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Corpo, Movimento

e Psicomotricidade
Desenvolvimento Funcional
e Desenvolvimento Funcional na Infância

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Evelyn Camponucci Cassillo Rosa

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Desenvolvimento Funcional e
Desenvolvimento Funcional na Infância

• Introdução;
• A Importância do Movimento em cada uma das Faixas
Etárias e o Desenvolvimento Funcional na Infância;
• Habilidades Motoras;
• Considerações Finais.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Apresentar as possibilidades envolvidas em atividades relacionadas com os movimentos
humanos e as emoções geradas a partir da relação entre meio/aluno, aluno/aluno e
aluno/professor, tanto na perspectiva intrínseca quanto extrínseca;
• Viabilizar situações adequadas para os diferentes momentos de desenvolvimento dos
alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental I;
• Otimizar a relação de ensino-aprendizagem na perspectiva do desenvolvimento do
cidadão crítico e reflexivo.
UNIDADE Desenvolvimento Funcional e
Desenvolvimento Funcional na Infância

Introdução
Ao longo da história da humanidade, o movimento vem sofrendo modificações
quanto à sua funcionalidade. Além disso, por muito tempo, as destrezas e as capaci-
dades físicas eram elementos essenciais para a sobrevivência do ser humano.

Assim, a necessidade de ter força, agilidade e resistência estavam relacionadas


às situações de vida ou morte. Afinal de contas, a caça para a alimentação e uso
da força para a defesa de suas famílias contra outros predadores exigiam de forma
natural essas habilidades e capacidades.

As atividades relacionadas à infância já possuíam uma relação direta com esse de-
senvolvimento, que podemos comparar com os outros animais, que testam e desenvol-
vem suas habilidades e capacidades brincando, assim como fazem os cães, os leões etc.

Graças à capacidade intelectual do ser humano, que além de possibilitar reflexões


mais complexas que os outros seres da natureza, faz com que seja possível guar-
dar informações para as gerações futuras se apropriarem desse conhecimento, sem
terem vivenciado uma determinada situação que levou ao conhecimento específico.

Com isso, as sobrevivências foram se tornando menos ameaçadas. A manipula-


ção de novas ferramentas que facilitaram a vida cotidiana do ser humano e o desen-
volvimento de novas tecnologias tornaran o homem cada vez menos dependente de
suas capacidades e destrezas físicas.

Na sociedade moderna, o uso exacerbado de alguns utensílios, como carros,


motos, escadas rolantes, elevadores entre outros, afasta ainda mais o movimento da
rotina diária de cada indivíduo e, assim, por falta de estímulo, problemas como obe-
sidade, menor desenvolvimento dos músculos, deficiências físicas (força, resistência e
flexibilidade), tornam-se fatores relacionados diretamente com o desenvolvimento de
doenças crônicas, além de problemas psicossociais.

Pesquisas atuais mostram a importância da presença do movimento no desen-


volvimento dos indivíduos. Crianças cujas vidas sejam restritas de brincadeiras com
a presença de ações motoras, por terem a maior parte do seu tempo de diversão
relacionados a uma postura estática em frente a uma tela, seja de computador, televi-
são, vídeo games e tablet, acabam não vivenciando atividades fundamentais para seu
desenvolvimento motor, cognitivo e psicosocial. Crianças sedentárias têm maior pos-
sibilidade de serem adultos sedentários, sendo que podemos ainda relacionar tal fator
aos pais sedentários, que aumentam a incidência dessas características em seus filhos.

Desta maneira, a falta de conhecimento dos pais em relação aos potenciais de


aprendizagem envolvidos nas brincadeiras coletivas que contemplem movimento,
raciocínio para solucionar problemas que solicitam aspectos intelectuais, destrezas
corporais e adaptações contínuas de ambas contribuem ainda mais para a ausência
do movimento na rotina das crianças.

Podemos ainda destacar fatores da sociedade contemporânea, como a violência,


que nos torna cada vez mais presos dentro de nossas casas, condomínio, shopping

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centers etc. Dentro desse contexto, a escola tem um papel fundamental para estimular
ações que possibilitem aos alunos vivências motoras, afetivas e sociais, a fim de esti-
mular práticas que contribuirão para o desenvolvimento integral da criança/indivíduo.

Nesta unidade, iremos refletir sobre questões como:


• O que devemos apresentar em termos de movimento para cada uma das faixas etá-
rias que compõem a Educação Infantil e os Anos Iniciais do Ensino Fundamental?
Sobre qual contextualização devemos apresentar cada uma dessas atividades?
• Qual o potencial de aprendizagem em atividades interdisciplinares que envolvem
o movimento?
• Quais são os movimentos essenciais para garantir o desenvolvimento global de
nossos alunos?
• Quais são os estímulos sociais relacionados com essas atividades e quais as
emoções envolvidas que proporcionam o desenvolvimento do aluno equili-
brado emocionalmente?

Sugerimos que leia um artigo que resume os estudos de David L Gallahue intitulado
Educação Física Desenvolvimentista, disponível em: https://bit.ly/2XYcy0z

O artigo apresenta a importância do movimento no desenvolvimento do indivíduo,


apontando características do desenvolvimento motor, aprendizagem cognitiva e cres-
cimento sócio afetivo cognitivo e crescimento sócio afetivo.

