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HISTÓRIA DO DIREITO PORTUGUÊS

Aulas Teóricas

24/02/2023

- Ruy de Albuquerque e Martim de Albuquerque: Pags. 85-332

Fontes de Direito Medievais:


Pluralismo Jurídico

JUSTIÇA
A virtude das virtudes
Toda a atuação do homem tem de prosseguir a justiça e vai pautar todas as fontes de direito.
E QUAIS SÃO ESSAS FONTES DE DIREITO?
A 1ª fonte de direito que surge em termos hierárquicos é o Direito Suprapositivo, que tem esta
designação porque está acima do direito escrito/ positivo. Divide-se em: Direito divino; Direito
natural e Direito das gentes.
A baixo do direito suprapositivo temos o direito supraregna, porque está acima dos reinos. É
direito positivo, feito pelo homem e escrito, mas se impõe as nações. Subdivide-se em 2
ordenamentos: direito canónico e direito romano.
ACIMA DA LEGILSAÇÃO DO REINO E ABAIXO DO POSITIVO! Não podem por em causa os
preceitos do d. divino, natural ou das gentes.

Direito Regna: Direito do reino


Lei: 3 subdivisões- lei nacional/ do rei; direito visigótico/ do povo da PI (CÓDIGO VISIGÓTICO);
Direito castelhano (SIETE PARTIDAS de Afonso X)

Costume

Criadores de direito: tribunais -> Direito judicial


Estilos/ estilo da corte
Façanhas
Alvidros/ Alvedrios

Municípios: Direito outorgado/pactuado: 3 institutos-> cartas de povoação; forais e estatutos


municipais

 Desde o séc. XII até ao XVII, especialmente até guerra dos 40 anos, a europa vive sobre
uma égide organizativa que é denominada de Respublica Christiana é encabeçada por
2 grandes poderes que têm governo sobre a europa, territórios independentes: o Papa
(poder espiritual e poder temporal- poder de denominar reis; impostos e fazer
guerras) e o imperador do sacro império romano-germânico (construção politica e
territorial começada por Frederico Barba Roxa que sendo príncipe alemão que
pretendeu recriar o império romano do ocidente. Sucessor dos papas romanos porque
de acordo com ele ao obter um poder sobre a mm área geográfica tb seria um
sucessor desses imperadores e mandaria aplicar o direito romano, direito do império.

 Não temos na idade média até ao sec. 17 estados. Não há soberania nesta altura.

Ex: Bula Manifestis Probatum


Sancho II vai ser afastado pelo papa
Tratado de Tordesilhas; Bula Com Cetere

JUSTIÇA
Na idade média, devido a ser uma sociedade teológica, entende-se que a justiça é a virtude
que todos tem de prosseguir. Exigência ainda maior sobre aqueles que exercem poder político.
Bem-aventurança Eterna. Todo o comportamento humano tem de prosseguir a justiça.

É O INÍCIO E FIM DO DIREITO- nascente e rio


NÃO HÁ DIRETO SEM JUSTIÇA- mãe e filho

Relação total entre justiça e direito.


Justiça entendida sobre a máxima equiniana? Ulpiana = Atribuir a cada um o que é seu.
Reconhecimento de algo que é intrínseco.
Tem haver com o trabalho, mérito e desempenho. Ex: notas

JUSTIÇA GERAL E UNIVERSAL PARA TODOS tem de ser aplicada caso a caso, em circunstâncias
concretas sendo uma JUSTIÇA PARTICULAR.

S. TOMÁS DE AQUINO: *
2 TIPOS DE JUSTIÇA PARTICULAR:
 J. DISTRIBUTIVA/ GEOMÉTRICA: proporcionalidade, o todo (tem o poder) deve ter para
com as partes. Nas relações desiguais- tratar igual o que é igual e desigual o que é
desigual. Ex: Na relação de descente e docente.
 J. COMUTATIVA/ ARITMÉTICA: igualdade das partes, aplica-se as relações entre
privados. Ex: Contrato de compra e venda.
 J. SOCIAL: vai de baixo para cima, as partes devem ter/ contribuir (obrigação) para com
o todo e para a sua justa sobrevivência. Ex: Impostos

