Você está na página 1de 54

METODOLOGIA E PRÁTICAS

DA MATEMÁTICA
PROF.A MA. ALINE RODRIGUES ALVES ROCHA
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Diretoria EAD:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Dra. Gisele Caroline
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Novakowski
Primeiramente, deixo uma frase de PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios
não vale a pena ser vivida.” Diagramação:
Alan Michel Bariani
Cada um de nós tem uma grande Thiago Bruno Peraro
responsabilidade sobre as escolhas que
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida Revisão Textual:
acadêmica e profissional, refletindo diretamente Felipe Veiga da Fonseca
em nossa vida pessoal e em nossas relações Luana Ramos Rocha
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade Marta Yumi Ando
é exigente e busca por tecnologia, informação
e conhecimento advindos de profissionais que Produção Audiovisual:
possuam novas habilidades para liderança e Adriano Vieira Marques
sobrevivência no mercado de trabalho. Eudes Wilter Pitta Paião
Márcio Alexandre Júnior Lara
De fato, a tecnologia e a comunicação Osmar da Conceição Calisto
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Gestão de Produção:
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade,
capaz de formar cidadãos integrantes de uma
sociedade justa, preparados para o mercado de
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.

Que esta nova caminhada lhes traga


muita experiência, conhecimento e sucesso.

© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
METODOLOGIA E PRÁTICAS
DA MATEMÁTICA

O CURRÍCULO NA MATEMÁTICA: UM DEBATE


DE PROPOSIÇÕES PARA UM ENSINO CRÍTICO
PROF.A MA. ALINE RODRIGUES ALVES ROCHA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................................4
1. O CONHECIMENTO MATEMÁTICO AO LONGO DA HISTÓRIA: PERSPECTIVAS PARA ENSINAR ...................5
2. AS DIFERENTES VISÕES DO CURRÍCULO ...........................................................................................................6
3. A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO E AS DIMENSÕES DA MATEMÁTICA.................................9
3.1 DIMENSÃO HISTÓRICA DA MATEMÁTICA ........................................................................................................10
3.2 A MATEMÁTICA ALÉM DA PERSPECTIVA HISTÓRICA.................................................................................... 12
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................15

WWW.UNINGA.BR 3
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Na Unidade I, iremos apresentar as diversas concepções de currículo, para que você
seja capaz de compreender de que maneira ele se materializa em sala de aula e colabora para a
formação do aluno para a convivência na sociedade na qual está inserido. Para tanto, é primordial
compreender que a matemática assume o papel de elemento social que busca desenvolver no
aluno o raciocínio lógico, o pensamento concreto e abstrato e sua capacidade de compreender os
usos da matemática em seu dia a dia.

Objetivo
• Promover um debate sobre as diferentes concepções de currículo na escola e a forma
como elas contribuem para a compreensão da matemática enquanto elemento social.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Tópicos abordados
• Desenvolvimento do Pensamento Científico.
• Aspectos políticos, sociais e pedagógicos da Matemática no ensino fundamental.
• Ação educativa e formas de apresentação de conteúdo ao aluno.

WWW.UNINGA.BR 4
ENSINO A DISTÂNCIA

1. O CONHECIMENTO MATEMÁTICO AO LONGO DA


HISTÓRIA: PERSPECTIVAS PARA ENSINAR
Para compreender as metodologias de ensino da matemática, é preciso aprofundar os
estudos na questão da formulação do currículo e o espaço dessa área na formação do indivíduo. Para
isso, compreender o conhecimento matemático, seus objetivos e elementos que o correlacionam
com a sociedade é fundamental. Assim, podemos entender que

A Educação Matemática, em seu sentido crítico, intenciona contribuir para


preparar os alunos para a cidadania, estabelecendo a matemática como uma
ciência que analisa as características críticas de relevância social, favorecendo a
compreensão dos mecanismos sociais existentes para que ele, enquanto cidadão,
possa dispor deles ou lutar para consegui-los, a fim de transformar a realidade
em que está inserido (PINHEIRO; SILVA; SANTOS JUNIOR, 2007, p. 165).

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Nesta perspectiva, o grande desafio é ensinar a matemática ao aluno de forma que seja
possível que ele compreenda sua aplicação no mundo e na sociedade em que vive. É algo para
além dos exercícios vistos como quase insolúveis ou sem usos “para a vida”. Ou, como salientam
os autores,

A matemática, aliada à ciência e à tecnologia, poderá contribuir na criação


de formas de manipular a maneira como as pessoas percebem a realidade,
percepção essa que é condição essencial para a compreensão das diversas formas
de convívio social, político e econômico (PINHEIRO; SILVA; SANTOS JUNIOR,
2007, p. 165).

A formação de um currículo que integre tais questões e norteiem e/ou embasem as


discussões acerca de como ensinar matemática de modo crítico é primordial. A própria Base
Nacional Curricular Comum (BNCC) traz em sua introdução apontamentos que orientam a
formulação de um currículo que seja voltado para um ensino que seja capaz de suprir aquilo que
é posto como objetivo da etapa básica da educação. Para esta finalidade, a BNCC estabelece que

O conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da Educação


Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja
pelas suas potencialidades na formação de cidadãos críticos, cientes de suas
responsabilidades sociais. A Matemática não se restringe apenas à quantificação
de fenômenos determinísticos – contagem, medição de objetos, grandezas – e
das técnicas de cálculo com os números e com as grandezas, pois também estuda
a incerteza proveniente de fenômenos de caráter aleatório. A Matemática cria
sistemas abstratos, que organizam e inter-relacionam fenômenos do espaço,
do movimento, das formas e dos números, associados ou não a fenômenos do
mundo físico. Esses sistemas contêm ideias e objetos que são fundamentais para
a compreensão de fenômenos, a construção de representações significativas e
argumentações consistentes nos mais variados contextos (BRASIL, 2018, p. 263).

WWW.UNINGA.BR 5
ENSINO A DISTÂNCIA

Existe, portanto, uma compreensão de que a matemática é uma área cujos conteúdos
estão diretamente ligados à sociedade como um todo. Por isso, é necessário que o/a estudante
desenvolva competências que o/a tornem capaz de viver em sociedade.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Figura 1 – As 10 competências gerais a serem desenvolvidas na Educação Básica. Fonte: Brasil (2018).

2. AS DIFERENTES VISÕES DO CURRÍCULO


Tradicionalmente, a matemática se construiu como uma área de estudo em que regras e
fórmulas eram vistas como algo totalmente desvinculado da realidade social dos alunos. A visão
da escola tradicional retratava justamente essa realidade. Pereira (2011) afirma que, ao longo da
história, a matemática era um retrato da sociedade na qual estava inserida, por isso, sua forma
de ensino estava diretamente ligada à concepção que aquele que ensinava tinha em relação à
matemática.
Para os egípcios, por exemplo, cuja matemática era de natureza
predominantemente prática, o ensino ministrado pelos escribas baseava-se em
orientações e resolução de exercícios com forte acentuação na mensuração de
terras, cálculo de áreas, estimativa de produção de grãos e do valor de impostos
a serem cobrados da população (PEREIRA, 2011, p. 2).

Assim, cada povo dava sentido próprio à sua maneira de ensinar a matemática, pois
ela mesma tinha um significado peculiar para cada cultura. E nesta concepção, ainda que de
forma bastante rudimentar, percebe-se a formação de diferentes currículos. Não obstante, na
atualidade não é diferente. Vale, porém, lembrar o que pode ser compreendido como currículo,
para entender como se dá o seu processo de formulação.

WWW.UNINGA.BR 6
ENSINO A DISTÂNCIA

O currículo tem sido visto como: (a) os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
(b) as experiências de aprendizagem escolares vivenciadas pelos estudantes; (c)
os planos pedagógicos elaborados por profissionais da educação; (d) os objetivos
a serem atingidos por meio do ensino; (e) os processos de avaliação, que afetam
a determinação dos conteúdos e dos procedimentos pedagógicos (MOREIRA;
CANDAU, 2006 apud MOREIRA, 2010, p. 1-2).

Para além dos aspectos que emergem e são debatidos no currículo, enquanto elemento/
documento que norteia as práticas pedagógicas e de conteúdo na escola, os autores também
salientam que

As discussões sobre o currículo necessariamente abordam, com maior ou menor


ênfase, os conhecimentos escolares, os procedimentos e as relações sociais que
conformam o cenário pedagógico, as transformações que desejamos efetuar nos
alunos, os valores que desejamos inculcar e as identidades que pretendemos
construir. Em outras palavras, discussões sobre conhecimento, verdade, poder e
identidade marcam, invariavelmente, as teorizações sobre questões curriculares
(MOREIRA; CANDAU, 2006; SILVA, 1999 apud MOREIRA, 2010, p. 2).

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Dito isto, é possível perceber que o currículo pode ser formulado a partir de duas grandes
e distintas abordagens: uma centrada no conteúdo e outra centrada no aluno.
A perspectiva da formação curricular centrada no conteúdo tem como centralidade a
busca por uma apropriação científica e cultural que promova conhecimento acumulado, mas sem
grandes mutações na forma de ensinar ao longo do tempo.

Figura 2 – Elementos que compõem o currículo centrado no conhecimento. Fonte: a autora.

WWW.UNINGA.BR 7
ENSINO A DISTÂNCIA

Já a perspectiva curricular centrada no aluno compreende que a composição curricular


parte do próprio conhecimento do aluno e de suas experiências culturais e individuais. É uma
concepção que tem como objetivo principal promover um conhecimento que, antes de acumulado,
deve ser emancipatório.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Figura 3 – Elementos que compõem o currículo centrado no aluno. Fonte: a autora.

A partir das diferentes concepções de currículo, é possível compreender como o ensino


da matemática mudou ao longo do tempo. Se antes, com um currículo centrado puramente
no conhecimento, o alunado deveria decorar um amontoado de fórmulas, sem compreender
o porquê, na atualidade, temos outra realidade. O currículo centrado no aluno faz com que a
questão da individualidade e formação em um determinado contexto assuma papel primordial
no ensino. Assim,

A criança começa a ser vista, dentro dessa concepção matemática, como um


elemento ativo do processo, e as atividades desenvolvidas, com material didático
adequado, constituem um forte estímulo para levá-la a descobrir aquilo que está
ali, próximo a ela, no seu universo de relações com os objetos e outras crianças.
Essa perspectiva, associada às ideias advindas do método intuitivo, da criança
como centro do processo de aprendizagem, fundamentada na Escola Nova, dá à
matemática [...] uma dimensão de conjunto entre seus conceitos e sua concepção.
Essa visão ganha fôlego e predomínio nas falas presentes [...] pela associação da
aprendizagem da matemática pela criança com os jogos, brinquedos, contato
com objetos, e pela associação de ideias advindas da observação e manipulação
(PEREIRA, 2011, p. 10).

WWW.UNINGA.BR 8
ENSINO A DISTÂNCIA

Considerando as questões apontadas, é possível notar que o ensino na matemática não é


tão óbvio quanto parece, pois vai bem além de fórmulas e expressões. É preciso levar ao aluno a
compreensão de que o conteúdo a ser aprendido é complexo e está ligado à sua convivência em
sociedade.