Leia o artigo e faça uma reflexão sobre a importância do movimento no currículo


escolar em relação à sua prática profissional futura, ressaltando a importância do
estudo da unidade para a sua formação pessoal e profissional.

A Importância do Movimento em cada uma


das Faixas Etárias e o Desenvolvimento
Funcional na Infância
Compreendemos por meio dos nossos estudos a importância do movimento
para o desenvolvimento humano. Este está presente desde a concepção até os últi-
mos dias de vida. Desde a barriga da mãe (período fetal), a criança apresenta seus
primeiros movimentos perceptíveis. Nessa fase, há movimentação da boca e punhos
e, de forma reflexa, o sugar do polegar e, ainda, com seu crescimento e o espaço
restrito, os movimentos reflexos já são consistentes e consideráveis, tornando-se cada
vez mais ativo até o nascimento.

Nos dois primeiros anos de vida, há um desenvolvimento motor substancial.


A criança passa de um ser sem defesa, relativamente sedentária, para uma criança

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Desenvolvimento Funcional na Infância

consideravelmente maior, vertical e ativa. O desenvolvimento motor tem uma forte


influência no crescimento físico e o desenvolvimento de suas capacidades como força
e resistência. Nessa fase, cabe aos responsáveis e aos educadores possibilitarem um
ambiente seguro para uma exploração nata das crianças, sendo que critérios de
comparação não devem ser estabelecidos, pois algumas características físicas, como
tamanho da cabeça, que influencia no equilíbrio em pleno desenvolvimento, o tama-
nho da mão, que influencia na manipulação de objetos e as capacidades físicas (prin-
cipalmente força e resistência) alteram-se no tempo de desenvolvimento subjetivo.

No primeiro ano de vida, o aumento tanto de peso como de comprimento ocorre


de maneira veloz e continua de forma acentuada até o segundo ano, mas já com
intensidade relativamente menor.

Os movimentos reflexos têm funções importantes na sobrevivência das crianças


e servem de base para o desenvolvimento dos movimentos voluntários posteriores.
Ações como engatinhar e caminhar apresentam uma relação de dependência para
o desenvolvimento funcional das crianças e serão a base para futuras ações mais
complexas. Observe a tabela abaixo:

Tabela 1 – Sequência de desenvolvimento e taxa aproximada de


aparição e inibição de reflexos selecionados primitivos e posturais
Mês
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
De moro x x x x x x x
Susto x x x x x
Procura x x x x x x x x x x x x
Sucção x x x x x
Reflexos Palmar-mental x x x
Primitivos Palmar-mandibular x x x x
Agarramento palmar x x x x x
De Babinki x x x x
Agarramento plantar x x x x x x x x x
Firmeza do pescoço x x x x x x x
Direção auditiva x x x x x
Direção ótica x x x x x x x
Flexão dos braços x x x x x x x x x x
Amortecimento e apoio x x x x x x x x x
Reflexos
Endireitamento do pescoço x x x x x x x
Posturais
Endireitamento do corpo x x x x x x x
Engatinhar x x x x
Caminhar x x x x x
Nadar x x x x x
Fonte: Adaptado de Gallahue, D L., 2003

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Os reflexos primitivos estão relacionados diretamente com a obtenção de alimento
e a segurança dos bebês. Portanto, apresentaremos alguns reflexos primitivos que
devem ser acompanhados ao longo do desenvolvimento das crianças.
• Reflexo de Moro: testado a partir de uma condição de insegurança que pode
ser gerada a por uma postura supina. Também pode ser provocado por um
barulho ou até a própria tosse do bebê. A permanência desse reflexo por mais
que seis meses pode ser um indício de distúrbios neurológicos e quando esse
reflexo ocorre de forma assimétrica pode indicar paralisia de Erb ou lesão de
um membro;
• Reflexos de Busca e de Sucção: estão associados diretamente com a busca
pelo alimento e devem ser estimulados principalmente na amamentação,
estando presentes em todos os recém-nascidos normais;
• Reflexo Palmar de Pressão: ocorre desde os primeiros meses e com tamanha
intensidade que é possível que a criança sustente o peso do seu próprio corpo em
suspensão. Um aperto sem força e o prolongamento de ato, após o primeiro ano
de vida, pode ser um sinal de retardo no desenvolvimento motor ou de hemiplegia;
nesse caso, cabe uma investigação com laudo específico para esse diagnóstico;
• Reflexo de Babinsk: se desenvolve para o reflexo plantar. A persistência de ato,
após o sexto mês, pode ser um indicador de falha no desenvolvimento;
• Reflexos Posturais: se enquadram em uma classe de ações que precedem os
movimentos voluntários e, por esse motivo, devem ser estudados pelos indiví-
duos envolvidos no desenvolvimento motor das crianças. De uma forma geral,
esse reflexo posiciona a criança em uma postura ereta em relação ao seu am-
biente e pode durar até o primeiro ano de vida, sendo identificado em todas as
crianças normais;
• Reflexos Corretivos Labirínticos e Visuais: estão envolvidos diretamente
na manutenção da postura ereta das crianças e podem ser identificados com
inclinações diferenciadas do tronco, sendo que a cabeça se posiciona sempre
para um equilíbrio da postura ereta. Essas ações ainda são reforçadas pelo
reflexo de levantamento, que envolve os braços em uma ação para o mesmo
objetivo postural;
• Reflexos de Engatinhar, Andar e Nadar: embora, aparentemente, estejam
relacionados com atos voluntários posteriores não estão bem esclarecidos nos
estudos do desenvolvimento motor. Thelen (1985) propõe que o estímulo de um
reflexo desenvolva a força dos membros envolvidos, facilitando o desenvolvi-
mento futuro dos movimentos voluntários.

