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Qual a relação entre a saúde e a doença?


What is the relation between health and disease?
Cual la relación entre la salud y la enfermed?

Darlen Neves Silva Dias & Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira,


Universidade Federal do Pará, Brasil.

Resumo:O presente artigo constitui um breve apontamento teórico acerca da


compreensão sobre os termos Saúde/Doença vigentes na sociedade, e objetiva
discutir, em particular, a relação existente entre os dois termos. Neste sentido o artigo
se propõe a refletir sobre o conceito de Saúde/ Doença, considerando a forma como
ele é compreendido pela medicina, posto que prevalece o exercício hegemônico de
um modelo centrado no ato preescritivo e na produção de procedimentos, na
individualização do normal e do patológico ao nível do corpo do homem-biológico,
levando a uma ruptura com as questões sociais, desse e dele consigo mesmo, uma
concepção de saúde contida nos limites físicos, biológicos do corpo humano,
assumindo em relação a este objeto, uma postura racional. Concluímos que, se faz
necessário buscar o sentido de saúde/doença, através um olhar direcionado às
relações interpessoais, que se estabelecem no encontro entre pessoas, no
reconhecimento do outro como legítimo em suas singularidades e diferenças.
Vislumbrar a possibilidade de um cuidar associando vários saberes e compreendendo
o sentido de saúde como a capacidade de instruir novas normas em vários tipos de
situações.
Palavras Chaves: Saúde, Doença, cuidado
Abstract: This article is a brief note on the theoretical understanding of the terms
Health / Disease prevailing in society, and aims to discuss, in particular, the
relationship between the two terms. In this sense, the article aims to reflect on the
concept of health / disease , considering how it is understood by medicine, since the
prevailing hegemonic exercise centered on a prescriptive act and in production
procedures, the individualization of the normal model and the pathological to the body
of man - biological level, leading to a break with social issues, and that himself, with a
concept contained in the health, biological, physical limits of the human body, taking in
relation to this object, a rational approach . We can conclude that it is necessary to
search for the meaning of health / disease by a directed interpersonal relationships that
are established between people at the meeting, in recognition of the other as legitimate
in their uniqueness and differences. Envisage the possibility of a caring associating at
various knowledge and understanding the meaning of health as the ability to instruct
new standards in different situations.
Key Words: Health, Disease, Care
Resumen: Este artículo es una breve nota en la comprensión teórica de los términos
de la Salud / Enfermedades prevalentes en la sociedad, y tiene como objetivo discutir,
en particular, la relación entre los dos términos. En este sentido, el artículo pretende
reflexionar sobre el concepto de salud / enfermedad, teniendo en cuenta lo que se
entiende por la medicina, ya que el ejercicio hegemónico imperante centrado en un
preceptivos procedimientos y de producción, en la individualización del modelo normal
y lo patológico al cuerpo de nivel - hombre biológico, lo que lleva a una ruptura con los
problemas sociales, y que él mismo, con un concepto que figura en la salud, los límites
biológicos , físicos del cuerpo humano , teniendo en relación con este objetivo, un
enfoque racional . Llegamos a la conclusión de que es necesario para buscar el
significado de la salud / enfermedad buscar por relaciones interpersonales que se
establecen entre las personas en la reunión, en el reconocimiento del otro como

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legítimo en su singularidad y diferencias. Contemplar la posibilidad de un cuidado


asociando diferentes conocimientos y la comprensión del significado de la salud como
la capacidad para instruir a las nuevas normas en diferentes situaciones.
Palabras clave: salud, enfermedad, cuidado.