3. A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO E AS


DIMENSÕES DA MATEMÁTICA
Uma vez que compreendemos a concepção de currículo que fundamenta nossa prática, é
preciso entender como se dá o processo de construção do conhecimento científico no indivíduo.
Ensinar matemática, historicamente, não tem sido visto como das tarefas mais fáceis
e, por isso, exige do professor diferentes abordagens e metodologias. Isto porque partimos do
pressuposto de que cada criança tem sua individualidade e sua experiência e percepção de mundo,
de modo que cada atividade pensada e proposta poderá não favorecer todas elas.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Na trilha pelo ensino do conhecimento matemático, portanto, o professor assumirá
primordialmente o papel de mediador, pois é a partir da atividade mediada que o aluno
conseguirá construir solidamente seu conhecimento. Isso requer do professor uma formação
teórica e metodológica consistente, pois, enquanto mediador, ele necessitará mobilizar todo seu
conhecimento relativo ao ato de ensinar e aprender em prol do conhecimento do aluno.
Assim, entendendo a matemática enquanto uma ciência dinâmica e aberta à incorporação
de conhecimentos novos, caberá ao professor o papel de trazer para a realidade da sala de aula um
saber matemático traduzido e acessível ao aluno. É preciso destacar, então, que

Muitos dos grandes modelos pedagógicos propostos ao longo da história estão


vinculados a essa ideia metafísica da matemática, que pressupõe a existência de
significados matemáticos universais e absolutos passíveis de serem descobertos
por meio de algum método. Para Platão, por exemplo, os objetos matemáticos
estariam situados em um mundo celestial, e o papel do mestre seria conduzir
o seu discípulo por meio de um diálogo, aproximando-o desses entes ideais,
método que ficou conhecido como a maiêutica socrática. Já para Rousseau,
o conhecimento matemático seria obtido no próprio mundo empírico, do
mesmo modo que se procede nas ciências naturais: por meio de observações
e experimentações. O preceptor de Emílio teria apenas que propiciar o
necessário contato com a natureza e com as coisas, retardando ao máximo o
conhecimento dos homens, educação por ele mesmo denominada de ‘negativa’.
Mais recentemente, o pragmatismo de Dewey procurou conciliar as perspectivas
racional e empírica, ao considerar o conhecimento institucionalizado,
organizado nas disciplinas escolares, e seus respectivos conceitos como sendo
ferramentas úteis que, aplicadas à experiência do aluno, produziriam outras
experiências cristalizadas em novos conceitos, à maneira do cientista que aplica
leis para prever novos fatos da natureza. O método pedagógico por excelência
seria, portanto, o método científico (GOTTSCHALK, 2008, p. 76).

Assim, mesmo entre os grandes pensadores e filósofos, respeitadas suas peculiaridades


teóricas, destacou-se a importância do papel do professor no processo de mediação do saber
matemático para que o aluno pudesse ter acesso e construir/evoluir seu conhecimento ao longo
do tempo nesse campo de saber.

WWW.UNINGA.BR 9
ENSINO A DISTÂNCIA

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Figura 4 – Características diversas de um aluno na sua relação com a aprendizagem matemática. Fonte: a autora.

Assim, como nos aponta a Figura 4, se faz necessário compreender que, considerando
a diversidade de experiências e culturas presentes dentro de um mesmo espaço escolar, não é
possível haver exclusivismo no método de ensino da matemática, a não ser no ponto em que o
papel do professor e o uso de recursos metodológicos diversificados são necessários.

3.1 Dimensão Histórica da Matemática

A compreensão de que a matemática pode ser compreendida de maneira distinta é


importante no processo de organização e apresentação de conteúdo ao aluno: vejamos que há a
matemática tradicional, conforme apresentada em livros e manuais especializados (principalmente
nos livros didáticos) e a matemática enquanto um grupo de conhecimento socialmente construído
e presente no mundo em que vivemos. Nesta perspectiva última,

A Matemática é um conhecimento produzido e sistematizado pela humanidade.


Está presente em todas as ações do dia-a-dia, sendo, portanto, um saber
histórico, com o objetivo de conhecer, interpretar e transformar a realidade. Essa
compreensão da História da Matemática indissociável da história da humanidade
– em processo de produção nas diferentes culturas – busca romper com algumas
concepções fundamentadas na corrente de pensamento positivista e entender
o caráter coletivo, dinâmico e processual da produção deste conhecimento
que ocorre de acordo com as necessidades e anseios dos sujeitos (SANTOS;
OLIVEIRA, 2014, p. 189).

WWW.UNINGA.BR 10
ENSINO A DISTÂNCIA

Faz parte do universo humano contar, selecionar, calcular, mensurar, mesmo sem ter a
consciência disso. Então, desde o surgimento da humanidade, é possível observar a presença
desses comportamentos, e a matemática, enquanto conhecimento sistematizado, surge para
organizar tais processos.

A Matemática do homem do Paleolítico Inferior era formada de esquemas


mentais que lhe possibilitava alterar tamanhos, aumentar ou diminuir
quantidades e dar formas a pais e pedras, dando-lhes utilidade. Além disso,
podiam fazer alguma classificação e seriar atividades (ROSA NETO, 2003, p. 8
apud SANTOS; OLIVEIRA, 2014, p. 193).

Desde então, tal como a criança em suas fases iniciais de desenvolvimento, o indivíduo
teve ações sobre objetos e espaços até atingir um determinado grau de conhecimento.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Figura 5 – O conhecimento matemático na Pré-História. Fonte: Matemática em Foco (2013).

Com a criança não é diferente. Ela vai agindo de forma processual, repetindo
comportamentos e relações que se apresentavam desde os primórdios da humanidade, partindo
de seu universo concreto até conseguir chegar ao abstrato na construção de seu saber matemático.
Por esse motivo, é primordial que o professor conheça a história da matemática, a fim de reunir
elementos que auxiliem em tal processo. Então, devemos partir do princípio de que

WWW.UNINGA.BR 11
ENSINO A DISTÂNCIA

[...] a Matemática se justifica, nas escolas, por ser útil como instrumento para a
vida, para o trabalho, parte integrante das nossas raízes culturais, porque ajuda
a pensar com clareza e raciocinar melhor. Também por sua universalidade, sua
beleza intrínseca, como construção lógica, formal etc. Assim, torna-se evidente
a utilidade social da Matemática para fornecer instrumentos aos sujeitos, para
atuarem no mundo de forma mais eficaz, necessitando que a escola precisa
‘[...] desenvolver a capacidade do aluno para manejar situações reais, que se
apresentam a cada momento, de maneira distinta (D’AMBRÓSIO, 1990, p. 16
apud SANTOS; OLIVEIRA, 2014, p. 191).

Quem nunca ouviu a pergunta: por que estou aprendendo isso? Onde vou usar isso na
vida? Ora, entender a história da matemática perpassa o fato de mostrar ao aluno, de maneira
concreta, quais as aplicações desse conhecimento em seu cotidiano. E, para além disso, auxiliá-lo
a dar sentido e significado àquilo que ele está aprendendo.

3.2 A Matemática além da Perspectiva Histórica


No debate para o ensino da matemática, vemos emergir outros campos correlatos que

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


fundamentam e devem, por isso, ser considerados no trabalho com o conhecimento matemático
em sala de aula. É preciso considerar as seguintes dimensões:

• Dimensão Filosófica: é a discussão acerca da natureza do conhecimento matemático,


a forma como ela é vista e utilizada enquanto campo do conhecimento. A esse respeito,
destaca-se o conceito de filosofia matemática e filosofia da matemática.

A filosofia matemática poderia ser encarada manifestamente como a região


para filósofos, e teria como objeto de investigação certas teorias matemáticas
de cunho especulativo que teriam sido introduzidas por matemáticos, mas
que permaneceram ou permanecem pouco desenvolvidas. Já a filosofia da
educação matemática é bem mais recente, e parece que foi apenas na década
de 80 do século XX que ela começou a se constituir como campo autônomo de
investigação (MIGUEL, 2005, p. 140).

Embora o autor destaque que são formas distintas de conceber a matemática, é preciso
que, enquanto profissionais, tenhamos clareza de sua correlação e sentido de complementaridade
para a organização do trabalho pedagógico.

• Dimensão Psicológica: esta dimensão está centrada na compreensão de indivíduo


enquanto estrutura biológica e cognitiva, dando destaque para a teoria de Piaget em
relação ao processo de aquisição do conhecimento. Segundo esse teórico, a origem, a forma
de estruturação do conhecimento está pautada em três eixos principais: conhecimento
físico, conhecimento lógico-matemático e social. Compreender a forma como esses
conhecimentos se relacionam pode auxiliar nas melhores escolhas metodológicas para a
prática docente.

WWW.UNINGA.BR 12
ENSINO A DISTÂNCIA

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Figura 6 – Modelo de conDtribuição piagetiana para a aprendizagem matemática com ênfase na dimensão psicoló-
gica, destacando os papéis dos diferentes atores da relação ensino-aprendizagem. Fonte: a autora.

Todas as atividades propostas em educação matemática devem ser pensadas de acordo


com as dimensões e estruturas que fazem parte do universo do aluno, considerando seus
conhecimentos prévios e a aplicabilidade, bem como sua estrutura cognitiva, entendendo que
atividades da matemática não se restringem aos números, mas a um universo de conteúdos
presentes na educação formal e informal.

• Dimensão Sociológica: é a perspectiva que busca integrar diferentes aspectos tidos


como relevantes no processo de ensino e aprendizagem da matemática. Assim, se faz necessário
compreender que

[...] a expressão sociologia da matemática parece ter sido empregada, pela


primeira vez, na década de 40 do século XX, mais precisamente em um artigo
de autoria do historiador da matemática Dirk J. Struik, publicado, em 1942, na
revista Science and Society, sob o título ‘On the sociology of mathematics’. A
partir dessa época, abordagens sociais, culturais ou socioculturais da matemática
começam a se tornar mais frequentes (MIGUEL, 2005, p. 139).

Visto dessa forma, determinados pontos devem ser considerados para o estudo da
matemática: a importância do contexto social, lembrando que a matemática surgiu e vem
evoluindo conforme a necessidade da humanidade (é não apenas uma forma de pensamento,
mas uma ferramenta humana); a importância da interação social no processo de construção do
conhecimento, que entende o indivíduo dentro de suas relações (construindo e sendo construído
nestas); e, por fim, a importância do conhecimento matemático na vida social das pessoas (a
capacidade que a pessoa que aprende a matemática desenvolve em transpor os conhecimentos da
sala de aula para o seu cotidiano).

WWW.UNINGA.BR 13
ENSINO A DISTÂNCIA

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


Figura 7 – Dimensões fundamentais no processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Fonte: a autora.

Para informações sobre a história da matemática, assista ao filme e leia o texto


indicados a seguir:
Filme: História da Matemática.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ztz6VX0kIPc>.

Texto: Lisa - Biblioteca da Matemática Moderna, de Antônio Marmo de Oliveira.


Disponível em: <https://www.somatematica.com.br/historia/seculoix.php>.

