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Manuel Marques

O Insucesso Escolar no Ensino de Matemática: Um estudo de caso sobre as dificuldades


na resolução de testes provinciais na Escola Secundária de Namitili (2018 – 2019).

(Licenciatura em Ensino de Matemática)

Universidade Rovuma
Nampula
2021
2
i

Atumane Suleimana

O Insucesso Escolar no Ensino de Matemática: Um estudo de caso sobre as dificuldades


na resolução de testes provinciais na Escola Secundária de Nametili (2018 – 2019).

(Licenciatura em Ensino de Matemática)

Relatório de pesquisa a ser apresentado no


Departamento de Ciências Naturais, Matemática
e Estatística, Curso de Matemática, Ensino à
Distância, para obtenção do grau de Licenciatura
em Ensino de Matemática com Habilitações em
Ensino de Física.

Universidade Rovuma
Nampula
2021
ii

ÍNDICE

Índice de Tabelas.....................................................................................................................iv

Declaração.................................................................................................................................v

Dedicatória...............................................................................................................................vi

Agradecimento........................................................................................................................vii

Lista de Abreviaturas............................................................................................................viii

Resumo......................................................................................................................................ix

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.............................................................................................10

1.1 Tema da pesquisa.......................................................................................................11

1.2 Delimitação do tema de pesquisa...............................................................................11

1.3 Problematização da pesquisa......................................................................................11

1.4 Justificativa da pesquisa.............................................................................................12

1.5 Objectivos da pesquisa...............................................................................................14

1.5.1 Objectivo geral....................................................................................................14

1.5.2 Objectivos específicos........................................................................................14

1.6 Relevância da pesquisa...............................................................................................14

1.7 Questões de pesquisa......................................................................................................15

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................16

2.1 O insucesso escolar.........................................................................................................16

2.1.1 Factores do insucesso escolar..................................................................................17

CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................25

3.1 Tipo de pesquisa.............................................................................................................25

3.2 Métodos da pesquisa.......................................................................................................26

3.3 Técnicas de recolha e análise de dados...........................................................................27

3.4 População e amostra da pesquisa....................................................................................27

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS


RESULTADOS.......................................................................................................................28
iii

4.1 Apresentação dos resultados da pesquisa.......................................................................28

4.1.1 Apresentação da entrevista dirigida ao DE e DAP e professores da disciplina de


Matemática........................................................................................................................28

4.1.2 Apresentação do inquérito dirigido aos alunos........................................................32

4.2 Análise e interpretação dos resultados da pesquisa........................................................34

CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DA PESQUISA......................38

5.1 Conclusões da pesquisa...................................................................................................38

5.2 Recomendações da pesquisa...........................................................................................39

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................40

APÊNDICE..............................................................................................................................42

Apêndice I: Entrevista dirigida ao DE e DAP e Professores da disciplina de Matemática da


ES de Nametili......................................................................................................................42

Apêndice II: Inquérito dirigido aos alunos da ES de Nametili.............................................44


iv

Índice de Tabelas

Tabela 1: Variação das respostas da questão 01 do inquérito dirigido aos alunos..................33


Tabela 2: Variação das respostas da questão 02 do inquérito dirigido aos alunos..................34
Tabela 3: Variação das respostas da questão 03 do inquérito dirigido aos alunos..................35
v

Declaração
vi

Dedicatória
vii

Agradecimento
viii

Lista de Abreviaturas

AP – Avaliação Parcial
AS – Avaliação Sistemática
DAP – Director Adjunto Pedagógico
DE – Director da Escola
ES – Escola Secundária
ESN – Escola Secundária de Nametili
PEA – Processo de Ensino e Aprendizagem
PP – Práticas Pedagógicas
ix

Resumo

A presente pesquisa com o tema: O Insucesso Escolar no Ensino de Matemática: Um estudo de caso
sobre as dificuldades na resolução de testes provinciais na Escola Secundária de Nametili (2018 –
2019);com vista na obtenção do grau de licenciatura em ensino de Matemática, fez um estudo
exploratório apoiando-se ao método observacional, especificamente com os alunos da 9ª classe,
objectivado a conhecer as causas do insucesso escolar registado nos resultados de testes de carácter
provincial na disciplina de Matemática. A problemática do (in)sucesso escolar em Moçambique tem
ocupado há vários anos políticos e pedagogos que querem conhecer as suas causas, os factores que
concorrem para esse fenómeno e as formas de o combater. Assume duas formas principais: a
reprovação e o abandono escolar. Também os alunos com dificuldades de aprendizagem apresentam
alguns indicadores que podem indiciar o insucesso escolar. Na Escola Secundária de Nametili são
leccionados o 1º e 2º ciclos do ensino secundário geral (8ª à 12ª classes) e a problemática do insucesso
escolar é notória com maior visibilidade à quando da realização das provas de carácter provincial, daí
que seja pertinente esta pesquisa como forma de conhecer as suas causas para se intervir no
melhoramento do Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA), em particular da disciplina de
Matemática.

Palavras-chave: Ensino da Matemática; Insucesso Escolar; Processo de Ensino e Aprendizagem;


Testes Provinciais.
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

O insucesso escolar na disciplina de Matemática é um tema de que há muito se ouve falar e


que preocupa cada vez mais os docentes, muito em particular os da disciplina em questão. O
insucesso existe desde o aparecimento da instituição escolar, mas não era considerado uma
dificuldade. A partir do momento em que a escola passou a ser uma escola de massas e
obrigatória, a noção de insucesso foi associada aos alunos das classes mais desfavorecidas. De
facto, com a democratização do ensino, não se deve só proporcionar a todos os alunos a
mesma quantidade de educação, mas fundamentalmente proporcionar a todos os alunos a
mesma qualidade de educação.

As consequências do insucesso poderão manifestar-se de formas diferentes e têm sempre na


base uma forte desmotivação, uma baixa auto-estima e um baixo auto conceito académico.
Quando o aluno sente que apesar do seu esforço não consegue obter sucesso, abandona a
tarefa escolar e deixa de ir às aulas. A imagem que alguns estudantes têm de si é muito
negativa (auto-conceito académico), por isso procuram investir em actividades em que o
sucesso é mais acessível.

Entretanto, o papel da escola deve ser o de ofertar aos alunos a oportunidade de aliar o
conhecimento prático ao conhecimento teórico de forma crítica e transformadora do meio em
que vive, garantindo assim melhorias à sua condição social.

É olhando na problemática do insucesso escolar que surge a presente pesquisa com vista a
explorar as causas do número elevado de resultados insatisfatórios nos testes de carácter
provincial na disciplina de Matemática, na Escola Secundária de Nametili (ESN), em
particular na 9ª classe do curso diurno.

Para melhor compreensão do presente trabalho este, está estruturado em cinco (5) Capítulos
onde: no Capítulo I, estão enquadradas os seguintes itens: delimitação do tema de pesquisa, a
justificativa da pesquisa, a problematização, os objectivos gerais e específicos a alcançar no
final da pesquisa, e a relevância da pesquisa; no Capítulo II tem-se a Fundamentação Teórica;
Capítulo III alberga aspectos ligados com os Procedimentos Metodológicos; Capitulo IV,
consta a apresentação, análise e interpretação de dados, seguido do capítulo V onde estão as
conclusões e recomendações.
11

1.1 Tema da pesquisa

O presente estudo científico foi desenvolvido com o seguinte tema: O Insucesso Escolar no
Ensino de Matemática: Um estudo de caso sobre as dificuldades na resolução de testes
provinciais na Escola Secundária de Nametili (2018 – 2019).

1.2 Delimitação do tema de pesquisa

A pesquisa culminou com a realização de actividades práticas observacionais na ESN,


localizada no distrito de Mogovolas, Posto Administrativo Sede de Nametili, especificamente
situada no bairro de Meluli A. A Norte encontra-se limitada com a estrada para o Distrito de
Moma; a Sul, encontra-se a Igreja Católica; Este, o palácio ou roa do Administrador e a Oeste,
encontram-se as casas dos professores da mesma escola.

A escola lecciona o ensino secundário, sendo no 1º ciclo (8ª a 10ª classes) e o 2º ciclo (11ª a
12ª classes). De referir que as aulas decorrem em dois turnos, diurno e nocturno.

Este estudo teve o seu começo, após a descoberta do problema, em Junho de 2018, à quando
da realização das Práticas Pedagógicas pelo autor e teve o seu término em Fevereiro de 2021
com a redacção e supervisão do presente relatório de pesquisa – monografia para obtenção do
grau de Licenciatura em Ensino de Matemática pela Universidade Rovuma.

Neste contexto o tema passou a sofrer a seguinte delimitação espaço temporal: O Insucesso
Escolar no Ensino de Matemática: Um estudo de caso sobre as dificuldades na resolução
de testes provinciais na Escola Secundária de Nametili (2018 – 2019).

1.3 Problematização da pesquisa

Nesta investigação está em causa o insucesso escolar na ESN. Particularmente, procura


conhecer as causas que concorrem para os elevados índices deste insucesso em testes
provinciais na disciplina de Matemática.