INTRODUÇÃO determinantes do seu processo de

A noção de saúde/doença saúde e doença.

vigentes está essencialmente O modelo que se tem,

pautada no modelo biomédico, que portanto, é uma concepção limitada

traz em seu interior, o entendimento da doença do sujeito, fundamentada

de saúde, como ausência de na ótica especifica da ciência

doença, excluindo a dinâmica social anátomo-fisiológica, em relação à

e subjetiva do sujeito, o que culmina totalidade de um campo complexo.

em um reducionismo biológico. Com esta limitação da concepção

“Essa redução exclui do escopo de da doença, o autor Camargo Jr.

considerações sobre o processo (2007), pontua que a doença passa

saúde/doença, fatores sociais ou a ser percebida como, “doença-

individuais, ditos “subjetivos”, com coisa”, deslocando o indivíduo

implicações para todas as doente do foco do olhar médico.

intervenções da saúde” (CAMARGO


A doença-coisa, realidade
JR., 2007, P.69). última no plano biológico,
entidade “natural” que
dispensa articulação teórica,
Observa-se o exercício
restringe ao mesmo tempo, o
escopo das concepções sobre
hegemônico de um modelo centrado
o processo de saúde-doença e
as possíveis soluções para os
no ato prescritivo e na produção de problemas decorrentes do
mesmo (...), as doenças são
procedimento, desconhecendo o coisas, de existência concreta,
fixa e imutável, de lugar para
sujeito pleno, que carrega consigo lugar, de pessoa para pessoa;
as doenças se expressam por
informações relevantes e um conjunto de sinais e
sintomas, que são

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manifestações de lesões, que consideram que, com essa


devem ser buscadas, por sua
vez, no âmago do organismo e mudança na forma de olhar o
corrigidas por algum tipo de
intervenção concreta. doente e seu corpo, a possibilidade
(CAMARGO JR, 2007, P.68).
de cuidar levando em consideração
Diante deste modelo,
a totalidade do sujeito se desfaz,
Foucault (1979) procura analisar
além disso:
como se caracteriza a

transformação ocorrida na A integralidade do corpo se


desfez, transformada pelo
organização do conhecimento e na olhar clínico que desvela,
particulariza e nomeia uma
prática médica no inicio do século infinidade de tecidos, órgãos e
mecanismos de interrelação
XIX, momento em que a medicina entre eles, inaugurando uma
paradoxal “superfície interna”
se apresenta como medicina do organismo, perceptível por
códigos e signos específicos.
científica, demonstrando que a [...] A emergência desta
reorganização epistemologia
da doença, implicou no
ruptura que se processou no saber
reordenamento do espaço
hospitalar, do estatuto do
médico, se deu em função de uma
doente, da relação entre
assistência e a experiência.
mudança ao nível de seus objetos, (FERLA, OLIVEIRA E LEMOS,
2011, P. 492).
conceitos e métodos.
É com essa série de
COMPREENSÃO DE SAÚDE E
reorganizações que se identifica o
DOENÇA: UM OLHAR A SER
nascimento histórico da clínica, o
MODIFICADO
que é muito bem colocado por
O novo tipo de configuração
Foucault (1963), em sua obra “O
que caracteriza a medicina moderna
Nascimento da Clínica”, atentando
implica o surgimento de novas
para um período significativo na
formas de conhecimento e novas
historia da medicina, quando se
práticas institucionais. Ferla,
reorganiza a maneira de olhar e
Oliveira e Lemos (2011),

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tratar o doente, desenvolvendo um benigna. (FOUCAULT, 1963,