Para compreender melhor a sequência de desenvolvimento dos reflexos primitivos e postu-


rais, assista aos vídeos do professor Rogério J. de Souza:
• Reflexos primitivos – Avaliação e Integração: https://youtu.be/wm-ApSbCMK8
• Reações Posturais: https://youtu.be/9MohtXdx5AU

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Desenvolvimento Funcional na Infância

Desenvolvimento Funcional na Infância


Do nascimento até o final da primeira infância, o desenvolvimento motor, de uma
forma geral, está associado aos processos de sobrevivência, tendo como principal
foco a alimentação e a defesa. Os movimentos reflexos e as habilidades rudimentares
(manipulação, estabilização e locomoção), que servem de base para o desenvolvi-
mento motor posterior, completam-se nesse período. Os aspectos cognitivos e o
fortalecimento das musculaturas envolvidas nas ações reflexas e rudimentares são
extremamente necessários para dar condição básica às crianças para tentativas mais
ousadas e complexas para as novas possibilidades que a vida lhes apresentará.

A introdução na fase motora fundamental exige que as atividades de locomoção e


de manipulação estejam totalmente controladas, pois a combinação dessas será ine-
vitável no desenvolvimento natural do ser humano. Embora não seja o foco central
desta unidade, não há como dissociar os aspectos afetivos, que influenciam de forma
significativa a velocidade do desenvolvimento motor das crianças, da segurança rela-
cionada ao meio e às pessoas, que permitem um avanço mais intenso no desenvolvi-
mento das habilidades que serão adquiridas nessa fase. A forma como os fatores de
estímulos são apresentados também pode melhorar a capacidade de aprendizagem
dos nossos alunos.

O modelo proposto a seguir mostra-nos uma condição de interação entre os princi-


pais fatores que atuam nessa proposta de desenvolvimento e interação com os alunos.

Indivíduo Ambiente
Genética, Vivências, segurança,
subjetividade e encorajamento e
fatores psicológicos fatores intrínsecos

Atividades
Fatores físicos e
mecânicos

Figura 1 – Esquema geral de desenvolvimento motor

A interação desses fatores é fundamental no desenvolvimento de todo ser.


As características genéticas, os conceitos/valores familiares e a forma como a criança
percebe refletem-se diretamente em seus aspectos psicológicos. Poderíamos, ainda,
destacar características de saúde, como nutrição, sono e patologias. O ambiente

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oferecido às crianças deve ter características que transmitam possibilidades de desen-
volvimento, sem colocar em risco sua saúde.

A dificuldade de pais e educadores está em saber até onde há excesso de segu-


rança que possa estar privando a criança de uma possibilidade de desenvolvimento
maior, e até que ponto a displicência de proteção pode colocar a criança em risco
mais sério. De uma forma geral, na infância, as brincadeiras são o principal cami-
nho para o desenvolvimento como um todo. O sentido da autonomia e o estímulo
às iniciativas estão envolvidos diretamente à capacidade de desenvolvimento socioa-
fetivo que irá servir de alicerce para os próximos passos, caminhando para um novo
sentido de independência e fomentando habilidades para a manipulação de fatores
ambientais de acordo com o anseio da criança para explorar novas vivências.

Espera-se, para a fase da infância, um desenvolvimento motor e físico rápido, ha-


vendo, normalmente, pequenas confusões no que se refere à consciência corporal,
temporal, espacial e direcional. Os aspectos físicos são necessários, inclusive, para
o controle adequado das necessidades fisiológicas, como urinar e defecar. Ações
envolvidas na troca de vestimenta são esperadas nesse período. Os movimentos
bilaterais apresentam menor dificuldade de serem explorados quando comparados
aos unilaterais, e não há diferença significativa nas habilidades e nas capacidades
quando comparamos meninas e meninos dessa faixa etária. Os aspectos cognitivos
são facilmente observados pela quantidade de ideias expressas, que constituem o
desenvolvimento de raciocínio pré-operacional, o qual apresenta como resultan-
te a transição de um comportamento de autossatisfação para o comportamento
socializado fundamental. O desenvolvimento afetivo circula em torno do vencer a
timidez, a insegurança por experimentar o novo, associado ao controle de riscos na
execução das atividades, principalmente as lúdicas, que compõem o mágico mundo
do imaginário, do faz de conta, que permite que a aprendizagem vá muito além do
mundo concreto.

