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FORTALEZA – CEARÁ
2019
JOSÉ MARIA DE SOUSA COSTA FILHO
FORTALEZA – CEARÁ
2019
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por todas as bênçãos que ele concedeu em minha vida.
À minha mãe Maria José da Silva e meu pai José Maria de Sousa Costa que sempre estiveram
comigo em toda essa trajetória, sempre me incentivando e dando apoio em todas as
dificuldades.
À minha namorada Ariade da Silva Matos, que sempre me apoiou e esteve do meu lado
sempre que precisei, me incentivando a nunca desistir mesmo com as dificuldades.
À professora Ma. Luiza Maria Morais Lima (Universidade Estadual do Ceará) pela
orientação, questionamentos e críticas.
À professora Ma. Antonia Naiara de Sousa Batista (Universidade Estadual do Ceará) pelas
críticas, sugestões, apoio e compreensão.
Ao professor Eisenhower Sousa Costa (Escola Municipal de Ensino Fundamental João
Antônio da Silva), pelo incentivo, pelo apoio e por sempre acreditar no meu potencial.
À Universidade Estadual do Ceará pela oportunidade de realizar o curso.
Aos membros da banca, pela disponibilidade, observações, questionamentos e críticas.
A todos os professores do curso de Licenciatura Plena em Matemática da Universidade
Estadual do Ceará, por contribuírem com o meu conhecimento e formação.
Aos meus colegas da Universidade estadual do Ceará que sempre me incentivaram com as
suas amizades e apoio.
RESUMO
Equações do 1º grau é um assunto que geralmente traz dificuldades quando se trabalha com a
resolução de problemas como metodologia didática. Sendo assim, este estudo visa investigar
as dificuldades dos estudantes ao resolverem problemas envolvendo equações do 1º grau, no
8º ano. Para tanto, foram realizadas pesquisas, sobre o ensino da álgebra no ambiente escolar,
para entendermos um pouco mais de como ela é trabalhada nas escolas. Como também,
pesquisamos como se é abordada a resolução de problemas em sala de aula, no conteúdo de
equações do 1º grau, um método de resolução sugerido por George Polya, assim como as
contribuições que a resolução de problema desenvolve no aluno. Foram aplicados dois
questionários contendo problemas de equações do 1º grau, onde após a aplicação do
questionário inicial, houve uma breve explanação a respeito das estratégias de George Polya
para resolver problemas, e posteriormente a aplicação do questionário final, e a partir deles
foram identificadas as dificuldades dos estudantes. Portanto, procuramos com esta pesquisa
proporcionar auxílio aos professores, para eles buscarem novas estratégias, com relação às
dificuldades dos alunos, a fim de desenvolver uma aprendizagem mais significativa.
First-degree equations are a subject that usually brings difficulties when working with
problem solving as a didactic methodology. Thus, this study aims to investigate the
difficulties of students when solving problems involving 1st degree equations in the 8th year.
For this purpose, research was conducted on the teaching of algebra in the school
environment, to understand a little more about how it is worked in schools. As also, we
investigated how we addressed the resolution of problems in the classroom, in the content of
1st degree equations, a resolution method suggested by George Polya, as well as the
contributions that problem solving develops in the student. Two questionnaires containing
problems of 1st degree equations were applied, where after the application of the initial
questionnaire, there was a brief explanation regarding the strategies of George Polya to solve
problems, and subsequently the application of Final questionnaire, and from them were
identified the difficulties of the students. Therefore, we seek with this research to provide
assistance to teachers, for them to seek new strategies, regarding the difficulties of students, in
order to develop a more meaningful learning.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 9
2 ENTENDENDO A ÁLGEBRA E SUAS CONCEPCÕES PEDAGÓGICAS
NO AMBIENTE ESCOLAR.................................................................................... 14
2.1 UMA BREVE INTRODUÇÃO AO INÍCIO DA ÁLGEBRA SIMBÓLICA............ 14
2.2 A FINALIDADE DO ENSINO DA ÁLGEBRA........................................................ 15
2.3 A PASSAGEM DO PENSAMENTO À LINGUAGEM ALGÉBRICA.................... 16
2.4 A APRENDIZAGEM DAS EQUAÇÕES DO 1º GRAU.......................................... 18
2.5 ORIENTAÇÕES PARA O ENSINO DA ÁLGEBRA............................................... 20
2.6 CRITÉRIOS AVALIATIVOS DE APRENDIZAGEM DA ÁLGEBRA................... 21
3 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA............ 23
3.1 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS.......................................................................... 23
3.2 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO ENSINO DE EQUAÇÕES DO