Na ESN, distrito de Mogovolas, Província de Nampula, o insucesso escolar tem preocupado a


comunidade em geral, os gestores do processo de ensino e aprendizagem e os participantes do
PEA. Pois o que se tem verificado, à quando da realização dos testes de carácter provincial, os
resultados têm sido muitíssimos baixos em quase todas as disciplinas, mas em particular na
disciplina de Matemática. Entretanto, quando se verifica os resultados dos testes elaborados
12

pelos professores internos, neste caso, testes sistemáticos (Avaliações Sistemáticas – AS), os
dados indicam resultados positivos contrastando, deste modo, com as Avaliações Parciais
(AP) elaboradas a nível provincial.

Assim, o facto de o aluno estar numa situação de insucesso pode ter origem em vários
factores, que podem ser inerentes ao próprio aluno e ao seu ambiente social, quer ao nível da
escola e do sistema educativo. Como tal, deve-se compreender que o insucesso não é um
infortúnio e que os alunos não estão predestinados a ser bons ou maus alunos, uma vez que tal
situação depende também do funcionamento da escola e da interacção com o meio social e a
especificidade de cada aluno.

A escola tem por objectivo preparar os jovens para a vida. Isto significa que o papel da escola
transcende os actos de ensinar a ler, a escrever, a contar ou de transmitir grandes quantidades
de conhecimentos de história, geografia, biologia ou química, entre outros. Torna-se, assim,
cada vez mais importante preparar o aluno para aprender a aprender e para aplicar os seus
conhecimentos ao longo da vida.

Neste quadro, o desafio da escola é, pois, fornecer as ferramentas teóricas e práticas


relevantes para que os jovens e os adolescentes sejam bem-sucedidos como indivíduos, e
como cidadãos responsáveis e úteis na família, na comunidade e na sociedade, em geral. Se
isto não estar a se verificar na nossa comunidade estudantil, então conclui-se que estamos
perante o insucesso escolar.

É olhando no sucesso escolar dos alunos que se desenvolve o presente estudo exploratório
com vista a responder a seguinte questão de pesquisa: quais as causas que concorrem para o
elevado índice de insucesso escolar em testes de carácter provincial da disciplina de
Matemática na Escola Secundária de Nametili?

1.4 Justificativa da pesquisa

Este estudo teve o seu começo, após a descoberta do problema, em Junho de 2018, à quando
da realização das Práticas Pedagógicas (PP) pelo autor. Experiências vividas pelo autor no
processo da realização das PP onde trabalhou com os alunos da turma A da 9ª classe, a
quando da realização dos testes provinciais, os resultados começaram a suscitar aspectos da
problemática abordada nesta investigação.
13

De há muito que repetidamente se indaga o “porquê” dos nossos acumulados défices


educativos. A verdade, porém, é que a educação no nosso país, se configura cada vez mais
como um fenómeno politicamente desgovernado, administrativamente incontrolável e
financeiramente insaciável. Os “vários” governos têm gerado políticas educativas que não
indiciam “direcções nítidas que sejam perseguidas com determinação”. Ganhou-se a luta pela
“quantidade”, mas, não parece apostar-se no combate pela “qualidade da educação”
(FIOLHAIS, 2005, p. 94).

Moçambique é, um entre os melhores, nas taxas de iliteracia, de abandono e de insucesso


escolares. Pressentimos a necessidade e a urgência no agir, mas, continuamos a investir numa
remediação errática, sem que as propostas de trabalho tenham em conta as crenças e as
concepções dos alunos.

Numa perspectiva construtivista, a aprendizagem, não se resume a uma ligação estímulo-


resposta, mas requer a construção de estruturas através da reflexão e da abstracção. O que é
aprendido pelos alunos é fruto de uma construção individual e as novas aprendizagens só
serão possíveis a partir das crenças, representações e conhecimentos que este construa. Nesta
lógica, o processo de construção de significados constitui-se como elemento central do PEA.
A aprendizagem dos conteúdos, conceitos, explicação de fenómenos físicos ou sociais,
normas, valores, acontece quando, e só quando, o aluno é capaz de lhes atribuir um
significado pessoal. Neste pressuposto, o foco da aprendizagem, antes centrado no professor e
nas suas metodologias, converge agora para a importância dos pensamentos que o aluno vai
construindo, bem como para as dimensões cognitivas, comportamentais e motivacionais por
ele activadas nas aprendizagens que vai realizando (ROSÁRIO & ALMEIDA, 2005).

O professor, a família e os demais educadores são chamados a desempenhar um papel


mediador entre a criança e a cultura. No entanto, surtirão frustradas todas as tentativas de
gerar aprendizagem significativa e profunda, se o educando não estiver disponível para
aprender. Intervir de forma construtivista significa, pois, equipar o aluno, habilitando-o para
realizar, responsável e eficazmente, aprendizagens significativas num leque variado de
situações e circunstâncias educativas. Por outras palavras, possibilita que o aluno “aprenda a
aprender”.

Para ROSÁRIO (2004), “aprender a aprender” deve ser entendido como o esforço educativo
que devolve ao aluno a responsabilidade pelo seu agir educativo trazendo, ao mesmo tempo,
14

para a ribalta a vertente processual do aprender. Configura, no fundo, a urgência de priorizar


no ensino o desenvolvimento da vertente questionadora e da vertente investigativa, pois, para
além dos conteúdos concretos relativos às diferentes disciplinas, é importante trabalhar com
os alunos estratégias de auto-regulação que lhes permitam desempenhar um papel activo e
autónomo na aprendizagem não apenas centrado no domínio escolar.

Foi olhando nos pressupostos acima referenciados, principalmente em relação a aprendizagem


significativa dos conteúdos da disciplina de Matemática, que o insucesso escolar nesta
disciplina levava a crer que o ensino da Matemática não atingia a estes objectivos. Para aferir
a veracidade destes factos, justificou-se a necessidade da realização da presente pesquisa.

1.5 Objectivos da pesquisa

1.5.1 Objectivo geral

Considerando que o insucesso escolar na Matemática se constitui como algo particularmente


presente e importante para os indivíduos e também como um objecto socialmente relevante,
tomamos como objectivo geral desta pesquisa:
 Conhecer as causas do insucesso escolar registado nos resultados dos testes de carácter
provincial na disciplina de Matemática na Escola Secundária de Nametili.

1.5.2 Objectivos específicos

 Analisar as representações que os fazedores do PEA têm sobre o insucesso escolar;


 Verificar como os fazedores do PEA avaliam o insucesso escolar na disciplina de
Matemática;
 Identificar as razões apontadas pelos fazedores do PEA no que tange ao insucesso escolar
na disciplina de Matemática;
 Verificar a existência de relações entre o meio socioeconómico e cultural dos alunos e
Pais e Encarregados de Educação e o sucesso ou insucesso escolar.

1.6 Relevância da pesquisa

Embora a investigação sobre a problemática do insucesso escolar, nomeadamente, no âmbito


da Matemática, tenha sofrido um grande incremento, o modo como os alunos o lêem e
diagnosticam continua de alguma forma velado sendo, ao mesmo tempo, mais tomado como
facto consumado do que explorado sistematicamente.
15

As abordagens ao insucesso na Matemática têm-se pautado, quer pelo registo emocional quer
por um registo mais crítico e prescritivo, ambos, no entanto, desancorados em racionais
teóricos sólidos que permitam discutir para além do factual, apontando caminhos
palmilháveis.

Assim, cientes deste facto, procurámos respaldo no marco teórico da auto-regulação da


aprendizagem, para alcançar o nosso objectivo de adentrar no compreender dos contornos e
das raízes do insucesso escolar na Matemática, na perspectiva dos fazedores do PEA.
Considerando que o insucesso escolar na Matemática se constitui como algo particularmente
presente e importante para os indivíduos e também como um objecto socialmente relevante.

A necessidade e urgência de combater o insucesso na disciplina de Matemática são


indiscutíveis. Esta necessidade justifica-se pelo facto desta disciplina fomentar o
desenvolvimento dos jovens, estimulando o pensamento essencial para o exercício duma
cidadania plena e para a vida social

1.7 Questões de pesquisa

A presente pesquisa procura encontrar as causas decorrentes aos baixos resultados alcançados
a quando da realização dos testes de carácter provinciais na disciplina de Matemática dai que
procurou responder as seguintes questões de pesquisa:

 O que é o insucesso escolar?


 Como se avalia o insucesso escolar na disciplina de Matemática?
 Quais as causas que concorrem ao registo do insucesso escolar na disciplina de
Matemática?
16

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O insucesso escolar

O insucesso ou sucesso na escola determinam o desenvolvimento do aluno, podendo vir a


interferir no seu auto-conceito e na sua auto-estima, diminuindo ou aumentando as suas
expectativas de realização pessoal e social. De facto, no início dos anos 50, o conceito de
insucesso estava muito mais vinculado às crianças originárias de famílias abastadas, que
estavam predestinadas a seguir estudos e não o conseguiam(Álves & Leite, 2005).

Actualmente só existe a preocupação com o insucesso escolar, porque o ideal para todos é o
sucesso escolar, pois todos os alunos passam por momentos de insucesso enquanto não
alcançam os objectivos definidos. Como tal, o insucesso não passa de um estado transitório e
circunscrito ao tipo de aprendizagem que se ambiciona (Crahay, 1996).