Aos educadores e aos pais cabe oferecer uma abundância de atividades que apre-
sentem problematizações a serem solucionadas de forma autônoma, a fim de maxi-
mizar a criatividade e o anseio de explorar um mundo novo, mas cada vez menos
temido, fomentando o encorajamento positivo e reduzindo o medo do fracasso.
O nível de exigência das habilidades deve estar de acordo com habilidades pré-
-existentes, mas sempre com um grau ótimo de desafio para estimular uma par-
ticipação engajada das crianças na busca pelo sucesso da realização da atividade.
O envolvimento global do corpo faz-se necessário para os desenvolvimentos moto-
res posteriores; é preciso usar braços, pernas, cintura pélvica e escapular, tanto de
forma bilateral como unilateral, variando velocidade, amplitude e agilidade, favore-
cendo também uma postura adequada.

Na fase final da infância (de 6 a 10 anos), o desenvolvimento se dá em uma


velocidade mais lenta, e já é notado um controle no sistema sensorial e motor
mais desenvolvido.

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Desenvolvimento Funcional na Infância

Habilidades Motoras
As habilidades motoras estão relacionadas diretamente com fatores intrínsecos às
atividades diárias, ao ambiente e ao indivíduo, sendo denominados de rudimentares,
quando nos referimos ao desenvolvimento motor crescente da primeira infância.

O desenvolvimento motor da criança está associado diretamente aos estímulos


apresentados em sua rotina. Assim, mesmo que a solução do problema apresentada
como estímulo para a criança gere um movimento rudimentar, ele deve ser persis-
tente, a fim de afinar as características motoras da criança. Desse modo, o controle
da musculatura, a experiência com a ação da força da gravidade e o ato de se
movimentar em espaços restritos são fundamentais para o desenvolvimento motor
da criança, sendo que o desenvolvimento se dá de forma sequencial previsível, mas
em ritmos individualizados, de acordo com a subjetividade e estímulo apresentado a
cada uma das crianças.

As habilidades rudimentares podem ser divididas em: estabilidade, locomoção


e manipulação.

Habilidades de Estabilização e Habilidades


Motoras Fundamentais de Estabilidade
De forma segmentada, o controle relacionado à estabilidade inicia-se pela capaci-
dade motora do pescoço e prossegue com o desenvolvimento do controle do tronco
e das pernas, suscetivelmente.

Ao nascer, temos uma preocupação constante quanto aos cuidados apresentados


ao posicionamento da cabeça dos bebês, pois os músculos relacionados ao controle
do pescoço são os primeiros controles de estabilização observados, dessa forma, a
velocidade de desenvolvimento de força e resistência dessa região, assim como das
outras, irá depender dos estímulos. Portanto, crianças privadas de movimento, como
eram usados, os “charutinhos de fraldas” em bebês recém-nascidos em tempos pas-
sados, inibem esse controle.

O controle seguinte a ser desenvolvido é o do tronco, tanto da região torácica


(porção superior do tronco), como da região lombar (porção inferior do tronco).
Esse controle é detectado com o posicionamento inclinado do tronco e a reação de
inclinação do bebê na busca pela posição ereta. Outra habilidade observada nessa
fase é a rotação do tronco da posição supinada para a posição pronada, que ocorre
aproximadamente no 6º mês ou um pouco mais tarde.

Com o controle completo do tronco, o bebê está apto a iniciar a postura de sentar.
O sentar com apoio na região lombar exige o controle pleno do tronco, mas ainda
não há o controle das pernas. A necessidade de apoio vai diminuindo com o tempo,
estando inversamente proporcional ao ganho de controle dos membros inferiores,

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sendo que o auxílio para o sentar se faz desnecessário aproximadamente no 7º mês
de vida, lembrando que, em paralelo, o controle das mãos e dos membros superiores
ocorre de forma simultânea ao desenvolvimento dessas habilidades.

Observe a tabela abaixo e acompanhe a sequência de desenvolvimento em cada


faixa etária, segundo Gallahue:

Tabela 2 – Sequência de desenvolvimento e idade aproximada


de surgimento de habilidades rudimentares de estabilidade
Segura-se com apoio. 1º mês
Controle da cabeça Desencosta o queixo da superície de contato. 2º mês
e do pescoço Bom controle de cúbito ventral. 3º mês
Bom controle de cúbito dorsal. 5º mês
Levanta cabeça e peito. 2º mês
Tenta virar de bruço. 3º mês
Controle do tronco
Rola com sucesso para ficar de bruço. 6º mês
Rola de bruço para a posição de barriga para cima. 8º mês
Senta com apoio. 3º mês
Senta com o própio apoio. 6º mês
Sentar
Senta sozinho. 8º mês
Fica em pé com apoio. 6º mês
Apoia-se segurando com as mãos. 10º mês
Ficar em pé Puxa-se para ficar em pé com apoio. 11º mês
Fica em pé sozinho. 12º mês
Fonte: Adaptado de Gallahue, D. L., 2003

O marco no processo de desenvolvimento relacionado à estabilidade é o ato de


ficar em pé, o controle involuntário da musculatura dos membros inferiores em pro-
cessos de contração e relaxamento para ação estável do corpo na posição ereta com
apoio exclusivo das pernas.

