticos, rios e alimentos vegetais. Foi em 1939 que surgiu o DDT (Dicloro-
difenil-tricloro-etano). Atualmente mais de cem espécies de insetos tornaram-se
resistentes a o DDT. Além disso, a razoável estabilidade da molécula desse inseticida,
faz com que ele se acumule na cadeia alimentar; aparecem também algumas espécies
animais que já estão até mesmo ameaçadas de extinção pelo acúmulo de inseticidas em
seus organismos. Devido a esses fatores, os cientistas passaram a pesquisar vários tipos
de inseticidas como "paration" e o "sevin". O paration, se decompõe rapidamente, mas é
o mais tóxico para o ser humano que o DDT. O sevin é um dos inseticidas mais
utilizados atualmente. Apesar de ser menos tóxico que DDT, ele tem o inconveniente de
degradar-se com facilidade de modo que sua eficácia depende de freqüentes
pulverizações (Bronzati, 2003).

2. 2. 4. Poluição Térmica

Você já percebeu que os refrigerantes que borbulham mais intensamente em condição


ambiente (25ºC) do que em baixas temperaturas?

Isso ocorre, porque o gás carbônico é pouco solúvel em água, e o aumento da


temperatura favorece o seu escape. O mesmo fenômeno também ocorre com o gás
oxigênio. Quanto às águas de um rio, por exemplo, tornam-se mais quentes, há também
oxigênio menos dissolvido.

A poluição térmica baseia-se nesse fenômeno. Assim, quando uma usina nuclear aquece
as águas de um rio, a redução da quantidade de oxigênio dissolvido prejudica todos os
seres aquáticos da região (Bronzati, 2003).

2. 2. 5. Ocupação Desordenada do Solo

O crescimento caótico das grandes cidades, com a ocupação de áreas de importantes


mananciais, é um fator importante para a poluição das águas e a devastação de áreas
urbanas. Na cidade de São Paulo, segundo informações do Instituto Sócio-Ambiental
(ISA), entre 1989 e 1996, a região em torno das represas Billings e Guarapiranga, que
abastecem os paulistanos, concentra 76% do crescimento populacional da capital. Em
conseqüência, as áreas próximas da Guarapiranga perderam 15% de sua cobertura
vegetal. Essa ocupação normalmente é feita por loteamentos clandestinos, cujos esgotos
acabam lançados nas águas das represas (Ronney, 2003).

2. 2. 6. Desastres Ecológicos

Nos últimos anos, rios e mares têm sido seriamente afetados por grandes desastres
ambientais. Um dos principais ocorre em janeiro de 2000, quando um vazamento de 1,3
milhão de litros de óleo de uma refinaria da Petrobras poluiu a baía de Guanabara, no
Rio de Janeiro. Em setembro do mesmo ano, 4 milhões de litros de óleo escapam de
outra refinaria da estatal no Paraná, atingindo o rio Iguaçu. A seqüência de acidentes
envolvendo a empresa continua em 2001. Em fevereiro vazou 50 mil litros de óleo
diesel de um duto da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, numa região de preservação
ambiental, em Morretes (PR) (Ronney, 2003).

2. 2. 7. Substâncias Tóxicas

Os agrotóxicos utilizados nas lavouras acabam, por meio das chuvas, atingindo rios e
lençóis freáticos. Não há números sobre o consumo desses produtos em território
brasileiro, embora estimativas indiquem que em 1999 eles movimentaram 2,3 bilhões de
dólares no país. Por razão da agressão ao ambiente e dos males causados à saúde pelos
agrotóxicos e por outras substâncias tóxicas, 90 países, entre eles o Brasil, assinaram em
maio de 2001 um acordo para eliminar ou reduzir o uso de 12 Poluentes Orgânicos
Persistentes (POPs). Dos poluentes proibidos – aldrin, clorano, mirex, dieldrin, DDT,
dioxinas, furanos, PCB, endrin, heptacloro, HCB, toxafeno –, o Brasil ainda utiliza o
DDT, o HCB e o heptacloro. As bacias hidrográficas brasileiras sofrem ainda com os
efeitos de atividades econômicas que degradam o ambiente e afetam a saúde da
população. De acordo com a Fundação Onda Azul, entre 35 mil e 40 mil toneladas de
mercúrio são lançadas por ano pelo garimpo nos rios da região Amazônica,
contaminando cerca de 10 mil pessoas (Ronney, 2003).

