Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
legislação do ambiente.
Autor: Manuel Marques1
Resumo
O presente artigo tem por objectivo descrever a legislação e quadro legal da gestão do lixo plástico
e o seu impacto no ecossistema marinho. A produção de resíduos sólidos é uma situação
antropológica que preocupa o ser humano desde a sua aparição no Planeta Terra, principalmente
quando inventou o uso de instrumentos, tanto para a produção de alimentos assim como para
obtenção de abrigo em diferentes momentos do ano. O aumento da produção mundial de plásticos e
a falta de programas de gestão adequada de resíduos pós-consumo resultam no descarte inadequado
e na sua disposição nos ambientes terrestres e aquáticos, causando inúmeros impactos ambientais e
afectando, inclusive, a saúde humana. Como bens duradouros, os plásticos tendem a permanecer
por muito tempo onde forem depositados. Por seu alto poder calorífico, versatilidade e resistência,
os plásticos devem ser tratados como matéria-prima pós-consumo e não como lixo. Com vista a
materialização do artigo fez-se uso do método analítico-descritivo, fazendo uso do levantamento
bibliográfico e documental permitindo deste modo, a fundamentação e base lógica das
conceituações.
1 Introdução
O lixo plástico é um flagelo que esta afectando a maior parte do nosso planeta, desde as
zonas urbanas até as zonas rurais. Os plásticos estão sendo usados sem se ter em conta o
tipo de perigo que eles podem criar ao nosso planeta terra.
Nos tempos actuais tem-se notado alterações climáticas no nosso planeta. O aquecimento
global, a alteração da qualidade do solo, cheias derivadas de ciclones ou vendavais são
alguns exemplos dos efeitos dessas alterações climáticas. Para além dos factores naturais,
os artificiais ou mesmo humanos são os que tomam contornos alarmantes na
desestabilização do meio ambiente.
Um exemplo notável na poluição do meio ambiente é o índice elevado de lixo plástico que
se encontra descartado indiscriminadamente em quase toda parte, em todos os oceanos, em
diversas praias continentais e ilhas oceânicas afastadas, na superfície e fundo do mar, nas
geleiras dos polos norte e sul, nos sedimentos marinhos e ilhas flutuantes de resíduos e no
ar.
Olhando para o fim que pode nos reservar este tipo de comportamento, torna-se necessário
o desenvolvimento de programas com vista na consciencialização da comunidade utente
destes dejectos para o uso consciente e sustentável destes plásticos.
1
O aumento da preocupação com o plástico no ambiente compeliu os governos e diversos
organismos a iniciar a discussão, no sentido de buscar uma solução, tanto por meio de
directrizes, como por meio da legislação e políticas públicas com vista na gestão dos
diversos resíduos, em particular o plástico.
É com esta nobre preocupação para com o meio ambiente, em particular os oceanos, que se
propõe a presente pesquisa, objectivada a descrever a legislação e quadro legal da gestão do
lixo plástico e o seu impacto no ecossistema marinho.
2 Procedimentos Metodológicos
Com isso pode-se dizer que quando se mistura todo o material descartado, temos o lixo.
Quando fazemos a separação do lixo e encontramos materiais que podem ser reutilizados,
temos o resíduo sólido (SILVA & ALMEIDA, 2010).
Destaca-se que todos os resíduos, embora em estado líquido ou pastoso, são caracterizados
como resíduo sólido.
A poluição marinha possui como característica a presença tanto de lixos sólidos, quanto de
poluentes líquidos no mar e oceano. É importante frisar que essas acções são frutos da
actividade humana.
Para entender melhor essa questão, é preciso saber que existem quatro grandes causadores
da poluição no mar. São eles:
Depósito inadequado de resíduos urbanos;
Actividade desregrada de turistas no veraneio;
Descarte deliberado de resíduos pelo mercado industrial;
Descarte de resíduos por países que burlam das regras de controle de resíduos;
Lançamento de resíduos pela navegação comercial e turística.
Um dos problemas é que rios, lagos e lagoas carregam milhões de toneladas de efluentes
domésticos e industriais, e de resíduos sólidos para os mares e oceanos. Quando este
material poluente chega às áreas estuarinas — transição entre um rio e o mar — da costa,
acaba se juntando com os resíduos descartados pelos moradores das cidades litorâneas.
Isso acaba criando um sério agravante para o oceano.
