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ODONTOLÓGICO
RESUMO
O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre a influência do medo e da
ansiedade do paciente durante o tratamento odontológico, destacando o papel do cirurgião-
dentista para minimizar e controlar essas emoções. Apesar de todos os avanços da
Odontologia, o medo e a ansiedade frente ao tratamento odontológico continuam sendo um
problema para uma grande parte da população, que ainda relaciona o atendimento clínico ao
sofrimento, ao desconforto e a dor. Os motivos que mais geram esses sentimentos nas pessoas
são experiências dolorosas vividas anteriormente, ou o relato negativo de alguém próximo,
além do ruído da caneta, o cheiro de alguns fármacos, as exodontias, entre outros. O medo e a
ansiedade além de agravar o quadro de saúde bucal por fuga do paciente ao tratamento,
também influenciam diretamente no atendimento, pois a maioria dos indivíduos com este
perfil tem dificuldade de cooperação; necessitam de um suporte através da segurança passada
pelo cirurgião-dentista; e em alguns casos é necessário uso de benzodiazepínicos. Conclui-se
que o cirurgião-dentista deve saber reconhecer o medo e a ansiedade para que consiga intervir
durante seus episódios e encontrar a melhor forma para lidar com estes sentimentos, e com isto
estabelecer uma boa relação com seu paciente.
INTRODUÇÃO
dentista, pois passaram por pelo menos um episódio de dor. Mesmo com tantos avanços
tecnológicos para minimizar esse martírio, o medo e a ansiedade estão presentes na rotina
do tratamento dentário. O medo e a ansiedade podem ser definidos como um estado
emocional, provocando alterações comportamentais nos pacientes (COSTA et al., 2012).
Segundo Guedes-Pinto (2010), a ansiedade apresenta-se em todos os indivíduos,
podendo ocorrer variações em seus sinais. Quando um paciente apresenta um grau normal
de ansiedade em relação aos procedimentos odontológicos, o cirurgião-dentista irá conduzir
o atendimento por meio de palavras que induzem ao relaxamento, na tentativa de se
conseguir contornar a situação. Contudo, o profissional deve ter conhecimento teórico e
prático para fazer um monitoramento pré e pós-operatório de seus pacientes, pois o apoio e
a confiança são necessários para o sucesso deste relacionamento.
O medo pode ser definido como um sentimento de receio a algo ou alguma coisa
que apresenta um perigo real (MARQUES; GRADVOHL; MAIA, 2010). A diferença entre
o medo e a ansiedade parece estar apenas na intensidade. A evolução do medo pode estar
relacionada ao nervosismo de conduta, que se aponta desde a manifestação de timidez e
vergonha até crises de ansiedade (GUEDES-PINTO, 2010).
Segundo Bottan (2007), ir ao dentista foi identificado como sendo o segundo temor
mais freqüente na população em geral. O papel do cirurgião-dentista é identificar a origem
da ansiedade e do medo no paciente, mostrando a ele que esta situação pode-se reverter.
Cabe ao profissional tranqüilizar e passar confiança ao paciente, dando atenção especial a
ele, no sentido de explicar detalhadamente o tipo de procedimento que irá realizar
(MARQUES; GRADVOHL; MAIA, 2010).
O objetivo deste estudo é realizar uma revisão da literatura sobre a influência do
medo e da ansiedade do paciente durante o tratamento odontológico, destacando o papel do
cirurgião-dentista para minimizar e controlar essas emoções.
REVISÃO DA LITERATURA
Medo e Ansiedade
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Para Bottan; Oglio; Araújo (2007), Pereira et al. (2013), os fatores mais relevantes
dentro do consultório que potencialmente provocam o medo e causam desconforto aos
pacientes são: instrumentais, principalmente fórceps, alavanca, seringa, agulha, limas,
brocas, ruídos das canetas de baixa, e alta rotação, anestesia, procedimentos cirúrgicos e
movimentos rudes de alguns profissionais. Essas condições despertam os órgãos sensoriais
do paciente, se tornando uma experiência ruim para ele, produzindo um medo objetivo.