SIETE PARTIDAS:
Espiritual- para com deus
Política- para com o poder político
Contenciosa- aplicada nos tribunais

ALVÁRO PAIS: De Sacerdotio et Deim


Latria- para com deus
Dulia- para os homens
Obediência- para com o superior
Disciplina- para com o inferior
Equidade- entre iguais

Como se sabe que a justiça particular (aplicada a cada um) segue a universal? Através
da justiça objetiva, que cria um critério objetivo, uma métrica: BONUS PATER FAMILIAS
(485º e ss CC- CRITÉRIO DO HOMEM MÉDIO que deve atuar de acordo com os critérios
de justiça não é o super-homem, mas também não é a mediocridade humana, que vai
agir da melhor forma possível e da forma mais diligente).
Ex: Estamos a conduzir em direção poente as 20h da noite em pleno mês de junho,
assim podemos encadear, sai um peão da berma não vemos e atropelamos, fica mal,
mas não morre. Porém há confusões para o condutor. ERA PREVISIVEL OU
IMPREVISIVEL? DILIGENTE OU NÃO? A UM HOMEM MÉDIO NAS MESMAS
CONDIÇÕESS ACONTECIA A MESMA COISA?
Deve-se agir da mesma forma que o homem médio agiria se tivesse nas mesmas
circunstâncias- de maneira a prosseguir a justiça!
Até a própria lei deve prosseguir a justiça que é o fim último da sociedade e do direito.
Se não se prosseguir a justiça o homem não atinge a bem-aventurança eterna (fim
último do homem). BEM AVENTURANÇA EERNA?
A Teologia marca o pensamento jurídico medieval e de toda a sociedade. Os principais
juristas são na sua maioria clérigos!

FONTES DE DIREITO NA IDADE MÉDIA:


1. Direito Suprapositivo:
o Direito Divino
o Direito Natural
o Direito das Gentes

2. Direito Supraregna:
o Direito Canónico
o Direito Romano

3. Direito Positivado:
o Direito Visigótico
o Direito Castelhano
o Costume
o Direito do rei (lei)
o Direito judicial
o Direitos foraleiros- forais; fonte de organização municipal

01/03/2022

3 ORDENAMENTOS JURIDICOS QUE TÊM DE SER CUMPRIDOS PELO HOMEM


MEDIEVAL: DIREITO SUPRAPOSITIVO (está acima do direito escrito, o que não quer
dizer que não seja escrito, mas está acima do direito produzido pelos homens. Este
direito está para além daquilo que é redigido por escrito, produto do homem, produto
da construção jurídica humana) assume 3 dimensões:

 Direito Divino: razão de deus, criadora e ordenadora de todas as coisas. Direito que
Deus põe no coração ou na mente dos homens.
Se a sociedade nasce em deus, o homem tem de produzir os desígnios de deus através
das sagradas escrituras e a razão humana. Ao estar perante uma sociedade
profundamente marcada pela ideia do religioso (sociedade teocêntrica, em que Deus
está no centro da sociedade) esta realidade marca o direito, sendo que, uma das
fontes de direito é o direito divino.
Este é direito é a manifestação do direito divino na razão humana que permite
distinguir o justo e o injusto. Não tem origem humana, mas tem de pautar o seu
comportamento, parte da apreensão do próprio homem. Este direito é aquele que
emana de Deus, é superior e ultrapassa o homem.
Este direito vai ser entendido de forma diversa consoante a concessão do Homem que
vão tendo os autores (Santo Agostinho e São Tomás de Aquino):

 SANTO AGOSTINHO (voluntarista): define direito divino através da definição de


lei eterna. A lei eterna é a razão e vontade de Deus que manda conservar a
ordem natural e proíbe que a mesma seja perturbada. Significa que, para
Santo Agostinho, a lei eterna é apreendida pelo coração humano e a influencia
a vontade de agir do Homem, assim, o homem apreende aquilo que lhe é
transmitido por deus e põe em prática através da sua atividade volitiva porque
o Direito não é só a razão de Deus, é a vontade de Deus que o homem
apreende através do seu coração. O homem através do seu coração (a sua
verdadeira vontade e o que vê necessário regular) apreende o Direito divino e
cria o direito natural.