Outro problema preocupante, dentre os quatro causadores, trata-se das acções ilegais e
incorrectas das empresas no descarte de resíduos. As indústrias são as principais
produtoras de tudo que é consumido no mercado, e além dos resíduos que geram-se após o
uso do produto, durante as actividades da empresa, produz muitos resíduos. Muitas
organizações realizam a disposição incorrecta dos resíduos, apropriando-se de lugares
inadequados como o oceano.
A poluição marinha pode levar uma série de resultados negativos, vejamos alguns deles:
Morte dos animais marinhos;
Problemas gerados para o meio ambiente;
Desequilíbrios nos ecossistemas marinhos;
Contaminação de peixes e outros animais marinhos;
Águas das praias tornam-se impróprias para o banho;
Redução das actividades de pesca.
A gestão dos resíduos sólidos urbanos deve sempre estar em consonância com os
princípios estabelecidos pela Agenda 21, bem como em atendimento às exigências legais.
Os quatro pilares fundamentam o chamado Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
(PGRS). A elaboração do PGRS visa à destinação final adequada dos resíduos sólidos e
evitando que eles sejam jogados de forma indiscriminada no meio ambiente. A seguir é
apresentada de forma detalhada a estrutura do PGRS.
5.1.1 Acondicionamento
É a etapa de preparação dos resíduos para a colecta adequada de acordo com o tipo e
quantidade gerada. Os resíduos são acondicionados em recipientes próprios e mantidos até
o momento em que são colectados e transportados ao aterro sanitário ou outra forma de
destinação final. Destaca-se que o acondicionamento dos resíduos deve ser realizado de
forma a evitar acidentes e proliferação de vectores. Assim, esta etapa pode ser considerada
temporária, mas, sem dúvida, fundamental para o êxito do PGRS, pois pode facilitar a
colecta dos resíduos.
5.1.2 Colecta
Cabe destacar que a colecta geralmente é realizada por caminhões, que transportam o
resíduo até o destino final pretendido.
5.1.3 Transporte
Após a etapa de colecta dos resíduos, o próximo passo corresponde ao transporte desses
resíduos à etapa de tratamento, e posteriormente, à destinação final. Nesta etapa, devem ser
tomados alguns cuidados com relação às exigências legais, buscando sempre verificar e
atender às normas de transporte de resíduos da localidade, bem como atentar para o
arquivamento de certificados e manifesto de transporte de resíduos, já que, por meio
destes, é possível assegurar que o resíduo foi transportado de forma adequada até o destino
final, que pode ser a reciclagem ou o tratamento.
5.1.4 Reciclagem
Cabe destacar que a reciclagem apresenta relevância ambiental, económica e social, com
implicações que se desdobram em esferas, tais como: organização espacial, preservação e
uso racional dos recursos naturais, conservação e economia de energia, geração de
empregos, desenvolvimento de produtos, geração de renda e redução de desperdícios, entre
outros (CALDERONI, 2003).
5.1.5 Tratamento
Esta etapa tem por objectivo reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos
sólidos, impedindo o descarte inadequado deles no meio ambiente, transformando-os em
material inerte ou biologicamente estável. Para os resíduos orgânicos, uma alternativa
sustentável é a compostagem.
5.1.6 Compostagem
A última etapa do PGRS refere-se à destinação final dos resíduos, configurando-se como
um grande desafio para as cidades em virtude da grande quantidade de resíduos gerada.
Como alternativas de disposição final podem ser citadas:
Lixão;
Aterro controlado;
Aterro sanitário;
Incineração.
6 A Preocupação Mundial com o Meio Ambiente e a Legislação Ambiental
Resolução Recomendações
UNEA 1 - 2014 Abordar esses materiais na fonte, reduzindo a poluição através de
Resolução 1/6 melhores práticas de gestão e removendo os detritos existentes.
Marine plastic Tomar medidas abrangentes por meio de legislação, aplicação de
debris and acordos internacionais, fornecimento de instalações adequadas de
microplastics recepção de resíduos gerados por navios, bem como programas de
informação, educação e sensibilização do público.
UNEA 2 - 2016 Reconhece as conclusões do estudo detritos de plásticos marinhos
Resolução 2/11 e microplásticos: lições e pesquisas globais para inspirar acções e
Marine plastic litter orientar a mudança de políticas (UNEP, 2016b).
and microplastics Eliminação progressiva de partículas microplásticas nos produtos,
incluindo produtos de higiene pessoal, abrasivos industriais e
produtos de impressão e a sua substituição por compostos
orgânicos ou minerais não perigosos.