WWW.UNINGA.BR 14
ENSINO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desta unidade, foi possível debater um pouco da importância da Matemática
ao longo do tempo, destacando as suas transformações. Entendemos que, por ser um campo de
conhecimento que está inserido no cotidiano das pessoas, ele se refaz continuamente e, por isso,
não pode ser visto como uma ciência estática.
A partir desse pressuposto, percebemos que o espaço da matemática em sala de aula vai
muito além de fórmulas e exercícios decorados. É preciso mostrar ao aluno de que forma ela está
presente em nosso cotidiano, tornando o processo de aprendizagem muito mais significativo.
Para atingir essa finalidade, porém, é preciso compreender qual é a concepção de currículo que
o espaço escolar adota e quais são as diretrizes de trabalho em sala de aula, pois é a partir destes
que a prática cotidiana é planejada e se materializa.
Contudo, embora se parta do pressuposto de que a matemática é importante na vida e

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 1


tem diversos usos, quando deslocamos esta discussão para a prática, percebemos que não é bem
assim. O ensino dessa disciplina ainda está pautado no tradicionalismo, o que, geralmente, o
torna desinteressante para o aluno ou, em outras palavras,

A chegada do ideário do ensino intuitivo, como experimental e concreto,


constrói uma representação do ensino de Aritmética tradicional no primário,
profundamente negativa. Trata-se de um ensino abstrato, com uso quase exclusivo
de processos de memorização, sem utilidade. Também ela, a Aritmética, imersa
nessa escola ineficiente, deve ser transformada (SILVA; VALENTE, 2013, p. 862).

O grande desafio seria, então, modificar a realidade tradicional, entendendo a história


da construção da disciplina e do ensino (principalmente no que se refere a objetivos e métodos).
E, a partir daí, compreender que o processo de mudança perpassa, também, o entendimento das
diferentes dimensões da matemática enquanto campo de estudo e disciplina escolar (dimensão
histórica, filosófica, psicológica e sociológica). Devemos lembrar que

Os conhecimentos são os meios transmissíveis (por imitação, iniciação,


comunicação etc.), mas não necessariamente explícitos, de controlar uma
situação e dela obter um certo resultado em conformidade a uma atitude ou a
uma exigência social. O conhecimento – ou o reconhecimento – não é analisado,
mas exigido como uma performance relevante da responsabilidade do ator.
O saber é o produto cultural de uma instituição que tem por objetivo juntar,
analisar e organizar os conhecimentos a fim de facilitar a sua comunicação, o seu
uso sob a forma de conhecimento ou de saber, e a produção de novos saberes
(BROUSSEAU; CENTENO, 1991, p. 176 apud SILVA; VALENTE, 2013, p. 867-
868).

WWW.UNINGA.BR 15
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
METODOLOGIA E PRÁTICAS
DA MATEMÁTICA

PLANEJAMENTO DO ENSINO DA MATEMÁTICA


PROF.A MA. ALINE RODRIGUES ALVES ROCHA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 17
1. PLANEJAMENTO: CONCEITO E ETAPAS..............................................................................................................18
2. SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS...................................................................................................... 21
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 30

WWW.UNINGA.BR 16
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Após entender a importância do currículo e suas múltiplas determinações no processo
de formação do indivíduo, a Unidade II traz para o debate a importância do planejamento para
o ensino da matemática. Conceituaremos o que é o planejamento, quais elementos fazem parte
dele e qual a importância de se fazer um planejamento de aula, de disciplina, para que o processo
de ensino e aprendizagem da matemática se consolide de maneira eficaz.

Objetivo
• Compreender o que é o planejamento de ensino e a sua importância para atingir os
objetivos da disciplina.
Tópicos abordados

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


• Etapas do planejamento.
• Seleção e organização de conteúdos.
• Objetivos de ensino.
• Seleção e organização da disciplina, procedimentos e recursos didáticos.

WWW.UNINGA.BR 17
ENSINO A DISTÂNCIA

1. PLANEJAMENTO: CONCEITO E ETAPAS


Para compreender como fazer um bom planejamento de aula, antes de tudo, é preciso
entender qual o seu conceito. Trata-se de entender o que é um planejamento e como ele funciona
enquanto instrumento que auxiliará o docente na execução de suas atividades em sala de aula.
Planejar é uma atividade inerente ao trabalho do professor, que exige dele um trabalho
de reflexão sobre o ensino e a aprendizagem. O que vai ensinar, como vai ensinar, quais os
instrumentos necessários, quais métodos, quais os objetivos são alguns pontos que estão implícitos
na reflexão de como fazer um planejamento.
Para Cervi (2013, p. 51-52), quando se pensa no planejamento de aulas, é preciso ter
em mente que os objetivos propostos “[...] proporcionam um senso de direção [...], os objetivos
concentram nossos esforços [...] e os objetivos guiam os nossos planos e decisões”. Nesse sentido,
é primordial compreender que o objetivo proposto para o trabalho em sala de aula nada mais é
que o ponto de partida para o planejamento: onde queremos e com qual finalidade fazemos o que
fazemos. Em outras palavras,

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


O Planejamento constitui, em primeiro lugar, um instrumento para o aluno,
no qual o professor estabelece com objetividade, simplicidade, validade e
funcionalidade a ação educativa em matemática, cuja finalidade é contribuir
com a formação do aluno em dimensão integral. Todavia, as ações matemáticas
educativas necessitam serem pensadas, de forma crítica e consciente, pois devem
visar ao atendimento de melhoria de vida dos alunos como pessoas (MELO,
2014, p. 2).

Daí a importância de ter em mente o quanto se faz necessário planejar o processo de ensino
e aprendizagem da matemática. Esta, que já é um campo de estudos rodeado de preconceitos sobre
o fato de ser difícil, precisa ser cuidadosamente planejada para que o alunado alcance os objetivos
traçados. E, enquanto professores, não podemos nos distanciar do fato de que estamos lidando
com vidas, com projetos de vida e, por isso mesmo, trabalhar no sentido de que nossos estudantes
aprendam é fundamental para que não sejamos colaboradores na produção do fracasso escolar.
Ou seja,

Como professores de matemática não podemos estar alheios à responsabilidade


de nos situarmos constantemente perante a vida, a exemplo do que vem ocorrendo
com o homem em seu movimento de vida, ao qual se coloca a necessidade de
pensar, repensar e planejar a sua vida. E é neste movimento de nos situarmos
perante a vida que se coloca a educação, a escola e o ensino e, portanto, o ensino
de matemática como meios que visam possibilitar ao aluno a realização de seu
projeto de vida. Projeto que requer continuamente a presença do ato de planejar
que está presente em nossa vida diária e sempre acompanhou a trajetória do
homem para administrar a realidade, e deste modo, vencer os obstáculos da vida
(MELO, 2014, p. 2-3).

Sejamos responsáveis na organização do trabalho pedagógico. Assumamos nossa


responsabilidade diante da ação pedagógica e de tudo o que lhe é inerente. Assim, podemos
entender que

WWW.UNINGA.BR 18
ENSINO A DISTÂNCIA

[...] os elementos que justificam a importância do planejamento para o professor,


a saber: 1) ajuda o professor a definir os objetivos que atendam os reais interesses
dos alunos; 2) possibilita ao professor selecionar e organizar os conteúdos
mais significativos para seus alunos; 3) facilita a organização dos conteúdos
de forma lógica, obedecendo a estrutura da disciplina; 4) ajuda o professor a
selecionar os melhores procedimentos e os recursos, para desencadear um
ensino mais eficiente, orientando o professor no como e com que deve agir; 5)
ajuda o professor a agir com maior segurança na sala de aula; 6) o professor
evita a improvisação, a repetição e a rotina no ensino; 7) facilita uma melhor
integração com as mais diversas experiências de aprendizagem; 8) facilita a
integração e a continuidade do ensino; 9) ajuda a ter uma visão global de toda
a ação docente e discente; 10) ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões
de forma cooperativa e participativa (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 1992, p. 66
apud MELO, 2014, p. 3).

Cabe lembrar que os objetivos de se fazer um planejamento são distintos na mesma medida
em que conteúdos e indivíduos também o são. Mais do que previsões acerca de um determinado
fato, o planejamento permite fazer um ajuste de ações (CERVI, 2013). Desse modo, planejar
deveria ser um movimento contínuo, no sentido de dar condições ao docente para refletir sobre

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


a própria prática, criando condições de trabalho cada vez mais aprimoradas e ampliando seu
desenvolvimento profissional enquanto elemento fundamental de desenvolvimento do discente.

Objetivos Conteúdos Métodos Recursos

• Para que • O que • Como • Com o que


ensinar? aprender? desenvolver ensinar?
o processo?

Figura 1 – Etapas do processo de planejamento de trabalho em sala de aula. Fonte: a autora.

No processo de planejamento, é preciso entender que há a organização da disciplina e a


organização da aula (uma microunidade da disciplina como um todo) a ser ministrada. A Figura
1 ilustra etapas que devem servir de base para a organização do trabalho pedagógico tanto no
que se refere à disciplina quanto ao que será desenvolvido em sala de aula. É necessário então
considerar que, no planejamento, deve constar:

• Objetivos: referem-se aos resultados esperados com aquilo que será ensinado, podendo
se subdividir em objetivos gerais e específicos:
 Os objetivos gerais são mais amplos e complexos (por isso, demandam mais tempo
para serem alcançados).
 Os objetivos específicos são mais simplificados e concretos e, por isso, demandam
um tempo menor para serem alcançados.

WWW.UNINGA.BR 19
ENSINO A DISTÂNCIA

Para que os objetivos sejam vistos como definidos, é fundamental que expressem com
clareza a intenção/intencionalidade daquilo que será ensinado, ou seja, para que ensinar e aonde
se quer chegar com isso.

• Conteúdos: a seleção dos conteúdos que serão abordados é feita com base nos
documentos orientadores, considerando que esses conteúdos serão o meio para atingir
os objetivos estabelecidos previamente. O que os alunos deverão aprender? Os conteúdos
são compostos por um vasto conjunto de conhecimentos que deverão ser alinhados para
promover a construção do conhecimento do aluno. Assim, é fundamental que, na seleção
de conteúdos, haja:

 Seleção: selecionar e organizar os conteúdos de acordo com os objetivos propostos.


 Organização: os conteúdos deverão conter uma lógica, com sequência, unidade e
continuidade, partindo do mais simples para conteúdos mais complexos (ou seja, o
processo de complexificação deve ser gradual).

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


 Integração: é preciso que os conteúdos estejam vinculados uns aos outros,
entendendo que fazem parte de uma mesma disciplina. Essa unidade dá sentido e
demonstra que a aula faz parte de um todo expresso pela disciplina.
• Métodos: são as ações, os processos e os comportamentos planejados pelo professor que
colocarão o aluno diretamente em contato com o conteúdo que ele irá aprender. Definir
um método, ou métodos de ensino, implica compreender como ensinar, como desenvolver
o processo proposto para atingir os objetivos pré-determinados. Aqui é fundamental
que o professor seja capaz de antever e selecionar procedimentos que proporcionem ao
aluno experiências diversas acerca do conteúdo abordado, enfatizando a importância do
processo de solução de problemas em detrimento da busca pelas respostas prontas.