P.47).
discurso médico, direcionado a
Ainda, de acordo com
compreender o surgimento da
Foucault (1963), a medicina
doença, a partir da lógica da
classificatória precisa estar
observação anátomo-patológico, por
estritamente submetida à ordenação
meio de um olhar classificatório, que
ideal da nosologia, por ser o corpo
fragmenta e especifica para chegar
que dá as informações necessárias
à ordem racional da doença. O
para compreender a doença e não o
diagnóstico passa a ser feito com
doente, este passa a ser ocultado,
base em um sistema classificatório
pois para conhecer a verdade do
de doenças, limitando-se a
fato patológico, o médico deve
perguntar onde dói, já que a doença
abstrair o doente:
passa a ter sede em um órgão e a
É preciso que, quem descreva
intervenção médica se faz baseada
uma doença tenha o cuidado
de distribuir os sintomas que a
em normas e padrões fixos, que acompanham
necessariamente e que lhe
definirão o objetivo e o curso do são próprias, dos que são
apenas acidentes e fortuitos,
tratamento. como os que dependem do
temperamento e da idade do
doente..., o paciente é apenas
O conhecimento das doenças
um fato exterior em relação
é a bússola do médico; o
aquilo de que sofre; a leitura
sucesso da cura depende de
médica só deve tomá-lo em
um exato conhecimento da
consideração para colocá-lo
doença; o olhar do médico não
entre parênteses.
se dirige inicialmente ao corpo
(FOUCAULT, 1963, P.50).
concreto, ao conjunto visível, á
plenitude positiva que está
Essa perspectiva de
diante dele- o doente-, mas a
intervalos de natureza, a
saúde/doença em que a
lacunas e a distância em que
aparecem como em negativo,
os signos que diferenciam
participação do doente no seu
uma doença de outra, a
verdadeira da falsa, a legítima processo de adoecimento é vista
da bastarda, a maligna da

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como secundária, pode ser médica”. (FERLA, OLIVEIRA E

compreendida a partir do LEMOS 2011, P. 492).

reconhecimento do objeto de Gonçalves (1994) aponta

trabalho médico, no caso, o corpo para uma medicina que, ao se

humano. Gonçalves (1994) aponta apropriar do corpo anátomo-

que: “a forma intuitivamente mais fisiológico como seu objeto, passa a

imediata de pensar o corpo humano entender que o trabalho médico não

será a constituída de constantes se dirige precipuamente para o

morfológicas e funcionais, definidas desvendamento das regularidades

a partir das ciências da anatomia e elaboradas ao nível da ciência

da fisiologia” (GONÇALVES, 1994, biológica, e sim para a obtenção de

p.61). Sendo assim, esse corpo é efeitos específicos, orientados para

mais facilmente assimilável à ideia uma concepção do que é normal ou

de objeto-coisa. Vê-se, portanto, patológico para o corpo.

que o método anátomo-clínico, que


À medida que a medicina se
se desenvolvia nessa época, marca estruturou sobre bases da
ciência positivista, seu objeto
de trabalho passa a não ser
uma condição histórica para a
mais técnico e sim cientifico.
Uma das características mais
experiência clínica e, com a
importantes da concepção do
objeto de trabalho elaborada
anatomo-clínica, a doença se pela profissão médica é a
individualização do normal e
desprende da metafísica, “aloja-se do patológico ao nível do
corpo do homem-biológico,
no corpo vivo dos indivíduos e levando a uma ruptura com as
questões sociais, desse e dele
assume uma forma positiva de consigo mesmo, uma
concepção de saúde contida
morte, integrando-se nos limites físicos, biológicos
do corpo humano, assumindo
epistemologicamente à experiência em relação a este objeto, uma
postura racional.
(GONÇALVES, 1994, P. 67).

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O autor desvela uma depois as ciências humanas,

maneira de como se possa ver no passam a ter um lugar significativo

intelecto a capacidade de sair de si na expressão do poder. Para

mesmo, anular toda a subjetividade Foucault (1979), o cuidado com a

e poder reproduzi-lo integramente, saúde da coletividade, a partir de

tal como se supõe que seja dado, determinado momento na história,

antes e fora da ação cognitiva. passou a ser exercido como uma

Assim, o corpo anátomo-fisiológico forma de poder, a partir do qual os

tornou-se um campo, onde é governos visam preservar a força

possível explicar a ocorrência da militar e a força de trabalho de suas

normalidade e da patologia. Desta populações.