 SÃO TOMÁS DE AQUINO (racionalista): Segue o pensamento aristotélico.

DIVIDE VÁRIAS LEIS:


- LEI ETERNA (topo das leis): razão de Deus governadora e ordenadora de
todas as coisas, fonte de conhecimento. A partir destas derivam as outras;

- LEI NATURAL: participação da lei eterna na criatura racional, o que permite


distinguir o bem do mal. Esta não é mais do que a compreensão da lei eterna
pelo Homem. O homem compreende a lei eterna através da sua razão e,
portanto, a compreensão da lei eterna e natural dá origem ao direito natural
(não é tecnicamente o direito da natureza);

- LEI DIVINA: aquilo que é percebido/revelado pelos livros sagrados (antigo e


novo testamento). Assim, quando a lei eterna se revela através das sagradas
escrituras estamos perante a lei divina;

- LEI HUMANA: é a construção jurídica do homem, aquilo que o Homem faz e


produz enquanto direito. Esta tem de prosseguir/ cumprir todas as outras três
leis anteriormente referidas. O jurista medieval quando olha para uma
produção legislativa de um chefe ponderam-na em função das outras leis- o rei
não pode produzir direito se for contrário a estas leis.

RACIONALISTAS -> o direito provém da observação que o homem faz dos


factos da realidade que o rodeiam, através da razão
VOLUNTARISTAS -> provém da vontade natural que o homem tem pela ordem

 Direito Natural: É o direito inerente à condição humana e por isso estes têm direitos
que os distinguem dos outros animais.

O direito natural reporta aos dois autores romanos Gaio (racionalista) e Ulpiano
(voluntarista). S. Tomás de Aquino vai, a partir das escrituras de Gaio, dizer que o
direito natural é um direito racional e que decorre da razão humana.

O pensamento aqueniano vai introduzir na construção jurídica o elemento da sociedade. O


Homem já existe também como um ser integrado numa sociedade e, portanto, o direito
natural também tem de ser atendido num direito de relação do homem com um meio, sendo
nesta circunstância que vão ser definidos preceitos primários e preceitos secundários do
direito natural. Estes são necessários para fazer a integração daquilo que é o direito natural
como um direito inerente ao Homem, da interação do Homem com a sociedade e por isso se
diz que:
Primários: São aqueles que são invioláveis, inderrogáveis e imperativos e não variam
nem no tempo nem no espaço. São evidentes para todos. (Ex: Direito à vida e à
integridade física) Podem não cumprir, mas se não cumprirem estão a violar a lei
natural!

Secundários: São suscetíveis de variar, depende do homem, da época e do espaço


geográfico que se insere na sociedade. Não são evidentes para todos os homens. (Ex:
Em algumas sociedades islâmicas e do meio oriente, a poligamia é um direito que
decorre da própria manifestação divina, apreendida pelo homem que decorre da lei. A
poligamia na sociedade ocidental que é monogâmica é crime. Isto são exemplos de
Preceitos de direito natural aceites por algumas sociedades e criticados por outras.)

A lei eterna é sempre obrigatória e aplica-se a todos os momentos, não é possível


derrogar NO ENTANTO o direito natural é passível de ter modificações, o homem
dependendo do tempo e do espaço pode ter apreensões diversas da lei eterna que
pode dar origem a preceitos diversos de lei natural.

LEI ETERNA

LEI DIVINA LEI NATURAL

LEI HUMANA

 Direito das gentes: criado pelos homens e comum a todos eles.