Essa ação, de uma forma geral, é tida como a mais espetacular nessa fase de
desenvolvimento motor, pois é a partir desse momento que o bebê inicia a ação de
caminhar, sendo os primeiros passos realizados com apoio, transcendendo de uma
forma muito veloz para as primeiras tentativas de excluí-los. Assim, os estímulos são
fundamentais para essa realização e o encorajamento deve ser feito de forma contí-
nua e segura para que não ocorram inibições traumáticas e riscos excessivos.

O equilíbrio dinâmico está relacionado à manutenção de uma postura cor-


poral que tenha domínio do centro de gravidade em deslocamento, como, por
exemplo, os processos de diferentes formas de caminhar, nas quais existe uma
constante projeção do centro de gravidade, que é deslocado para frente e recupe-
rado ao eixo corporal imediatamente após, ou seja, uma sucessão de desequilíbrio
e recuperação do equilíbrio que ocorrem enquanto caminhamos. O equilíbrio
estático ocorre quando não temos deslocamento, mas pode ser estimulado tanto

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Desenvolvimento Funcional na Infância

na posição bípede ou invertida (cabeça para baixo). Os movimentos axiais são


relacionados a posturas estáticas que envolvem inclinações de tronco, alongamen-
tos, giros, rotações e similares.

Tabela 3 – Média de idade no desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais de estabilidade


Padrão de Idade aproximada
Habilidades
movimento de início
Caminhar em linha reta. 3 anos
Caminhar em linha circular. 4 anos
Ficar em pé sobre uma trave de equilíbrio baixa. 2 anos
Equilíbrio
Caminhar com apoio sobre uma trave de 10 cm a curta distância. 3 anos
dinámico
Caminhar na mesma trave alternando os pés. 3-4 anos
Executar rolamento de frente de forma grosseira. 3-4 anos
Executar rolamento de frente de forma refinada. 6-7 anos
Colocar-se em pé. 10 meses
Colocar-se em pé sem apoio das mãos. 11 meses
Equilíbrio
Colocar-se em pé sem apoio. 12 meses
estático
Equilibrar-se em um pé por aproximadamente 4 segundos. 5 anos
Suportar o peso do corpo em apoio invertido com 3 contatos. 6 anos
Movimentos Refina-se progressivamente até o momento em que esses movimentos
estejam incluídos nos padrões de movimentos manipulativos emer- 2 meses a 6
axiais gentes de lançar, aparar, chutar, bater, etc.
Fonte:Adaptado de Gallahue D L.,2003

Embora o desenvolvimento das habilidades seja analisado de forma isolada, não


podemos deixar de enfatizar a importância do conjunto das habilidades a serem
estimuladas com nossos alunos, pois cada nova aprendizagem dá à criança novos
recursos para continuar a exploração de um mundo ainda novo.

Habilidades de Locomoção
A capacidade de explorar um mundo em plena expansão se dá com o desenvolvi-
mento das habilidades de locomoção. Assim, a familiarização com a ação constante
da força da gravidade se faz necessária para esse processo e os movimentos de
locomoção têm uma relação de dependência das habilidades rudimentares anteriores
para que seja desenvolvida.

Arrastar-se é o primeiro indício que a criança está apta a iniciar as habilidades


relacionadas à locomoção com o apoio dos braços no solo. A criança estimulada por
algum desejo pessoal empurra seu tronco em direção aos seus pés e, no retorno do
tronco, há um leve deslocamento iniciando a ação dessa habilidade. Cabe destacar
que o estímulo para esse desenvolvimento está relacionado ao fato da criança ficar
no solo solta, pois quando a criança é privada dessa situação, dificilmente haverá

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alguma evolução nesse sentido. Devemos lembrar, portanto, que o uso do andador é
um exemplo dessa privação, pois inibe o desenvolvimento da musculatura que atua
como base para movimento motor e cognitivo da criança.

O primeiro deslocamento eficaz das crianças é o engatinhar, com a combina-


ção de movimentos dos membros superiores com os membros inferiores, asso-
ciados ao controle pleno da cabeça e pescoço, havendo evolução de velocidade
e estabilidade. Segundo Carl Delacano (1966), o aprimoramento do engatinhar e
as técnicas de se arrastar são necessários para o alcance do domínio hemisférico
cortical, sendo que esse domínio de um lado do córtex está relacionado à orga-
nização neurológica apropriada, considerando ainda que uma organização com
falhas levará a problemas motores, perceptivos e de linguagem na criança e no
adulto. Essa hipótese é confirmada por neurologistas, pediatras e pesquisas na
área de desenvolvimento infantil.

Com o domínio geral do corpo, as crianças iniciam a tentativa de colocar-se


na postura em pé. Com os pés afastados, virados para fora e joelhos levemente
flexionados, a habilidade de caminhar não ocorre inicialmente de maneira fluida.
Desse modo, os fatores ambientas são fundamentais para o estímulo dessa habi-
lidade, pois o sentimento de segurança da criança propulsionará o maior número
de tentativas e, consequentemente, uma evolução mais rápida. Essa fase do desen-
volvimento tem uma relação direta com o desenvolvimento do sistema nervoso e
das aptidões físicas.