1º GRAU..................................................................................................................... 26
3.3 AS CONTRIBUIÇÕES DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS................................ 30
4 UMA APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE GEORGE POLYA PARA
RESOLVER PROBLEMAS DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU.............................. 34
4.1 APRESENTAÇÃO DA ESCOLA E DA TURMA.................................................... 34
4.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO INICIAL......................................................... 35
4.3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO FINAL............................................................ 43
4.4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS........................... 52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 54
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 56
ANEXOS.................................................................................................................... 58
ANEXO A - QUESTIONÁRIO INICIAL.................................................................. 59
ANEXO B - QUESTIONÁRIO FINAL..................................................................... 60
9
1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos o ensino da matemática tem passado por várias mudanças em
busca de uma melhoria na forma pela qual os alunos a aprendem, e com isso o professor passa
a ter novos desafios, para fazer com que seus alunos adquiram uma aprendizagem mais
significativa. Com isso, a ensino da álgebra pode ser um empecilho na vida dos estudantes
dos anos finais, pelo fato de existirem muitas dificuldades encontradas por eles para
resolverem uma simples equação. Esses obstáculos são ainda maiores quando está em questão
a resolução de problemas algébricos, que por sua vez, exige do aluno uma boa interpretação, e
posteriormente, uma metodologia para resolvê-lo. (POLYA, 1995).
Para entender esses obstáculos Silva (2011) fez uma investigação sobre a
importância da álgebra na resolução de problemas, visando o estudo das equações do 1º grau,
condicionando a pesquisa nas dificuldades dos alunos, seus erros e acertos. Em seu trabalho
ele fez uma análise a respeito das dificuldades que os estudantes possuem na interpretação de
enunciados de problemas sobre equações do 1º grau para a linguagem algébrica.
Sousa (2005) também explana sobre a importância da resolução de problemas
para a aprendizagem da matemática. Afirma que permite ao aluno fazer-se questionamentos e
pensar por si próprio, e assim, podendo exercitar o seu raciocínio lógico e não apenas seguir
um uso padrão de regras. Destaca que o ensino da matemática sem a resolução de problemas
não possibilita ao aluno ter curiosidades em lidar com novas situações. Oferece uma proposta
para professores do ensino fundamental, com estratégias didáticas para serem trabalhadas com
a resolução de problemas, a fim de enfrentar as dificuldades da aprendizagem.
Nesse contexto, Arruda (2013) defende que a resolução de problemas como
metodologia de ensino é uma das formas mais simples que proporcionam aos alunos que eles
aprendam a aprender. Descreve uma proposta metodológica com questionamentos que o
aluno deve fazer a si próprio no momento em que estiver resolvendo um problema, através
das estratégias de George Polya1 para resolver problemas, onde após apresentação desse
método, fez a aplicação de dois questionários, voltados ao conteúdo de análise combinatória,
para buscar a percepção dos alunos sobre a resolução de problemas. Essa aplicação foi feita,
com alunos do Instituto Federal de São Paulo do curso de licenciatura em matemática.
Nas propostas apresentadas, a percepção sobre a resolução de problemas é vista
como um ponto positivo para a aprendizagem dos alunos, estimulando os mesmos a terem
1
George Polya foi um professor de matemática, autor do livro A arte de resolver problemas, onde ele apresenta
as 4 fases para se resolver um problema.
10
O ensino da álgebra não está recebendo uma devida importância com relação à
resolução de problemas, pois a maioria dos educadores ainda trabalha a Álgebra de maneira
mecânica, priorizando simplesmente a memorização e a utilização de regras e padrões. Apesar
da resolução de problemas ser uma excelente metodologia de ensino, como foi visto, muitos
alunos encontram muitas dificuldades na escrita da linguagem algébrica. Nesse sentido,
Dienes (1974, p. 70) afirma que na matemática,
Não adiantará por uma variável à frente de uma criança até que esta a veja variar.
Quando a variável tiver realmente variado na experiência da criança, então haverá
sentido colocar o nosso número escolhido, em lugar de todos os números diferentes
que já representaram o nosso número escolhido, e não será necessário muito tempo
11
para convencê-la de que, como economia de expressão, pode usar-se uma letra-
código para o nosso número escolhido.