Após 212, transforma-se como um direito integrador de lacunas, que acaba por se
sobrepor ao direito civil, porque é utilizado quando este falha.
É um direito suprapositivo de origem humana, está acima do direito romano e
canónico. Acima da produção legislativa de cada reino

É trabalhado na idade média, não como um direito de estado ou de nações, mas como
um direito de cada homem concreto porque é um direito criado pelos homens para
relações entre homens de origem diferente.
GAIO- “relações entre os homens, não entre os povos”
Ex: Se um flamengo está em Portugal e é morto por um português, este é obrigado a
fazer uma reparação à família do morto, se não o fizer os flamengos podem exigir
(porque uma parte do seu todo foi atacada) repor essa situação (ou seja, matar) por
qualquer português que esteja em Flandres. Deve ser cumprido por todo o direito da
cristandade.

03/03/2023

DIREITO SUPRAREGNA: sendo positivo e elaborado pelo homem, tem uma aplicação acima do
próprio reino, dos diversos reinos da Respublica Christiana. Impõem se aos vários reinos
europeus, ao direito criado pelo rei enquanto legislador. SUPRA ESTATAL -> superior ao estado
(Rei); aplica-se a todas as nações

TEM DUAS MODALIDADES:


 DIREITO CANÓNICO*, conjunto de normas jurídicas elaboradas pela igreja para
aplicação da igreja (poder papal).

 DIREITO ROMANO, justinianeu, que é aplicado pelo império por força do próprio
imperador.
Os 2 acabam por constituir um todo em termos de Direito medieval.
NEM TODOS OS REINOS APLICAM O DIREITO ROMANO PORQUE SÃO VASSALOS DO
IMPERADOR (Ex: Portugal, sempre se defendeu que o direito romano não se aplica por
razões de Império e que o império o obrigue, mas pelo império da razão, direito
entendido como racional completo e complexo)
Estes Direitos funcionam em paralelo = estamos perante o ULTRUMQUE IUS (simbiose
entre o direito canónico e direito romano) - na ausência de um ordenamento, o outro
pode responder à questão que o outro não responda, subsidiários um do outro.

Esta simbiose era ensinada nas universidades medievais: LEGES e CANONES (até 1836)
-> in utroque, os juristas estavam preparados para aplicar cada um dos direitos.
TRONCO JURÍDICO COMUM A TODA A CRISTANDADE

A idade média tinha o ius commune, direito comum a toda a cristandade (o canónico e
romano).

DIREITO CANÓNICO: conjunto de normas jurídicas que se aplicam à igreja, eram


criadas pela igreja para se aplicar à própria igreja e a toda a cristandade.
O direito canónico não está divorciado do direito romano, é uma adaptação deste, é
como a transformação e utilização do direito romano feito pela igreja para regular as
suas relações.
O Direito canónico continua a aplicar-se hoje às relações com os membros da Igreja,
aos bens de propriedade das congregações religiosas, ou seja, os bens da igreja não se
regem pelo direito civil, mas pelo direito canónico. Por isso há sempre um tribunal
eclesiástico. O Direito canónico tem hoje jurisdição própria e é um direito de carácter
pessoal, não de territorial, ou seja, aplica-se a todas as pessoas que sejam fies à Igreja
nas suas relações com essa mesma Igreja.

Dentro do Direito Canónico, podemos encontrar dois tipos de fontes: as que dão
origem ao próprio direito canónico e as que emanam do direito canónico e permitem o
desenvolvimento dos direitos nacionais.

FONTES CRIADORAS DO DIREITO CANÓNICO:


- Sagradas Escrituras (Antigo Testamento e Novo Testamento)
- Tradição: prática da igreja, corresponde à forma de viver da igreja que foi adaptada a
regras jurídicas. Conhecimento que, não sendo obrigatório, passa de geração em
geração e, muitas vezes decorre das próprias sagradas escrituras.

- Costume: prática obrigatória reiterada da própria igreja que assumiu


comportamentos como obrigatórios que vão incluir dentro do próprio direito
canónico. Este obedecia a alguns requisitos, uma vez que, nem todos os
comportamentos que se possam assumir como obrigatórios representavam fontes de
direito canónico. Para serem fontes do direito canónico necessitavam de ser: antigos
(tinha de haver um decurso de tempo em que os mesmos eram práticos, sendo que,
esse lapso temporal variava consonante os autores); racional (tem de ser
entendível/compreensível, isto é, tem de decorrer da razão humana. Ora, em regra,
não se aceitava, costumes contra leges, dado que estes, estes têm de estar de acordo
com os preceitos de direito canónico); consensual (tem de ser aceite pela própria
comunidade cristã); prescrito (ou seja, necessita de ser aceite pelo pontífice. O próprio
papa tem de compreender e aceitar aquele costume e considerá-lo como fonte de
direito canónico).