• Recursos: pensar os recursos é compreender com o que ensinar aquilo que está
proposto. Os recursos, que podem ser tanto humanos quanto materiais, devem focalizar
conhecimento, promover maior interesse, mobilizar estruturas dos indivíduos, estimular
a imaginação, facilitar a compreensão e, principalmente, mobilizar e provocar a percepção
do aluno sobre aquilo que é ensinado.

WWW.UNINGA.BR 20
ENSINO A DISTÂNCIA

2. SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


Figura 2 – A criança que tenta compreender o conteúdo a partir de seu lugar de fala. Processos de reflexão. Fonte:
O bom pastor (2010).

No processo de ensino e aprendizagem da matemática, escolher os conteúdos abordados


é um dos pontos de partida mais importantes para se fazer um bom planejamento e atingir o
objetivo de trabalho. De acordo com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC),

O conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da Educação


Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja
pelas suas potencialidades na formação de cidadãos críticos, cientes de suas
responsabilidades sociais (BRASIL, 2017, p. 265).

Assim, no processo de seleção de conteúdos que serão abordados em sala de aula, durante
a fase do planejamento, é fundamental conhecer e fazer a leitura dos documentos norteadores,
para compreender de que modo podemos planejar uma aula que seja compatível com a série/
ano escolar em questão, para que sejamos assertivos na escolha metodológica, nos recursos e na
materialização do planejamento em sala de aula. Nesse sentido, é importante compreender que

O conteúdo comumente é entendido como um conjunto de assuntos que


compõem determinada matéria ou a relação de temas a serem estudados em
uma disciplina. Os conteúdos, dentro do processo ensino-aprendizagem, têm
sido objeto de estudos por parte de vários autores e, às vezes, até se encontram
posições antagônicas sobre o seu papel nesse processo (LOPES, 2012, p. 33).

Assim, salientamos que conteúdo e conhecimento são itens distintos, mas que precisam
estar em consonância para que o aluno atinja seu objetivo. Desse modo, podemos inferir que

WWW.UNINGA.BR 21
ENSINO A DISTÂNCIA

A noção de conhecimento designa ao mesmo tempo a função teórica do espírito


e o resultado dessa função. Seu objetivo é tornar presente aos sentidos, ou à
inteligência, um objeto tentando discerni-lo ou possuir uma representação sua
geralmente adequada. A condição dessa colocação em contato com o objeto do
pensamento é a distinção do sujeito e do objeto, e o saber decorrente disso só
é transmissível graças ao discurso (DUROZOI; ROUSSEL, 1996 apud LOPES,
2012, p. 32).

Assim, para que haja uma mobilização de ações e conhecimentos que se transformem
e possibilitem ao alunado abstrair e compreender, é preciso que haja a mediação por meio de
conteúdos, como expressa a Figura 3.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


Figura 3 – Ciclo da seleção e organização de conteúdos para o planejamento e a execução do trabalho em sala de
aula. Fonte: a autora.

Em um sentido mais amplo, podemos dizer que

[...] o conhecimento é o resultado da relação entre o sujeito que conhece e o


objeto a ser conhecido. Pode designar o ato de conhecer quando se estabelece
uma relação entre o ser que conhece e o mundo que é conhecido. Pode,
também, se referir ao produto, ao resultado, ao saber adquirido e acumulado
pelo homem. Para Pedro Demo (1997) o conhecimento moderno está mais
ligado aos procedimentos metódicos de superação dos conteúdos do que aos
próprios conteúdos. Exemplifica sua afirmação com a informática, onde a ideia
de produtos e resultados acabados não existe (LOPES, 2012, p. 33).

Isto é, entender o conhecimento sob a perspectiva anterior é assumir a importância que o


pensar tem sobre o processo do aprender e que, para aprender, o aluno precisa ser levado a pensar
(tudo isso num processo contínuo e interdependente) e a aplicar tudo aquilo que aprender na
sociedade e realidade na qual está inserido.

O importante no conhecimento não é o conceito aprendido mas a forma, os


procedimentos utilizados para aprender esse conceito e a utilização que se faz
do conceito aprendido. Saber pensar aplica-se a qualquer conteúdo e implica a
capacidade crítica frente ao próprio saber. Aí está o conhecimento como marca
cultural histórica do ser humano. Saber pensar está perto da sabedoria (LOPES,
2012, p. 33).

Selecionar conteúdos, afinal, seria isso: escolher e pensar sobre aquilo que será trabalhado
em sala de aula, sempre a partir dos documentos norteadores, considerando a realidade do aluno
e da escola e como todo esse conhecimento (objetivo final do processo de ensino e aprendizagem)
irá se materializar.

WWW.UNINGA.BR 22
ENSINO A DISTÂNCIA

Tendo em vista a importância do processo de organização dos conteúdos para a disciplina


e para a aula (plano de disciplina e plano de aula são termos distintos, mas complementares), é
preciso compreender que toda essa organização possui um ponto de partida. Esse ponto é o que
chamamos de ideias fundamentais que produzem articulações entre eles: equivalência, ordem,
proporcionalidade, interdependência, representação, variação e aproximação (BRASIL, 2018),
que estão presentes nos conteúdos matemáticos e que são divididos de forma didática para
serem trabalhados em sala de aula, sempre com o objetivo de desenvolver o pensamento lógico e
matemático dos estudantes. A BNCC

[...] propõe cinco unidades temáticas, correlacionadas, que orientam a


formulação de habilidades a ser desenvolvidas ao longo do Ensino Fundamental.
Cada uma delas pode receber ênfase diferente, a depender do ano de escolarização
(BRASIL, 2018, p. 263).

Tendo como base o que a BNCC estabelece para o ensino da matemática, temos os blocos
de conhecimento, ou unidades temáticas, divididos da seguinte forma:

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


 Números e Operações.
 Álgebra.
 Geometria (Espaço e Forma).
 Grandezas e Medidas.
 Probabilidade e Estatística (Tratamento de Informações).

Bloco de Conhecimento (Unidade Temática): Números e Operações

Figura 4 – Os números na matemática. Fonte: Mundo UOL (2019).

WWW.UNINGA.BR 23
ENSINO A DISTÂNCIA

A unidade temática Números tem como finalidade desenvolver o pensamento


numérico, que implica o conhecimento de maneiras de quantificar atributos
de objetos e de julgar e interpretar argumentos baseados em quantidades. No
processo da construção da noção de número, os alunos precisam desenvolver,
entre outras, as ideias de aproximação, proporcionalidade, equivalência e
ordem, noções fundamentais da Matemática. Para essa construção, é importante
propor, por meio de situações significativas, sucessivas ampliações dos campos
numéricos. No estudo desses campos numéricos, devem ser enfatizados registros,
usos, significados e operações (BRASIL, 2018).

Objetivos:

 Que os alunos resolvam problemas com números naturais e números racionais.


 Que os alunos desenvolvam diferentes estratégias para a obtenção dos resultados,
sobretudo por estimativa e cálculo mental.
 Que os alunos identifiquem regularidades e padrões de sequências numéricas e não
numéricas.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


 Que os alunos compreendam os diferentes significados das variáveis numéricas.

Bloco de Conhecimento (Unidade Temática): Álgebra

Figura 5 – Fórmulas de álgebra a bordo. Fonte: kuadro(2019).

A unidade temática Álgebra, por sua vez, tem como finalidade o desenvolvimento
de um tipo especial de pensamento – pensamento algébrico – que é essencial
para utilizar modelos matemáticos na compreensão, representação e análise
de relações quantitativas de grandezas e, também, de situações e estruturas
matemáticas, fazendo uso de letras e outros símbolos. [...] Essa unidade temática
deve enfatizar o desenvolvimento de uma linguagem, o estabelecimento de
generalizações, a análise da interdependência de grandezas e a resolução de
problemas por meio de equações ou inequações (BRASIL, 2018).

WWW.UNINGA.BR 24
ENSINO A DISTÂNCIA

Objetivos:
 Identificar regularidades e padrões de sequências numéricas e não numéricas.
 Compreensão de leis matemáticas que expressem relação de interdependência em
diferentes contextos.
 Criar, representar e transitar entre diferentes representações simbólicas.
 Resolver problemas por meio de equações e inequações.
Bloco de Conhecimento (Unidade Temática): Geometria (Espaço e Forma)

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


Figura 6 – A geometria no espaço escolar. Fonte: Etimologia de Geometria (2019).

A Geometria envolve o estudo de um amplo conjunto de conceitos e


procedimentos necessários para resolver problemas do mundo físico e de
diferentes áreas do conhecimento. Assim, nessa unidade temática, estudar
posição e deslocamentos no espaço, formas e relações entre elementos de figuras
planas e espaciais pode desenvolver o pensamento geométrico dos alunos.
Esse pensamento é necessário para investigar propriedades, fazer conjecturas
e produzir argumentos geométricos convincentes. É importante, também,
considerar o aspecto funcional que deve estar presente no estudo da Geometria:
as transformações geométricas, sobretudo as simetrias. As ideias matemáticas
fundamentais associadas a essa temática são, principalmente, construção,
representação e interdependência (BRASIL, 2018).

Objetivos:

 Estudar posição e deslocamentos no espaço, formas e relações entre elementos de


figuras planas e espaciais.
 Identificar e estabelecer pontos de referência para a localização e o deslocamento de
objetos, construindo representações de espaços conhecidos e estimar distâncias.
 Tornar os alunos capazes de reconhecer as condições necessárias e suficientes para
obter triângulos congruentes ou semelhantes e que saibam aplicar esse conhecimento
para realizar demonstrações simples.

WWW.UNINGA.BR 25
ENSINO A DISTÂNCIA

Bloco de Conhecimento (Unidade Temática): Grandezas e Medidas

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


Figura 7 – As grandezas e medidas que utilizamos no dia a dia. Fonte: Alunos Online UOL (2019).

As medidas quantificam grandezas do mundo físico e são fundamentais para a


compreensão da realidade. Assim, a unidade temática Grandezas e Medidas,
ao propor o estudo das medidas e das relações entre elas – ou seja, das relações
métricas –, favorece a integração da Matemática a outras áreas de conhecimento,
como Ciências (densidade, grandezas e escalas do Sistema Solar, energia elétrica
etc.) ou Geografia (coordenadas geográficas, densidade demográfica, escalas de
mapas e guias etc.). Essa unidade temática contribui ainda para a consolidação e
ampliação da noção de número, a aplicação de noções geométricas e a construção
do pensamento algébrico (BRASIL, 2018).

Objetivos:

 Propor o estudo das medidas e das relações entre elas – ou seja, das relações métricas.

 Reconhecer que medir é comparar uma grandeza com uma unidade e expressar o
resultado da comparação por meio de um número.

 Reconhecer comprimento, área, volume e abertura de ângulo como grandezas


associadas a figuras geométricas e conseguir resolver problemas envolvendo essas grandezas.

WWW.UNINGA.BR 26
ENSINO A DISTÂNCIA

Bloco de Conhecimento (Unidade Temática): Probabilidade e Estatística (Tratamento


de Informações)

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


Figura 8 – Dados como instrumento para o estudo da probabilidade e estatística. Fonte: Esquadrão do Conheci-
mento (2019).