[...] a ênfase que os professores dão a esse ensino não garante o sucesso dos alunos,
a julgar tanto pelas pesquisas em Educação Matemática como pelo desempenho dos
alunos nas avaliações que têm ocorrido em muitas escolas. Nos resultados do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), por exemplo, os itens
referentes à álgebra raramente atingem um índice de 40 % de acerto em muitas
regiões do país. (BRASIL, 1998, p. 115)
[...] a metodologia utilizada pelos professores no ensino dessa matéria deve ser
adequada ao nível matemático de seus alunos e aos seus conhecimentos prévios, de
modo que se trate de prevenir e eliminar, na medida do possível, as dificuldades que
frequentemente surgem em sua aprendizagem, derivadas, em muitos casos, de
desajustes de tipo metodológico.
buscar novos caminhos para a formulação dos resultados. Dessa forma, dando importância ao
processo de resolução e não apenas à solução final.
A matemática é uma disciplina que está presente diariamente em nossas vidas, por
essa razão muitas vezes nos deparamos com situações que precisam de uma reflexão
algébrica. Sentimos necessidades em calcular certos valores desconhecidos na formulação de
soluções de problemas do cotidiano.
Seguindo essa reflexão sobre a álgebra, o pensamento algébrico não é voltado
apenas aos objetivos de resolver um problema, mas sim, às relações existentes, podendo ser
representadas e raciocinadas de um modo geral, um dos meios de alcançar esse pensamento e
promover esse raciocínio é pelo de estudo de padrões e regularidades (PONTE, 2005). Dessa
forma, notamos que o pensamento algébrico é constituído de diferentes formas de pensar e
compreender as simbologias, onde deve ser relacionado em todos os ramos da matemática,
para que assim possamos desenvolver e ampliar essas formas de pensar no início escolar.
Desse modo, fazendo com que os alunos passem a pensar produtivamente se apropriando de
ideias da matemática, ou seja, esse aluno passa a pensar matematicamente.
Contudo podemos considerar a linguagem algébrica como sendo uma ferramenta
essencial para podermos descrever simbolicamente algumas regularidades, como apontam os
PCN,
Dimensões da Aritmética
Álgebra Generalizada Funcional Equações Estrutural
Os autores destacam que os alunos devem ter noções de como solucionar uma
equação, bem como verificar se um dado valor, pode ser o resultado de uma equação ou não.
Mas existem algumas preocupações de professores a respeito de como se é abordada a álgebra
nos livros didáticos, no quesito de resolução de atividades, há uma dificuldade dos alunos em
compreenderem a linguagem dos símbolos. Assim, a finalidade do livro didático é fazer com
que os alunos tenham o interesse de aprender dentro e fora da escola.
ele não deve ocupar papel dominante nesse processo. Assim, cabe ao professor
manter-se atento para que sua autonomia pedagógica não seja comprometida. Nunca
é demais insistir que, apesar de toda a sua importância, o livro didático não é o único
suporte do trabalho pedagógico do professor. É sempre desejável buscar
complementá-lo, a fim de ampliar as informações e as atividades nele propostas,
para contornar deficiências ou, ainda, adequá-lo ao grupo de alunos que o utilizam.
(BRASIL, 2013, p. 13)
Seguindo esse pensamento, notamos que mesmo o livro didático sendo um fator
importante na aprendizagem, como sendo um recurso auxiliar, não cabe a ele arcar com todas
as responsabilidades decorrentes as dificuldades encontradas na aprendizagem de equações do
1º grau. E que o professor deve perceber que o livro didático não é o único auxílio no trabalho
pedagógico. Com isso, o Guia de Livros Didáticos de Matemática relata,
Partindo desse ponto de vista, é possível afirmar que não é tarefa fácil o papel do
professor na construção do conhecimento do aluno, tendo que, é necessário que eles possuam
conhecimentos prévios de séries anteriores, no processo de resolução de equações, mas o
20
professor deve articular esses alunos levando-os a trabalhar a álgebra em suas diferentes
concepções.
