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Poluição por resíduos plásticos nos mares e oceanos

O que é a poluição?

Entende-se por poluição tudo aquilo que tem ação do homem, direta ou indiretamente,
ocasionando danos, mesmo que relativos à qualidade de vida em seu sentido biológico quanto
social, que refletem tanto na saúde do homem, quanto para os recursos vivos e atividades
marinhas (MONTONE, [s.d.]).
Os agentes que provocam essa poluição, são chamados de poluentes, tais como: detritos presentes
em rios e praias, gases nocivos na atmosfera ou até mesmo um ruído excessivo (LEAL et al., 2008).

Contexto histórico

Não é surpresa para ninguém que a Revolução Industrial foi um período de grandes mudanças
socioeconômicas, se iniciando na Inglaterra e sendo disseminada pelo mundo. A grande questão é
que essa revolução representou a consolidação e caracterização do sistema capitalista que
conhecemos hoje, além também de ter sido a responsável por intensificar a produção e níveis de
consumo, graças a mecanização das indústrias, a exploração da mão de obra e extensas jornadas de
trabalho, possibilitaram uma maior produção de mercadorias em curtos espaços de tempo.
Essa produção em massa de produtos com baixas durabilidades, não foi um dos únicos problemas
enfrentados nessa época, tivemos também um aumento considerável de concentrações humanas
em algumas cidades (LEAL et al., 2008).

Fonte: Pplware.

Mas afinal, o que isso tudo tem a ver com a poluição dos mares e oceanos?

Antes mesmo do início da Revolução Industrial, já existiam indícios de poluição e de lançamento


de detritos nos corpos d’água e o lixo produzido era composto principalmente por sobras de
alimentos (FAGUNDES; MISSIO, 2021).
No entanto, a industrialização fez com que esses níveis se intensificassem, em relação a quantidade
e variedade de resíduos produzidos e elementos biodegradáveis, como plásticos, pesticidas e
detergentes, de modo que os rios, lagos e oceanos não conseguissem realizar o processo de retenção
de oxigênio das águas. Além disso, passou a ser despejado nas águas um grande volume de
detritos, prejudicando a capacidade de autodepuração desses ambientes (LEAL et al., 2008).
A autodepuração é um processo natural de recuperação que consiste na neutralização de cargas
poluidoras de origem orgânica (ANDRADE, 2010). Juntamente com a industrialização, a
urbanização também trouxe inúmeros problemas ambientais, como por exemplo o acúmulo de
lixo, o enorme volume de esgotos, os congestionamentos de tráfego e entre outros. Cabe ressaltar,
que esses processos se intensificaram em cidades grandes, mas também afetou os lugares mais
afastados através da exploração mineral, construção de ferrovias e rodovias e de grandes
empreendimentos (LEAL et al., 2008).

Além disso, estima-se que a acidez dos oceanos aumentou em 30% desde a primeira Revolução
Industrial, devido às intensas emissões de poluentes na atmosfera. Essa acidez se dá pela absorção
do CO2 pelos oceanos, formando o ácido carbônico que por ser uma molécula instável, se dissocia
formando íons carbonato (CO3-2) e hidrogênio (H+). Essa dissociação ocasiona o aumento da
concentração de H+, reduzindo a saturação do íon carbonato.

Entre as consequências dessa acidificação, podemos citar danos irreversíveis principalmente para
os indivíduos calcificadores como as algas, corais e mariscos (SODRÉ et al., 2016).

Fonte: UERJ em dia.


Os plásticos podem ser considerados como um dos principais materiais que chegam aos mares e
oceanos através das redes de esgoto ou pela poluição em áreas litorâneas (FAGUNDES;
MISSIO, 2021).
Por se tratar de um material bastante maleável, seu uso tem se intensificado ao longo da história,
sendo utilizado para inúmeras atividades do cotidiano, já que apresentam uma série de propriedades
que conferem seu baixo custo e peso. Dentre esses materiais, podemos citar sua utilização em
embalagens, materiais sanitários ou médicos, peças de automóveis, materiais de construção e
muitos outros (CARVALHO, 2015).
Uma das grandes preocupações dos ambientalistas, é em relação ao plástico que possui uso único,
ou seja, aqueles que são descartados logo após sua utilização, como no caso dos canudos, copos,
sacolas e talheres descartáveis, constituindo grande porcentagem dentre os produtos que são
descartados (Revista FAPESP, 2019).

Fonte: Revista de Pesquisa da FAPESP. Infográfico Alexandre Affonso

Os plásticos apresentam-se como uma grande ameaça para o ecossistema oceânico, pois
conseguem se transportar pelas correntes marinhas, por serem leves e podem levar grande tempo
para serem degradados (CARVALHO, 2015).
Além disso, os pedaços de plásticos ou até mesmo redes e linhas de pesca depositados no ambiente
marinho também oferecem um grande risco para animais como focas, golfinhos e tartarugas que
podem se enroscar, causando sua morte. Ademais, espécies de baleias e tubarões para capturar
seu alimento, acabam engolindo diariamente centenas de metros cúbicos de água e durante esse
processo, podem acabar ingerindo algum tipo de plástico (FAGUNDES; MISSIO, 2021).