No estudo realizado por Bottan; Lehmkuhl; Araújo (2007), os indivíduos do sexo
feminino apresentaram-se mais ansiosos que os indivíduos do grupo masculino. No
pesquisa de Kanegane et al. (2006), não houve diferenças significativas na manifestação do
medo entre homens e mulheres, e a maioria dos entrevistados relatou só procurar
atendimento odontológico por necessidade curativa, não o fazendo por prevenção.
Carvalho et al. (2012) em seus estudos constataram que indivíduos do sexo
feminino, com idade acima de 20 anos, que não têm acesso à internet, com higiene bucal
precária, que buscam tratamento curativo ao invés de preventivo e que já tiveram
experiência de odontalgia apresentam maior probabilidade de terem ansiedade.
Os resultados do estudo de Murrer, Francisco, Endo (2014), indicaram que o
número de mulheres ansiosas foi maior que o número de homens ansiosos e com o avançar
da idade diminuiu-se o número de pacientes ansiosos. Destes pacientes identificados como
ansiosos, 17,3% relataram ter medo moderado a severo. Os autores também identificaram
uma relação direta do medo com a precariedade da condição bucal dos pacientes.
A respeito das questões socioeconômicas, no estudo de Pereira et al. (2013), não
houve correlação significativa entre a renda mensal e o nível de ansiedade dos
entrevistados.
No estudo de Bottan et al. (2015), não houve correlação significativa entre o nível
de ansiedade e o grau de escolaridade dos sujeitos. Este mesmo estudo mostrou que o grupo
de indivíduos mais ansiosos não realizou consulta periódica nos últimos dois anos, ao
contrário do grupo dos indivíduos de baixa ansiedade (muito pouco ou levemente ansiosos).
No estudo de Ferreira; Manso e Gavinha (2008), a maioria dos participantes da
pesquisa relatou a procura por atendimento odontológico apenas quando a dor já esta
instalada e também nunca ter faltado a uma consulta odontológica por medo.
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De acordo com Bottan et al. (2015), a ansiedade pode ser considerada como um
fator de risco preponderante para uma precária condição de saúde bucal e baixo índice de
qualidade de vida.
A ansiedade e o medo do tratamento odontológico geram um ciclo, pois alterações
dentárias iniciais se não tratadas, são agravadas necessitando de intervenções mais
invasivas, o que causa dor e maiores desconfortos físicos ao paciente. Conseqüentemente,
os sentimentos de medo e ansiedade se tornam mais intensos e maiores são os custos
financeiros (FERREIRA et al., 2004; BOTTAN; LEHMKUHL; ARAÚJO, 2007).
Os resultados da pesquisa de Bottan; Oglio e Araújo (2007) constataram uma
relação entre o nível de ansiedade e a quantidade de indivíduos que procuraram
atendimento odontológico com o objetivo de prevenção, ou seja, os indivíduos mais
ansiosos eram aqueles que não procuravam tal atendimento. Isso mostrou que consultas de
rotina amenizam quadros que requerem procedimentos mais invasivos, contribuindo assim
para a diminuição da ansiedade frente ao tratamento e quebrando assim o ciclo:
medo/ansiedade – fuga do tratamento – condição bucal debilitada.
Não entender as emoções das pessoas faz com que o cirurgião-dentista às vezes não
reconheça de forma adequada o paciente ansioso ou com medo, não oferecendo um
atendimento humanístico apropriado. Desde a graduação, os futuros profissionais deveriam
ser sempre preparados para entender as reações dos pacientes e utilizar estratégias
psicológicas que amenizem a ansiedade e o medo dos mesmos, gerando uma atitude mais
colaboradora dos indivíduos frente ao tratamento odontológico (BOTTAN; LEHMKUHL;
ARAÚJO, 2008; POSSOBON et al., 2007).