Então o professor deve ter a noção de como o aluno constrói o seu conhecimento,
para assim, propor situações em que o aluno estabeleça relações de regularidades, do que
priorizar apenas o desenvolvimento de equações por meio de procedimentos mecânicos, em
que o aluno não desenvolve o seu pensamento algébrico. É importante salientar, que as
orientações didáticas, não discutem todas as questões referentes ao estudo da álgebra, mas nos
guia para caminhos, a fim de complementar e ampliar os conhecimentos. Segundo os PCN,
entenda que a álgebra pode ser descrevida como uma linguagem para representar padrões. Os
PCN possibilitam relações entre a álgebra e a geometria a fim de contribuírem juntas para o
conhecimento,
A álgebra é um campo muito extenso, onde o aluno deve evoluir a sua capacidade
de aperfeiçoar as suas competências na parte de abstração e generalização de conceitos, além
de adquirir um ótimo recurso para a resolução de problemas. Por isso entra o processo
avaliativo como um fator importante para identificar se as capacidades desenvolvidas foram
atendidas (BRASIL, 1998). Assim, nos asseguram os PCN,
Dessa forma, os meios avaliativos propostos pelo professor, sejam eles provas,
atividades ou trabalhos, possam fornecer informações sobre as habilidades de cada aluno na
resolução de problemas, em se comunicar através da linguagem matemática e em ampliar o
seu desenvolvimento no conhecimento da matemática. Além disso, os critérios avaliativos
devem ser observados a partir das justificativas, explicações e argumentações, por serem
pontos que muitas vezes desenvolvem um raciocínio que não ficam claros nas avaliações
escritas.
22
Assim, percebemos que a avaliação pode ser obtida de várias formas, dependendo
do que se deseja alcançar como objetivo. Seguindo esse raciocínio, os PCN destacam algumas
estratégias avaliativas,
Temos em vista que ainda hoje se discute sobre a resolução de problemas, e que a
mesma, não tem representado o seu verdadeiro dever no ensino, sendo apenas utilizada na
aplicação de conhecimentos já adquiridos pelos alunos e não como uma metodologia para
construir o conhecimento matemático.
Esses hábitos ainda são empregados com muita frequência, em que os alunos são
acostumados a aprender um conceito ou uma fórmula e assim ser solicitado a eles um
problema para que possa resolvê-lo com o que se foi ensinado. A partir disso, os alunos não
conseguem ter uma reflexão a respeito do que lhe está sendo apresentado, e assim, para eles
resolver um problema, passa a ser fazer cálculos de maneira mecânica. (SILVA, 2011)
Dessa forma, esses hábitos empregados para a aprendizagem em resolver
problemas, acabam comprometendo o desenvolvimento do aluno no sentido de desenvolver
um raciocínio lógico, em ser criativo, e assim esse aluno passa a ter dificuldades em construir
argumentos e elaborar estratégias para resolver um problema como também em entender
conceitos matemáticos aplicados. (SILVA, 2011)
Na década de 90, a resolução de problemas começa a ter novas concepções,
sendo caracterizada como metodologias para a educação matemática, na intenção de buscar
estratégias para serem utilizadas no ensino aprendizagem da matemática. Contudo, afirma
Diniz (2001, p. 87):
bom uso da resolução de problemas, seja para aplicar um conceito desenvolvido ou algum
método. Utilizar problemas com mais de uma solução possível, com isso, priorizando a
argumentação em cada resultado, trabalhar com diferentes tipos de problemas de modo que a
seleção dos mesmos possa ser de acordo com os objetivos que se deseja alcançar, a fim de
desenvolver as habilidades cognitivas do aluno.
Onuchic (1999) nos diz que a resolução de problemas só passa a ter uma devida
atenção pelos educadores nas últimas décadas, pois afirma que nessa metodologia de ensino
os alunos atuam como participantes ativos, pois os problemas são ferramentas valiosas e bem
definidas e as atividades na resolução de problemas como um complexo simultâneo de várias
outras atividades. Destaca ainda, que compreender os conceitos está relacionado a envolver
uma ideia matemática em um grande número de contextos. Com isso, no progresso do estudo
das equações de 1º grau, passa a ser uma fase delicada, por se tratar de algo novo na
construção do conhecimento. Nesse sentido, é fundamental trabalhar a parte da motivação,
como aponta Polya (1995, p.1):
Dessa forma, Polya (1995) destaca na sua obra “A Arte de Resolver Problemas” a
importância de se fazer questionamentos e de sugestões que podem ser feitas na hora de
27
resolver um problema. Com isso, faz-se necessário o estímulo do professor para com seus
alunos, de modo que eles possam desenvolver suas habilidades e conseguir alcançar os
objetivos almejados. Vamos a uma aplicação2 da estratégia de Polya (1995, p. 7), para a
resolução de um problema envolvendo equações do 1º grau, que será aplicado no problema de
Calil (2013) a seguir:
Quadro 2 – Problema de equação do 1º grau
A idade de um pai é igual ao triplo da idade de seu filho. Calcule essas idades, sabendo que
juntos tem 60 anos.