Capítulo III

3 - Normas Reguladoras

Após ter analisado a poluição e a grande crise que ronda os recursos hídricos, se faz
necessário integrar esses assuntos às normas reguladoras, ou seja, as leis que regulam o
dia-a-dia da população.

É necessário ficar assentado que as normas de proteção do meio ambiente não se


destinam necessariamente a modificações radicais da relação homem-natureza. Na
maior parte das vezes, tais normas contêm prescrições de caráter quantitativo. Isto é, a
preocupação dominante gira em torno de quanto de poluente, quanto de abstenção ou de
exploração etc. É no interior do desenvolvimento industrial-tecnológico moderno que
devem ser encontrados os meios de proteção e conservação dos recursos naturais.
Pensar em proteção do meio ambiente é uma clara opção pela continuidade desta
sociedade. A natureza continua recurso natural, permanece objeto estranho ao sujeito,
por ela somente identificada mediante sua apropriação e transformação (Derani, 2001,
p.77).

Assim, "as normas ambientais são essencialmente voltadas a uma relação social e não a
uma assistência à natureza. O direito ambiental é um direto para o homem. É um direito
que deve ver o homem em todas as dimensões de sua humanidade" (Derani, 2001,
p.79).

3. 1. NORMAS

"Corromper ou poluir" são conceitos que já devem estar claros ao leitor, após ser tão
explorado e analisado. Partindo desse ponto, a poluição será analisada segundo as
normas reguladoras.

3. 1. 1.Constituição

A Constituição Brasileira de 1988 é uma das mais modernas do mundo, sendo muito
admirada por outras nações, que vêm pesquisá-la, analisá-la para emprego em seus
respectivos países, sendo assim, a Constituição de 1988 não deixou de legislar sobre o
meio ambiente, ou mesmo, sobre os recursos hídricos:

"São bens da União: os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
domínio, ou que banham mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais
e as praias fluviais" (art. 20, III).
"As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados" (art. 225, §3).

Como a poluição vem aterrorizando a sociedade atual, fez-se necessário legislar na "lei
superior" sobre ela, impondo sanções, penas para os que não cumprem com o seu
respectivo dever, ou seja, o de preservar.

"Compete privativamente à União legislar sobre: IV – águas, energia, informática,


telecomunicações e radiodifusão" (art. 22, IV) Porém,  apesar da legislação
constitucional dizer que a competência legislativa sobre a questão hídrica ser da União,
não se pode retirar dos Estados e dos Municípios o poder de legislar supletivamente
(art.25, § 1º e art.30, I e II, ambos da Constituição Federal, respectivamente).
    Ademais, os problemas de poluição ultrapassam as fronteiras municipais, estaduais e
muitas vezes nacionais, atingindo locais distantes da fonte poluidora, o que torna
inoperante a tentativa de diminuí-los sem a participação de todos os envolvidos,
acrescentando aí a sociedade civil.

As normas de emissão dos efluentes hídricos têm relação tanto com o uso do solo como
com a obtenção ou manutenção de um determinado padrão de qualidade da água.
Legislar sobre o que e em que quantidade pode ser lançado na água é matéria que diz
respeito primeiramente ao poder de polícia dos estados, pois não se está legislando
sobre as águas, quando se definem as normas de emissão. Entretanto, conforme forem
essas normas poder-se-á atingir ou não o padrão de qualidade determinado pela norma
federal. Portanto a norma de emissão estadual deverá conformar-se com a norma federal
de qualidade das águas (Machado, 1996, p.51).