FONTES CANÓNICAS DE DIREITO HUMANO/NACIONAL (diplomas/ atos normativos da


igreja que tem como destinatários toda a cristandade):
- Cânones: decisões dos concílios (que são assembleias de clérigos que são reuniões de
membros do clero para dividir questões relativas à igreja, que na monarquia visigótica
nem sempre são exclusivamente de clérigos podiam ser também de leigos. Destas
assembleias podem emanar disposições jurídicas, estas disposições/ determinações
chamam-se cânones.) Concílios ecuménicos (a toda a cristandade), regionais (estritos a
uma determinada região).

- Decreto/ decretum: (decisão do papa que estatui sozinho por conselho dos seus
cardeais sem consulta de ninguém- NORMA GERAL E ASBTARTA FEITA POR INCIATIVA
PAPAL) e decretal (o que o papa estatui sozinho ou com os seus cardeais em resposta à
consulta de alguém- RESPOSTA DO PAPA A UMA CONSULTA QUE LHE É FORMULADA;
pode ou não, consoante a temática apresentada, consultar os seus cardeais, mas aqui
não há uma obrigatoriedade de consulta)

DIFERENÇA ESTÁ NA INICIATIVA: DECRETO É SEMPRE UMA DECISÃO DO PAPA SEM


UMA PROCLAMAÇÃO EXTERNA, tem uma aplicação geral e abstrata a toda a
cristandade
DECRETAL É A RESPOSTA DO PAPA A UMA PERGUNTA OU PEDIDO FORMULADO,
vincula apenas os destinatários.

O elemento principal para distinguir o decreto e a decretal encontra-se no facto de


que o decreto é uma decisão unilateral do Papa sem que haja interpelação ao mesmo,
ou seja, ninguém vai consultar o Papa pedir-lhe um conselho ou ninguém coloca uma
questão ao Papa a que este vá responder por isso é que diz o que o papa decide sem
consulta de ninguém. Como o Papa está a decidir sozinho entendendo que há uma
questão que deve ser regulada pelo direito canónico, em regra ele tem de ouvir os
cardeais por isso é que o decreto é sempre um conselho dos cardeais, mas é uma
decisão que o papa toma pelo seu entendimento do que e necessário regular, prever
ou esclarecer na igreja.
A decretal, por outro lado, é uma interpelação feita ao Papa. Este é consulado, sendo
colocado ao mesmo uma questão, à qual este vai responder. A resposta do papa
chama-se decretal. O papa tanto pode responder ouvindo ou os cardeais ou sozinho. A
GRANDE DIFERENÇA ENTRE DECRETO E DECRETAL ESTÁ NA CONSULTA QUE É FEITA
AO PAPA.

A quantidade de diplomas e posições dos papas relativamente ao decreto e a decretal,


fez com que desse origem a escolas.

OBRA: Corpus Iuris Canonici, principal compilação de direito canónico que vai vigorar e
ser estudada nas universidades até ao séc. XIX, composto por:
- Decreto de Graciano de 1140: 1ª obra. Graciano foi um jurista que compilou o
conjunto de decretos elaborados pelo Papa;
- Decretais de Gregório IX de 1234: compilação de decretais elaborada por Gregório IX
e reunidas durante o pontificado deste.
- Sexto/ Livro VI das Decretais de Bonifácio VIIII posterior a 1234
- Clementinas/ Livro VII das Decretais de Clemente V de 1313
- Extravagantes de João XXII posteriores a 1313

QUANTOS LIVROS DE DECRETOS E DECRETAIS TEM O CORPUS IURIS CONONICI? -> 8


DECRETAIS E 1 DECRETO (9 livros). Este tem uma importância enorme uma vez que
este vai ser ensinado, mas universidades, no curso de cânones. A partir daqui temos
juristas que estudam decretos (decretistas) e aqueles que estudam as decretais
(decretalistas).