Segundo Ferreira et al. (2004), os indivíduos mais ansiosos apresentam um
problema para o cirurgião-dentista pois podem apresentar: dificuldade de cooperação,
relacionamento prejudicado com o profissional, necessidades de maiores cuidados durante
os procedimentos clínicos, que devem ser explicados e autorizados pelo paciente para que
ele se sinta mais confiante.
É de extrema importância que o cirurgião-dentista, considere seu paciente como um
todo, tomando conhecimento prévio sobre sua história familiar e o meio onde vive e
compreenda que este traz para a consulta seus receios e expectativas, contribuindo assim
para uma abordagem mais conveniente. Faz-se necessário uma explicação clara sobre os
procedimentos, ao alcance do entendimento do paciente, para que o tratamento
odontológico seja desmistificado. Dessa forma, será amenizado o estado de ansiedade do
individuo, e esse se sentirá motivado ao retorno às consultas e também à procura por
tratamento preventivo, favorecendo assim uma melhor qualidade de vida (BOTTAN;
TRENTINI; ARAÚJO, 2007; BOTTAN; OGLIO; ARAÚJO, 2007; MURRER;
FRANCISCO; ENDO, 2014).
A regressão da ansiedade e do medo é imprescindível para um bom tratamento
odontológico e para que o paciente se sinta mais motivado a retornar as consultas (GÓES et
al. 2010). A relação entre o paciente e o profissional que se estabelece na primeira consulta
é fundamental para a melhoria desse quadro. O cirurgião-dentista deve saber reconhecer
esses sentimentos nos seus pacientes e ter conhecimento para que possa instruí-lo sobre as
melhores maneiras de enfrentá-los, oferecer um suporte técnico e emocional adequado e
estabelecer uma relação de confiança mútua, promovendo um atendimento tranqüilo e
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indesejáveis típicos dos ansiolíticos administrados por via oral. Cada método tem suas
vantagens e desvantagens conforme suas características, devendo ser observado o perfil do
paciente e o tipo de procedimento para a escolha dos mesmos.
Faz-se necessário a realização de campanhas educativas conscientizando a
população em geral sobre a relação entre a ansiedade, e o medo do tratamento odontológico
e a conseqüência dos mesmos para a saúde bucal. Deve se dar destaque a importância dos
cuidados com a saúde bucal para a manutenção da saúde do indivíduo; a efetivação das
consultas com regularidade; as novas tecnologias disponíveis na Odontologia que
promovem redução de sensações dolorosas, e o papel do cirurgião-dentista como um
promotor de saúde (BOTTAN; OGLIO; ARAÚJO, 2007; BOTTAN et al., 2008;
OLIVEIRA; ARAÚJO; BOTTAN, 2015).
DISCUSSÃO
Loggia et al. (2008); Pereira et al. (2013) afirmaram que o medo e a ansiedade
desencadeiam reações orgânicas similares, porém a ansiedade não tem causa bem definida
como o medo, e este representa uma ameaça real ao físico e ao psicológico do indivíduo.
Ainda definindo estes sentimentos, Pereira et al. (2013); Bottan et al. (2015) salientaram
que dento da normalidade, a ansiedade fisiológica, pode preparar o organismo para reagir a
algum estímulo; e a ansiedade patológica ocorre quando este quadro foge da normalidade e
pode afligir as pessoas de diversas formas.
Goes et al. (2010); Frauches et al. (2013) ressaltaram que mesmo com todas as
evoluções na área da Odontologia, o medo e a ansiedade continuam presentes na população
tanto infantil quanto adulta e isso se torna um empecilho aos cuidados bucais regulares.
Um fator importante considerado por Gaudereto et al. (2008); Pereira et al. (2013);
Bottan et al. (2015) é que o indivíduo ansioso tem o seu limiar de dor diminuído, ou seja, é
mais sensível à dor. Portanto, o cirurgião-dentista precisa saber lidar com este tipo de
paciente de modo a utilizar de recursos que tornem o tratamento odontológico mais
confortável.