2
A aplicação das estratégias de George Polya em um problema de equação do 1º grau foi baseada no trabalho de
Silva (2011).
28
3𝑓 + 𝑓 = 60
ou ainda,
4𝑓 = 60
4𝑓/4 = 60/4
ou seja,
𝑓 = 15 (2)
𝑝 + 𝑓 = 60
ou ainda,
𝑝 + 15 = 60.
𝑝 + 15 – 15 = 60 – 15
e portanto,
𝑝 = 45.
4ª ETAPA: Retrospecto.
𝑧 + 𝑦 = 60 (𝐼)
𝑧 = 3𝑦 (𝐼𝐼)
3𝑦 + 𝑦 = 60
ou ainda,
4𝑦 = 60
4𝑦/4 = 60/4
ou seja,
𝑦 = 15
𝑧 = 3 𝑥 (15)
e portanto,
𝑧 = 45.
A partir desse método descrito por Polya (1995) para resolver problemas, é
notável percebermos que fica muito mais fácil a resolução quando se tem um direcionamento,
30
ou seja, um passo a passo para resolvê-lo. Assim como é de extrema importância que o aluno
tenha situações diversificadas de resolução, como orientam os Parâmetros Curriculares
Nacionais,
Os contextos dos problemas deverão ser diversificados para que eles tenham
oportunidade de construir a “sintaxe” das representações algébricas, traduzir as
situações por meio de equações (ao identificar parâmetros, incógnitas, variáveis), e
construir as “regras” para resolução de equações. (BRASIL, 1998, p. 122)
Então, com a orientação do autor fica claro que grande parte da responsabilidade
da aprendizagem dos alunos é do professor, pois é dele a missão de acompanhar os seus
32
alunos nesse processo, em cada etapa da resolução, sempre buscando motivá-los e ajudá-los
quando necessário. A partir disso, compreendemos que a aprendizagem dos alunos fica mais
fácil, uma vez que temos todos esses fatores citados por Onuchic (1999) contribuindo para
isso.
Segundo Polya (1995) o principal acontecimento na resolução de um problema é a
partir da percepção de um plano, sendo que essa ideia pode ser sugerida de forma gradual, ou
por meio de várias tentativas sem sucesso, que acabam surgindo repentinamente como uma
ideia brilhante. Diz ainda que o professor deve proporcionar no aluno uma ideia luminosa de
forma discreta, ou seja, através de indagações e sugestões o aluno passa a formular a ideia
principal do problema. Seguindo essa linha de pensamento os PCN afirmam que,
A partir desse pensamento, podemos perceber que uma das grandes contribuições
da resolução de problemas na vida do aluno, é o fato de possibilitá-lo a desenvolver a
capacidade de administrar várias informações que estão ao seu redor, bem como, a
oportunidade de expandir ainda mais o seu conhecimento, não apenas na matemática, mas
também uma visão de mundo, podendo assim se tornar uma pessoa autoconfiante.
Apesar da resolução de problemas ser um ótimo meio de desenvolver o
conhecimento dos alunos, Dante (1997) afirma que é um dos assuntos mais difíceis de serem
aplicados em sala de aula, pelo fato de que os alunos estão habituados a não resolverem
problemas que envolvam um ou mais algoritmos. E isso ocorrendo, por conta que muitos dos
livros didáticos trazem apenas exercícios de fixação dos conteúdos que são trabalhados em
sala de aula.
Para Walle (2009), quando os alunos se concentram nos métodos de resoluções
em atividades bem elaboradas, que são baseadas em resolução de problemas, isso acaba
resultando em novas compreensões matemáticas, que estão embutidas na atividade. E
enquanto eles estão procurando padrões e descobrindo quais métodos funcionam, de certa
forma favorável eles estão se engajando em um pensamento reflexivo a respeito das ideias
envolvidas.
A partir desses pensamentos citados, concluímos que a resolução de problemas
como uma metodologia didática, tem seus benéficos, quando desenvolve no aluno a
33
capacidade de lidar com várias informações e poder gerenciá-las. Mas também tem as suas
dificuldades, quando se deseja trabalhar com esse método em sala de aula, por se tratar de
todo um processo de aprendizagem em que muitos alunos não estão habituados.