Tabela 4 – Sequência de desenvolvimento e idade aproximada de


início de surgimento de habilidades de locomotoras rudimentares
Andar segurando com as mãos. 10º mês
Andar com orientação. 11º mês
Galope ereto
Andar sozinho (mãos para o alto). 12º mês
Andar sozinho (mãos abaixadas). 13º mês
Fonte: Adaptado de Gallahue, D L., 2003

Shyrley (1931) destacou quatro estágios, relacionados ao desenvolvimento das


crianças para o caminhar sem auxílio:
• Período precoce do caminhar, no qual pouco progresso é realizado;
• Período de ficar em pé com ajuda;
• Período de caminhar amparado;
• Período de caminhar sozinho.

Com o domínio do caminhar, as crianças iniciam as tentativas de suas varia-


ções, como caminhar para os lados e para trás (ECKERT, 1973) e nas pontas dos
pés (BAYLEY, 1935).

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Tabela 5 – Média de idade no desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais de locomoção


Padrão de Idade aproximada
Habilidades
movimento de início
Galope ereto rudimentar sem auxílio. 13 meses
Caminhada lateral. 16 meses
Caminhada para trás. 17 meses
Caminhada
Sobe degraus com auxílio. 20 meses
Sobe degraus sozinho (passos seguidos). 24 meses
Desce degraus sozinho (passos seguidos). 25 meses
Caminhada rápida (mantém contato com o solo). 18 meses
Corrida verdadeira. 2-3 anos
Corrida
Corrida eficiente e refinada. 4-5 anos
Corrida madura. 5 anos
Desce de objetos baixos. 18 meses
Salta de objetos com o impulso de um pé. 2 anos
Salta de objetos com o impulso dos dois pés. 28 meses
Salto
Salta em distância (aproximadamente 1 m). 5 anos
Salta em altura (aproximadamente 30 cm). 5 anos
Padrão de salto maduro. 6 anos
Saltita até três vezes com o pé de preferência. 3 anos
Saltita de 4 a 6 vezes no mesmo pé. 4 anos
Saltito Saltita de 8 a 10 vezes no mesmo pé. 5 anos
Saltita distâncias de 15 cm em cerca de 11 seg. 5 anos
Saltita com habilidade com alternâncias rítmicas. 6 anos
Galope básico (ineficiente). 4 anos
Galope
Galopa habilmente, padrão maduro. 6 anos
Skipping com uma perna. 4 anos
Skipping Skipping completo. 5 anos
Skipping completo maduro. 6 anos
Fonte: Adaptado de Gallahue, D. L., 2003

Com o domínio das habilidades motoras rudimentares, as crianças estão prontas


para a execução de movimentos mais elaborados e complexos. Os movimentos
exigidos nas novas vivências serão o estímulo para o desenvolvimento das habilida-
des motoras fundamentais de locomoção.

Habilidade de Manipulação e Habilidades


Motoras Fundamentais de Manipulação
As habilidades de manipulação estão relacionadas aos ajustes visuais e manuais e
ao processo de interação com objetos dispostos no ambiente da criança, e funcionam
como estímulos para o desenvolvimento dessa habilidade, os movimentos de ombros
e braços, mesmo que descoordenados, e que inicialmente, antecedem os movimentos
de punho e das mãos.

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As crianças, desde muito cedo, conseguem segurar alguns objetos de forma re-
flexiva, mas é necessário colocarmos um objeto em suas mãos, agindo como os
primeiros estímulos para o desenvolvimento das habilidades manipulativas.

Eckert (1987) resumiu seis atos para a conquista da preensão:


• Transição da localização visual de um objeto para a tentativa de alcançá-lo;
• Transição da coordenação simples, visual e manual, para a progressiva indepen-
dência do esforço visual com sua expressão máxima em atividades com dedilhar,
digitar ou tocar um piano;
• Transição do movimento máximo inicial da musculatura corporal para um
envolvimento mínimo, com maior economia de esforço;
• Transição da atividade proximal dos grandes músculos dos braços e dos ombros
para a atividade distal dos músculos finos dos dedos;
• Transição dos movimentos precoces, rudimentares e abrangentes, na manipu-
lação de objetos, para a precisão de controle similar à de uma pinça, com o
polegar e o dedo indicador em oposição;
• Transição do alcance e da manipulação inicial bilateral para o uso ideal da
mão perfeita.

Tabela 6 – Sequência de desenvolvimento e idade aproximada de


início de surgimento de habilidades de manipulação rudimentares
Alcance controlado. 6º mês
Pegadura flexível. Nascimento
Pegadura voluntária. 3º mês
Pegadura palmar com as duas mãos. 3º mês
Pegar Pegadura palmar com uma mão. 5º mês
Pegadura de pinça. 9º mês
Pegadura controlada. 14º mês
Come sem ajuda. 18º mês
Soltura básica. 12º ao 14º mês
Soltar
Soltura controlada. 18º mês
Fonte: Adaptado de Gallahue, D. L., 2003

A habilidade de soltar os objetos ocorre para um polimento final. As habilidades


rudimentares de manipulação: desde os seis meses, a criança consegue segurar, mas
o controle motor relacionado ao soltar ocorre de forma tardia, aproximadamente aos
14 meses. O desenvolvimento dessas habilidades proporciona a criança o explorar
de um mundo com mais detalhes, não se limitando apenas em segurar e colocar na
boca, conseguido assim identificar formas e detalhes mais minuciosos.