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de ansiedade, bem como nos estudos de Bottan et al. (2015) não houve correlação
significativa entre o nível de ansiedade e o grau de escolaridade dos sujeitos. Isto leva a
crer que a ansiedade não possui relação com nível socioeconômico do indivíduo, nem com
seu grau de instrução, mas sim com as experiências adquiridas através de si mesmo, ou
repassadas por outras pessoas.
Quanto ao comportamento do profissional frente ao atendimento de paciente com
medo e ansiedade, Possobon et al. (2007) relataram acreditar que o conhecimento
demasiadamente técnico e sofisticado e pouco humanístico adquirido pelos cirurgiões-
dentistas não favorece a correta condução do tratamento odontológico. Como bem
salientado por Bottan; Lehmkuhl; Araújo (2007) e Possobon et al. (2007), os cursos de
graduação em Odontologia tem um papel fundamental na reversão desta premissa,
preparando os acadêmicos para entender as reações dos pacientes e utilizar estratégias
psicológicas que amenizem a ansiedade e o medo dos mesmos
É importante ressaltar que além de buscar atualizar-se em técnicas, instrumentais,
recursos e equipamentos odontológicos, tendo em vista promover um trabalho com
reconhecimento profissional favorável, e que também traga a satisfação do paciente; o
cirurgião-dentista deve também atentar-se em promover uma relação harmoniosa com seu
paciente, procurando aproximar-se dele, ganhando sua confiança, o que conforme Bottan;
Trentini; Araújo (2007); Bottan; Oglio; Araújo (2007); Murrer; Francisco; Endo (2014)
ameniza seu estado de ansiedade e o motivará ao retorno às consultas e à procura por
tratamento preventivo, favorecendo assim uma melhor qualidade de vida.
Conforme destacado por Andrade; Ranalli (2004); Pereira et al. (2013); outro
recurso para facilitar e otimizar o tratamento odontológico de pacientes com ansiedade e
medo, seria uso de medicamentos ansiolíticos, tais como diazepam, midazolam, lorazepam.
Também foi salientado por Guadereto et al. (2008); Pereira et al. (2013) a utilização da
sedação consciente, por meio do óxido nitroso para promover no paciente, um sentimento
de relaxamento e redução da ansiedade frente ao tratamento. A escolha do método pelo
profissional vai depender do perfil do paciente e do procedimento que será realizado.
Devemos levar em conta a relevância da promoção de campanhas educativas que
conscientizem as pessoas da influência do medo nos resultados do tratamento odontológico,
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CONCLUSÕES
● Para controlar o medo e ansiedade dos pacientes, o cirurgião-dentista pode utilizar uma conversa
tranquilizadora, lançar mão de ansiolíticos ou uso do óxido nitroso;
● O cirurgião-dentista deve saber reconhecer o medo e a ansiedade para que consiga intervir
durante seus episódios e encontrar a melhor forma para lidar com estes sentimentos, e com isto
estabelecer uma boa relação com seu paciente.
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ABSTRACT
The objective of this study was to review the literature on the influence of fear and anxiety
of the patient during dental treatment, highlighting the role of the dentist to minimize and
control these emotions. Despite all the advances in dentistry, fear and anxiety about dental
treatment continue to be a problem for a large part of the population, which still links
clinical care to suffering, discomfort and pain. The motives that most generate these
feelings in people are experiences previously experienced painful, or the negative report of
someone close, besides the noise of the pen, the smell of some drugs, the exodontias,
among others. Fear and anxiety, besides aggravating the oral health situation due to
patient's escape from treatment, also directly influence care, since most individuals with
this profile have difficulty in cooperation; need support through the safety of the surgeon-
dentist; and in some cases it is necessary to use benzodiazepines. It is concluded that the
dentist should know how to recognize fear and anxiety so that he can intervene during his
episodes and find the best way to deal with these feelings, and thereby establish a good
relationship with his patient.
REFERÊNCIAS
GOES, M. P. S. et al. Ansiedade, medo e sinais vitais dos pacientes infantis. Odontol.
Clín.-Cient. Recife, v. 40, p. 39-44, jan. /mar. 2010.