34
2𝑥 – 4 = 𝑥 + 1
2𝑥 – 4 + 4 = 𝑥 + 1 + 4
ou ainda,
2𝑥 = 𝑥 + 5
2𝑥 – 𝑥 = 𝑥 – 𝑥 + 5
e portanto,
𝑥 = 5.
36
Logo, a solução é 5. Essa foi uma questão em que tivemos 17 acertos, 9 erros e 9
deixaram em branco. Uma questão considerada fácil, baseando-se no número de acertos e por
ser uma questão em que as informações do enunciado, são apresentadas de uma forma em que
o aluno consegue montar a equação, mesmo sem entender o problema. Na figura 1 a seguir,
temos a resolução feita pelo aluno A.
Na resolução da questão 01, pelo aluno A, observamos que ele conseguiu montar
a equação relacionada ao problema corretamente, a partir dela, ele conseguiu resolvê-la
corretamente encontrando a resposta desejada. Ele usou o método de apenas passar o número
para o outro lado da igualdade com o sinal trocado, e fez as contas. Esse tipo de resolução foi
considerado como certa, atingindo o resultado desejado, mas não utilizou o procedimento
correto.
37
Questão 02: A soma de três números consecutivos é igual a 54. Quais são esses
números?
Solução: Vamos chamar o primeiro número desconhecido de 𝑥. Assim, como são
números consecutivos, os outros dois serão, (𝑥 + 1) e (𝑥 + 2). Como a soma desses três
números é igual a 54, dessa forma obtemos a seguinte equação:
𝑥 + (𝑥 + 1) + (𝑥 + 2) = 54
ou ainda,
3𝑥 + 3 = 54
3𝑥 + 3 – 3 = 54 – 3
ou ainda,
3𝑥 = 51
3𝑥/3 = 51/3
e portanto,
𝑥 = 17.
Logo a sequência será 17, 18 e 19. Uma questão em que tivemos apenas 5
acertos, 13 erros e 17 deixaram em branco. Uma questão considerada difícil pelo fato de
poucos alunos ter interpretado o problema corretamente, assim como, na resolução da
equação. Na figura 2 a seguir, temos a resolução feita pelo aluno B.
38
Questão 03: A metade dos objetos de uma caixa mais a terça parte desses objetos
é igual a 25. Quantos objetos há na caixa?
Solução: Vamos chamar o número de objetos existentes na caixa de x. A metade
dos objetos representamos por 𝑥/2, e a terça parte por 𝑥/3. A partir dos dados obtidos
podemos chegar à seguinte equação:
𝑥/2 + 𝑥/3 = 25
5𝑥/5 = 150/5
e portanto,
𝑥 = 30.
Questão 04: Numa partida de basquete, as duas equipes fizeram um total de 135
pontos. A equipe 𝐴 fez o dobro de pontos que a equipe 𝐵. Quantos pontos marcou cada
equipe?
Solução: Como a equipe 𝐴 fez o dobro de pontos que a equipe B, denotaremos os
pontos da equipe 𝐴 por 2𝐵, para assim formarmos uma equação com a incógnita 𝐵:
2𝐵 + 𝐵 = 135,
ou ainda,
3𝐵 = 135
3𝐵/3 = 135/3
ou seja,
𝐵 = 45.
Apesar de termos muitos acertos na questão 04, tiveram alunos que como o aluno
D não conseguiram interpretar o enunciado da maneira correta, e acabaram montando uma
equação com duas variáveis, de modo que impossibilitou a resolução do problema.
𝑥 + 𝑥 + 5 = 13
ou ainda,
2𝑥 + 5 = 13
2𝑥 + 5 – 5 = 13 – 5
ou ainda,
2𝑥 = 8
2𝑥/2 = 8/2
ou seja,
𝑥 = 4.
Logo, o peso representado por 𝑥 vale 4 quilogramas. A questão 05 foi a que teve o
maior número de acertos do primeiro questionário, sendo resolvida por meio de equações
como também por tentativas, substituindo valores no lugar de 𝑥. Teve um total de 22 acertos,
6 erros e 7 deixaram em branco. Na figura 6 a seguir, temos a resolução feita pelo aluno E.
62,9%
40,0%
37,1%
34,3%
28,6%
25,7% 25,7% 25,7%
22,9%
20,0%
17,1%
14,3%
elaboradas por Moraes (2009), a questão 9 por Fabretti (2013) e a questão 10 por Moraes
(2016).