UNEA 3 - 2017 Convocou um grupo aberto de especialistas, cujas reuniões
Resolução 3/7 ocorreram em Maio e Dezembro de 2018 (UNEP, 2018b).
Marine litter and Convida organizações e convenções internacionais e regionais
microplastics relevantes, incluindo, por exemplo, a Convenção de Basileia, a
Abordagem Estratégica da Gestão Internacional de Substâncias
Químicas (SAICM), entre outros, para aumentar sua acção para
prevenir e reduzir o lixo marinho e os microplásticos e seus efeitos
nocivos e coordenar para atingir esse objectivo.
UNEA 4 - 2019 Convida os Estados-membros e sector privado a:
Resolução 4/7 (a) Reduzir a descarga de microplásticos no ambiente marinho,
Marine Plastic Litter com eliminação progressiva de produtos que contêm
and Microplastics microplásticos, sempre que possível;
(b) Fomentar a inovação do design de produtos para reduzir a
liberação secundária de microplásticos de fontes terrestres e
marítimas e melhorar o gerenciamento de resíduos, quando
necessário;
(c) Prevenir perdas de microplásticos primários.
Tabela 6.1: Resoluções aprovadas em cada Assembleia de Meio Ambiente (UNEA) sobre plástico e
microplástico e suas principais informações e recomendações.
A partir dessa análise, foi possível identificar que as legislações sobre plástico, em geral,
são regidas basicamente por cinco premissas:
8 Considerações Finais
O mar tem sido o local final dos plásticos a partir da actividade directa do homem junto as
praias e mar, dos ventos, chuvas, entre outras formas; causando um impacto nefasto para o
ecossistema marinho.
9 Referências Bibliográficas
UNEP. United Nations Environment Programme. Resolution 1/6 - Marine plastic debris
and microplastics. United Nations Environment Assembly, first session, Nairobi,
27 jun. 2014. Disponível em:
<http://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/17285/K1402364.pdf?sequ
ence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 03/01/2021.
UNEP (b). United Nations Environment Programme. Marine plastic debris and
microplastics – Global lessons and research to inspire action and guide policy
change. Nairobi, 2016. Disponível em: <http://wedocs.unep.org/bitstream/handle/
20.500.11822/7720/-
Marine_plasctic_debris_and_microplastics_Global_lessons_and_research_to_inspir
e_action_and_guide_policy_change-
2016Marine_Plastic_Debris_and_Micropla.pdf?sequence=3&isAllowed=y>.
Acesso em: 03/01/2021.
UNEP. United Nations Environment Programme. Resolução 3/7 - Marine litter and
microplastics. United Nations Environment Assembly, third session, Nairobi, 4-6
dez. 2017. Disponível em:
<https://papersmart.unon.org/resolution/uploads/k1800210. english.pdf>. Acesso
em: 03/01/2021.
UNEP (a). United Nations Environment Programme. Single-use plastics: A roadmap for
sustainability. 2018. Disponível em:
<https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.
11822/25496/singleUsePlastic_sustainability.pdf?isAllowed=y&sequence=1>.
Acesso em: 03/01/2021.
UNEP (b). United Nations Environment Programme. Ad Hoc Open-Ended Expert Group
on Marine Litter and Microplastics. 2018. Disponível em:
<https://papersmart.unon.org/resolution/adhoc-oeeg>. Acesso em: 03/01/2021.
UNEP (c). United Nations Environment Programme. Legal Limits on Single-Use Plastics
and Microplastics: A Global Review of National Laws and Regulations. 2018.
Disponível em:
<https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/27113/plastics_limits.pdf
?isAllowUNEP. United Nations Environment Programme. Resolução 4/7 - Marine
Plastic Litter and Microplastics. United Nations Environment Assembly, fourth
session, Nairobi, 11-15 mar. 2019. Disponível em:
<https://papersmart.unon.org/resolution/ uploads/k1900897.pdf>. Acesso em:
04/01/2021.
UNEP (a). United Nations Environment Programme. Plastic waste, Marine Plastics
Litter and Microplastics: Overview. Convenção de Basileia. 06 jan. 2020.
Disponível em:
<http://www.basel.int/Implementation/Plasticwastes/Overview/tabid/6068/Default.
aspx#LiveContent[Photo_1]>. Acesso em: 06/01/2020.