A incerteza e o tratamento de dados são estudados na unidade temática


Probabilidade e estatística. Ela propõe a abordagem de conceitos, fatos e
procedimentos presentes em muitas situações-problema da vida cotidiana,
das ciências e da tecnologia. Assim, todos os cidadãos precisam desenvolver
habilidades para coletar, organizar, representar, interpretar e analisar dados
em uma variedade de contextos, de maneira a fazer julgamentos bem
fundamentados e tomar as decisões adequadas. Isso inclui raciocinar e utilizar
conceitos, representações e índices estatísticos para descrever, explicar e predizer
fenômenos (BRASIL, 2018).

Objetivos:
 Raciocinar e utilizar conceitos, representações e índices estatísticos para descrever,
explicar e predizer fenômenos.
 Desenvolvimento da noção de aleatoriedade, de modo que os alunos compreendam
que há eventos certos, eventos impossíveis e eventos prováveis.
 Confrontar os resultados obtidos com a probabilidade teórica – probabilidade
frequentista.

WWW.UNINGA.BR 27
ENSINO A DISTÂNCIA

Um projeto interdisciplinar de uma escola estadual de São Paulo dá exemplo de


atividade pedagógica relacionada à Copa. Para mais informações, leia Como Usar
a Copa do Mundo nas Aulas de Matemática, de Paula Calçade (2018).

Qual é a relevância de se fazer um planejamento bem estruturado ao ensinar


matemática? O planejamento no ensino da matemática é de grande importância
para que os objetivos sejam alcançados. Especificamente, o ato de planejar
uma disciplina significa refletir não só sobre o que será ensinado, mas sobre

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


a própria prática em sala de aula. Pois é a partir disso que será possível criar
atividades e aulas que envolvam os estudantes, dando a eles compreensão de
que estão inseridos num contexto geral, com pensamento contínuo e amplificado,
para buscar a superação do processo de fragmentação em sala de aula. Isto é,
primeiro o professor precisa enxergar e planejar sua disciplina de forma unificada
e articulada, pensando em quem é seu alunado e que tipo de pessoa pretende
formar.

Em Busca do Infinito – Ian Stewart (Zahar)


Trata-se de um título em que o autor faz um percurso
histórico sobre a matemática, de maneira simplificada,
desde os primeiros símbolos até a resolução de
grandes problemas.

WWW.UNINGA.BR 28
ENSINO A DISTÂNCIA

O Homem que Viu o Infinito é um filme biográfico que


conta a história de Srinivasa Aiyangar Ramanujan
(1887-1920), o mais influente matemático do século
XX. De origem humilde e sem formação acadêmica, ele
contribuiu para a matemática com diversos trabalhos.
Entre eles, estão a teoria dos números e séries infinitas.
Pobre e imigrante, foi muito rechaçado antes de
conseguir comprovar suas teorias. Uma ótima reflexão
para pensarmos quem são nossos alunos no processo
de ensino e aprendizagem e como ajudá-los em seu
desenvolvimento.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2

WWW.UNINGA.BR 29
ENSINO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ensinar matemática não é tarefa fácil, assim como não é em outras disciplinas. Porém,
especificamente no caso da matemática, muitos mitos tornam tudo mais complexo, principalmente
o mito de que ela é a disciplina mais difícil. Nessa perspectiva, devemos colocar em foco que

O movimento do planejar deve estar presente continuamente no trabalho do


professor de matemática, o qual necessita buscar as condições de trabalho
junto à escola onde atua, de tal modo que possa desenvolver com seus pares,
um processo de planejar o ensino de matemática ao longo do ano letivo, tendo
assim possibilidade de refletir e avaliar o seu trabalho com vistas à melhoria de
sua prática pedagógica, ao mesmo tempo que se desenvolve profissionalmente,
ampliando neste processo a produção de saberes docentes, dos quais destacamos
o saber curricular (MELO, 2004, p. 4).

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 2


Isso pode se desfazer ao longo do tempo com um trabalho pedagógico bem planejado, no
qual o professor procura refletir acerca de sua prática, de quem é seu aluno e quais os objetivos
para a aula e para a disciplina.

WWW.UNINGA.BR 30
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
METODOLOGIA E PRÁTICAS
DA MATEMÁTICA

PROCEDIMENTOS E RECURSOS DIDÁTICOS


NO ENSINO DA MATEMÁTICA
PROF.A MA. ALINE RODRIGUES ALVES ROCHA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................32
1. A ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA ...............................................................33
2. RECURSOS DIDÁTICOS E PROCEDIMENTOS PARA SEREM USADOS EM SALA DE AULA: ENGENHARIA
DIDÁTICA, TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)...................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................40

WWW.UNINGA.BR 31
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Uma vez que compreendemos que uma aula bem planejada é importante para que a
materialização do ensino dos conteúdos matemáticos ocorra de forma eficiente, na Unidade III,
debateremos as possibilidades de escolha no que tange a procedimentos e recursos didáticos,
considerando-os como ferramentas que instrumentalizarão o professor em sua prática em sala
de aula.

Objetivo
• Definir o que são procedimentos e recursos didáticos no ensino da matemática,
considerando e destacando como estes podem auxiliar a ação docente na e para a
formação do aluno.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


Tópicos abordados
• O que são procedimentos e recursos didáticos.
• A importância da utilização dos recursos didáticos.
• Problemas na utilização de recursos didáticos.

WWW.UNINGA.BR 32
ENSINO A DISTÂNCIA

1. A ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS NO ENSINO DA


MATEMÁTICA

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


Figura 1 – Estratégias didáticas para o ensino da matemática. Fonte: Nova Escola (2013).

Podemos definir como procedimentos de ensino as ações, os processos ou os


comportamentos planejados pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas,
fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta em função dos objetos previstos,
das competências que se pretende construir. Assim,

Os procedimentos de ensino devem, portanto, contribuir para que o aluno


mobilize seus esquemas operatórios de pensamento e participe ativamente das
experiências de aprendizagem, observando, lendo, escrevendo, experimentando,
propondo hipóteses, solucionando problemas, comparando, classificando,
ordenando, analisando, sintetizando, etc. (HAYDT, 2000, p. 144).

O que percebemos, no entanto, é que, mesmo tendo a compreensão da necessária escolha


acerca dos procedimentos didáticos mais adequados, no ensino de matemática ainda prevalece
a ênfase em algoritmos, fórmulas, “macetes” e regras, ou seja, predomina a visão utilitarista dos
conhecimentos matemáticos. Contudo,

[...] o professor deve ter formação e competência para utilizar os recursos


didáticos que estão a seu alcance e muita criatividade, ou até mesmo construir
juntamente com seus alunos, pois, ao manipular esses objetos, a criança tem a
possibilidade de assimilar melhor o conteúdo (SOUZA, 2007, p. 111).

Tendo em vista essa perspectiva, podemos perceber que os procedimentos didáticos estão
ligados a um conceito mais amplo de como se faz o trabalho pedagógico: o fazer em sala de aula.
Desse modo, é importante frisar que

WWW.UNINGA.BR 33
ENSINO A DISTÂNCIA

A utilização de novos métodos no ensino da matemática tem se mostrado de um recurso


valioso, uma vez que o ensino tradicional não está surtindo um efeito positivo, e grande
parte dos alunos não gostam de matemática ou tem medo achando que é muito difícil,
criando possíveis barreiras e comprometendo o seu aprendizado. [...] quando afirma
que o livro didático e o quadro negro são importantes para a transmissão do conteúdo
matemático, porém não é o suficiente, pois é necessário que haja uma relação entre o que
está sendo estudado com o cotidiano do aluno (VIEIRA; CAMAROTTI, 2016, p. 742).

Aos conjuntos de procedimentos adotados em sala de aula damos o nome de metodologia.


Ou seja,

A metodologia é mais bem entendida como uma associação de procedimentos


que podem possibilitar um rico trabalho por vários meios promotores da
aprendizagem. Moura (2009) ainda complementa afirmando que é associado à
relação entre professor-aluno, isso claro, se a metodologia utilizada for adequada,
através de atividades com diferentes recursos metodológicos (VIEIRA;
CAMAROTTI, 2016, p. 737).

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


Na relação com os procedimentos matemáticos, podemos destacar a importância
dos recursos para o ensino. Como recursos didáticos, podemos definir que são componentes
presentes no ambiente de aprendizagem que estimulam o aluno, tais como: objetos, máquinas,
equipamentos, instrumentos, ferramentas, materiais, livros, música e vídeo, recursos da natureza
e que são empregados no ensino de algum conteúdo ou na transmissão de informações. Assim,
durante o processo de planejamento, é fundamental que seja frisado que:

• Cabe ao professor ponderar sobre quais recursos didáticos deverão ser usados e/ou
confeccionados pelos próprios discentes e, até mesmo, se realmente são necessários.
• Na escolha e no uso de determinado recurso didático, o professor deve se perguntar:
“como”, “qual”, “por quê”, “quando” e “para quê”.

Estas e outras questões devem ser pensadas ao planejar uma aula para que seja possível
refletir sobre aquilo que será proposto e se amplie a assertividade em trabalhar o conteúdo, pois

[...] o uso inadequado de um recurso didático pode resultar no que se chama


‘inversão didática’, isso acontece quando o material utilizado passa a ser visto
como algo por si mesmo e não como instrumento que auxilia o processo de
ensino e de aprendizagem, um exemplo disso seria um professor que deve
ensinar matemática com o uso do ábaco apenas deixar as crianças brincarem
com o objeto sem resgatar a historicidade do mesmo e sua importância para o
ensino da matemática (SOUZA, 2007, p. 113).

Assim, vejamos que, além de utilizar técnicas e procedimentos diversificados, é importante


que o professor seja capaz de contextualizar esse uso, deixando claro o porquê da escolha. Somente
a partir disso, técnicas e procedimentos deixam de ser utilizados com um fim em si mesmos e
passam a colaborar com o objetivo traçado no planejamento: ensinar determinado conteúdo,
para que o aluno seja instrumentalizado e torne-se capaz de compreender a dimensão geral e a
sua aplicabilidade. Conforme apontam Vieira e Camarotti (2016, p. 747),

WWW.UNINGA.BR 34
ENSINO A DISTÂNCIA

[...] a aula expositiva é a modalidade mais comum no ensino tendo a função de


informar os alunos. O que caracteriza a aula expositiva é haver um professor que
discorre ou expõe determinado tema a um grupo de alunos. Atualmente, o livro
didático ainda permanece no cotidiano escolar como a principal ferramenta de
apoio para os professores.

Há momentos em que a aula expositiva e o livro didático estarão presentes, mas devemos
entender que, para além desses materiais, considerados tradicionais, o professor poderá utilizá-
los como ferramenta de apoio para as suas aulas.
O professor, nesse sentido, precisa garantir que haja uma vinculação entre ensino e
aprendizagem da matemática, focando o desenvolvimento de cada aluno (individualidade é
primordial nesse processo). Assim, é na aula que emerge o caráter mediador do professor, que
transmite o que aprendeu, conduzindo seus alunos no processo de construção do conhecimento.
Conforme salienta Libâneo (1994), a atividade pedagógica implícita no trabalho docente possui,
entre seus principais objetivos:

 Proporcionar conhecimentos científicos, bem como capacidades e habilidades


que tornem o aluno capaz de, por meio de métodos de estudo, desenvolver a

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


própria autonomia no processo de aprendizagem e também na consolidação da
independência de pensamento.
 Desenvolver a capacidade do aluno no sentido de realizar as próprias
escolhas, por meio de atitudes e convicções que irão nortear suas opções diante
dos problemas que estão postos no dia a dia em situações presentes na vida real.