Antes da aplicação do questionário houve uma explanação a respeito das
estratégias de resolução de problemas de Polya (1995), com a finalidade de fazer com que os
alunos entendam primeiramente o problema antes de começar a resolvê-lo. A partir dessa
linha de raciocínio, foram apresentadas as quatro fases da teoria de Polya (1995), que são:
compreensão do problema; estabelecimento de um plano; execução do plano; e retrospecto.
Após todas essas explicações, foi solicitado que os alunos resolvessem as os problemas
propostos.
A seguir, serão apresentadas as questões propostas do segundo questionário, com
as suas devidas resoluções, montando as equações e resolvendo passo a passo, assim como
também será apresentado a resolução de alguns alunos que serão representados por letras (A à
Z) da mesma forma que foi apresentado no primeiro questionário, para observarmos os seus
métodos de resolução, como também as suas dificuldades.
Questão 06: O triplo de um número, menos 25, é igual ao próprio número, mais
55. Qual é esse número?
Solução: Vamos chamar o número desconhecido de 𝑥. Escrevendo a equação a
partir da sequência de informações do enunciado, temos a seguinte equação:
3𝑥 – 25 = 𝑥 + 55
3𝑥 – 25 + 25 = 𝑥 + 55 + 25
ou ainda,
3𝑥 = 𝑥 + 80
3𝑥 – 𝑥 = 𝑥 – 𝑥 + 80
ou seja,
2𝑥 = 80
45
2𝑥/2 = 80/2
e portanto,
𝑥 = 40.
Logo o número desejado é 40. Uma questão considerada fácil, pelo número de
acertos obtidos, onde mais da metade dos alunos participantes da pesquisa resolveram
corretamente, totalizando 23 acertos, 9 erros e 3 deixaram em branco. Na figura 7 a seguir,
temos a resolução feita pelo aluno F.
Solução: Vamos chamar o número de motos de 𝑥. Como o problema nos diz que
o número de carros é cinco vezes o número de motos, temos que o número de carros é igual a
5𝑥. Agora que temos o número de motos e carros expressos em 𝑥, obtemos a seguinte
equação:
𝑥 + 5𝑥 = 78
ou ainda,
6𝑥 = 78
6𝑥/6 = 78/6
ou seja,
𝑥 = 13.
Questão 08: Lúcio comprou uma camisa que foi paga em 3 prestações. Na
primeira prestação ele pagou a metade do valor da camisa, na segunda prestação, a terça parte
e na última, 𝑅$ 2,00. Quanto ele pagou pela camisa?
Solução: Vamos chamar o valor desconhecido da camisa de 𝑥. Na primeira
prestação ele pagou 𝑥/2 reais, na segunda prestação 𝑥/3 reais e na terceira 𝑅$ 2,00. A partir
dessas informações, podemos montar a seguinte equação:
𝑥/2 + 𝑥/3 + 2 = 𝑥
6𝑥/2 + 6𝑥/3 + 12 = 6𝑥
ou ainda,
5𝑥 + 12 = 6𝑥
5𝑥 + 12 – 5𝑥 = 6𝑥 – 5𝑥
ou seja,
𝑥 = 12.
Questão 09: Numa caixa há bolas brancas e bolas pretas num total de 360. Se o
número de bolas brancas é o quádruplo do número de bolas pretas, qual é o número de bolas
brancas?
Solução: Vamos chamar o número de bolas brancas de 𝑥 e as pretas de 𝑦. Como o
número de bolas brancas é o quádruplo do número de bolas pretas, iremos representar as bolas
brancas por 4𝑦, para obtermos uma equação apenas com a variável 𝑦, ou seja:
𝑦 + 4𝑦 = 360
ou ainda,
5𝑦 = 360
5𝑦/5 = 360/5
ou seja,
49
𝑦 = 72.
𝑥 + 𝑥 + 𝑥 + 𝑥 + 5 = 𝑥 + 𝑥 + 𝑥 + 5 + 5 + 5
ou ainda,
4𝑥 + 5 = 3𝑥 + 15
4𝑥 + 5 – 3𝑥 = 3𝑥 + 15 – 3𝑥
ou ainda,
𝑥 + 5 = 15
𝑥 + 5 – 5 = 15 – 5
ou seja,
𝑥 = 10.