- Doutrina

- Concórdias (acordo interno/ nacional entre o poder político do reino e o clero


nacional. ACORDO LOCAL/INTERNO) e Concordatas (acordo internacional entre o papa
e um determinado reino. ACORDO/TRATADO INTERNACIONAL).
Ex: Em Portugal está em vigor a concordata de 2004 que revogou a de 1940, celebrada
entre a Santa Sé e o estado português, que regula matérias importantes para a vida
comum (existência do casamento canónico; a autonomia da igreja dentro do espaço
português e os deveres e direitos fiscais dos membros da igreja; ensino católico nas
escolas civis, estatuto jurídico da universidade católica)

- Bulas (documentos emanados pelo papa para conceder direitos a um determinado


reino que pode vincular apenas quem o pede ou o papa pode determinar que tem
uma vinculação geral, confirmar pedidos formulados pela cristandade; decretais
deram origem a bulas).

Testamento do Bispo do Porto – 1º reinado de monarquia


Aplicação do direito canónico nos tribunais civis e eclesiásticos, em função de 2
realidades, em função das pessoas (membros do clero e pessoas com fragilidade
social: viúvas, menores órfãos, estudantes e mendigos, porque o direito canónico era
mais suave que o direito romano) e da matéria (todas as questões relativas à igreja,
não apenas regular os seus membros; matérias de d. da família e d. das sucessões).
Por causa do ultrumque iuris, era possível aplicar o direito canónico nos tribunais civis,
era feito em função do critério do pecado. O critério do pecado é aquele que vai
permitir verificar se se aplica.

Direito romano aplica-se a questões temporais/ civis (Ex: contratos)

Direito canónico aplica-se em função da pessoa e da matéria. (Ex: Direito da Família e


Sucessório decorrendo da própria natureza do casamento).

Matérias concorrenciais que ao aplica o d. canónico ou d. romano.

Para decidir -> Critério do pecado: Se nos tribunais do Rei a aplicação de uma lei régia ou
de uma norma do Direito Romano redundar em pecado, então não se deve aplicar essa
norma, mas sim a norma do Direito Canónico. Comparação entre d. canónico e romano e
verificar se o romano vai violar preceitos do canónico que levem ao pecado.

Consiste na aplicação pelo juiz do tribunal temporal/ civil a um processo civil do direito
canónico, porque a aplicação do direito romano faria com que a decisão enfermasse de
pecado. Ex: Usucapião de má-fé; Pecado da usura nos juros no Direito canónico.

QUANDO HÁ CRITÉRIO DO PECADO: O DIREITO CANÓNICO É SUPERIOR


HIERARQUIZADAMENTE QUE O DIREITO ROMANO.

08/03/2023

Relação entre o Direito Canónico e Direito Nacional


Os primeiros reis portugueses não foram legisladores por excelência!
D. Afonso Henriques é um rei conquistador, que se vai preocupar essencialmente em
conquistar território e obter reconhecimento do Papa.
O rei subsequente, Sancho I, é um rei povoador.
Posteriormente a este, com Afonso II, é que vai começar a haver preocupação de
legislar, sendo este, o 1º rei legislador, é aquele que pela 1ª vez vai fazer um acervo
legislativo. Em 1211, reúne uma assembleia (Cúria de Coimbra de 1211) e aprova o 1º
pacote legislativo (constituído por 11 leis).

CÚRIA DE 1221: Assembleia do rei e dos seus familiares, membros do clero e nobreza.
Não é um conselho porque tem uma representação mais alargada e não tem
representação do povo, que passa a intervir em 1253, nas Cortes.
Foram aprovadas leis que pretendem regular aspetos como contratos, vingança
privada, ou questões relativas a propriedade.
Lei II- Vem definir a relação entre a lei do rei e o direito canónico. Reconhecimento do
rei de que o direito canónico pode ser superior ao direito régio, quando este tiver
soluções contraditórias às da igreja. Clara intenção de conceder um privilégio à igreja.
Estamos perante uma lei que regula as fontes de direito (hierarquia de fontes)

Afonso II impõe legislar o princípio de que o direito canónico deve prevalecer na resolução dos
casos no reuni português. Esta lei afirma que o direito canónico é superior à vontade do
monarca- não pode o rei, no seu poder temporal, revogar ou aplicar ou adotar normas
jurídicas que contrariem o direito canónico (neste caso é que há uma supremacia). Isto é uma
tendência que vai ocorrer ao longo de toda a primeira dinastia- grande tensão entre o direito
canónico e direito do rei, posteriormente, direito canónico e direito romano.