Fonte: Conexão Planeta


Além disso, esses materiais com o passar dos anos, graças à exposição ao sol vão se fragmentando
em pequenas partículas, se transformando no que chamamos de microplásticos, que são
partículas plásticas inferiores a 5mm.

Essas partículas, são capazes de passar até mesmo pela filtragem das estações de tratamento de
água e de absorver produtos tóxicos dos oceanos, como metais pesados, pesticidas, e alguns
poluentes orgânicos, levando esses contaminantes para diversas áreas do planeta. Por se misturar ao
plâncton, esse material acaba afetando a fauna marinha diretamente, pois muitos animais acabam
ingerindo essas partículas e os contaminantes do plástico podem causar no animal o bloqueio do
trato gastrointestinal ou até mesmo intoxicação, podendo na grande maioria das vezes levar a
morte.

Estima-se que os microplásticos primários são oriundos de redes de pesca, microfibras de roupas
de tecido sintético, produtos de higiene pessoal e pelos “pellets” que são utilizados na etapa de
produção do plástico e dispersos durante o pré-consumo chegando de forma direta ou indireta nos
ambientes marinhos. Enquanto os microplásticos secundários são originados de macromoléculas
que se fragmentam, processo que pode demorar 500 anos ou mais (VASCONCELOS et al.,2019).

Fonte: Revista de Pesquisa da FAPESP.

Como podemos ajudar?

Além das iniciativas de empresas privadas e do poder público, podemos também contribuir para a
diminuição da quantidade desses materiais e consequentemente a diminuição da poluição nos
oceanos e mares através do descarte correto dos resíduos sólidos e quando possível fazer sua
reutilização.
Estima-se inclusive que no Brasil são produzidas 240 mil toneladas de lixo e apenas 2% desse
valor é reciclado. Com isso, devido à preocupação com esse crescente número de resíduos,
algumas medidas preventivas vêm sendo apresentadas, sendo ela a política 5 R’s: reduzir,
reutilizar, reciclar, repensar e recusar. O seu principal objetivo é ocasionar a mudança de hábitos
presentes no cotidiano, causando uma reflexão a respeito dos valores e práticas do cidadão para
ocasionar a redução do consumo e do desperdício (SILVA et al., 2017).

Quer saber mais sobre a reciclagem? Leia o texto "Como realizar a Reciclagem?".
Fonte: UFPA.

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, Larice Nogueira de. Autodepuração dos corpos d’água. Disponível em:
<https://pt.scribd.com/document/355472902/004-AUTODEPURACAO-DOS-CORPOS-D-AGUA-
Larice-Nogueira-de-Andrade-pdf>. Acesso em: 05/04/2021.

CARVALHO, Márcio Santos. Quantificação e qualificação de resíduos sólidos coletados em


áreas estuarinas dos municípios de São Francisco do Conde e Maragojipe, Bahia. 2015.
Disponível em: < http://www.repositoriodigital.ufrb.edu.br/handle/123456789/1047>. Acesso em:
18/04/2021.

FAGUNDES, Lena Marques; MISSIO, Eloir. Poluição Plástica: Impactos sobre a vida marinha.
Disponível em: <https://1library.co/document/yd71761y-poluicao-plastica-impactos-sobre-a-vida-
marinha.html>. Acesso em: 08/04/2021.

FAPESP. Planeta Plástico. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/planeta-plastico/>.


Acesso em: 18/04/2021.

LEAL, Georla Cristina Souza de Gois; FARIAS, Maria Sallydelandia Sobral; ARAUJO, Aline de
Farias. O processo de Industrialização e seus impactos no ambiente urbano. Qualit@s Revista
Eletrônica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008. Acesso em: 05/04/2021.

MONTONE, Rosalinda Carmela. Poluição Marinha. Disponível em: <


https://cenepsantos.com.br/storage/download/biblioteca/Poluição%20marinha.pdf>. Acesso em:
21/04/2021.

SILVA, Saionara et al. Os 5 R’S da sustentabilidade. Disponível em: <


http://coral.ufsm.br/seminarioeconomia/images/anais_2017/OS_5_RS_DA_SUSTENTABILIDAD
E_OS_5_RS_DA_SUSTENTABILIDADE_OS_5_RS_DA_SUSTENTABILIDADE_OS_5_RS_D
A_SUSTENTABILIDADE_OS_5_RS_DA_SUSTENTABILIDADE_OS.pdf>. Acesso em:
19/04/2021.

SODRÉ, Camila Fernanda Lima; SILVA, Yuri Jorge Almeida; MONTEIRO, Isabella Pearce.
Acidificação dos Oceanos: fenômeno, consequências e necessidade de uma Governança
Ambiental Global. REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em
Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 – São Luis,
Maranhão. Acesso em: 19/04/2021.

VASCONCELOS, Virginia de Souza; SANTOS, Stéfany Lucena; AVELINO, Maria Clara


Godinho Somer. Poluição dos oceanos por microplásticos e suas interferências no ambiente
marinho. Revista Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS - Volume 16 – Número 1 – Ano 2019.
Acesso em: 09/04/2021.

Sobre a autora: Bruna Matias Scucuglia, graduanda em Ciências Biológicas/Bacharelado-UFU,


gosta de animais e música.
Contato: brunascucuglia@gmail.com @bnscucuglia

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