Assim, criar situações de aprendizagem e trabalhar conteúdos sob a perspectiva de que o


aluno é o sujeito central e que o professor tem o papel de mediador é importante para promover
o desenvolvimento da autonomia do aluno. Partindo dessa premissa, é preciso considerar que os
recursos empregados numa sala de aula devem ter sua escolha baseada em fatores específicos, a
saber:

• Fatores de ordem didática: considerar a adequação ao conteúdo, aos objetivos e à


metodologia que será utilizada em sala de aula.
• Fatores de ordem prática: considerando a diversidade contextual das escolas, no que se
refere a questões sociais e econômicas, é preciso considerar se o material está ou estará
disponível, se será possível adquiri-lo ou, caso já esteja disponível, se está em condições
adequadas de uso.
• Fatores de ordem metodológica: é compatível com a aprendizagem dos alunos? Há algum
risco para os alunos? O professor possui total domínio daquilo que será empregado em
sala de aula?

WWW.UNINGA.BR 35
ENSINO A DISTÂNCIA

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


Figura 2 – Fatores que devem ser considerados na escolha dos recursos a serem utilizados em sala de aula para
trabalhar os conteúdos. Fonte: a autora.

A Figura 2 salienta que os fatores considerados na escolha de recursos não possuem


caráter concorrente entre si, mas sim devem estar em consonância e ser levados em consideração
de forma equivalente para que o resultado seja assertivo em sala de aula. Isto é, trata-se de articular
os fatores que são primordiais, criando condições para que o aluno tenha o maior índice possível
de aproveitamento do conteúdo proposto.

WWW.UNINGA.BR 36
ENSINO A DISTÂNCIA

2. RECURSOS DIDÁTICOS E PROCEDIMENTOS PARA


SEREM USADOS EM SALA DE AULA: ENGENHARIA
DIDÁTICA, TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TIC)

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


Figura 3 – As TICs no ensino da matemática. Fonte: Matemática e Informática: funciona sim! (2012).

Com a discussão frequente sobre as novas formas de se ensinar matemática, entra em cena
uma série de novos métodos e recursos, entre eles, figuram atualmente a Engenharia Didática e as
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
A Engenharia Didática caracteriza-se, em primeiro lugar, por um esquema experimental
baseado em “realizações didáticas” em sala de aula, isto é, na concepção, realização, observação
e análise de sessões de ensino. Ou seja, uma metodologia de pesquisa estruturada e cuja noção

[...] emergiu na Didática da Matemática (enfoque da didática francesa) no


início dos anos 80. Segundo Artigue (1988), é uma forma de trabalho didático
comparável ao trabalho do engenheiro que, para realizar um projeto, se apóia
em conhecimentos científicos de seu domínio, aceita se submeter a um controle
de tipo científico, mas ao mesmo tempo, é obrigado a trabalhar objetos mais
complexos que os objetos depurados da ciência. [...] A Engenharia Didática pode
ser utilizada em pesquisas que estudam os processos de ensino e aprendizagem
de um dado conceito e, em particular, a elaboração de gêneses artificiais para
um dado conceito. Esse tipo de pesquisa difere daquelas que são transversais
aos conteúdos, mesmo que seu suporte seja o ensino de certo objeto matemático
(um saber ou um saber-fazer). (ALMOULOUD; COUTINHO, 2008, p. 66-67).

Assim, a Engenharia Didática surge como proposta para que se destaquem os processos
de ensino e aprendizagem, enfatizando elementos, conteúdos e dando suporte ao professor, com
ênfase na compreensão geral por parte do aluno, mas partindo de partes e dando ampla visão dos
processos ao professor.

WWW.UNINGA.BR 37
ENSINO A DISTÂNCIA

Na mesma perspectiva de inovação em termos de recursos, estão as tecnologias de


informação e comunicação (TIC) para o ensino da matemática. Vivemos num mundo globalizado,
onde, entre outros objetos, computador, celular e internet são ferramentas presentes tanto no
cotidiano dos alunos quanto de professores. Mas o que são essas ferramentas de TIC?
Podemos dizer que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) atualmente
podem ser definidas como toda e qualquer tecnologia que possa vir a interferir e mediar os
processos de informação e comunicação dos seres humanos. E, ainda, podem ser definidas como
um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das
funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de
negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem. Assim,

Dos recursos tecnológicos que o aluno e o professor de Matemática têm ao seu


dispor para o desenvolvimento das suas atividades de aprendizagem e de ensino,
destacam-se a calculadora gráfica, o computador (servindo de interface com os
softwares dinâmicos e a folha de cálculo), a Internet, o quadro interativo e a
plataforma Moodle (VISEU; LIMA; FERNANDES, 2013, p. 298).

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


As TICs nos permitem estabelecer ligações entre a Matemática e os conteúdos de outras
áreas, utilizando-as como elemento interdisciplinar. Podemos, assim, dinamizar o processo
de ensino e aprendizagem, viabilizando potencialidades inerentes à atuação de um cidadão
protagonista na sociedade tecnológica vigente.

De acordo com Cerqueira (2013), “A elaboração de uma sequência didática prevê o


diagnóstico inicial do conhecimento do aluno e a definição clara de um objetivo de
aprendizagem”. Para mais informações, leia o texto Estratégias Didáticas para o
Ensino da Matemática. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/2197/
estrategias-didaticas-para-o-ensino-da-matematica>.

Quais maneiras de facilitar o aprendizado da matemática você acredita que


estejam ao alcance do professor? Ensinar matemática pode se tornar um caminho
mais interessante, menos cansativo e desmitificado. O papel do professor é
fundamental para que isso ocorra. Entender que o planejamento, as escolhas
metodológicas e os recursos utilizados precisam estar relacionados, bem como
compreender e conhecer seus alunos fazem parte desse processo para percorrer
um caminho até o objetivo proposto.

WWW.UNINGA.BR 38
ENSINO A DISTÂNCIA

Mentalidades Matemáticas na Sala de Aula:


Ensino Fundamental – Jo Boaler, Jen Munson e
Cathy Williams

O livro traz ao leitor uma série de propostas de


atividades, considerando as diversas instâncias
do saber e formas de aprender, para tornar o
aprendizado da matemática um caminho mais
interessante.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3


O filme Quebrando a Banca conta a história de
um jovem superdotado que busca no carteado
uma forma de conseguir dinheiro para pagar sua
faculdade. Unido a um grupo de alunos e um
professor de matemática e estatística, cria um
código infalível para conseguirem ganhar os jogos
que pretendem jogar nos cassinos de Las Vegas.
É uma análise interessante da multiplicidade de
recursos para se atingir um objetivo a partir da
postura do professor em conhecer seus alunos
para propor uma atividade que tenha um objetivo
específico, utilizando-se de uma metodologia e
de recursos específicos para que todos atinjam o
mesmo objetivo.

WWW.UNINGA.BR 39
ENSINO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, estudamos o conceito de procedimentos e recursos didáticos, enfatizando
que a escolha deles está diretamente ligada ao resultado que será obtido em sala de aula. É
importante que o professor conheça seus alunos e tenha os objetivos traçados de maneira clara,
destacando que utilizar esse ou aquele recurso pode gerar uma inversão didática.
Também destacamos ao longo da unidade o quanto é importante que o professor assuma
o papel de mediador, facilitando o processo de ensino e aprendizagem de seus alunos. Contudo,
isso só é possível se houver um intenso processo de formação e reflexão docente nos usos dos
recursos propostos, isto é, é fundamental que o professor tenha domínio dos recursos que se
propõe a utilizar em sala de aula.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 3

WWW.UNINGA.BR 40
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
METODOLOGIA E PRÁTICAS
DA MATEMÁTICA

NOVAS TENDÊNCIAS NA METODOLOGIA DO


ENSINO DA MATEMÁTICA
PROF.A MA. ALINE RODRIGUES ALVES ROCHA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................32
1. A ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA ...............................................................33
2. RECURSOS DIDÁTICOS E PROCEDIMENTOS PARA SEREM USADOS EM SALA DE AULA: ENGENHARIA
DIDÁTICA, TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)...................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................40

WWW.UNINGA.BR 41
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
As profundas transformações presentes no mundo têm um impacto direto no fazer
cotidiano em sala de aula. Tendo em vista estas transformações, a Unidade IV levará você a
refletir sobre as múltiplas possibilidades de ensinar matemática na sociedade da informação
e do conhecimento, considerando não apenas as chamadas tendências atuais no ensino da
matemática, mas também o papel do lúdico em criar espaços dinâmicos de ensino em que se
favoreça o processo de aprendizagem dos alunos.

Objetivo
• Contribuir com um debate acerca das novas formas de se ensinar a matemática na
contemporaneidade.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4


Tópicos abordados
• Tendências de ensino.
• Utilização de materiais diversos.

WWW.UNINGA.BR 42
ENSINO A DISTÂNCIA

1. AS TENDÊNCIAS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA


Para começar a compreender as novas tendências no ensino da matemática, é preciso
compreender qual é a definição da palavra tendência. Sendo assim, tendência pode ser definida
como opinião, evolução ou vocação. Nesse processo, alguns fatores precisam ser considerados:
 Fator subjetivo/objetivo.
 A identidade da tendência.
 Temporalidade.
 Domínio de validade.

As próprias transformações sociais demandam que as maneiras de ensinar sejam


regularmente atualizadas, visto que as características da sociedade e dos alunos mudam de forma
cíclica.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4


Figura 1 – Tendências no ensino da matemática são compostas por aspectos diversos e que, de acordo com cada
um, culminam em um tipo de atividade proposta. Fonte: a autora.

Ao procurar uma forma de ensinar a matemática atualmente, o professor encontra uma


infinidade de métodos, recursos e possibilidade de procedimentos didáticos diversificados. Assim,

[...] várias teorias descritas por autores de renome, que apontam para o que se
chama: Tendências em Educação Matemática. Essas tendências surgiram de
movimentos que tiveram como objetivo proporcionar um ensino de matemática
mais eficiente. Estas estão previstas nas Diretrizes Curriculares para o ensino de
matemática do Estado do Paraná, mas que são raramente utilizadas como proposta
metodológica. Acredita-se que uma proposta metodológica, fundamentada nas
Tendências em Educação Matemática, faça a diferença na compreensão, no
significado e aplicação do conhecimento matemático, especialmente no ensino
fundamental, que é onde se constrói a base dessa ciência (MAZUR, 2012, p. 14).