forma, o objeto apreendido pelas Segundo Foucault (1979), a

ciências básicas, passa a ser o medicina moderna, científica, que

verdadeiro e o único objeto. A nasceu em fins do século XVIII, é

apreensão do objeto que a medicina uma medicina social, que produzia

elaborou corresponde, portanto, não certa tecnologia do corpo social:

apenas a captação de
Com o capitalismo, não se deu
características biológicas do corpo, a passagem de uma medicina
coletiva para uma medicina
privada, mas justamente o
mas de forma exclusiva, o que
contrário. O capitalismo,
desenvolvendo-se em fins do
equivale a uma captação por
século XVIII e inicio do século
XIX, socializou um primeiro
desqualificação das demais objeto que foi o corpo
enquanto força de produção,
características do mesmo corpo. força de trabalho. O controle
da sociedade sobre os
O pensamento de Foucault indivíduos, não se oporá
simplesmente pela
(1979) demonstra como esses consciência ou pela ideologia,
mas começa no corpo, com o
saberes, inicialmente a medicina, e corpo. Foi no biológico, no
somático, no corporal, que,

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antes de tudo, investiu a que é de domínio privado e o que é


sociedade capitalista. O corpo
é uma realidade bio-política. A do domínio coletivo.
medicina é uma estratégia bio-
política. (FOUCAULT, 1979,
P.80). É posto uma nova
preocupação com o tema da
Foucault esclarece que, doença, que explicita, na
discursividade e nas
apesar de o corpo ter sido investido tecnologias do cuidado, regras
de controle da população e de
política e socialmente como força de cuidado com os indivíduos.
Tais práticas de poder, que,
trabalho, o que parece característico como assinalou Foucault, são
distribuídas em todo corpo
da evolução da medicina social, ou social, sem nenhum lugar
privilegiado de emergência,
mantêm com o Estado
seja, da própria medicina no
moderno, uma relação
particular, colocando-o como
Ocidente, é que não foi a princípio,
gestor da saúde da população.
(BENEVIDES E PASSOS,
como força de produção, que o 2005, P.566).

corpo foi atingido pelo poder Em outra perspectiva,


médico. Foi, somente em último Canguilhem (1943[2006]), nos
lugar, que se colocou o problema do conduz à compreensão do que
corpo, da saúde e do nível da força entende sobre o homem saudável
reprodutiva dos indivíduos. Antes da ou o homem adoecido que, em sua
medicina, que ele denominou de visão:
“medicina da força de trabalho”,
O homem normal, saudável,
houve duas etapas: a da medicina teria que se sentir capaz de
adoecer e de afastar a
de estado e da medicina urbana doença. Se a possibilidade de
testar a saúde através da
(FOUCAULT, 1979, P.80). doença, lhe fosse eliminada, o
ser humano não teria mais a
Contemporaneamente, as segurança de ser normal, de
poder enfrentar qualquer
práticas de cuidado médico ganham doença que por ventura viesse
a surgir (...). A saúde constitui
em graus de importância, para o certo jogo de normas de vida e
de comportamento, que se
caracteriza pela capacidade
de tolerar as variações das

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normas, quando é mais do que compreensão do processo de


normal. A saúde constitui certa
capacidade de ultrapassar as adoecimento que o indivíduo venha
crises orgânicas, para instalar
uma nova ordem fisiológica. a sofrer, já que o limiar entre saúde
Biologicamente assegurada
pela vida, à saúde significa: o
e doença é algo singular. O autor
luxo de se cair doente e se
restabelecer. (CANGUILHEM
Canguilhem (1943[2006]) defende a
(1943[2006]), P.28).