Para Muñiz, o insucesso escolar:

“É a grande dificuldade que pode experimentar uma criança, com um nível de


inteligência normal ou superior, para acompanhar a formação escolar correspondente à
sua idade. [Parte-se do princípio que] esta criança não sofre de nenhuma lesão
cerebral, assista regularmente às aulas […] e sua família não tenha um nível cultural
excessivamente baixo”(Muñiz, 1993, p. 9).

E, para Montagner, a noção de insucesso escolar:

“Abrange percepções diferentes conforme seja utilizado pelos pais, pelos professores
ou pelos alunos. […] Para alguns, trata-se do insucesso dos alunos em dominar os
mecanismos das aprendizagens escolares considerados fundamentais. […] Para outros,
designa o insucesso da escola ou dos professores em conduzir os alunos à aquisição de
processos cognitivos indispensáveis aquisição do saber” (Montagner, 1996, p. 7).

Olhando estas duas citações dá para perceber que podemos tecer diferentes formas de dar
definição do que deve ser o insucesso escolar. Mas pode-se partir do pressuposto que
insucesso é a acção de fracassar (não ser bem sucedido) em um certo objectivo.

Considera-se fracasso escolar ou a dificuldade de aprendizagem como uma resposta


insuficiente do aluno a uma exigência de demanda escolar. Esta insuficiência escolar pode
estar ligada à ausência de estrutura cognitiva, que permite a organização dos estímulos e
favorece a aquisição dos conhecimentos (Weiss, 1997).
17

Assim, o facto de o aluno estar numa situação de insucesso pode ter origem em vários
factores, que podem ser inerentes ao próprio aluno e ao seu ambiente social, quer ao nível da
escola e do sistema educativo. Como tal, deve-se compreender que o insucesso não é um
infortúnio e que os alunos não estão predestinados a ser bons ou maus alunos, uma vez que tal
situação depende também do funcionamento da escola e da interacção com o meio social e a
especificidade de cada aluno. A selecção ou inclusão dos alunos na escola pode originar o
sucesso ou insucesso escolar(Ausubel, 1978)(Sil, 2004).

Já para Jamati (1974, citado por Rangel, 1994), a noção de insucesso é relativa, uma vez que
só faz sentido numa instituição escolar e num determinado momento dessa instituição, pois
diz respeito aos objectivos da escola, representados num programa e numa progressão de
níveis, não podendo rotular o aluno permanentemente de um ser incapaz de atingir o sucesso.

Assim, (Simões, 2006), considera que quando um elevado número de alunos atingem os
objectivos propostos pela escola, estamos perante uma situação de sucesso. Porém, não é
suficiente afirmar que se houver um elevado número de alunos com negativa na disciplina de
matemática é insucesso, pois também se tem de incluir os alunos que abandonam o seu
percurso escolar.

A dificuldade de aprendizagem pode, entretanto, estar relacionada a determinantes sociais, da


escola e do próprio aluno, ou seja, ligada a factores internos (cognitivos e emocionais) e a
factores externos (culturais, sociais e políticos) (Jacob & Loureiro, 1996).

2.1.1 Factores do insucesso escolar

2.1.1.1 Aspectos relativos ao aluno

O auto-conceito do aluno e a auto-estima influenciam o seu desenvolvimento pessoal e o seu


desempenho escolar. Uma das causas do insucesso é o não saber estudar por parte dos alunos.
Para aprender a estudar, o aluno tem de ter consciência dos métodos que mais se adaptam à
sua própria maneira de ser e esse auto-conhecimento vai-lhe provocar um crescimento ao
nível da autonomia e da auto-estima. O aluno deverá ser estimulado a auto-controlar a sua
aprendizagem. No término de cada sessão de estudo, este deverá proceder a um auto-exame
sobre o que foi apreendido. Assim, poderá ter uma melhor percepção do trabalho efectuado e
poderá melhorar o seu método de modo a que este vá de encontro às suas necessidades,
aumentando assim a sua autonomia (Alves e Leite, 2005; Simões, 2001).
18

A educação deve e tem de levar o aluno a interiorizar o sucesso e não o insucesso, para tal
terá de se deixar de utilizar processos e métodos de avaliação, como conteúdos de matérias
despersonalizados e fora do contexto da colectividade vivenciada pelo aluno. A avaliação
deve contemplar vários graus de desempenho e não estar focada apenas na perspectiva da
eficiência e do rendimento. Quando um aluno é descrito como um aluno com insucesso, ele
interioriza que falhou, o que mais tarde se poderá reflectir a nível da sua auto-afirmação. As
dificuldades de aprendizagem dos alunos podem ter como origem o desinteresse, o
pessimismo, a hiperactividade, o facto de os programas estarem desajustados, as avaliações
serem subvalorizadas, o negativismo e uma certa inércia perante as actividades, entre outras.
Um aluno com insucesso escolar interioriza um sentimento de frustração que se vai repercutir
nas suas relações com o professor, a família e amigos e que conduzem à sua auto-
desvalorização e auto-subestimação. (Fonseca, 1999).

Se o aluno observa que o professor é competente e esforçado e mesmo assim não consegue
aprender, pode interiorizar que seja portador de alguma deficiência a nível cognitivo
(Montagner, 1996). Porém, estas dificuldades do aluno podem estar associadas à sua vivência
enquanto criança, ou serem consequência da rigidez da instituição escolar que não tem em
conta o indivíduo, como se todos os alunos pudessem ser iguais. Apercebendo-se das
diferenças, grande parte dos professores, dedicam muito tempo e esforço para adaptar o seu
saber-ser e o seu saber-fazer aos diferentes alunos para que estes possam superar as suas
dificuldades, respeitando os ritmos individuais.

Outro dos factores que pode levar ao insucesso é a indisciplina e os comportamentos violentos
ou agressivos revelados pelos alunos, pois encontrando-se o insucesso muitas vezes
relacionado com a exclusão social e com o risco de abandono escolar, muitos professores
estabelecem a relação entre a falta de motivação e dedicação nas tarefas escolares dos alunos
com o insucesso escolar. Os sintomas de insucesso são normalmente reveladores de uma
situação passageira, quando o aluno mostra sofrimento e descontentamento pelo seu baixo
rendimento, quando manifesta sintomas deprimentes mas tenta ultrapassar a situação, solicita
ajuda e demonstra vontade em ultrapassar a situação, assim como demonstra que o seu
rendimento sofre altas e baixas (Muñiz, 1990).

No entanto, se os alunos não demonstrarem sofrimento, descontentamento, não procurarem


ajuda e não aceitarem quando esta lhes é oferecida, arranjando inúmeras desculpas, podemos
estar perante uma situação, muitas vezes irreversível. Nestes casos, distanciam-se cada vez
19

mais do nível médio do grupo turma, em relação ao rendimento escolar, originando uma
inibição em relação aos objectivos escolares. Para que os alunos atinjam o sucesso escolar é
necessário que tenham vontade de aprender e sintam essa necessidade, ou seja, devem estar
motivados para a aprendizagem. Para que isto aconteça, os alunos têm de estar inseridos num
meio familiar que os incentive, um ambiente escolar que os estimule e atraia e ter à sua
disposição meios culturais e literários (Marujo, Neto & Perloiro, 1999).

Para Fenouillet e Lieury (1997), os alunos só podem aprender se estiverem motivados e se


forem incentivados. Esses incentivos podem e devem ser positivos, elogiando os alunos pelas
aprendizagens feitas, por outro lado, existem os incentivos negativos que são causadores de
situações de stress, baixando os desempenhos escolares dos alunos. Estes autores consideram
que a competição entre os alunos poderá ser positiva, uma vez que aumenta o desempenho e a
vontade de se superarem a si próprios, por outro lado, existe o aspecto negativo, quando essa
competição origina litígios e agressividades levando os alunos a uma diminuição dos
desempenhos escolares.

2.1.1.2 Aspectos relativos ao sistema escolar

Neste sentido, é atribuído um papel fulcral à capacidade de envolvimento do professor na


redução do insucesso escolar, uma vez que este tem de adaptar constantemente as suas
competências a um contexto pedagógico que está sempre em mudança. Para tal, o professor
além de ter autonomia e competência pedagógica, tem de saber utilizar essa autonomia no
processo de ensino-aprendizagem. Assim, o professor é considerado o centro para impedir ou
diminuir o insucesso, já que este depende muito mais das relações, empatias, que se
conseguem estabelecer entre professor-aluno, do que das metodologias utilizadas pelo
professor.

Na opinião de Rodrigues (1999), o professor não se deverá limitar apenas à transmissão de


conhecimentos, mas proceder de modo a que os alunos aprendam, incutindo-lhes dinamismo,
tornando-se no intermediário entre o aluno e o saber, possibilitando a autonomia do aluno
para desempenhar sozinho as suas competências. Também a comunicação entre adultos e
jovens está prejudicada em consequência de um desajustamento social que é próprio de uma
sociedade de consumo, que se vai reflectir no objectivo social da escola (Fonseca, 1999).

Para fazer frente a este problema na escola, tanto professores como alunos devem respeitar-se
e ajudarem-se reciprocamente, ultrapassando incompatibilidades, de modo a superarem os
20

problemas sociais com que são confrontados. Neste sentido, o professor deve ajudar o aluno a
superar as suas dificuldades de aprendizagem e fazendo-os interiorizar de que o sucesso é
uma meta possível para todos, transformando assim o aluno num futuro homem autónomo,
independente e pensador. Assim, cabe à escola a pesquisa de métodos para atingir o sucesso
na aprendizagem, independentemente das capacidades dos alunos. Quando um aluno aprende,
valoriza-se socialmente, ganha maturidade, respeito e auto-confiança (Shunck, 1982;
Zimmerman, 1989).