Leis Extraordinárias de 1211- LEI II


(Da lei do reino e dos direitos da Igreja)
O rei Afonso II determinou que tanto as suas leis como as da igreja sejam observados e indicou
que se as suas leis não respeitarem o direito canónico (“direitos da Santa Igreja de Roma” + d.
divino) e os direitos da igreja que não podem ser consideradas válidas, nem produzirão
quaisquer efeitos.

PRONTUÁRIO JURÍDICO:
 Na Cúria de Coimbra de 1211, convocada por D. Afonso II, foi aprovado o 1º conjunto
de leis portuguesas, já com alguma influência do direito romano justinianeu. Esta cúria
é uma assembleia convocada pelo Rei com a presença de membros da sua família,
oficiais régios e representantes da nobreza e clero.

 A lei II regula as relações entre o direito canónico e as leis do Rei. D. Afonso II indica
que as suas leis não valiam nem produziam qualquer efeito se estabelecessem contra
o direito da Santa Igreja de Roma. Esta lei tem sido entendida como dando supremacia
ao direito canónico sobre a lei régia, posição perfilhada, por exemplo pelos Prof. Ruy e
Martim de Albuquerque. D. Canónico prevalência em relação ao direito nacional/ lei
do rei, quando este contraria os preceitos do d. canónico.

 Apesar de esta ser a posição dominante, outras interpretações têm sido consideradas,
como a de Braga da Cruz que ao interpretar restritivamente defende que a lei não se
refere ao direito canónico como ordem jurídica, mas apenas às regalias e privilégios da
Igreja, referindo que a lei II não fala do Direito da Santa Igreja, mas dos direitos da
Santa Igreja de Roma.
Ou seja, as leis do Rei só não valem contra os cânones que estabelecem principais
privilégios (“direitos”) em favor da Igreja, mas nada obstaria à sua aplicação, de
preferência ao direito canónico, nos casos de mera diversidade de regulamentações
dada pelos dois direitos a problemas jurídicos idênticos. BRAGA CRUZ AFIRMA QUE
AQUILO QUE AFONSO II TERÁ DITO NÃO FOI UMA HIERARQUIZAÇÃO DE DIREITOS
PARA APLICAR NO SEU TRIBUNAL EM CASO DE POTENCIAL CONFLITO ENTRE FONTES.
AQUILO QUE O REI QUIS DIZER FOI QUE O DIREITO RÉGIO NÃO PODERÁ ATENTAR
CONTRA OS DIREITOS DOS MEMBROS DA IGREJA.

 Mais recentemente, José Duarte Nogueira, atendendo aos circunstancialismos da


época e às características do reinado de D. Afonso II, defendeu que a Lei II
corresponde a uma “declaração de cunho retórico- político quanto à consideração –
verdadeira ou fingida – do rei pela Igreja e simultaneamente de exortação aos
presentes a respeitá-la em todas as suas envolventes, uma das quais era constituída
em bloco pelo direito canónico e privilégios“ pelo que poderia não haver uma
prevalência de facto do direito canónico sobre a lei do rei. NÃO CONCORDA COM
BRAGA DA CRUZ. DIREITO REFERE-SE AO DIREITO CANÓNICO.
Declaração Política: o rei não queria se agravar para com a igreja

 As Leis de 1211 apresentam, também, entre outras, disposições sobre a condenação


da vindicta privada, sobre a proteção da fazenda régia, a defesa dos povos sobre o
abuso feito por senhores nobres e eclesiásticos e sobre vários crimes que atendam
contra o interesse do Rei.

