Disciplinas : Perspectivas críticas em gestão de pessoas
Texto de posicionamento refletindo sobre a questão da subjetividade do
trabalhador nos diferentes modelos de gestão. INTRODUÇÃO No sistema capitalista, a supervisão dos trabalhadores, o acompanhamento do cumprimento de metas e objetivos, é uma atividade que, considerando as mudanças de sua forma, ao longo da história, sempre fez parte das organizações. Desse modo, a maneira como o trabalhador é submetido a exercer suas atividades, reflete na forma como o trabalhador é visto pelas empresas. O TRABALHADOR SOB A ÓPTICA DO TAYLORISMO Na tradicional teoria cientifica do trabalho, o Taylorismo, defende a produção em escala, que resulta em uma forma mais rápida de produzir e consequentemente mais econômica. Afim de conseguir um barateamento nos preços dos produtos produzidos, satisfazendo assim o consumismo, que é “filho” do capitalismo. Essa teoria surgiu, após a análise de Taylor, que identificou que os problemas de baixa produtividades nas fabricas, estavam atrelados à variação de tempo e rendimento no trabalho de cada um dos operários. Segundo Taylor, uma mesma atividade era feita de formas diferentes, e a forma de produzir era aprendida de forma verbal ou através da observação. Além disso, os trabalhadores não conheciam a forma ideal para desempenhar a sua rotina, bem como, não sabia dos números que tinham que cumprir em uma determinada jornada de trabalho, gerando com isso, tempo de ociosidade que afetavam diretamente na produtividade. Dessa forma, surgiu os métodos objetivos de execução, que buscavam uma padronização da forma e do tempo de produção, cujo o interesse que estavam por trás disso era o de obter trabalhadores obedientes, dóceis e úteis para satisfazerem os seus interesses financeiros. Porém, essa forma, deixa de lado a capacidade de pensar de cada indivíduo, separando os que “pensam” a saber a gerencia, dos que “executam” os operários. Embora a gerencia tem o dever de dirigir, medir, mensurar, quando essa submete um operário a fazer apenas o trabalho padronizado, deixa passar a oportunidade de identificar as suas competências e explorar isso para o benefício da organização. Alguns outros alvos de críticas da teoria de TAYLOR, são os seguintes: 1. Trabalhar de forma não holística: Pois se entendia que o conhecimento dos processos da empresa poderia formar grupos internos que resultaria em uma perca de produtividade, porém grupos de trabalho, nem sempre causam perca de produtividade, pois sendo aplicado da forma adequada, traz mais engajamento, um maior senso de pertencimento, consequentemente aumenta a motivação do trabalhador, pois ele passa a sentir-se mais importante. 2. Trabalho alienado: O trabalhador não pode participar das decisões, sugerir, trazer seu ponto de vista a respeito de determinada situação. E muitas situações que está colocando “as mãos da massa” é que sabe melhor das dificuldades e limitações que encontra diariamente, logo precisam ser mais ouvidos.
O TRABALHADOR SOB A OPTICA DO FORDISMO
No Fordismo o trabalhador do operacional continuava sendo visto apenas como um custo que deveria ser reduzido ao máximo, além disso, a gerencia ainda era a única que trabalhava com o conhecimento, ou seja, o monopólio do conhecimento persistia. Por isso esse modelo, trouxe as linhas de montagem, as esteiras, onde agora não seria mais o trabalhador que iria impor o ritmo de produção e sim a gerencia. Porém, os trabalhadores que possuíam “algum talento mental” podiam dar sugestões, com isso a atividade mental do operário passou a ser paga como se fosse uma mercadoria, que era remunerada como força de trabalho comum. Ademais, para alavancar as vendas, Henry Ford, promoveu uma valorização do salário de seus trabalhadores, para com isso, possibilitar ao trabalhador ser um consumidor dos produtos que fabricavam e isso trouxe uma ascensão da classe trabalhadora que passou a ser melhor remunerada, sendo esse ponto um dos pontos contrastante com a teoria do Taylorismo. Porém, com o poder aquisitivo da classe trabalhadora aumentada, surgiu uma nova sociedade, como padrões morais diferentes que algumas vezes estavam interferindo na produtividade das industriais, pelo que o recebimento dos salários passaram a fica condicionado a uma postura adequada fora do ambiente de trabalho, o Fordismo invade a liberdade dos trabalhadores e impõe as mais variadas normas fora das “quatro paredes da fabrica” onde o patrão passou a ser um pai dos adultos que restringia e punia de acordo com a sua conduta no dia a dia fora da empresa, interferindo até na vida dos familiares dos trabalhadores, como por exemplo, não permitindo que as mulheres trabalhassem. Outro fator, desconcertante do Fordismo, consiste no fato dos benefícios desse modelo, não contemplar a todos os trabalhadores, gerando com isso uma desigualdade. A definição de quem participaria do plano de benefício normalmente estava ligado a raça, gênero e origem étnica. O TRABALHADOR SOB A OPTICA DO TOYOTISMO Trata-se de um sistema de produção flexível que trouxe mais voz para o trabalhador, que agora pode trabalhar em grupo, que tem suas competências valorizadas e pode receber várias funções por isso, além disso passa a ser igualmente o detentor do saber. Dentre essas mudanças se destaca o trabalho em grupo que trouxe a possibilidade de cada trabalhador avaliar um ao outro e avaliar a si mesmo. Porém no Toyotismo, para o trabalhador sentir-se inserido dentro da organização muitas vezes ele abria mão de sua personalidade, bem como do desfrute de uma vida além do trabalho, tendo assim sua vida “sequestrada”. Ou seja, nesse modelo, o capital além de “deter” o corpo físico, passa também a manipular a personalidade do trabalhador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JOST, Rossana; FERNANDES, Bruna; SOBOLL, Lis Andrea. A subjetividade do trabalhador nos diferentes modelos de gestão.
Uma abordagem simples da psicologia do trabalho: O guia de introdução à utilização dos conhecimentos psicológicos no domínio do trabalho e das organizações
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