Existem várias possibilidades do professor tentar combater o insucesso escolar, entre elas, a
utilização de um ensino individualizado adaptado às necessidades de cada aluno, a não
utilização sistemática de métodos expositivos, possibilitando as interacções entre professor-
aluno, professor-grupo, aluno-grupo e aluno-professor e aproveitar os meios audiovisuais que
tanto motivam os alunos. Para Crahay (1996), cabe ao professor o papel de incentivar o aluno
para que este passe do não domínio dos objectivos para o domínio dos mesmos. Para que isto
aconteça, o professor deve dar a conhecer aos seus alunos os objectivos e critérios de
avaliação.

O professor não só deve transmitir os conhecimentos, como deve incentivar o aluno a


procurar o conhecimento. Deve ensiná-lo a tirar partido da diversidade de meios que hoje em
dia tem ao seu alcance, embora grande parte dos professores considere, ainda, que a sua
função, por imposição do sistema, é a de atribuir classificações de insucesso, sendo os alunos
das classes sociais mais baixas os mais atingidos quando deveriam ser estes os contemplados
com processos mais facilitadores. Muitas vezes os alunos considerados preguiçosos no seio
familiar, com falta de concentração, confusos, desatentos, sem interesse nem
responsabilidade, também apresentam na escola estas características. Para além disto,
apresentam frequentemente problemas de comportamento e de indisciplina, tendo como
objectivo único chamar a atenção (Segóvia & Beltran, 1998; Fonseca, 1999; Muñiz 1990;
Rodrigues, 1999).

A escola não existe porque existem professores, mas sim porque há alunos que deles
necessitam para aprender. Na inter-ligação entre ensino-aprendizagem, o professor que ensina
tem como objectivo a aprendizagem por parte do aluno, não dando lugar ao insucesso escolar.
Neste contexto, “A escola é o instrumento e o espaço que as sociedades culturalmente
complexas encontraram para proporcionar a educação. A escola é, então, um instrumento de
cultura e o professor um agente cultural” (Marques, 2001, p.18).
21

Não é novidade que existem alunos com dificuldades de aprendizagem, que podem ter origem
nas mais variadas razões, económicas, sociais, familiares, ou mesmo inerentes à própria
organização do sistema escolar. Identificar e objectivar estas razões é procurar a solução para
tal problema. Porém a resolução deste problema não poderá passar pelo facilitismo dos níveis
de exigência nem dos critérios de avaliação, que é o que muitas vezes acontece através de
medidas administrativas que querem generalizar a progressão do aluno com o intuito de
ocultar o insucesso, independentemente de o aluno ter ou não atingido os objectivos
propostos.

O mesmo autor considera, a este propósito, que cabe os professores inverter o insucesso
transformando-o em sucesso, sendo para isso fundamental que mostrem confiança nas
capacidades dos alunos e provoquem um clima de empatia dentro e fora da sala de aula. Para
além destes factores, o professor deverá dominar as matérias leccionadas, ser um bom
comunicador e possuir conhecimento profundo da planificação e avaliação. O facto de o aluno
aprender ou não, não lhe é indiferente, sabendo que isto depende da sua maneira de ensinar.
Para ele, todos os alunos são competentes e aptos, por isso, entusiasma sempre os alunos a
continuarem, incutindo-lhes confiança e optimismo, levando-os a ultrapassar as dificuldades.

Abreu, Roldão e Costa (2004) referem que a matemática foi considerada durante muitos anos
como uma ciência exacta, de verdades absolutas e afastada das dificuldades e valores da
humanidade. Porém, este entendimento tem sido posto em causa por filósofos e matemáticos,
alegando que é uma disciplina em expansão e evolução de uma forma contínua, tal como
qualquer outra ciência. Os professores devem escolher e inovar as propostas de trabalho para
proporcionar experiências e situações de aprendizagem que atraiam o interessem dos alunos,
promovendo a argumentação e a tomada de decisões relativamente aos processos a seguir
desenvolvendo aptidões e competências, treinando-os para superar novas situações que se lhes
deparem. “O sucesso faz hoje parte do nosso vocabulário corrente, tanto quanto das nossas
aspirações. Vivemos do sucesso e para o sucesso” (Marujo, Neto e Perloiro, 1999, p.9). O
sucesso está relacionado com a vontade de aprender, de descobrir, de pesquisar e sentir
satisfação em progredir para se sentir realizado enquanto pessoa que acredita em si e nas suas
capacidades.

A propósito dos factores ligados ao docente e que influenciam o sucesso na matemática,


Simões (2006), refere que há uma interligação entre conhecimentos científicos e pedagógicos,
os anos de experiência enquanto docente, a capacidade de comunicação, a variedade das
22

actividades lectivas, a aplicação dos materiais escolares, assim como a própria formação. No
entanto refere também que a nível da escola existem factores que afectam este sucesso, tais
como a disposição física da sala de aula, a variedade de currículos, o horário escolar, as
escalas de classificações, a existência de psicólogo, a quantidade de alunos por turma, o tipo
de alimentação, a formação dos auxiliares educativos, a qualidade da gestão escolar e o meio
de transporte utilizado de e para a escola, entre outros.

2.1.1.3 Aspectos relativos à família

Um dos papéis mais importantes dos pais prende-se com o dever de motivar, incentivar e
apoiar os filhos para que estes aprendam a aprender e interiorizem a aprendizagem como um
processo e não como um produto. Não se deve valorizar demasiado as notas obtidas pelos
alunos, valorizando sim o esforço despendido por estes. Os educadores devem ter em linha de
conta as verdadeiras capacidades dos alunos, como tal devem incentivá-los a serem cada vez
mais habilitados nas diferentes áreas do saber e não os deixar cair na preguiça e no desleixo,
devendo existir uma relação próxima entre a escola e a família, para um ajustar de
procedimentos e partilha de informações com vista ao desenvolvimento do aluno.

Para Fontes (s/d), o aluno pode incorrer numa situação de insucesso quando os pais são
demasiado autoritários, existem conflitos familiares, provêm de um estrato social baixo e
quando os pais se demitem da sua função de educadores. O afastamento dos pais em relação à
educação dos filhos e à escola, muitas vezes justificado por falta de tempo e compromissos
profissionais, leva-os a exigir da escola a máxima competência de modo a não terem qualquer
preocupação. Todos estes factores podem provocar no aluno atitudes indisciplinadas e
conflituosas.

Para Sil (2004), as famílias com um nível cultural baixo, proveniente de uma diminuta
escolaridade, assim como as baixas expectativas dos pais relativamente à escola devido a
repetidos insucessos dos seus filhos, são entendidos pelos professores como factores de
insucesso dos alunos. Benavente e Correia (1980, citados por Sil, 2004), são de opinião que os
professores atribuem o insucesso às diminutas condições sociais, económicas e culturais ao
meio em que o aluno está inserido. Já na opinião de Fonseca (1999), a atenção, o estímulo e o
incentivo que os pais dão aos seus filhos são fulcrais para a adaptação social e para os
resultados escolares dos alunos. Para tal, a escola tem proceder a acções de esclarecimento,
aconselhamento aos pais e provocar uma maior integração e participação na vida escolar. As
23

famílias dos alunos com insucesso escolar, consideram-nos preguiçosos, com falta de
concentração, confusos, desatentos, sem interesse nem responsabilidade (Muñiz, 1990).

Se o aluno é proveniente de um meio social que não mostra qualquer interesse nas
aprendizagens escolares, não faz sentido falar de insucesso, já que a escola se encontra fora
dos padrões da comunidade em que ele está inserido. Os pais muito exigentes e rigorosos, que
impõem aos seus filhos um excelente aproveitamento, nunca estão contentes com os
resultados, exigindo sempre mais e melhor, muitas vezes transpõem as suas ambições
pessoais, não alcançadas, para os seus filhos esquecendo-se que os seus filhos são seres com
vontades e aspirações próprias.

Alguns autores consideram que todo o indivíduo nasce matemático, se não entende a
matemática, é porque a mesma não lhe foi bem explicada. Referem ainda que o insucesso dos
alunos nesta disciplina é desculpabilizado pelas famílias alegando ser um factor hereditário.
Os pais devem-se envolver na educação dos seus filhos, sendo um direito, uma
responsabilidade e um valor. Estes são o maior apoio que os professores têm para ajudar os
alunos a atingir o sucesso. Os pais devem fazer entender aos seus filhos que os trabalhos de
casa servem para consolidar as matérias dadas, fazer-lhes ver que o estudo é fundamental para
as suas vidas, dando-lhes orientação e solução para questões e problemas que possam surgir,
de modo a que o aluno entenda o que lhe é solicitado (Baruk, 1996); Marujo, Neto & Perloiro,
1999).