A partir do momento em que o professor busca conhecer o que é cada tendência, a


possibilidade de utilizar uma metodologia mais assertiva se amplia.
As metodologias tornam-se cada vez mais eficientes e o ensino e a aprendizagem da
matemática podem se tornar mais agradáveis. Nesse contexto, é fundamental, então, que se
observe:

WWW.UNINGA.BR 43
ENSINO A DISTÂNCIA

 Transformações sociais: quem é o sujeito da aprendizagem, onde ele está inserido,


qual sua realidade.
 Mudanças na educação: recursos materiais, objetivos do Projeto Político Pedagógico
da escola, plano de ensino, entre outros, são elementos que indicam as transformações
presentes e os rumos ditados pela educação.
 Papel do professor: professor enquanto um mediador, que precisa facilitar e promover
o desenvolvimento do aluno por meio de recursos, procedimentos, metodologia e
conteúdos.
Os fatores expostos irão permear a ação educativa, permitindo ao professor uma reflexão
acerca de sua prática cotidiana e uma reconstrução permanente do próprio fazer em sala de aula.

2. EXEMPLOS DE NOVAS TENDÊNCIAS NO ENSINO DA


MATEMÁTICA

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4


 Etnomatemática: prática matemática em diferentes ambientes culturais. De acordo
com Mazur (2012, p. 18),

Etno, vem de etnia, cultura. Assim, a etnomatemática significa desenvolver um


ensino de matemática voltado para a valorização da cultura de um povo. Esta
metodologia foi proposta por Ubiratan D’Ambrosio em meados da década de
1970. Em seu livro, Da Realidade à Ação: Reflexões sobre Educação e Matemática
escreve: ‘a incorporação de etnomatemática à prática de educação matemática
exige, naturalmente, a liberação de alguns preconceitos sobre a própria
matemática’.

Ou seja, é preciso valorizar a cultura do aluno, seus conhecimentos prévios e a realidade


em que está inserido, para que, por meio dessa valorização, o processo de aprendizagem se torne
facilitado (lembrando que partirá daquilo que o aluno conhece, de sua realidade social e cultural,
para aquilo que ele não conhece).

 História da Matemática: abordagem da matemática a partir de seu contexto histórico.


Isso significa que

Ensinar matemática num contexto histórico é fundamental para a valorização


desse conhecimento. Pela história compreende-se a necessidade social que
motivou cada civilização a encontrar, por exemplo, formas de fazer contagens,
registrar quantidades e expressar suas ideias matemáticas. Fazendo uma relação
do contexto histórico com as nossas necessidades atuais, é possível concluir que
a matemática está presente em nosso dia a dia, que os números ainda governam
o mundo. Todas as transformações sociais, todo o desenvolvimento tecnológico
não seria possível sem a matemática (MAZUR, 2012, p. 22).

WWW.UNINGA.BR 44
ENSINO A DISTÂNCIA

Ensinar a matemática a partir de sua história implica mostrar ao aluno a origem de


determinado conteúdo, possibilitando a ele compreender todo o processo histórico para se
chegar ao estado atual: compreender o passado, para entender os motivos atuais que justificam o
aprendizado de determinado fato e como será a aplicabilidade dele nos diversos contextos.

 Matemática e tecnologias: recursos tecnológicos, como computadores, softwares,


hardwares, que interferem e/ou medeiam a informação e comunicação na sociedade.
Desse modo, justifica-se que

Em pleno século XXI, com o avanço tecnológico existente, não tem sentido
a escola não se apropriar desse recurso como mais uma possibilidade de
aprendizagem. O mundo mudou, se modernizou, mas a escola caminha a
passos lentos no desenvolvimento da aprendizagem. Ao mesmo tempo em que
temos tanta tecnologia, parece estarmos muito longe de utilizá-la efetivamente,
especialmente nas escolas públicas. É necessário ressaltar que tecnologia não
envolve somente o uso de computadores, internet, softwares, Laboratórios de
Informática. O uso da calculadora, a partir de critérios pedagógicos, também é
uma tecnologia, recorte de jornal como material para a identificação no texto da

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4


notícia, do artigo, a matemática existente, o conceito matemático no contexto
da notícia pode ser uma tecnologia. Certamente, o uso do computador é mais
estimulante, proporcionando ao estudante a argumentação e conjecturas sobre
as atividades que podem realizar, pois o trabalho com mídias tecnológicas
proporciona variadas formas de ensinar e aprender, valorizando o processo de
produção do conhecimento (MAZUR, 2012, p. 21).

Espera-se que, com os usos das mídias no ensino da matemática, considerando as


mudanças na sociedade da informação e do conhecimento, o aprendizado se torne muito mais
atrativo para os alunos, com maiores possibilidades de demonstrações de práticas da matemática,
o que possibilita uma melhor compreensão do conteúdo proposto em sala de aula.

 Resolução de Problemas: um problema é uma situação que demanda um conjunto


de atividades para se chegar a um resultado. Resultado esse que não se mostra a priori,
mas tem de ser construído.

Nesse processo, o professor deve ser capaz de estabelecer um espaço de discussão


oral, onde o educando seja levado a elaborar estratégias, apresentar hipóteses,
fazendo o registro das soluções encontradas. Isto vem favorecer o pensamento
matemático, passando a ser uma ação criativa. O aluno pode resolver o problema
através da oralidade, do desenho, da dramatização, até chegar a possibilidade
de utilização dos critérios formais impostos pelas regras matemáticas (MAZUR,
2012, p. 16).

Mais do que propor ao aluno simplesmente resolver os exercícios e as atividades que


se colocam no livro didático como problemas, é preciso propor situações de aprendizagem que
levem o aluno a refletir, pensando estratégias e possibilidades diversas para solucionar aquilo
que é proposto. Devem-se considerar aqui situações de contextualização e interdisciplinaridade
e diversidade de jogos e materiais didáticos que podem ser utilizados como ferramentas para o
ensino dos conteúdos matemáticos.

WWW.UNINGA.BR 45
ENSINO A DISTÂNCIA

 Modelagem Matemática: é uma forma de criar modelos que expliquem a realidade


por meio de leis matemáticas. Pode ser aplicada em qualquer área do conhecimento e
busca mostrar para o indivíduo de que forma a matemática está presente e colabora nas
situações do cotidiano presentes na sociedade.

Através da modelagem é possível estabelecer a relação entre o tema abordado


e o conceito utilizado para resolvê-lo. Dessa maneira, o ensino de matemática
torna-se significativo e aquela velha pergunta: ‘para que serve a matemática’ é
respondida. O aluno, nessa proposta metodológica pode perceber que de posse
das ferramentas matemáticas adequadas é capaz de solucionar os mais variados
problemas, que para isto elabora um plano, coloca-o em prática e assim, chegando
a uma solução para a situação apresentada (MAZUR, 2012, p. 18).

Nessa proposta, a matemática está além de uma disciplina abstrata em que o aluno deve
somente buscar as respostas corretas para determinadas “contas”. A matemática, na modelagem,
assume um papel de protagonista da realidade na qual se insere, dotada de linguagem, história,
fundamentos peculiares que podem dar um significado muito mais amplo àquilo que se aprende.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4


3. O LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA
No processo de ensino da matemática, é preciso destacar que a escola tem como
objetivo principal trabalhar conteúdos que auxiliem o aluno no processo de construção do
conhecimento formal, promovendo e favorecendo, com isso, o desenvolvimento integral de
todas as potencialidades do aluno para que a aprendizagem seja um processo consolidado. Nesse
sentido, é importante se utilizar de recursos que ofereçam conteúdo, deem prazer e favoreçam o
desenvolvimento da aprendizagem desse aluno.

Figura 2 – Conceitos relacionados com as formas de utilização do lúdico no processo de aprendizagem. Fonte: a
autora.

O trabalho com crianças, conforme aponta a Figura 2, pode ter entretenimento, diversão
e brincadeira e se faz peculiar justamente por conta dessa questão: é fundamental que a criança
tenha um envolvimento emocional e tenha prazer no processo de aprendizagem, sob o risco de
fracassar no seu desenvolvimento intelectual. Assim, o lúdico (principalmente o trabalho com
jogos e brinquedos) pode se tornar uma alternativa interessante para despertar o interesse dos
alunos e criar um ambiente de aprendizagem favorável.

WWW.UNINGA.BR 46
ENSINO A DISTÂNCIA

É preciso frisar que a ludicidade quando bem trabalhada proporciona ao


professor grande produtividade no exercício profissional desenvolvendo no
aluno habilidades nunca imaginadas numa aula tradicional. Os benefícios são
inúmeros principalmente no que diz respeito à interação dos alunos com o
professor criando um clima afetivo na sala de aula além, é claro, de desenvolver
no aluno maior capacidade de concentração, intuição e criatividade frente aos
desafios dos jogos que devem ser muito bem pensados para que estimulem
todas essas habilidades. [...] Jogos matemáticos que explorem os conceitos
geométricos, algébricos e aritméticos no Ensino Fundamental possibilitam
aguçar a curiosidade e o interesse do aluno que muitas vezes considera esses
assuntos de forma desestimulante e fora da sua realidade. Vale ressaltar que a
interação promovida pelo lúdico permite também o confronto entre pontos de
vista, fazendo com que o aluno defenda suas ideias de forma lógica e coerente
tornando-se, assim, mais crítico e menos passivo e, portanto, desenvolvendo a
capacidade que cada um tem para resolver problemas (CUNHA; SILVA, 2012,
p. 3).

O uso do lúdico na matemática possui, como principal finalidade, despertar o interesse


dos alunos em aprender, mesmo que não percebam que estão aprendendo, quer dizer, eles podem,

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4


ainda que inconscientemente, assimilar os conceitos propostos. Reduz-se, com isso, a aversão, ou
as dificuldades, que eles possam ter com determinados conteúdos, ampliando o estímulo.

De acordo com Débora Garofalo (2017), “Os jogos digitais permitem a criação
de contextos que motivam alunos a trabalhar elementos como raciocínio e
cooperação”. Para mais informações, leia o texto 5 Motivos para Usar Games na
Aula de Matemática. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/6776/5-
motivos-para-usar-games-na-aula-de-matematica>.

Você acredita que é possível ensinar matemática brincando?


A presença do lúdico no processo de ensino e aprendizagem da matemática nos
permite perceber que a aprendizagem das crianças se encontra intimamente
ligada a um ambiente favorável, e o lúdico pode auxiliar na criação desse ambiente.
Quando a criança se envolve, consegue manter o foco de maneira mais leve, se
despindo de preconceitos e dificuldades ou da repulsa causada por determinado
conteúdo. Nesse sentido, o brincar pode proporcionar o ambiente e o conjunto de
comportamentos que irão favorecer o aprendizado.

WWW.UNINGA.BR 47
ENSINO A DISTÂNCIA

Os Problemas da Família Gorgonzola – Eva Furnari


(Moderna)
Com ilustrações diferentes, a obra aborda problemas
que se impõem como desafios para trabalhar as quatro
operações com alunos do ensino fundamental. Além
de trabalhar com a matemática, por meio do livro, é
possível trabalhar a língua portuguesa, exercitando o
processo de interpretação para que o aluno amplie
sua capacidade interpretativa de problemas.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4


O filme A Corrente do Bem é um drama que tem como
centralidade um desafio feito por um professor
para seus alunos: eles devem criar algo que possa
mudar o mundo. Um dos alunos cria um jogo em
que cada ação ou favor que você recebe deve ser
retribuído para outras três pessoas. É possível
trabalhar a lógica matemática da multiplicação
de ações, ao mesmo tempo em que se trabalham
conceitos como cidadania e empatia.