Observe a tabela a seguir, que aponta a idade média aproximada no desenvolvi-


mento das habilidades motoras fundamentais de manipulação.

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Tabela 7 – Média de idade no desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais de manipulação


Padrão de Idade aproximada
Habilidades
movimento de início
Comportamento de alcance primitivo. 2–4 meses
Captura de objetos. 2–4 meses
Alcançar, segurar Pegar espalmando. 3–5 meses
e soltar Pegar pinçando. 8–10 meses
Pegada controlada. 12–14 meses
Soltura controlada. 14–18 meses
Corpo vira para o alvo, pés mantêm-se estáticos, objeto é lançado somente com
2–3 anos
a extensão dos braços.
Lançar Idem ao anterior, acrescentando a rotação do corpo. 3–5 anos
Com deslocamento do pé do mesmo lado do braço utilizado para o lançamento. 4–5 anos
Padão maduro de lançamento. 6 anos
Persegue a bola, não responde a bolas aéreas. 2 anos
Responde a bolas aéreas com movimento de braços atrasados. 2–3 anos
Precisa de orientação de como posicionar os braços. 2–3 anos
Pegar Reação de medo (gira a cabeça). 3–4 anos
Utiliza o corpo para apanhar objetos. 3 anos
Apanha objetos utilizando somente as mãos. 5 anos
Padrão maduro do movimento de apanhar. 6 anos
Empurra a bola. 18 meses
Chute com a perna extendida e com discreto movimento corporal. 2–3 anos
Chutar Flexiona a perna na sua porção inferior. 3–4 anos
Grande balança frente/trás com oposição definida dos braços. 4–5 anos
Padrão maduro do chute. 5–6 anos
Visualiza o objeto e faz um balanço no plano vertical. 2–3 anos
Faz um balanço no plano horizontal e de desloca ao lado do objeto. 4–5 anos
Bater
Giro de tronco e quadril e leva o peso do corpo para a frente. 5 anos
Padrão horizontal maduro utilizando bola estacionária. 6–7 anos
Fonte: Adaptado de Gallahue D. L.,2003

O trabalho com as mãos é exigido todos os dias por nossas rotinas. A mão é uma
das principais portas de entrada para o conhecimento das crianças. O uso das mãos
inicia-se na gestação, com ações reflexas. Isso pode ser observado quando o bebê
coloca a mão no rosto ou mesmo chupa os dedos ainda no ventre da mãe.

A capacidade de manipulação de objetos amplia-se de forma crescente. Os atos


de alcançar, segurar e soltar estão relacionados ao contato bem sucedido com o
objeto a ser manipulado, mantendo-o preso e soltando-o de forma espontânea, o
que se torna possível com o desenvolvimento cognitivo que ocorre com o desen-
volvimento das habilidades. Essa tarefa surge, inicialmente, com as brincadeiras,
que podem ser estimuladas com móbiles, brinquedos de diferentes formas e/ou que
emitam algum tipo de som ou sejam feitos de diferentes materiais e rugosidade, e

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passam, rapidamente, a serem utilizados como forma de se alimentar, de se higie-
nizar e também de comunicação.

A habilidade fundamental de lançar consiste na projeção de um objeto em uma


determinada direção-alvo, sendo essa habilidade desenvolvida por estímulos nor-
malmente já relacionados a algum esporte, como o basquete e o beisebol, entre
outros. A habilidade fundamental de pegar tem uma forte relação com o lançar,
pois precisamos deter o objeto de forma controlada para que possamos lançá-lo.
Uma definição para o ato de pegar está relacionada ao realizar uma recepção de
um objeto que foi lançado para ser seguro em pleno voo.

Os pais acabam, de forma inconsciente, apresentando à criança objetos e brin-


cadeiras que aumentam a velocidade de aprendizagem de uma determinada habili-
dade. Qual criança, no Brasil, não ganha uma bola e lhe é solicitado o movimento
de chutar, sob influência diretamente do nosso futebol? O desenvolvimento da habi-
lidade de chutar, em brasileiros, é precoce, quando comparada com os americanos.
A cultura, de uma forma geral, é o principal caminho para o uso de determinados
estímulos (tipo de brinquedo, brincadeira e espaço disponível) e, durante a infância,
há uma projeção de complexidade desses estímulos, que são direcionados para as
habilidades que são exigidas nesses esportes. Cabe ressaltar que gestos motores
pré-definidos em todas as modalidades esportivas como sendo os corretos não
devem ser exigidos nessa fase, pois há muitos caminhos a serem percorridos até
que a criança execute, de forma perfeita, um determinado gesto esportivo e essa
cobrança pode ser causa de inibição para a prática.

Chutar pode ser definido como a transferência de força com os pés para um
objeto, normalmente bola, mas existem outros objetos que podem ser usados na exe-
cução de um chute. Esse movimento inicia-se apenas com um empurrar com os pés
e desenvolve-se para chegar ao uso do corpo com deslocamento frontal e utilização
simultânea de rápida flexão/extensão do joelho da perna a ser utilizada no chute.