Referem ainda que o apoio que os pais podem dar aos filhos, independentemente da sua
escolaridade, passa pelo interesse pela vida escolar, demonstrem que crêem nas suas
capacidades, contactem frequentemente a escola, proporcionem-lhes um bom ambiente de
estudo, ajudá-los a encontrar estratégias de estudo, recompensando-os e elogiando-os pelo
esforço, lhes garantam estabilidade emocional, os motivem para aprenderem, os estimulem
para a leitura, lhes disponibilizem todo o tempo possível, para estarem com eles e em caso de
insucesso ajudá-los a superar os seus medos e anseios.

Para Fenouillet e Lieury (1997), os pais devem motivar os filhos positivamente para o
desempenho escolar, motivação essa que também pode ser feita através da recompensa, que
não deverá ser exagerada, mas sim apropriada ao nível escolar e dificuldade ultrapassada. A
propósito dos factores, a nível da família, que influenciam o sucesso na matemática dos
alunos, Simões (2006), refere que estão inter-ligados com a quantidade de elementos que
24

compõem o agregado familiar, a presença dos pais, a existência e qualidade da comunicação


com os familiares, o grau de escolaridade dos pais e as condições monetárias, entre outros.

Simões (2006), refere que o ambiente familiar do aluno pode não ser favorável ao sucesso na
disciplina de matemática, uma vez que a família é o alicerce da educação de um aluno e a
escola não pode chegar e transformar a família. Existem factores familiares específicos que
podem induzir o aluno em insucesso, tais como a escolaridade dos pais, as baixas expectativas
que estes têm em relação aos seus filhos, o pouco diálogo, o tempo despendido a ver televisão
e a qualidade dos programas vistos e o género de leitura que é feito.

Para Cury (2005), os pais devem incentivar os filhos a ter objectivos, a alcançar sucesso no
estudo, no trabalho e nas relações sociais. Mas, para além disso, devem-nos orientar a não
recearem o insucesso, pois na caminhada para alcançarem o sucesso vão-se deparar com
fracassos/ insucessos que vão ter de superar, o que não significa que não tenham capacidades.
Devem ainda mentalizá-los de que não podem desistir face às contrariedades e insucessos que
lhes vão surgindo ao longo da vida escolar, devendo ser persistentes nos seus estudos.
25

CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Tipo de pesquisa

Na medida em que um dos nossos interesses reside na vontade de conhecer as causas em


torno do insucesso registado nos testes provinciais da disciplina de Matemática, tendo em
vista a forma de abordagem do problema, consideramos a abordagem qualitativa como mais
aberta e capaz de proporcionar compreensão sobre os modos diferenciados como os
indivíduos conceptualizam o insucesso escolar na Matemática, sem reduzir a sua possível
diversidade a padrões dominantes, tal como ocorre na investigação tradicional através de
metodologias quantitativas e utilização de cálculos estatísticos.

De acordo com GIL (2008), as pesquisas qualitativas envolvem aspectos subjectivos e em


muitos casos comportamentais, por isso, são os tipos de pesquisa cujos dados só fazem
sentido através de um tratamento lógico secundário, feito pelo pesquisador.

Os dados qualitativos – a matéria-prima produzida por estes métodos – consistem de


descrições detalhadas de situações, eventos, pessoas, interacções comportamento observados;
citações directas das pessoas acerca de suas, experiências, atitudes, crenças e pensamentos; e
extractos ou passagens inteiras de documentos, registos de correspondência e históricos de
casos. Os dados são colectados sem que se tente enquadrar as actividades institucionais ou as
experiências das pessoas em categorias pré-determinadas e padronizadas, tais como as
escolhas de respostas que compõem os questionários ou testes típicos (Quinn Patton, 1986
citado por Universidade Católica de Brasília [UCB], 2003).

A pesquisa qualitativa consiste em tentar compreender detalhadamente os significados e


características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de
medidas quantitativas de características ou comportamentos. A preferência do tipo de
abordagem qualitativa é pelo facto de o insucesso escolar tratar-se de um fenómeno social e
estas pesquisas serem uma forma adequada para entender a natureza de um fenómeno social.

Tendo em vista aos objectivos, a pesquisa caracterizou-se em exploratória. De acordo com


GIL (2008:27), as pesquisas exploratórias “têm como principal finalidade desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais
precisas ou hipóteses pesquisáveis para posteriores”.
26

Este tipo de estudo é desenvolvido com objectivo de proporcionar visão geral, de tipos
aproximativos a cerca de determinados factos. Este tipo de pesquisa não é imperiosa aos
procedimentos de amostragem e técnica quantitativa de colecta de dados.

Para o ambiente em que foram colectados os dados, bem como as formas de controlo das
variáveis envolvidas (procedimentos da pesquisa), a presente pesquisa foi um estudo de caso.

Para Ponte (2006) um estudo de caso visa conhecer uma entidade bem definida como uma
pessoa, uma instituição, um curso, uma disciplina, um sistema educativo, uma política ou
qualquer outra unidade social. O seu objectivo é compreender em profundidade o “como” e os
“porquês” dessa entidade, evidenciando a sua identidade e características próprias,
nomeadamente nos aspectos que interessam ao pesquisador. Como se trata de estudo de caso,
as conclusões não poderão ser generalizadas, mas poderão levar-nos a uma melhor
compreensão de uma realidade e suscitar investigações futuras.

De acordo com YIN citado por GIL (2008:58) o estudo de caso “é um estudo empírico que
investiga um fenómeno actual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre
o fenómeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes
de evidência”.

3.2 Métodos da pesquisa

Tendo em vista ao método de abordagem do problema (métodos que proporcionam as bases


lógicas da investigação), a pesquisa terá como âncora o método indutivo. No raciocínio
indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As
constatações particulares levam à elaboração de generalizações.

De acordo com GIL (2008:10) o método indutivo “é um método que parte do particular e
coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de colecta de dados
particulares”, e “a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a
partir da observação de casos concretos suficientemente confirmados dessa realidade”.

Tendo em vista aos procedimentos metódicos do tratamento dos dados ou colecta dos dados
(métodos que indicam os meios técnicos da investigação), destacou-se o método
observacional.
27

3.3 Técnicas de recolha e análise de dados

A pesquisa terá como técnicas de recolha de dados, a observação participante, entrevista


semi-estruturada e inquérito.

A observação participante, ou observação activa, consiste na participação real do


conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada.
Neste caso, o observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um membro
do grupo. Daí por que se pode definir observação participante como a técnica pela
qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo
(GIL, 2008:103).

Esta técnica facilitou o rápido acesso aos dados sobre a problemática em pesquisa
possibilitando o acesso a informações que os alunos consideravam de domínio particular e
captar as palavras de esclarecimento que acompanharam o comportamento dos observados ao
longo das pesquisas realizadas ao longo do estudo.

3.4 População e amostra da pesquisa

A nossa amostra foi constituída por100 alunos, dos quais 50 rapazes e 50 raparigas, sendo
escolhidos ou seleccionados aleatoriamente num universo de 455 alunos que integravam as
sete turmas da 9ª classe do curso diurno do ano lectivo de 2019 da escola em referência.

Para além dos alunos, foram inqueridos 2 professores da disciplina de Matemática que
leccionam a 9ª classe, o Director da Escola (DE) e o DAP do 1º ciclo.

A escolha destes alunos foi numa forma aleatória para permitir que fossem abrangidos o
maior número de características duma forma probabilística.
28

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS


RESULTADOS

4.1 Apresentação dos resultados da pesquisa

Como mencionado anteriormente, a pesquisa teve lugar na ESN e trabalhou-se com 100
alunos da 9ª classe, 2 professores da disciplina de Matemática que leccionam a classe em
estudo (P1 e P2), o DE e o DAP do 1º ciclo da escola.

De salientar que os estudos sobre o (in) sucesso escolar podem incidir em vários eixos, entre
eles:
 O insucesso escolar como um problema extra-escolar, ligado ao processo cognitivo dos
próprios alunos e da família. Nesta perspectiva estuda-se a relação entre o sucesso e a
condição social do aluno, induzindo nalguns casos, professores a uma expectativa excludente
sobre o aluno em situação de pobreza;
 O insucesso escolar como um problema decorrente das técnicas metodológicas de ensino
usadas pelo professor, presumivelmente não adequadas aos alunos. O baixo rendimento do
aluno é apontado como resultado da ineficácia do professor ou do fraco domínio de conteúdos
temáticos. Intervêm, por exemplo, factores como a localização geográfica da comunidade
onde está inserido o estabelecimento de ensino;
 O fracasso escolar como um problema causado pelas políticas de ensino e da gestão
institucional, que contribuem para a baixa qualidade de ensino.

Para o presente estudo, o estudo sobre o insucesso registado, irá se focar nos dois primeiros
eixos, como um problema extra-escolar e decorrente das técnicas metodológicas de ensino
usadas pelos professores e o seu impacto no aprendizado dos alunos.

4.1.1 Apresentação da entrevista dirigida ao DE e DAP e professores da disciplina de


Matemática

Em relação ao insucesso escolar, no que concerne à sua noção, todos os participantes são
unânimes em considerar o insucesso do aluno quando este não consegue atingir os objectivos/
competências propostas para uma determinada disciplina, tendo referido que “é quando os
alunos não conseguem atingir os objectivos mínimos, propostos à disciplina” (P1, P2, DE,
DAP), referem ainda a reprovação como consequência do insucesso “é o mesmo que falar em
29

reprovação (…) assim há um grande insucesso escolar quando as reprovações abundam” (P2)
e um professor afirma ainda que para além das competências há a considerar também os
objectivos da escola “incapacidade de uma criança atingir as competências de cada disciplina
e os objectivos da escola (P1).