ideia de que:
UM OLHAR DIFERENCIADO

SOBRE A SAÚDE E A DOENÇA Deve-se recorrer aos “modos


de vida”, como critério para a
Seguindo esta denominação normatividade. Equivale
também a ultrapassar a
de saúde e doença descrita por concepção do corpo anátomo-
fisiológico como objeto
Canguilhem (1943[2006]), entende- ingênuo da prática médica,
principiando a identificar nesse
se que, estar saudável seria poder corpo outras ordens de
determinações. Não se trata,
desobedecer, produzir ou entretanto, de entender que
esse corpo deve ser
acompanhar uma transformação, compreendido mediante sua
rede de relações sociais, que
adoecer e poder sair do estado são trabalhadas a priori como
externas, justapostas ao
objeto de trabalho
patológico, mas, isso estaria
propriamente dito. O que se
vêm defender é outra coisa:
implicado diretamente com a forma
trata-se do fato de que, o
corpo anátomo-fisiológico não
pela qual o indivíduo interage com a se define como normal ou
patológico senão tomando já
vida. Essa interação se dá desde a como referência, essas
estruturas de normatividade
infância, e para uma compreensão extra biológica, e que, por
consequência, a
mais ampliada do indivíduo, às normatividade está
imediatamente contida no
questões culturais e objeto de trabalho médico, lá
naquilo que ele designa
socioeconômicas devem ser doença, e não apenas nas
características atribuídas de
levadas em consideração, pois a caráter social, ou psicológico,
onde ele á vê. As
influência desses contextos características de saúde e
enfermidade são
implicará diretamente na biologicamente técnicas e
subjetivas e não

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biologicamente cientificas e mesmo no sentido biológico da


objetivas. (CANGUILHEM,
(1943[2006]), P.27). palavra. A doença é uma forma

Canguilhem (1943[2006]) diferente de vida.

demonstra que, entre o estado


É de um modo bastante
normal e patológico há diferenças artificial, parece que
dispersamos a doença em
qualitativas, que não podem ser sintomas ou a abstraímos de
suas complicações. O que é
traduzidas apenas em diferenças um sintoma, sem contexto,
sem pano de fundo? O que é
quantitativas, defendendo a tese de uma complicação, separada
daquilo que a complica?
Quando classificamos como
que, o estado patológico não é um
patológica é a sua relação de
inserção na totalidade
simples prolongamento
indivisível de um
comportamento individual. De
quantitativamente variado do estado tal modo que, a análise
fisiológica de suas funções
fisiológico, é totalmente diferente. A separadas, só sabe que está
diante de fatos patológicos,
necessidade de restabelecer a devido a uma informação
clínica prévia; pois a clínica
continuidade entre a saúde e a coloca o médico em contato
com indivíduos completos e
doença é tal, que, no limite, a noção concretos e não com seus
órgãos ou suas funções. A
de doença se esvaneceria. É a patologia quer seja anatômica
ou fisiológica, analisa para
partir do patológico que se decifra o melhor conhecer, mas, ela só
pode saber que é uma
ensinamento da saúde. Com o patologia, isto é:o estudo dos
mecanismos da doença,
advento da fisiologia, a doença porque recebe da clínica essa
noção de doença, cuja origem
deixou de ser objeto de angústia deve ser buscada na
experiência que os homens
têm de suas relações de
para o homem são e tornou-se
conjunto com o meio.
(CANGUILHEM, (1943[2006]),
objeto de estudo para o teórico da
P. 39).

saúde. Para Canguilhem


Ser doente é, realmente, para (1943[2006]), mesmo nos casos
o homem, viver uma vida diferente, atuais, em que as doenças podem

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ser detectadas antes de qualquer significa, não apenas ser normal em

sintoma apresentado pelo doente, o uma situação determinada, mas ser

diagnóstico só foi possível, a partir normativo. A saúde é uma margem

da manifestação dos sintomas de tolerância em relação à

apresentados na clínica. Quem infidelidade do meio.

determina o valor da doença é o A perspectiva desenhada por

doente. É a vida em si mesma e não Canguilhem (1943[2006]) abre

a apreciação médica, que faz do então, uma distância entre a

normal biológico um conceito de doença, tal como é vivida pelo

valor. Ainda segundo o autor, o doente, e sua explicação fisiológica.

