Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A psicologia como coma ciência estuda o psiquismo e suas funções que se manifestam no
comportamento, e a odontologia ocupa-se da parte do corpo que se relaciona com o
aparelho mastigatório. No entanto, actualmente torna-se cada vez mais claro que soma e
psíquico formam uma só unidade e que não existe dissociação possível entre corpo e alma.
A psicologia pode ser aplicada a todas as especialidades odontológica, que abrange desde o
clínico geral até as especialidades em suas respectivas áreas de actuação, e também no que
diz respeito as tensões profissionais, a rotina de seu trabalho, a sua personalidade e ao
comportamento dos pacientes.
Em uma pessoa com dor, aspectos biológicos, psicológicos e sociais interferem nesse
desconforto. Um exemplo seria um paciente que começa algum procedimento estando
ansioso, aumentando sua dor. O medo, por exemplo, faz com que o organismo produza
inúmeros hormônios. Dependendo da duração do sentimento, mais sintomas orgânicos
aparecem. O distress, um stress crónico, causa inúmeras doenças como baixa imunidade,
gastrites, dermatites e gunas, entre outros.
1
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018
O objectivo principal da psicologia aplicada à odontologia é interferir nas variáveis
psicossociais que medeiam os processos de diagnóstico, tratamento e reabilitação em
odontologia, visando a promover e manter o estado geral de saúde do indivíduo, bem como
a prevenir e facilitar o enfrentamento eficiente de situações de tratamento dos transtornos
bucais de usuários de sistemas de saúde.
O profissional de saúde não lida com um sintoma, distúrbio ou um órgão doente; sua
relação se estabelece com a pessoa única, com características especiais, que naquela
circunstância, é portadora desse sintoma, distúrbios ou órgão doente.
O dentista interage, em seu dia-a-dia, com pessoas ansiosas e tensas. É uma actividade que
pode ser classificada como aversiva ou incômoda; todo o paciente, em certa medida, é
portador de algum grau de ansiedade e tensão que se expressa em relação com o dentista.
2
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018
Uma das qualidades que mais facilitam essa relação é a capacidade de empatia do dentista.
Essa característica permite que a pessoa se coloca no lugar de outra, assim consegui
perceber os sentimentos desta.
A experiência de tratamento dental vivido anteriormente pode ter sido traumática, o que
levaria o paciente a se sentir amedrontado contactos subsequentes com dentistas. Retratos
de amigos e parentes sobre tratamentos dolorosos também contribuem para criar ou
aumentar a expectativa da dor e do desconforto durante os procedimentos diagnósticos e
terapêuticos.
Esse receio de sentir a dor durante a intervenção, muitas vezes se justifica, seja porque o
doente está sensível ao toque, seja porque a exploração efectuada pela sonda atinge lugares
mais dolorosos da boca, seja porque a aplicação da anestesia ou o uso do motor provocam
realmente sensações desagradáveis.
Outras razões para estes estados emocionais são facilmente identificados apenas por meio
da observação do modo pela qual se processa normalmente o tratamento: a posição deitada
da cadeira, que expõe o corpo dom cliente ao olhar do profissional, pode provocar uma
sensação passividade e devassamento; o lugar ocupado pelo dentista que se debruça sobre
o paciente, estorva os seus movimentos, deixando-o vulnerável e indefeso; a boca aberta,
que o impede de falar; receio de que o seu corpo emana odores desagradáveis, como mau
hálito ou cheiro característico de infecção dental; a proximidade entre as faces dos
participantes da relação, que muitas vezes o induz a fechar os olhos para fugir da
intimidade forçada; o facto de estar submetidos a instrumentos perfuro-cortantes
desconhecidos que podem produzir dor ou outras sensações indesejáveis; os sons agudos e
dores intensas, nem sempre agradáveis, são circunstâncias que inibem a livre expressão do
cliente, levando-o a se impacientar e a ter sentimentos de inferioridade, dependência,
impotência e humilhação.
3
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018
A dependência e a fragilidade que acometem o paciente podem induzi-lo a um estado de
regressão. Algumas vezes a relação fica determinada por factores perturbadores, quando o
paciente começa a nutrir sentimento e a desenvolver espectativas inadequada à situações
profissional. O profissional é idealizado, transformando-se em alguém capaz de cuidar
dele, de suprir suas carências e de resolver todos os seus problemas.