A habilidade fundamental de manipulação de bater não deve estar associada à


agressão, pois é uma habilidade que exige diversos sensores associados à interação
de aspectos cognitivos e capacidades físicas para ser executada. Pode ser descrita
como um breve contato com o objeto com os braços acima da cabeça, ao lado
do corpo ou mesmo abaixo da linha da cintura pélvica. Existem diversas formas
de estímulo para a realização dessa habilidade, podendo ser um bater de bola de
diferentes formas, um rebater com algum objeto, exemplo do beisebol, do tênis, do
crickete, entre outros.

Considerações Finais
O conhecimento apresentado nesta unidade se faz necessário aos educadores
para estimular as habilidades adequadas para cada uma das faixas etárias na qual está
atuando, auxiliando na avaliação de habilidades pré-adquiridas em fases anteriores.

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UNIDADE Desenvolvimento Funcional e
Desenvolvimento Funcional na Infância

Sabemos que a curiosidade nata de explorar um mundo desconhecido ocorre natu-


ralmente, contudo, o uso do imaginário, do faz de conta, de atividades lúdicas, de
músicas, são possibilidades importantes para o desenvolvimento dessas habilidades
rudimentares, além do desenvolvimento paralelo dos aspectos sociais e afetivos
envolvidos desse período.

Os estímulos apresentados ao longo do crescimento das crianças de 3 a 10 anos,


em média, devem proporcionar uma variedade de atividades. É importante apre-
sentar à criança todas as habilidades cabíveis à sua faixa etária e colocá-las no
planejamento de atividades que contenham alguma habilidade fundamental envolvida.
Não devemos esquecer essas variações, fomentando assim o vocabulário motor
diversificado, auxiliando, ainda mais, no desenvolvimento de aspectos sensoriais.
A utilização de músicas enriquece trabalhos feitos com crianças de idades infe-
riores, mas a dança pode ser aplicada em todas as fases da vida e não pode
ser deixada de lado quando estamos definindo os conteúdos a serem utilizados.
De uma forma geral, o esquema abaixo simplifica os itens envolvidos no processo
de desenvolvimento da criança, lembrando que não conseguimos desenvolver qual-
quer habilidade de forma única e isolada, pois aspectos sociais, cognitivos e afetivos
envolvem cada uma das atividades práticas, principalmente quando trabalhadas de
forma coletiva.

Aspectos Objetivos da
ambientais atividade

Indivíduo

Resultado

Figura 2 – Proposta de desenvolvimento da atividade proposta

A contextualização das atividades envolve o imaginário das crianças no desen-


volvimento de suas atividades. Se apresentarmos uma simples atividade de busca a
um determinado objeto, o estímulo para a brincadeira não será tão elevado, mas, se,
na mesma brincadeira, contarmos um história que prenda a atenção e que envolva
suas emoções, teremos um envolvimento completo da criança nessa atividade.
O faz de conta presente no imaginário das crianças deve ser sempre alimentado,
pois isso as torna grandiosas em suas realizações. Que criança não brinca e ima-
gina que voa? Que está no sol? Que luta com monstros grandiosos? Que lida com
fadas variadas? Só não nos permitimos mais isso quando ganhamos maturidade e
nos encaminhamos para outra fase de nossas vidas. A riqueza desse universo deve
ser explorada ao máximo, garantindo, assim, o envolvimento pleno da criança em

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seu desenvolvimento motor. As atividades motoras, por muitas vezes, podem ainda
ser relacionadas a outras disciplinas numa contextualização e para o resultado final.
A interdisciplinaridade traz grande potencial de aprendizagem quando existem
movimentos envolvidos. Devemos quebrar o paradigma de que criança compor-
tada é a criança que fica sentada, prestando atenção, e envolvê-la em atividades
ricas em aspectos motores, afetivos, sociais e cognitivos. Só assim alcançaremos o
caminho para a transformação e ao alcance da vida autônoma.

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UNIDADE Desenvolvimento Funcional e
Desenvolvimento Funcional na Infância

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças e Adultos
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças e adultos. (cap. 9). 2. ed. São Paulo: Editora Phorte, 2003.
Educação Física na Escola – Implicações para a Prática Pedagógica de Coordenação
DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação física na escola – implicações para
a prática pedagógica de coordenação. (cap. 10-15). Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.

 Leitura
Jogos e Brincadeiras e o Desenvolvimento Motor na Educação Infantil
GONÇALVES, R. P. Jogos e Brincadeiras e o Desenvolvimento Motor na
Educação Infantil. Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, 2016.
https://bit.ly/3eMdYkL
A Dança como Estratégia para o Desenvolvimento Motor de Crianças
NOGUEIRA JR., J. E. A dança como estratégia para o desenvolvimento motor
de crianças. IV Simpósio Internacional de Ciências Integradas da Unaerp. Unaerp,
Guarujá, São Paulo.
https://bit.ly/3bCcXJQ

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Referências
BRASIL. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. v.3. Brasília:
MEC/SEF, 1998.

DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A.; Educação física na escola: implicações para


a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:


bebês, crianças adolecentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2003.

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