conceito de normal que a medicina Canguilhem (1943[2006]) refere que

e a fisiologia estariam usando, seria o fato patológico só pode ser

um julgamento de valor e não um compreendido como tal, ao nível da

julgamento de realidade. totalidade orgânica e da experiência

Assim, Canguilhem que os homens têm de suas

(1943[2006]) refere que o papel da relações de conjunto com o meio.

fisiologia será então, o de detectar Assim, entendo que, a definição

os conteúdos das normas, dentro da última do que é doença ou do que é

qual a vida conseguiu se estabilizar. saúde, estaria diretamente

A fisiologia é a ciência das relacionada à perspectiva de cada

condições de saúde ou a ciência sujeito, ou de grupos de sujeitos

dos ritmos estabilizados da vida. A submetidos ao mesmo meio.

saúde seria a indeterminação inicial, Mas, sob esse olhar, corre-se

da capacidade de instituição de o risco de deixar apenas para a

novas normas biológicas. Ser sadio sociedade, determinar o que é

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doença ou não. Vale ressaltar que, Mesmo diante dessa

embora Canguilhem (1943[2006]) discussão, observo que nas práticas

reconheça o peso das normas cotidianas da produção de saúde,

sociais nas questões ligadas à permanece a noção biológica que

saúde, não reduz o biológico ao captura e normaliza o corpo,

social, defendendo a anterioridade mantendo o sentido da patologia do

das exigências da vida em relação que é individual e coletivo. A partir

às da sociedade. do exposto, se faz interessante

É então na vida, que o autor procurar um olhar direcionado às

vai buscar a origem da relações interpessoais, que se

normatividade inerente ao vivente, estabelecem no encontro entre

e, a partir desta, o ideal de saúde a pessoas, no reconhecimento do

ser atingindo. O vivente humano outro como legítimo em suas

prolonga de modo mais ou menos singularidades e diferenças.

lúcido, um efeito espontâneo, Vislumbrar a possibilidade de um

próprio da vida, para lutar contra cuidar associando vários saberes e

aquilo que constitui um obstáculo a compreendendo o sentido de saúde

sua manutenção e ao seu como a capacidade de instruir

desenvolvimento, tomado como novas normas em vários tipos de

norma. Portanto, entende-se que é situações.

o vivente humano que vai dizer à CONSIDERAÇÕES FINAIS

medicina o que seria normal ou não O conceito de saúde tem

para ele, e qual o ideal de saúde mudado radicalmente nos últimos

que ele quer atingir. anos. Antigamente, saúde

significava apenas a ausência de

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doença, mas logo se percebeu que social e econômica do país.


1
(BRASIL, 2004, ART. 3) .
não apresentar nenhuma doença
A concepção ampliada de
física aparente, não significava ter
saúde e a compreensão de que,
saúde. Gradativamente, esse
ações realizadas por outros setores
conceito foi se expandindo e
têm efeito sobre a saúde individual
incorporando as dimensões: física,
e coletiva deram origem a outras
emocional, mental, social e
perspectivas de promoção e
espiritual do ser humano. Hoje a
cuidado à saúde. De fato, ao
definição de saúde presente na Lei
considerarmos o Sistema Único de
Orgânica de Saúde (LOS), n.°
Saúde - SUS foi possível verificar
8.080, de 19 de setembro de 1990,
que: as ações voltadas para o
procura ir além da apresentada pela
diagnóstico e tratamento das
OMS, ao se mostrar mais ampla,
doenças são apenas duas das suas
pela explicitação dos fatores
atividades. Inclusão social,
determinantes e condicionantes do
promoção de equidade ou de
processo saúde-doença. Esta lei
visibilidade e cidadania também são
regulamenta o Sistema Único de
consideradas ações de saúde. O
Saúde, e é complementada pela Lei
entendimento da saúde, como um
n.°8142, de dezembro de 1990.
dispositivo social relativamente