WWW.UNINGA.BR 48
ENSINO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Unidade IV, trabalhamos as novas tendências em ensino da matemática e o lugar do
lúdico no ensino da matemática. Partindo do pressuposto das constantes mutações no mundo
e na educação, percebemos ao longo da unidade que o papel do professor em compreender e
aprimorar os recursos e métodos que utiliza em sala de aula é fundamental para que os objetivos
traçados para a aprendizagem do aluno sejam alcançados.
Conhecer a diversidade de recursos, refletir sobre a própria prática, entendendo que
tanto as novas tendências quanto o lúdico podem se constituir num instrumento para que a aula
se torne mais dinâmica são ações que permitem ou que facilitam a fixação, a compreensão e a
interação. Com isso, propicia-se o desenvolvimento humano proposto pelos conteúdos formais
presentes na escola e que instrumentalizam o aluno para fazer uma abstração e a transposição de
seus usos na sociedade na qual está inserido.

METODOLOGIA E PRÁTICAS DA MATEMÁTICA | UNIDADE 4

WWW.UNINGA.BR 49
ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
ADOROCINEMA. A corrente do bem. 2000. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/
filmes/filme-28027/trailer-19391584/>. Acesso em: 01 ago. 2019.

ADOROCINEMA. O homem que viu o infinito. 2016. Disponível em: <http://www.adorocine-


ma.com/filmes/filme-225720/criticas-adorocinema/>. Acesso em: 01 ago. 2019.

ADOROCINEMA. Quebrando a banca. 2008. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/


filmes/filme-124755/>. Acesso em: 01 ago. 2019.

ALMOULOUD, S. A.; COUTINHO, C. Q. S. Engenharia Didática: características e seus usos em


trabalhos. REVEMAT - Revista Eletrônica de Educação Matemática, Florianópolis, v. 3, n. 1,
p. 62-77, 2008. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/revemat/article/download/
1981-1322.2008v3n1p62/12137>. Acesso em: 15 jul. 2019.

ALUNOS ONLINE UOL. As grandezas e medidas que utilizamos no dia a dia. 2019. Disponí-
vel em: <https://alunosonline.uol.com.br/matematica/grandezas-medidas.html>. Acesso em: 01
ago. 2019.

AMAZON. Mentalidades matemáticas na sala de aula. 2017. Disponível em: <https://www.


amazon.com.br/Mentalidades-Matem%C3%A1ticas-Sala-Aula-Fundamental/dp/8584291288>.
Acesso em: 01 ago. 2019.

BRASIL. Base Nacional Curricular Comum: as 10 competências gerais a serem desenvolvi-


das na Educação Básica. 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/
BNCC_20dez_site.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2019.

BRASIL. Base Nacional Curricular Comum. 3. versão. Brasília: Ministério da Educação. 2017.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf>. Acesso
em: 15 jul. 2018.

CALÇADE, P. Como usar a Copa do Mundo nas aulas de Matemática. 28 maio 2018. Dispo-
nível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/11804/como-usar-a-copa-do-mundo-nas-aulas-
-de-matematica#>. Acesso em: 01 ago. 2019.

CERQUEIRA, D. S. Estratégias didáticas para o ensino da Matemática. 2013. Disponível em:


<https://novaescola.org.br/conteudo/2197/estrategias-didaticas-para-o-ensino-da-matemati-
ca>. Acesso em: 01 ago. 2019.

CERVI, V. M. Planejamento e avaliação educacional. Curitiba: Intersaberes, 2013.

CUNHA, J. S.; SILVA, J. A. V. A importância das atividades lúdicas no ensino da matemática. In:
ESCOLA DE INVERNO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 3., 2012, Santa Maria. Anais... Santa
Maria: UFSM, 2012. p. 1-12. Disponível em: <http://w3.ufsm.br/ceem/eiemat/Anais/arquivos/
RE/RE_Cunha_Jussileno.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2019.

WWW.UNINGA.BR 50
ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
ESQUADRÃO DO CONHECIMENTO. Os dados utilizados como ferramentas para o estudo
da probabilidade e estatística. 2019. Disponível em: <https://esquadraodoconhecimento.wor-
dpress.com/matematica/probabilidade-e-estatistica/>. Acesso em: 01 ago. 2019.

ETIMOLOGIA DE GEOMETRIA. A geometria no espaço escolar. 2019. Disponível em: <ht-


tps://etimologia.com.br/geometria/>. Acesso em: 01 ago. 2019.

FLORIDA PHOENIX. Fórmulas de álgebra a bordo. 2019. Disponível em: <https://www.flo-


ridaphoenix.com/2019/05/16/not-many-people-noticed-but-lawmakers-just-changed-floridas-
-graduation-requirements-in-math-for-better-or-worse/>. Acesso em: 01 ago. 2019.

GAROFALO, D. 5 motivos para usar games na aula de Matemática. 20 set. 2017. Disponível
em: <https://novaescola.org.br/conteudo/6776/5-motivos-para-usar-games-na-aula-de-mate-
matica>. Acesso em: 01 ago. 2019.

GOTTSCHALK, C. M. C. A construção e transmissão do conhecimento matemático sob uma


perspectiva wittgensteiniana. Cad. Cedes, Campinas, v. 28, n. 74, p. 75-96, jan./abr. 2008. Dis-
ponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v28n74/v28n74a06.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2019.

HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2000.

LIBÂNEO, J. C. Didática. 13. ed. São Paulo: Cortez, 1994.

LOPES, M. I. Como selecionar conteúdos de ensino. Revista De Magistro de Filosofia, ano V,


n. 09, 2012. Disponível em: <http://catolicadeanapolis.edu.br/revmagistro/wp-content/uplo-
ads/2013/05/COMO-SELECIONAR-CONTE%C3%9ADOS-DE-ENSINO.pdf>. Acesso em: 12
jul. 2019.

MATEMÁTICA EM FOCO. O conhecimento matemático na Pré-história. 2013. Disponível


em: <http://matematicaemfoco1.blogspot.com/2013/03/historia-da-matematica-texto-e_31.
html>. Acesso em: 01 jun. 2019.

MATEMÁTICA E INFORMÁTICA: FUNCIONA SIM! As TICs no ensino da matemática.


2012. Disponível em: <http://funcionamatematic.blogspot.com/p/sobre-matematica-e-tics.
html>. Acesso em: 01 ago. 2019.

MAZUR, S. M. L. As diferentes tendências em educação matemática e o seu significado para o


estudo dessa ciência. 2012. Monografia (Especialização) – Universidade Tecnológica do Paraná,
Medianeira, 2012. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4712/1/
MD_EDUMTE_VII_2012_19.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019.

MELO, G. F. A. Planejar ou não planejar o ensino de matemática. In: ENCONTRO NACIONAL


DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 8., 2004, Recife. Anais... Recife: UFPE, 2004. Disponível em:
<http://www.sbembrasil.org.br/files/viii/pdf/07/MC21621926249.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2019.

WWW.UNINGA.BR 51
ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
MIGUEL, A. História, filosofia e sociologia da educação matemática na formação do professor:
um programa de pesquisa. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, jan./mar. 2005.

MOREIRA, A. F. B. Currículo: concepções, políticas e teorizações. In: OLIVEIRA, D. A.; DUAR-


TE, A. M. C.; VIEIRA, L. M. F. (Org.). Dicionário: trabalho, profissão e condição docente. Belo
Horizonte: UFMG, 2010. p. 1-6.

MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cul-


tura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.

MUNDO UOL. Os números na matemática. 2019.


Disponível em: <https://alunosonline.uol.com.br/matematica/curiosidades-sobre-os-numeros.
html>. Acesso em: 01 ago. 2019.

NOVA ESCOLA. Os problemas da família Gorgonzola. 2001. Disponível em: <https://novaes-


cola.org.br/conteudo/4908/blog-de-alfabetizacao-como-livros-de-literatura-podem-ajudar-os-
-alunos-em-matematica>. Acesso em: 01 ago. 2019.

O BOM PASTOR. A criança que tenta compreender o conteúdo a partir de seu lugar de fala.
Processos de reflexão. 2010. Disponível em: <http://www.obompastor.com.br/cbp/wp-content/
uploads/2010/11/estudando.jpg>. Acesso em: 01 jun. 2019.

PEREIRA, L. H. F. Uma visão da concepção de Matemática através dos artigos da Revista do


Ensino do Rio Grande do Sul (1951 a 1978). In: SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA
MATEMÁTICA, 9., 2011, Aracaju. Anais... Aracaju: Sociedade Brasileira de História da Mate-
mática, 2011. p. 1-12.

PINHEIRO, N. A. M.; SILVA, S. D. C. R. D.; SANTOS JUNIOR, G. D. Educação matemática crí-


tica: uma perspectiva para o ensino na sociedade tecnológica. In: ENCONTRO NACIONAL DE
PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 4., 2007, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFRJ,
2007. p. 162-73. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p162.pdf>.
Acesso em: 01 jun. 2019.

SANTOS, A. O.; OLIVEIRA, G. S. Dimensões históricas da Matemática: uma análise na perspec-


tiva de aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Revista Alpha, Patos de Minas,
n. 15, p. 188-200, nov. 2014.

SILVA, M. C. L.; VALENTE, W. R. Uma breve história do ensinar e aprender matemática nos anos
iniciais: uma contribuição para a formação de professores. Educ. Matem. Pesq., São Paulo, v. 15,
n. esp., p. 857-871, 2013.

SOUZA, S. E. O uso de recursos didáticos no ensino escolar. Arq. Mudi, n. 11, supl. 2, p. 110-114,
2007.

WWW.UNINGA.BR 52
ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
SUBMARINO. Em busca do infinito. 2014. Disponível em: <https://www.submarino.com.br/
produto/50121219?WT.srch=1&acc=d47a04c6f99456bc289220d5d0ff208d&epar=bp_pl_00_
go_g35177&gclid=CjwKCAjwm4rqBRBUEiwAwaWjjOLyGYTI_vZ6D-Q9ZJyJ6slEce3Blo-
2LEwmlkF-jKAtnVHVyOeTp4RoC-pQQAvD_BwE&i=596eeedceec3dfb1f8d275f5&o=5c-
3d2ac56c28a3cb5050001a&opn=XMLGOOGLE&sellerId=13480185000120>. Acesso em: 01
ago. 2019.

VIEIRA, T. T. D.; CAMAROTTI, M. F. Procedimentos didáticos e metodológicos utiliza-


dos nos componentes curriculares do Ensino Fundamental II. Revista Gaia Scientia, v. 10, n.
4, p. 735-749, 2016. Disponível em: <http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/gaia/article/
view/31783/19346>. Acesso em: 10 jul. 2019.

VISEU, F.; LIMA, A. J. B.; FERNANDES, J. A. Um estudo comparativo sobre o uso das TIC na
aprendizagem de Matemática do ensino secundário/médio em Portugal e no Brasil. Educ. Ma-
tem. Pesq., São Paulo, v. 15, n. 2, p. 293-316, 2013. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/
emp/article/view/13816/pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019.

WWW.UNINGA.BR 53

Você também pode gostar