51
68,6%
65,7%
60,0%
57,1% 57,1%
42,9%
28,6%
25,7% 25,7%
22,9%
14,3% 14,3%
8,6% 8,6%
0,0%
sequência das informações presentes no enunciado lhe direciona. Nas questões 5ª e 10ª,
tivemos situações em que poderiam ser resolvidas sem até mesmo a utilização de fórmulas,
desse modo, essas respostas foram consideradas corretas.
Agora, comparando as questões em que os alunos tiveram mais dificuldades, de
acordo com o gráfico 1 e 2, temos as 2ª e 7ª questões respectivamente. Nessas questões, o
aluno teria que pensar um pouco mais para entender o problema e formular uma equação, pois
no enunciado as informações não eram tão claras, quanto a compreensão. Já na observação
dos gráficos 1 e 2, as questões 3ª e 8ª respectivamente, foram questões em que os alunos
conseguiram entender o problema e elaborar uma equação, mas a grande maioria teve
dificuldades em desenvolver a equação, por apresentar parcelas envolvendo frações.
Fazendo uma comparação do primeiro questionário com o segundo, com relação
às estratégias de Polya (1995), observando o percentual de acertos de cada questão a partir
dos gráficos 1 e 2, percebemos que não houve muita diferença nos resultados, mas ao
compararmos o percentual de questões deixadas em branco, percebemos que ele diminuiu
consideravelmente, ou seja, a partir da exposição das estratégias de Polya (1995), os alunos
buscaram entender mais os problemas antes de ir para a formulação da equação, mesmo que
de maneira errada, mas tentaram resolver.
A partir da comparação dos resultados, podemos perceber as dificuldades dos
alunos na interpretação dos problemas e no desenvolvimento das equações do 1º grau. As
estratégias de Polya (1995) não foram tão decisivas para os alunos, mas serviu como um
incentivo para que eles tentassem resolver os problemas através dessas estratégias.
54
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1ª questão 9 6ª questão 3
2ª questão 17 7ª questão 8
3ª questão 10 8ª questão 5
4ª questão 9 9ª questão 5
5ª questão 7 10ª questão 0
Fonte: Questionário Inicial e Final (2019)
REFERÊNCIAS
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FABRETTI, Sérgio. Lista de exercícios de equações do 1º grau com uma variável. São
Paulo: UNINOVE, 2013.
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Paulo: UEC, 1992.
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79 p.
IMENES, Luiz Márcio. Álgebra fórmulas e equações: o x é o mesmo. 7. ed. São Paulo:
Moderna, 2010. 39 p.
MILIES, César Polcino. Breve história da álgebra abstrata. 6. ed. São Paulo: Instituto de
Matemática e Estatística, 2003. 156 p.
57
MORAES, Alisson Gleike. Problemas com equações do 1º grau. Porto Alegre: Artmed,
2009.
PONTE, João Pedro. Números e álgebra no currículo escolar. 3. ed. São Paulo: FCUL,
2005. 21 p.
PONTE, João Pedro da; BRANCO, Neusa; MATOS, Ana. Álgebra no ensino básico. 8. ed.
São Paulo: DGIDC, 2009. 181 p.
SCHASTAI, Marta Burda; PEDROSO, Sandra Mara Dias. A resolução de problemas ainda
é um problema? Salvador: UNIFACS, 2010.
SOUSA, Ariana Bezerra de. A resolução de problemas como estratégia didática para o
ensino da matemática. Brasília: UCB, 2005.
SOUZA, Eliane. Reame; DINIZ, Maria Ignes. Álgebra: das variáveis às equações e funções.
São Paulo: USP, 1996.
ANEXOS
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Questão 6: O triplo de um número, menos 25, é igual ao próprio número, mais 55. Qual é
esse número?
Questão 7: Num estacionamento há carros e motos, totalizando 78. O número de carros é
igual a cinco vezes o de motos. Quantas motos há no estacionamento?
Questão 8: Lúcio comprou uma camisa que foi paga em 3 prestações. Na primeira prestação
ele pagou a metade do valor da camisa, na segunda prestação, a terça parte e na última, R$
2,00. Quanto ele pagou pela camisa?
Questão 9: Numa caixa há bolas brancas e bolas pretas num total de 360. Se o número de
bolas brancas é o quádruplo do número de bolas pretas, qual é o número de bolas brancas?
Questão 10: O esquema mostra uma balança em equilíbrio.