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CARACTERIZAÇÃ DO PERÍDO DA IDADE MÉDIA

A idade média é o período que começa do séc. V ao séc. xv; inicia-se com a queda
doImpério Romano do Ocidente e termina com a fase da transição do período da
Idade Moderna;
O período da idade média divide-se em Alta e baixa idade média.
A baixa idade média tem início após o ano 1000, é o período que da-se o
crescimento demográfica na Europa, o renascimento do comércio; os processos
técnicos e agrícolas permite a oportunidade de colheitas.
Houve duas estruturas sociais tais como: senhorialismo (organização de
componeses em aldeias, no sentido de se pagar tributos e obrigados ao dever de
obediência; e o feudalismo (estrutura política dos nobres prestando serviços
militares como recompensa, a propriedade senhorial e direito de cobrar impostos a
certos territórios);
A alta idade média caracteríza-se pela continuação de povoamento, o regresso
urbano, as invasões bárbaros, o início da intiguidade tardia, formação de novos
reinos bárbaros e o apoio sobre o império romano do ocidente.
Outros factores que caracterizam a idade média são o surgimento das cruzadas
movimentos de concentração para a conquista de terras santas, confrontos esses
entre os movimentos cristãos e islâmicos.
O Escolasticismo, o processo de tentativa de aproximar a fé da razão, e a fundação
das universidades.
A religião cristã estava acima da ciência; o poder eclesiástico estava acima do
poder civil e temporal;
O regime político caracteriza-se com o poder teocrático.
A fé estava acima da razão.

PENSAMENTO POLÍTICO DE SANTO AGOSTINHO:


Visão pessimista do Homem e Estado autoritário
Santo Agostinho (354-430), foi um cidadão romano que nasceu em Tagaste, Norte de
África; viveu 76 anos, sendo considerado Bisp de Hipona.
Estudou em Cartago, Roma e Milão, inspirado por Platão, no que diz respeito à
imortalidade da alma e sobre a teoria das ideias. Foi teólogo e professor de Gramática,
Rectórica e Eloquência. Escreveu mais de 300 obras, sendo a que mais se destaca, o
tratado De Civita Dei (A Cidade de Deus).~
Desempenhou funções pastorais (Bispo).viveu nos séculos 4 e 5 d. C., quando o império
romano estava no fim: as invasões bárbaras já tinham começado e roma foi conquistada
por rei godo Alarico em 410. Morreu dureante os cerco dos Vândalos em Hipona.
Concepção sobre a natureza humana. – SANTO AGOSTINHO apresenta-nos uma visão
profundamente pessimista acerca da natureza humana.
(Adão e Eva) foram criados como seres bons, perfeitos, com todas as qualidades e sem
defeitos. Mas pela desobedência (pecado original): o Homem transformou-se num
pecador. As suas características principais passaram a ser o egoísmo, a arrogância, a
vontade de dominar os outros e a tendência de procurar o bem própro com desprezo do
bem dos outros.
Alguns, poucos, conseguem por um grande esforço redimir-se e salvar-se, mas outros
permanecem condenados à punição eterna, e não conseguem libertar-se da sua condição
de homens pecadores. O Homem é, assim, um ser irreversivelmente marcado pelo pecado;
é um pecador; peca por necessidade; tudo o que faz neste mundo é pecaminoso.
Deste modo, a minoria dos homens pertencem à Cidade de Deus, que é uma assembleia
de santos; a grande maioria pertence à Cidade Terrena, que é uma assembleia de
pecadores.
Ora, o homem pecador é um ser que desce ao nível dos animais, ou mesmo abaixo deles,
em ferocidade e em malícia para com os outros homens: o mundo é como um mar
tempestuoso “onde os homens com apetites perversos e depravados tornaram-se como
peixes devorando-se uns aos outros”.
As três tendências mais negativas do Homem pecador na Cidade Terrena são o apetite
pelos bens materias, ou cupidez (cupiditas), a paixão do poder, ou domínie de outros
homens (libido dominandi), e o dezejo sexual (concupiscentia): em conjunto, estas três
tendências fazem do Homem pecador um ser totalmente egoísta, e muito negativo em
relação a todos os seus semelhantes.
“Na terra dos mortos – diz AGOSTINHO – só há trabalho, sofrimento, medo, tribulação,
tentação, gemidos, suspiros; a felicidade é falsa, a miséria é que é verdadeira”. “os maus
têm em geral grande poder contra os bons, e muitas vezes oprimem os bons; os maus
exultam, enquanto os bons sofrem; os maus têm em geral grande poder contra os bons, e
muitas vezes oprimem os bons; os maus exultam, enquanto os bons sofrem; os maus são
orgulhosos, enquanto os bons são humilhados”.
Não acredita na ideia de progresso histórico, isto é, no aperfeiçoamento ou melhoria
graduais e crescentes da humanidade: para ele o homem será sempre pecador, até ao fim
dos tempos, e a Cidade Terrena nunca terá verdadeira Paz, Justiça ou Bem.
Noção de Estado
Se o homem é mau para o seu semelhante, o Estado deve servir essencialmente para
prevenir e reprimir os erros, as injustiças, os crimes.
Na sua concepção, a graça de Deus não serve para base da organização social, porquanto
só libera uma pequena minoria da grande massa dos pecadores: por isso, se a graça divina
é inadequada à estruturação da vida social, outros meios têm de ser encontrados. Esses
meios são organizados pelo Estado: a prevenção, a sanção, a repressão.
Devem ser assegurados com mão pesada a paz e a segurança – a coação e a
punição -, em ordem a evitar que elas sejam destruídas pelas forças poderosas do pecado.
Assim, o principal instrumento do Estado para obter a paz e a segurança é o sistema
jurídico, o Direito.
O Direito, garantido pela força do Estado, é o mecanísmo que serve para assegurar a paz
e a segurança entre os Homens pecadores; mas que ninguém se iluda, o Direito não
consegue actuar sobre as consciência, mudar as vontades e os motivos dos homens,
apenas consegue actuar sobre os seus comportamentos exteriores, evitando que os
homens cometam agressões ou punindo-as e reprimindo-as.
O Estado
Apenas deve tentar fazer reinar uma certa paz e segurança exterior nas relações sociais
entre os homens.
O Estado é uma ordem exterior e coerciva, não tem a ver com o bem e com a Justiça, mas
apenas com a paz e a segurança possíveis na Cidade Terrena. A Cidade de Deus é uma
ordem de amor; o Estado, no interior da Cidade Terrena, é uma ordem de coação, Pois,
os métodos coercitivos são os únicos pelos quais os homens pecadores podem ser
contidos: o medo da punição é a única salvaguarda da paz e da segurança.
O dever de obeiência ao poder político
SANTO AGOSTINHO entende que todo o poder vem de Deus e, por conseguinte,
considera que o Estado é um instrumento ordenado por Deus: é mesmo “um dom de Deus
aos homens”.
Desta ideia resultam duas consequências da maior importância:
• A primeira é que o dever da obediência é absoluto: não há limitações ao Poder
dos governantes, entre formas de governos, não há espaço para justificação da
desobediência ou para quaisquer formas de resistência dos governados.
• A segunda consiste em que os homens não podem distinguir entre bons e maus
governantes, entre formas de governos justas e injustas: a todos se deve por igual,