3. 1. 2. Código Penal Brasileiro

Para a imposição de sanções sobre a poluição, foi legislado no CP. O Código Penal
Brasileiro de 1940 (Decreto-lei 2848, de 7 de Dezembro de 1940, com vigência a partir
de 1 de Janeiro de 1942) prevê o envenenamento de água potável ou de substância
alimentícia ou medicinal no art. 270 e a corrupção ou poluição de água potável no art.
271 – "Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a
imprópria para consumo ou nociva à saúde" – pena: reclusão de dois a cinco anos.
Modalidade Culposa – parágrafo único: se o crime é culposo: pena – detenção de dois
meses a um ano (Machado, 1996, p. 363).

A interpretação de "água potável" tem apresentado dificuldades de interpretação entre


os doutrinadores, para solução desse impasse, Ben-Hur conceitua de forma clara que:

A água em seu estado de pureza total não existe; deve-se imagina-la como uma
substância que se manifesta sob a forma de numerosas dispersões aquosas, de
composição muito variável, que lhe conferem, em conseqüência, características que
nem sempre são aquelas que representam a condição desejada.

A prova de se haver tornado a água imprópria para o consumo ou nociva à saúde deverá
ser feita por meio de perícia. As normas de emissão oriundas das autoridades ambientais
e os padrões de qualidade da água ajudarão na constatação do crime. Interessa
comprovar-se a probabilidade de dano para a saúde das pessoas e dos animais e a
transformação da água em imprópria ao consumo (Machado, 1996, p. 367).

3. 1. 3. Lei Federal 9.605/98

Dada a importância da conservação do meio e dos recursos hídricos, várias leis foram
criadas para a conservação do meio, a lei 9605 de 12 de Fevereiro de 1998 é de grande
importância para tal recurso.

Art. 54 - Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de animais ou a
destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Parágrafo 1º - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo 2º - Se o crime:

(...)

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento


público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos


ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

CONCLUSÃO

Feito um estudo e análise geral sobre os aspectos, efeitos e conseqüências que rodeiam a
poluição, foi possível verificar, em primeiro plano, que existem diversas formas de
poluição, mas a poluição hídrica, aqui abordada, tem sido muito comentada e é a causa
da grande preocupação da humanidade.

Disposto nos itens e capítulos anteriores, em termos de recursos hídricos, sabe-se que há
mecanismos legais interessantes e modernos capazes de diminuir a poluição. Porém, de
nada valerão se não houver uma aplicação correta, sendo importante nesse processo a
conscientização de todos de que a água, principalmente a doce, é o mais vulnerável dos
recursos naturais, não se esquecendo que esse importantíssimo bem é renovável mas
finito. Finito porque se a poluição for, por exemplo, por material radioativo, mercúrio
ou chumbo, estará comprometida a sua renovabilidade.
   Também não podemos esquecer que a água que hoje utilizamos é a mesma de milhões
de anos, pois ela apenas muda seu estado em um ciclo eterno, de forma que não
podemos a contaminar, sob pena de comprometer a nossa própria sobrevivência.

Além disso, sem efetivas mudanças comportamentais da sociedade moderna e uma


concreta aplicação de diretrizes de proteção ambiental, o sistema aquático mundial
experimentará em poucas décadas um verdadeiro colapso ecológico; rios e lagos 
passarão a ser massas de água sem vida e os oceanos imensos depósitos de lixo e
dejetos, não propi-ciando mais condição de vida à própria humanidade. Uma frase do
ilustre pensador indiano, Mahatma Gandhi, sintetiza a idéia geral do trabalho aqui
exposto: "Que Deus jamais permita que a Índia adote a industrialização à maneira do
Ocidente. A Inglaterra precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar tal
prosperidade. De quantos planetas um país grande como a Índia iria precisar?"

Portanto, é possível concluir, que o objetivo do trabalho foi alcançado de maneira


satisfatória, obedecendo aos critérios e às normas estabelecidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com a abordagem da poluição hídrica.

BIBLIOGRAFIA

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