INTRODUÇÃO: O medo faz parte do desenvolvimento infantil, em geral é transitório
e não produz grandes perturbações na vida diária da criança, de acordo com
(MARQUES et al. 2010). Embora seja uma função biológica própria do indivíduo, muitas respostas da vivência do medo são adquiridas através da aprendizagem. Para (GUEDES-PINTO; ISSAO, 1994 apud DUARTE et al, 2006) o medo subjetivo é aquele advindo de sentimentos e atitudes que tenham sido sugestionadas à criança por outras pessoas sem que ela tenha passado pela experiência, onde a criança ouve falar da experiência negativa e fantasia que com ela será igual ou pior. Este tipo de medo não está obrigatoriamente ligado à verbalização do problema, pois a criança pode captar a ansiedade de alguém por uma expressão facial ou um gesto, por exemplo. (SKINNER, 2000 apud ARRUDA, 2006) define ansiedade como uma condição emocional complexa e aversiva que é condicionada como resultado de um emparelhamento de estímulos. Um único evento aversivo pode levar uma condição de ansiedade a ficar sob o controle de estímulos incidentais. Pacientes com sinais de ansiedade e medo podem ser identificados pelo seu comportamento e pela avaliação e reconhecimento de alguns sinais físicos, como dilatação das pupilas, palidez da pele, transpiração excessiva, sensação de formigamento das extremidades e, inclusive, aumento da pressão arterial (GÓES et al, 2010). O comportamento apresentado pelo paciente infantil dará ao profissional a possibilidade de lançar mão de algumas possíveis técnicas de manejo, viabilizando, assim, o controle durante o tratamento odontológico. As técnicas não farmacológicas de manejo comportamental em Odontopediatria são utilizadas a fim de gerar segurança e tranquilidade durante o atendimento (SILVA, et al., 2016). Outros autores, (POSSOBON et al.,2007), concluíram que o medo de dentista, no entanto, tem sido caricaturado como um dos mais frequentes e mais intensamente vivenciados, por exemplo, observa que um dos principais elementos que parecem interferir no comportamento de grande parte dos indivíduos que buscam atendimento odontológico é a crença de que serão submetidos a algum tipo de desconforto durante o tratamento. OBJETIVO: Levando em consideração que o comportamento da criança pode refletir no comparecimento ou não no consultório odontológico, esse trabalho de revisão literária objetivou identificar os principais fatores que podem causar ansiedade e/ou medo do paciente infantil previamente à consulta odontológica. METODOLOGIA: A revisão da literatura foi realizada pelo método dedutivo através de artigos que foram selecionados na base de dados online no Portal Regional da BVS, SciELO.org, Google acadêmico e doutrinas, publicados entre o ano de 2001 até o ano de 2016. RESULTADO E DISCUSSÃO: Para este trabalho de revisão literária os métodos de busca foram realizados em sete artigos e um livro. Em dois desses artigos foram encontrados fatores semelhantes, em outros cinco artigos foram encontrados fatores diferentes que envolviam família, cultura, situação socioeconômica e idade. Ressalta (GÓES et al., 2010), que com relação à ansiedade infantil, os fatores com maiores chances de se apresentarem ao tratamento odontológico é a presença de uma história odontológica relevante, ou seja, primeira vez ao dentista ou experiência negativa em consultas anteriores. Com relação a idade, as crianças na faixa pré- escolar entre 3 e 6 anos de idade, apresentaram maiores chances de terem ansiedade na consulta odontológica do que as crianças da faixa etária com idade escolar entre 7 e 12 anos. Para (GRADVOHL et al., 2010), fatores socioeconômicos, genéticos e familiares podem influenciar os aspectos comportamentais do indivíduo no atendimento odontológico, ou ainda que jamais tenha ido ao dentista, a ansiedade da mãe junto à criança no consultório odontológico, desajustes familiares e fatores socioeconômicos e culturais têm influência sobre o comportamento do pequeno paciente. Mas, para (SILVA, et al, 2016) é importante ressaltar a importância da participação dos pais no consultório odontológico durante o atendimento na primeira infância, pois nessa fase o afastamento entre a criança e seus pais é um fator que pode gerar angústia ou potencializar o medo, o que impede a cooperação. Para (POSSOBON et al., 2007), o fator que interfere no comportamento de grande parte dos indivíduos que buscam atendimento odontológico é a crença de que serão submetidos a algum tipo de desconforto durante o tratamento. Para (CASTRO et al., 2001), o adequado manejo do paciente infantil envolve a compreensão dos fatores influenciadores e determinantes do comportamento da criança durante o atendimento odontológico. Tais fatores relacionam-se não só com o paciente, mas também com o profissional e com a estrutura familiar na qual a criança está inserida. CONCLUSÃO: Diante do exposto pode-se concluir que mesmo na era tecnológica ainda existe uma sensação desagradável relacionada à experiência odontológica, especialmente com crianças, onde o medo e ansiedade além da expectativa pela visita ao dentista pode causar um stress emocional, tornando-se mais acentuado se for a primeira vez. Diante disso, o odontopediatra precisa manter um relacionamento bastante íntimo com o seu paciente e estar atento aos vários fatores que podem influenciar o comportamento infantil e assim preconizar técnicas de manejo empregando estratégias psicológicas que minimizem a ansiedade e aumentem a frequência de emissão de comportamentos colaborativos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRUDA, Monica Camilla da Cunha. A modificação comportamental da ansiedade de universitários em situações de exposições orais. 2006. Disponível em http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/2905/2/20176415.pdf Acesso em: 25 de outubro de 2020. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais- DSM. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. CASTRO M. E., Cruz M. R. S., FREITAS J. S. A., BARATA, J. S. Fatores determinantes e influenciadores do comportamento da criança durante o atendimento odontológico. J Bras Odontopediatria Odontol Bebê, v.4, n. 21, Curitiba, set/out. 2001. DUARTE, Sabrina A. M et al. Avaliação do perfil psicológico infantil em diversas situações na clínica odontopediátrica. 2006. Disponível em: <http://www.sbneurociencia.com.br/drasabrina/index.htm> Acesso em 25 de outubro de 2020. GÓES, M. P. S. et al. Ansiedade, medo e sinais vitais dos pacientes infantis. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 9 (1) 39-44, jan./mar., 2010. Disponível em< www.cro- pe.org.br>. Acesso em 26 de outubro de 2020 MARQUES, Barreto Gonçalves; GRADVOHL, Morgana Pontes Brasil; MAIA, Maria Cristina Germano. Medo e ansiedade prévios à consulta odontológica em crianças. Fortaleza: RBPS, 2010. POSSOBON, R. F., et al. O tratamento odontológico como gerador de ansiedade. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 3, p. 609-616, 2007. SILVA, L. F. P, et al. Técnicas de manejo comportamental não farmacológicas na Odontopediatria. Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo, 2016; 28(2): 135-42, mai- ago. Disponível em<http://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_odontologia/ pdf/maio_agosto_2016/Odonto_02_2016_135-142_1.pdf> Acesso em 25 de outubro de 2020.