obedência. Ainda no quadro da tirania, defende a obediência completa e não
admite qualquer forma de luta.
O dever a obediência a todas as leis e decisões dos governantes só é excluído pelo bispo
de Hipona quando elas sejam directamente contrárias à lei de Deus: os governantes
poderão punir a desobediência dos seus súbditos, e estes devem aceitar resignadamente,
e sem resistência as penas que lhes forem aplicadas pelo facto de terem desobedecido.
Numa palavra: o Estado deve ser duro e repressívo; o cidadão deve aceitar passivamente
a autoridade do poder. O que interessa não é ser bem governado, mas manter sempre a
liberdade interior, que permite amar a Deus sobre todas as coisas e preparar o ingresso
futuro na Civitas Dei.
A paz
A principal finalidade a prosseguir no uso do poder é, para, a preservação da paz.
A propósto dos fins últimos das duas cidades, o nosso autor trata do supremo bem e do
supremo mal, sublinhando do lado dos males que afligim o homem, o uso destemperado
da força, a insegurança da vida individual, doméstica e social, o abuso da tortura, a divisão
do mundo e a atrocidade das guerras (“quantas guerras, quantos massacres, quanta efusão
de sangue”) (A Cidade de Deus, liv. XIX, 5-9).
SANTO AGOSTINHO diz que “a paz é o supremo bem da Cidade”. Todos desejam
alegria, a paz mesmo aquele que querem a guerra. A paz é o fim prosseguido pela guerra,
pois todo homem procura a paz quando faz a guerra, e ninguém procura a guerra ao fazer
a paz.
Na sua conclusão diz que “Assim, pois, a paz do corpo é a disposição harmoniosa das
duas partes; a paz da alma racional é o acordo bem ordenado do pensamento e da acção;
a paz da alma e do corpo é a vida e a saúde bem estabelecidas do ser animado; a paz do
homem mortal com Deus é a obedência bem ordenada na fé sob a lei eterna; a paz dos
homens é a sua concórdia bem ordenada dos seus habitantes no comando e na sua”.
As funções da autoridade
SANTO AGOSTINHO analisa as três funções em que se desdobra a autoridade: a
imperare (comandar), providere (prover) e consulare (aconselhar), traduzidos como os
deveres dos chefes, de qualquer chefe, desde os pais de família ao imperador, que
traduzem três funções ou officia: o officium imperandi, o officium providendi, e o
officium consulendi.
O officum imperandi é o primeiro de todos: consiste na função de comando. É o mais
importante e o mais difícil dos deveres do chefe. “As posições mais altas são as mais
perigosas: quém der aí os primeiros passos sem previdência, não pode dar os últimos sem
remorsos”. O poder não é uma propriedade pessoal, mas uma função, um serviço. Quém
o exerce deve evitar a vaidade, o orgulho, a jactância, bem como a paixão característica
dos governantes - a paixão do domínio (cupiditas dominandi).
O officium providendi é a segunda das funções os governantes: consiste em prever as
necessidades do país e em prover à sua satisfação. Também não é fácil e desempenhar
esta função, porque é preciso saber discernir entre o que é bom e o que é mau;
Enfim, o officium consulendi faz ressaltar a posição do chefe como conselheiro do seu
povo. O governante deve não apenas comandar e prover, mas também aconselhar – e deve
fazê-lo com espírito fraterno. Os seus súbditos são seus irmãos. A função de governar faz
parte da caridade, do amor ao próximo. Mandar é servir:”a autoridade deve ser aceite
como um serviço e amada como um benefício”.
A Igreja e o Estado
Uma coisa que foi o pensamento de SANTO AGOSTINHO – correcto, ortodoxo, assente
na doutrina da clara diferenciação entre o espiritual e o temporal – e outra coisa, bem
diversa, foi a concepção que nos séculos seguintes se atribui ao bispo de Hipona – a da
supremacia da Igreja sobre o Estado.
Tinha ideias claras sobre a matéria: os poderes eclesiástico e civil são distintos e
independentes.
Especificava mesmo que a Igreja, por amor da concórdia civil, deve aceitar o Estado tal
como ele é, com os erros e insuficiências que inevitavelmente o caracterizam, oferecendo-
lhe, na pessoa dos seus fiéis, cidadãos bons e virtuosos. A Igreja devia ser, assim, uma
verdadeira escola de civismo.
Dizia que os cristãos deviam comportar-se com toda a lealdade em relação ao Imperador,
e ajudá-lo mesmo a triunfar no combate contra os bárbaros.
Os dois factores caracterizado como agostinianismo político, ou a doutrina da supremacia
da Igreja sobre o Estado.
1. O primeiro foi a doutrina de SANTO AGOSTINHO favorável à intervenção do
Estado contra as seitas heréticas (os donatistas, os permeneanos, os pelagianos):
na medida em que o bispo de Hipona defendeu dever o Estado punir com as suas
leis os hereges – funcionando assim na prática como “braço secular” da Igreja, e
aceitando as definções da verdade religiosa por esta -, não há dúvida de que
contribuiu poderosamente para acentuar a ideia de subordinação do Estado à
igreja.
2. A própia concepção a Civita Dei como algo de intrinsecamente superior à Cidade
Terrena.
A necessidade de o Estado se submeter à religião e caminhar para Deus, como elemento
da Cidade Celeste.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Amaral, D. F. (1998). HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS. Coimbra: Almedina.

Amaral, D. F. (2013). HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO OCIDENTAL. Coimbra:

Almeidina.

Potesta, Gian Luca (2004) "História do Cristianísmo". Editora Loyala. São Paulo-Brasil.

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