Em relação ao aproveitamento nos testes na disciplina de Matemática, em particular de


carácter provincial, todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que o insucesso é uma
realidade, o número de negativos é extremamente maior que os positivos, chegando “atingir
um rácio de 90%, em alguns trimestres, de negativas” (DE e DAP).

Relativamente às razões do insucesso, O um dos professores considerou que este surge como
reflexo da falta de trabalho e empenho, “derivado à falta de trabalho, empenho” (P1), e o
outro professor considerou como razões, os pré-requisitos insuficientes, “falta de bases” (P2).

O DE aumentou nos seus comentários, desculpabilizando os pais em relação ao fraco


aproveitamento à disciplina de Matemática, enquanto o DAP referiu-se a descontextualização
das disciplinas em relação à realidade “desligadas de conhecimentos não escolares e da
experiência dos alunos” para além da orientação vocacional que é ineficaz ou inexistente,
“deficiente orientação vocacional que muitos alunos revelam”.

Todos os entrevistados confluíram ao afirmarem como razão do insucesso escolar, a


motivação dos alunos face à disciplina, “desmotivação pela disciplina”, capacidades dos
alunos “maiores ou menores capacidades dos alunos”, comportamentos em sala de aula
“comportamentos inadequados nas aulas”, expectativas futuras, “falta de expectativas” e, por
último, o número de alunos por turma também é referenciado, “o elevado número de alunos
por turma tende” ao insucesso escolar.

No segundo ponto, a entrevista visava perceber o papel de cada interveniente no sucesso ou


insucesso escolar dos alunos, em particular na disciplina de Matemática.

Começou-se por procurar perceber a relação que o meio socioeconómico e cultural dos pais
e encarregados de educação tinham com o sucesso/insucesso dos seus educandos. Neste
âmbito, os entrevistados concluíram que este factor confluía com o insucesso escolar, uma vez
que maior parte destes pais são analfabetos que preocupam-se muito com o dia-a-dia da
família, tais como, levar os adolescentes a pastorícia e produção de alimentos e produtos
agrícolas comercializáveis tais como a castanha de caju.
30

Estas acções culminam com o desprendimento de poucos recursos, tanto material assim como,
questão tempo para a efectiva dedicação nos assuntos escolares.

No respeitante às atitudes dos pais e encarregados de educação para os educandos


superarem o problema, os participantes referem que estes devem acompanhar o estudo
diário dos alunos, a realização dos trabalhos de casa, “estudam diariamente, se fazem sempre
os trabalhos solicitados pelos professores” (P1, P2), motivarem os alunos para a disciplina,
“incentivar os alunos a interessarem-se pela disciplina” (DAP, DE), contactar regularmente
com o director de turma para poderem estabelecer um plano conjunto de trabalho, “contacto
periódico com a Directora de Turma” (DAP, P2), mostrar-lhes a importância da disciplina
para o seu futuro, “importâncias desta para o nosso quotidiano” (P2, DAP e DE) e outro
sujeito refere que lhes devem fazer ver que o grau de dificuldade da disciplina não é superior
ao das outras, “mostrar (…) que é mais uma disciplina, como as outras, com conteúdos umas
vezes mais simples, outras vezes mais complexos (P1 e DE).

Quando foram questionados a sua opinião sobre o nível de preparação dos pais e
encarregados de educação para dar acompanhamento satisfatório dos seus educandos,
estes foram unânimes em afirmar que não estavam mas tinha que tinham que “apostar nesse
contexto para o bem-estar dos seus filhos” (DE).

No ponto 2.2 da entrevista procurava perceber o papel dos professores no sucesso ou


insucesso escolar. Neste ponto foram elaboradas três questões das quais forneceram as
seguintes informações:

Em relação aos factores que podem levar ao sucesso na aprendizagem da Matemática


relacionados com os professores, os entrevistados referem a utilização das novas tecnologias,
a dinamização das aulas, a criação de um bom ambiente de trabalho e o controle da disciplina
na sala de aula e a realização duma análise de diagnóstico. Além disso, mencionam também a
necessidade do professor ter um bom conhecimento das matérias que lecciona e promover a
ligação das mesmas com outras áreas do saber, bem como da necessidade de estudar e de
procurar tarefas diversificadas, indo ao encontro dos alunos.

Em contrapartida, os docentes apresentam a falta de empenho, de persistência, de atenção, de


interesse, de estudo, de dedicação e de hábitos e métodos de trabalho dos alunos como causas
do insucesso na disciplina de Matemática. Referem ainda que a postura dos alunos perante
31

esta disciplina, tendo uma ideia pré-concebida de que é uma disciplina difícil, e a falta de
perspectivas a nível escolar, são também causas de insucesso relacionadas com os discentes.

No que concerne às causas de insucesso a Matemática relacionadas com os professores,


alguns docentes evidenciaram alguma dificuldade para responder à questão formulada. Apesar
disso, apresentam como causas associadas aos professores a não implementação de materiais
diversificados e não conseguirem motivar os alunos, bem como a empatia criada com a turma
ou a falta dela e o facto de a matéria ser dada de forma estanque. A má formação científica e
pedagógica e o facto de não se implementar uma comunidade de discurso matemático,
valorizando a discussão de ideias, e da dificuldade que os docentes sentem para colocar
verdadeiramente no currículo as competências transversais, nomeadamente a comunicação, o
raciocínio e a resolução de problemas são também causas apresentadas.

No que toca ao papel da escola, a maioria refere que a escola onde se encontram tem feito
bastante para que os alunos obtenham sucesso a todas as disciplinas, desde o plano de acção
da matemática e as aulas coadjuvadas às aulas de apoio pedagógico acrescido, “apoio aos
alunos” (DE e DAP) e a realização de exercícios propostos pelos professores de matemática
no estudo acompanhado, “estudo acompanhado trabalham-se frequentemente diversos
exercícios e fichas de trabalho da disciplina” (P1 e P2).

Quanto ao papel dos alunos, quanto ao sucesso ou insucesso escolar, verificou-se que a
percepção dos discentes sobre as causas de sucesso/insucesso é que estas estão associadas ao
seu próprio empenho e trabalho individual e, consequentemente, as principais formas para
combater o insucesso na disciplina de Matemática também lhe estão imputadas, destacando a
seu trabalho individual e a sua atenção, concentração e comportamento na sala de aula.

Em relação aos factores socioeconómicos, as opiniões são unânimes quando referem que o
sucesso está interligado com o estrato social dos alunos, “quanto mais baixo é o nível
socioeconómico dos pais, mais os seus filhos apresentam insucesso escolar”, “não os podem
ajudar, que não sabem” e um sujeito menciona ainda a falta de métodos de trabalho e pouca
autonomia, “falta de métodos de trabalho, agravados pela sua fraca auto-estima e pouca
expectativa em relação à escola” (P2).
32

4.1.2 Apresentação do inquérito dirigido aos alunos

A questão 01 do inquérito tinha como objectivo analisar as representações que os alunos do


PEA têm sobre o insucesso escolar.

Nesta questão, verificou-se que quase mais que a metade dos alunos escolheram as opções G,
A, B, E e H, referente a dificuldades de aprendizagem e resolução dos exercícios, falta de
conhecimentos em Matemática, falta de empenho e atenção no PEA, falta de estudo em casa e
apresentação de comportamentos desajustados e indisciplina por parte dos alunos,
respectivamente. A tabela a seguir mostra como variaram as respostas.

Tabela 1: Variação das respostas da questão 01 do inquérito dirigido aos alunos.


Quantidade Percentagem

A: Falta de conhecimentos em Matemática 100 100%

B: Falta de empenho e atenção no PEA 95 95%

C: Ausência de acompanhamento dos estudos dos 0 0%


alunos por parte dos Pais e Encarregados de Educação

D: Não realização de trabalho individual 10 10%


E: Falta de estudo em casa 65 65%
F: Desmotivação à disciplina de Matemática 45 45%
G: Dificuldade de aprendizagem e resolução dos 100 100%
exercícios
H: Apresentação de comportamentos desajustados e 63 63%
indisciplina por parte dos alunos
I: Apresentação de rendimentos baixos na disciplina de 48 48%
Matemática

Tabela 2: Variação das respostas da questão 02 do inquérito dirigido aos alunos.

Quantidade Percentagem

A: Participação nas aulas 64


64%

B: Rendimentos nos testes 100 100%


33

C:Comportamento dos alunos 0


0%

D: Realização de trabalhos de casa 86 86%


E: Prestar atenção no decurso das aulas 46 46%
F: Assiduidade 0 0%
G: Interesse 33 33%
H: Trabalho individual 73 73%
I: Conhecimentos matemáticos 100 100%
Fonte: o autor.

A questão 03 do inquérito tinha como objectivo identificar as principais causas do insucesso


escolar, em particular na disciplina de Matemática. Neste número não se verificou
dificuldades em responder à questão.