O que consta na LOS é que: a autônomo em relação à idéia de


saúde tem como fatores
determinantes e doença, e as repercussões que este
condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio
novo entendimento traz para a vida
ambiente, o trabalho, a renda,
a educação, o transporte, o social e para as práticas cotidianas
lazer, o acesso a bens e
serviços essenciais; os níveis
de saúde da população
expressam a organização 1
Acessada em maio de 2013 pelo link
http://http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l
8080.htm

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em geral, assim como para os saúde física e mental da pessoa. É

serviços de saúde em particular, social, pois a doença de uma

abre novas possibilidades na pessoa pode afetar outras pessoas

concepção do processo saúde e significativas, que fazem parte das

doença. relações com a família, com os

Nesse sentido, promover a amigos, com os colegas etc.

saúde é atuar para mudar Creio que saúde e doença

positivamente os elementos não são conceitos definitivos,

considerados determinantes da tampouco são opostos. São

situação de saúde/doença. Essas conceitos que dependem de onde

definições mais flexíveis sejam você está, dos tempos, dos

sobre a saúde, sejam sobre a contextos e das tensões em que

doença, consideram os múltiplos cada um está inserido. A saúde e a

aspectos causais da doença e da doença constituem experiências

manutenção da saúde, tais como: singulares de cada um e, portanto,

fatores psicológicos, sociais e fazem parte da dimensão subjetiva

biológicos. Contudo, apesar dos da existência. A dimensão subjetiva

esforços para caracterizar estes não é aquela que se opõe ou se

conceitos, não existem definições diferencia da objetividade, mas é a

universais. Isto é, a presença ou dimensão dos afetos, dos desejos e

ausência de doença é um problema de outras intencionalidades que

pessoal e social. É pessoal, porque promova uma maior qualidade de

a capacidade individual para vida.

trabalhar, ser produtivo, amar e A representação do conceito

divertir-se está relacionada com a de saúde exige certo grau de

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abstração, que não parece Entendo assim, que a saúde

relevante quando a questão se é produzida no próprio viver, seria o

refere apenas à descrição de resultado de um processo de

condições presentes, atuais. Está construção de si no mundo, como

muito mais vinculada a uma referem Barros e Gomes (2011), “é

concepção de vir a ser, de objetivos estar na vida com o outro,

a serem alcançados, de um projeto construída na alteridade. Alteridade

de saúde, seja em uma perspectiva como experiência da existência do

individual ou social. Já a idéia de outro, não como objeto, mas como

doença é mais imediatista, sempre outro sujeito, co-presente no mundo

impondo ao mesmo tempo, certas das relações intersubjetivas”. A

competências operacionais e algum concepção de saúde tem que levar

tipo de explicação. em consideração a variabilidade

A saúde seria um estar inerente ao ser humano, tem que

dinâmico na vida, sempre singular, levar em consideração a

um estado que não corresponde a diversidade dos humanos.

ausência de doença. Ao contrário, (BARROS E GOMES (2011, P.644).

nessa perspectiva, relaciona-se com A crescente complexidade do

a capacidade de enfrentar a doença processo saúde-doença e a

e de expandir as condições de vida, necessidade de um olhar

processo que se dá mediante a abrangente dos fenômenos

interação, quando o homem e o humanos e de uma atenção mais

meio se transformam complexa e sensível exigem

simultaneamente, num processo de integrar: a técnica, a Filosofia, a

coengendramento. Ética, a Política e as disciplinas

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sociais nas ações do cuidado em Cuidados em saúde: Conceitos,

saúde. Trata-se de compreender a Dilemas e Práticas. Organizada por

dinâmica da relação do par social, Suely Ferreira Deslandes. Rio de

acrescida da tecnociência, como janeiro: Editora FIOCRUZ, Cap.2,

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Revista Crítica de Ciências Sociais, darlen.neves@gmail.com

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