Essas situações complexas soram explicadas pela psicanálise que deu o nome de
“transferência” a esse processo. A transferência seria a expressão disfarçada de
sentimentos ou desejos antigos que não foram bem elaborados pelo sujeito e se tornando
inconscientes. Em busca da relação de conflitos infantis, a pessoa repete os afectos e as
condutas originais usando o parceiro actual de relacionamento como suporto, e na tentativa
de resolver as relações primitivas vividas em sua infância.
O dentista não está imune a este processo, sendo susceptível a desenvolver reacções
contratransferências inconscientes em relação a seu paciente, comportando-se de forma
ambígua, seduzi-lo ou tratando-o, ao contrário, com desespero e antipatia.
O paciente possui sua identidade que o caracteriza como único, então nenhum paciente é
igual ao outro e nem todo atendimento o será também. A cada visita deste, uma nova
realidade, que o faz ou não cooperar com o tratamento. E sempre lembrar que ele não é só
uma boca, ele tem desejos, tem opinião, tem informação, tem sentimentos, ou seja, é uma
unidade biopsicossocial. Uma unidade complexa e que deve-se respeitar.
Outro facto que se deve levar em conta é o significado psicológico da boca e dos dentes ao
longo do desenvolvimento do indivíduo, o que pode explicar o facto de muitas pessoas
sentirem a intervenção odontológica como um acto de invasão agressiva.
A psicanálise, assim como outras teorias psicológicas, demostrou que a boca, sendo um
órgão fundamental para a sobrevivência, é também o lugar pelo qual o ser estabelece as
primeiras relações com o mundo, através da sucção e engolir, é o órgão pela qual criança
4
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018
recebe as primeiras experiencias de prazer que serão registradas como o início da vida
psíquica.
A boca constitui-se, então, na primeira zona erógena do indivíduo, na medida em que sua
estimulação é fonte de prazer sensual e o principal elo de ligação entre o bebé e o mundo.
A relação que se estabelece entre o dentista e pacientes não é, portanto, das mais tranquilas
ou mesmo simpáticas. Ansiedade, o medo e a agressividade, somando a factores
inconscientes, provocam no paciente comportamentos inconvenientes que acabam por
influenciar o humor do dentista, levando-o ao estresse profissional.
Cultivar a habilidade de compreender as pessoas, nas suas mais diferentes dimensões, quer
seja física, psicológica ou social é uma das tarefas mais difíceis que um homem jamais
poderia se propor. Isto porque a habilidade de compreender abrange mais do que ser capaz
de perceber, entender, identificar e interpretar as comunicações ou expressões captadas
pelos sentidos.
Como já frisado anteriormente, uma das qualidades que mais facilitam essa relação é a
capacidade de empatia do dentista, essa característica permite que uma pessoa se coloca no
lugar de outra, e assim percebe os sentimentos presentes nela naquele momento.
Quando o paciente percebe que o dentista está realmente interessado e que está levando em
conta os vários aspectos envolvidos na situação, demostrando disponibilidade em ajudá-lo,
5
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018
e quando se sente compreendido em seus receios, sua confiança no profissional tende a
aumentar, assim como a aceitação e a colaboração com o tratamento proposto.
Assim compreende-se que a eficiência do dentista não depende apenas de sua competência
técnica, mas também dos conhecimentos psicológicos que permitem a compreensão de si
mesmo e de seu paciente em sua integridade bio-psico-social.
O consultório
- se o paciente for uma criança, procura mantê-lo ocupado com brinquedos ou jogos, livros
de banda desenhada.
6
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018
- Asseio do dentista, higiene, seu material de trabalho.
- Saudações cordeais, sorriso, chamar pelo nome, enfim, cria um vínculo afectivo.
Após a avaliação das condições odontológicas, o tratamento necessário deve ser explicado
em palavras de fácil entendimento, de forma a permitir que o paciente possa tomar
decisões sobre o assunto.
7
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018
Além disso, o encaminhamento do paciente a um profissional de saúde mental também é
problemático. Muitos dentistas têm medo de perder os pacientes, de serem mal
interpretados. Isso ainda é sinal de que o profissional não entendeu realmente como se dá o
trabalho em equipa e nem o porquê da sua necessidade.
BIBIOGRAFIAS
8
Prof: Miguel Kossi
Luanda, 2018