Nesta questão notou-se que os alunos reconhecem na sua totalidade que a causa do seu
insucesso esteja relacionada com eles mesmos. Pois verificou-se que todos afirmam ser como
causa a falta de empenho e atenção no PEA (100%), seguido pela categoria D (não realização
de trabalho individual com 99%. A tabela 3 indica o nível de indicação das causas por pate
dos alunos.

Tabela 3: Variação das respostas da questão 03 do inquérito dirigido aos alunos

Quantidade Percentagem

A: Falta de capacidade intelectual em Matemática 55


55%

B: Falta de empenho e atenção no PEA 100


100%

C: Ausência de acompanhamento dos estudos dos


55
alunos por parte dos Pais e Encarregados de Educação 55%

D: Não realização de trabalho individual 99 99%


E: Falta de estudo em casa 75 75%
F: Desmotivação à disciplina de Matemática 33 33%
G: Uso de métodos de ensino inadequados por parte dos 25 25%
34

professores
H: Apresentação de comportamentos desajustados e
65 65%
indisciplina por parte dos alunos
I: Políticas educativas inadequadas tendo em conta o
10 10%
meio socioeconómico e cultural dos alunos
J: Falta de materiais didácticos de apoio 49 49%
Fonte: O autor.

4.2 Análise e interpretação dos resultados da pesquisa

As dificuldades demonstradas pelos alunos na disciplina de Matemática são evidentes e têm


sido amplamente estudadas. Assim, são inúmeras as causas apontadas para o insucesso
experienciado pelos discentes e todas estão inter-relacionadas, dada a complexidade deste
fenómeno. Os diferentes intervenientes no PEA, bem como os investigadores, apresentam
justificações distintas do fenómeno do insucesso.

Inicialmente, não se pode esquecer que existe uma crise da escola em geral, destacando-se o
desinteresse dos discentes pela escola, uma relação cada vez mais difícil entre a escola e a
família e a degradação da imagem da escola numa sociedade também em crise. Deste modo,
as condicionantes dos problemas do ensino em geral contribuem, em simultâneo, para as
dificuldades na aprendizagem de Matemática, que além disso tem os seus obstáculos
específicos. (Ponte, 2002b).

Os professores referem a falta de conhecimentos que deveriam ser adquiridos em anos


anteriores, a falta de empenho e de atenção dos alunos, o facto de muitas famílias terem um
baixo nível socioeconómico e cultural, a falta de incentivo por parte das famílias, a falta de
estudo em casa, os currículos extensos que não respeitam o ritmo de cada aluno e as
características próprias da disciplina como as principais causas do insucesso.

Os professores queixam-se que os alunos não aprendem, que não andam motivados, que não
são capazes de cumprir os objectivos programáticos ou que não possuem bases
correspondentes ao ano escolar que frequentam.

Um aspecto relacionado com o processo de ensino-aprendizagem desta disciplina que não se


pode nem se deve esquecer, como afirmou Crato (2006, p. 94), é que “[…] há precedências
claras, que em matemática são inevitáveis.” Contudo, nem sempre se verifica esta
preocupação de respeitar as precedências essenciais para a aprendizagem de um novo
35

conceito e alguns defendem que algumas etapas sejam passadas à frente, o que não faz
sentido. (idem) Assim, segundo Crato (2006, p. 98) “Com o combate à memorização e à
mecanização produz-se precisamente o contrário do que se diz pretender”.

Para os professores um dos factores de insucesso é a imagem negativa que a sociedade tem da
disciplina. Além disso, referiram também que é a falta de motivação, interesse e empenho, a
ausência de métodos e hábitos de estudo, as dificuldades de aprendizagem, a falta de pré-
requisitos, indisciplina e a falta de concentração nas aulas por parte dos alunos que levam ao
insucesso. Os docentes mencionaram ainda algumas causas relacionadas com a própria classe,
destacando que alguns professores têm práticas pedagógicas desajustadas e outros têm falta de
vocação. Ao nível do sistema de ensino, também foi referido o facto de as turmas terem um
elevado número de alunos heterogéneos, a falta de materiais e os programas extensos. De
referir ainda que o fraco apoio e envolvimento dos pais nas tarefas dos seus filhos levam aos
fracos resultados obtidos na disciplina.

Salienta-se ainda que, Almeida (1991, p. 39) conclui que os professores referem que é comum
“a presença de alunos que se alheiam totalmente de toda e qualquer actividade matemática
desenvolvida” na sala de aula. Ainda nesta linha de pensamento Chagas (2003, p. 244) afirma
que “Talvez dos problemas mais corriqueiros que o professor enfrenta em sala de aula, o mais
difícil de solucionar seja o da falta de motivação dos alunos”.

Na óptica de Ponte (1994, p. 3) “[…] as concepções que os alunos formam acerca do que é a
Matemática e como se estuda esta disciplina constituem-se também como grandes barreiras à
aprendizagem”.

Por sua vez, os alunos geralmente apontam o elevado grau de dificuldade da disciplina de
Matemática, o facto de as aulas serem desinteressantes, dos professores não explicarem a
matéria correctamente e destes utilizarem uma linguagem complexa e métodos desadequados,
a dificuldade na leitura e interpretação dos símbolos e de não perceberem a aplicabilidade da
disciplina nem por que razões a precisam estudar como factores que levam ao insucesso.
Alguns alunos interiorizam que são incapazes de atingir as competências essenciais na
disciplina de Matemática.

Neste sentido, Oliveira (1996, p. 194) refere que “Na disciplina de Matemática, quando os
alunos podem ter uma grande experiência de insucesso, é bastante plausível que os alunos
36

percebam uma capacidade insuficiente e, então, reduzem o tempo despendido no estudo da


disciplina para de algum modo protegerem o seu auto conceito”.

Num estudo realizado por Leandro (2006), os discentes destacam a ausência de trabalho
individual, a falta de atenção, de capacidades, de interesse e o mau comportamento na sala de
aula como as causas do insucesso a Matemática.

Após a análise do trabalho investigativo realizado, verifica-se que os alunos apresentam


algumas causas para o insucesso na Matemática que coincidem com as dos professores.
Assim, salientam a falta de empenho, a ausência de métodos de estudo, a indisciplina e a falta
de atenção nas aulas como fontes do insucesso. Além disso, Silva (2004, p. 135) concluiu que
“[…] os alunos referem que o professor deve explicar melhor, contemplar mais actividades,
implementar trabalhos de grupo e dar mais tempo para a realização do teste”.

O insucesso em Matemática resulta também da forma como tem sido realizada a formação
dos docentes e o seu recrutamento. Muitos docentes leccionam a disciplina sem terem
qualquer formação superior em Matemática e sem formação pedagógica. Além disso, os
cursos de formação inicial de professores de Matemática nem sempre estiveram sujeitos a
creditação e alguns não realizam uma preparação e formação de qualidade dos docentes.
Outra questão preocupante é o facto dos professores do 1º ciclo do ensino básico acederem
aos cursos sem preparação em Matemática.

O DE e o DAP convergem ao concordarem que a responsabilidade do professor no insucesso


se deve ao absentismo, aos métodos didácticos utilizados, à preparação científico-didáctica, à
relação pedagógica estabelecida. Outro factor, por eles indicado, associado ao insucesso na
disciplina de Matemática é o facto de existir uma cultura profissional marcada pelo
individualismo e o espírito de funcionário, por parte dos professores. Apesar de se verificar
uma evolução positiva, ainda existe pouco espírito de trabalho colaborativo e de partilha e
elaboração de materiais e projectos curriculares.

Alguns investigadores das ciências da educação apontam as metodologias implementadas por


alguns professores, os materiais utilizados na sala de aula e a falta de respeito pelos ritmos e
diferenças individuais dos alunos como causas do insucesso dos mesmos (Almeida, Mourão,
Barros, Fernandes & Campelo, 1993).
37

O insucesso desta disciplina resulta também dos currículos, que exigem um nível de
abstracção precoce, não relacionam os diferentes tópicos entre si e privilegiam a quantidade
de assuntos estudados em relação à qualidade.

De um modo geral, o DE e o DAP, destacam as seguintes causas:

 Inadequação do ensino de matemática em relação ao conteúdo, à metodologia de trabalho


e ao ambiente em que se encontra inserido o aluno em questão;
 “Má” formação de professores, ou seja, falta de capacitação docente;
 Programas de matemática não flexíveis e muitas vezes baseados em modelos de outros
países e, consequentemente, são modelos que muitas vezes não representam a realidade
socioeconómicas do país;
 Falta de compreensão e domínio dos pré-requisitos fundamentais que ajudariam este
estudante a obter um bom desenvolvimento nas aulas de matemática;
 Desvalorização socioeconómica dos professores.

Por sua vez, os professores apontam como factores de insucesso na disciplina de Matemática
os seguintes: factores internos aos alunos como as suas motivações, bagagem de
conhecimentos, aptidões e atitudes, e também factores de índole curricular como o conteúdo,
a extensão e a adequabilidade dos “curricula” e factores inerentes à sala de aula como
aspectos físicos do espaço (adequação dos espaços às diversas actividades em vista) e
características da(s) metodologia(s) de ensino usadas.
38

CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DA PESQUISA

5.1 Conclusões da pesquisa

Os resultados da pesquisa consideram que o insucesso escolar se verifica quando os alunos


não conseguem atingir os objectivos/ competências propostas às disciplinas, causados pela
falta de trabalho, empenho e expectativas, aconselhando-os a procederam a um estudo diário e
sistemático, no sentido de colmatar as dificuldades. Cabe aos pais o acompanhamento,
diálogo e estímulo para a vida académica. A escola deve continuar com a sua acção, já que os
resultados obtidos na mesma se revelam bastante positivos e vêm contrariar a opinião da
comunicação social, porque o insucesso não é exclusivo da matemática, mas, quando existe,
partilhado ou superado por muitas outras disciplinas.

Olhando aquilo que foram os pressupostos levantados pelos nossos inqueridos, chegou-se a
conclusão que as principais razões para o actual insucesso na disciplina de Matemática, na
ESN, para além, da desmotivação e a falta de bases matemáticas, apontaram como causas de
insucesso, o reduzido número de horas de aula, a indisciplina e os aspectos de natureza social.
Um em cada cem dos inquiridos, indicou a “má preparação dos docentes” como a principal
causa do insucesso dos alunos do Secundário em Matemática e, igualmente, uma parte dos
professores apontou as “lacunas na avaliação” como a causa responsável pelo insucesso nesta
disciplina. Para além destes alegados motivos de insucesso escolar na Matemática, os
professores inqueridos invocam, ainda, a extensão e má estruturação dos Programas e a falta
de hábitos de trabalho dos alunos.

Às razões anteriormente citadas, sem que a ordem implique qualquer grau de importância,
outras podem ser acrescentadas: a baixa motivação dos professores para a prática do ensino; a
inadequada formação científica dos docentes; a falta de investimento na sua formação
contínua; a falta de estabelecimento de conexões entre os conteúdos e a vida socioeconómico
e cultural dos alunos; a falta de ligação entre os professores do grupo da disciplina; a
inabilidade dos professores para explicar a matéria; a ideia de que a Matemática é uma
disciplina difícil; a não percepção, por parte dos alunos, da utilidade do conhecimento
matemático; a falta de apoio por parte dos pais; o contexto sócio-cultural do aluno.
39

5.2 Recomendações da pesquisa

Para os professores, eles devem utilizar materiais diversificados, dar aulas dinâmicas,
encontrar as principais dificuldades da turma a que lecciona para conseguir que estas sejam
superadas, motivar e cativar os alunos, elogiando e mostrando-lhe que são capazes, e
implementar algumas tarefas. Devem também apostar na sua formação científica e
pedagógica, inicial e contínua, relacionar os diferentes conteúdos entre si e a outras áreas do
saber.

Para os alunos, é essencial o trabalho individual, dentro e fora da sala de aula, o empenho, a
persistência, a dedicação e a predisposição para aprender. Além disso, os docentes afirmam
que é importante que os discentes percebam que a Matemática é uma disciplina com aplicação
e continuidade e para a qual é necessária força de vontade para descobrir e conjecturar, tirar as
dúvidas sempre que surjam e estudar.
40

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Álves, J. M., & Leite, M. (2005). Como ajudar o seu filho a ser bom aluno: sucesso na
escola. Um guia para os pais. Porto: Edições Asa.

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Crahay, M. (1996). Podemos lutar contra o insucesso escolar?Lisboa: Instituto Piaget.

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FIOLHAIS, C. (2005). Curiosidade apaixonada. Lisboa: Gradiva.

Jacob, A. V., & Loureiro, S. (1996). Desenvolvimento afectivo - o processo de aprendizagem


e o atraso escolar. Ribeirão Preto: FFCLRP-USP.

Montagner, H. (1996). Acabar com o insucesso escolar. Lisboa: Instituto Piaget.

Muñiz, B. M. (1990). A família e o insucesso escolar/colecção crescer. Tradução de Leonilde


Rodrigues. Porto: Porto Editora.

Muñiz, B. M. (1993). A família e o insucesso escolar. Porto: Porto Editora.

Ponte, J. P. (2006). Estudos de caso em educação Matemática. (Bolema, Ed.) Revista do


Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática do IGCE - Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, 25, 105-132.

Rangel, A. (1994). Insucesso escolar. Lisboa: Instituto Piaget.

ROSÁRIO, P. (2004). Estudar o estudar: As (Des)venturas do Testas. Porto: Porto Editora.

ROSÁRIO, P., & ALMEIDA, L. (2005). Leituras construtivas da aprendizagem. In G. L.


Miranda & S. Bahia (Org.) Psicologia da Educação. Temas de desenvolvimento,
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Sil, V. (2004). Alunos em situação de insucesso escolar. Lisboa: Instituto Piaget.

Simões, F. (2001). O interesse do auto-conceito em Educação. Lisboa: Plátano.


41

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Weiss, M. L. (1997). Psicologia clinica: Uma visão diagnóstica dos problemas de


aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP & A.
42

APÊNDICE

Apêndice I: Entrevista dirigida ao DE e DAP e Professores da disciplina de Matemática da


ES de Nametili.

O presente inquérito destina-se a um estudo de culminação do curso de Licenciatura em


Matemática que versa sobre o insucesso escolar na disciplina de Matemática na Escola
Secundária de Nametili. Garantimos a confidencialidade dos dados obtidos. Agradecemos,
desde já, a colaboração prestada.

Autor: Atumane Suleimana

1 Identificação do entrevistado

Sexo: _____
Tempo de serviço: ______ anos
Situação profissional: __________________________________________________
Nível de formação: ______________________________________________________

2 O insucesso escolar e a disciplina de Matemática


2.1 O que entende por insucesso escolar?
2.2 Que avaliação faz em relação ao aproveitamento nos testes da disciplina de Matemática,
em particular de carácter provincial, quanto ao (in) sucesso escolar?
2.3 Na sua opinião, qual ou quais as razões do insucesso escolar à disciplina de Matemática?
3 Factores que intervêm no sucesso ou insucesso escolar na disciplina de Matemática
3.1 O papel dos pais e encarregados de educação dos alunos
a) Qual a relação que o meio socioeconómico e cultural dos pais e encarregados de
educação têm com o sucesso/insucesso dos seus educandos?
b) Qual a atitude que os Pais e Encarregados de Educação devem ter para ajudar a
superar este problema?
c) Na qualidade de um educador que vive junto a comunidade, achas que os pais e
encarregados de educação estão preparados para dar um acompanhamento satisfatório
dos seus educandos?
3.2 O papel dos professores da disciplina de Matemática
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a) Como avalia o desempenho do professor, quanto a sua motivação, domínio ou


preparação para a prática de ensino?
b) Como professor, de que forma actuaria para diminuir o insucesso à disciplina de
Matemática?
c) Qual o papel da Escola, de modo geral, para diminuir o insucesso escolar na disciplina
de Matemática?
3.3 O papel dos alunos
a) Qual é a relação do insucesso escolar na disciplina de Matemática com o papel dos
alunos.
3.4 Os factores socioeconómicos e culturais
a) Qual a relação que o meio socioeconómico dos Pais e Encarregados de Educação têm
com o sucesso ou insucesso dos seus educandos?
b) Qual a sua opinião em relação a contextualização dos conteúdos da Matemática e o
seu impacto na vida socioeconómico e cultural dos alunos?

Obrigado pela sua colaboração.


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Apêndice II: Inquérito dirigido aos alunos da ES de Nametili

O presente inquérito destina-se a um estudo de culminação do curso de Licenciatura em


Matemática que versa sobre o insucesso escolar na disciplina de Matemática na Escola
Secundária de Nametili. Garantimos a confidencialidade dos dados obtidos. Agradecemos,
desde já, a colaboração prestada.

Autor: Atumane Suleimana

Idade:______ anos Sexo: _______

1 O que entendes por insucesso escolar na disciplina de Matemática.

A. Falta de conhecimentos em Matemática;

B. Falta de empenho e atenção no PEA;

C. Ausência de acompanhamento dos estudos dos alunos por parte dos Pais e
Encarregados de Educação;

D. Não realização de trabalho individual;

E. Falta de estudo em casa;

F. Desmotivação à disciplina de Matemática;

G. Dificuldades de aprendizagem e resolução dos exercícios;

H. Apresentação de comportamentos desajustados e indisciplina por parte dos alunos;

I. Apresentação de rendimentos baixos na disciplina de matemática.

2 Como se avalia o insucesso escolar na disciplina de Matemática?

A. Participação nas aulas;

B. Rendimento nos testes;

C. Comportamento dos alunos;

D. Realização de trabalhos para casa;

E. Prestar atenção no decurso das aulas;

F. Assiduidade;

G. Interesse;
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H. Trabalho individual;

I. Conhecimentos matemáticos.

3 Quais são as causas de insucesso escolar na disciplina de Matemática?

A. Falta de capacidade intelectual em Matemática;

B. Falta de empenho e atenção no PEA;

C. Ausência de acompanhamento dos estudos dos alunos por parte dos Pais e
Encarregados de Educação;

D. Não realização de trabalho individual;

E. Falta de estudo em casa;

F. Desmotivação à disciplina de Matemática;

G. Uso de métodos de ensino inadequados por parte dos professores;

H. Apresentação de comportamentos desajustados e indisciplina por parte dos alunos;

I. Políticas educativas inadequadas tendo em conta o meio socioeconómico e cultural


dos alunos;

J. Falta de materiais didácticos de apoio.

Obrigado pela sua colaboração.

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