Curiosidade: Cortes de Coimbra de 1355- quod omnes tanti ab amnibus aprobare


debet (o que toca a todos tem de ser por todos decidido).

No reinado de D. Pedro I, esta supremacia do direito canónico face ao direito nacional


vai perder a sua importância, sendo que, D. Pedro I vai adotar uma lei que se chama
beneplácito régio, a 1ª grande medida de controlo do Direito Canónico.

BENEPLÁCITO RÉGIO: instituto que pretendia controlar a publicação das cartas


apostólicas (cartas emanadas pelo papa) no reino português. Apesar do fundamento
da época ser para a verificação da veracidade das cartas a grande utilização deste
instituto era um controlo do poder régio sobre o poder eclesiástico. Só é revogado
com a Républica de 1911.

Determina que todos os atos autoritários da igreja apenas seriam aplicáveis e tinham
eficácia em Portugal após a aprovação régia.

É uma medida criada contra o poder de domínio público da igreja em Portugal - No


reinado de D. Pedro I (século XIV) altera-se a ordem das ideias e a ordem da
supremacia régia. Manteve-se ao longo do tempo e era utilizada pelo poder político
português para o controlo da aplicação das cartas apostólicas Porquê?
No tempo de D. Pedro I, estava a ocorrer o Grande Cisma do Ocidente (1378-1417):
divisão da igreja em dois papas: o de Roma e o de Avinhão,
Portugal manteve-se fiel ao Papa de Roma, ao contrário de Espanha e França por
exemplo. Garantir que os decretos papais aprovados em Portugal vinham do
verdadeiro “papa”, o de Roma. Não revê contradição por parte da igreja de Roma.
Para que não sejam aplicadas em Portugal as cartas do “anti- Papa”, vai-se criar um
expediente que permita verificar a legitimidade das cartas papais

Outra justificação possível: retaliação

D. João II: tinha um primo que estava na sua oposição: o bispo de Évora. Este ato foi
muito mal visto aos olhos da Igreja, e como redenção do seu pecado, D. João revoga o
beneplácito régio por 2 anos. Quando se muda, muda de papa, e passados esses 2
anos ele volta a vigorar, com D. Manuel I

DIREITO ROMANO EM PORTUGAL – divisão medieval


 A obra justinianeia foi reutilizada a partir do século X/XI, na Idade Média europeia.
Esta obra foi reencontrada pelos juristas da Idade Média pois, os mesmos, encontram
nela respostas para as questões jurídicas da época (questões económicas e de
comércio).

 O 1º grande trabalho da obra justinianeia, designadamente, do Digesto foi realizado


por Irnério.

 A divisão do Digesto na época medieval, isto é, momento da sua redescoberta, foi


realizada em 3 partes. É de referir que o Digesto continua a ser constituído pelo livro 1
ao livro 50, porém não foram encontrados de imediato os 50 livros, portanto, como os
mesmos foram sendo encontrados ao longo do tempo e em diferentes blocos, durante
este tempo Irnério dividiu o Digesto em três partes:
- Digesto velho – Surge na biblioteca do bispo do Porto. (livros 1 a 24)
- Digesto novo- (livros 39 a 50)
- Digesto esforçado (livros 25 a 38)

O CODEX TAMBÉM SOFREU UMA DIVISÃO NESTA EPÓCA. Este é composto por 12 volumes,
no entanto, a divisão medieval é constituída em dois blocos:

Os 9 primeiros livros do Codex mantêm-se no Codex.


Os livros 10, 11 e 12 são compilados junto com as institutas, Novelas e Livro dos
Feudos são compilados no Autêntico ou Livro Parvo (pequeno).

A parir do século XIV a obra justinianeia assume a designação de CORPUS IURES


CIVILE- designação medieval para a obra de Justiniano (até aos dias de hoje).

10/03/2023

- LEI/ IUS REGNI: direito positivo, elaborado pelos homens para aplicação dos
homens.
A lei corresponde sempre à vontade geral do rei, manifestação da vontade do
rei/príncipe/ quem tem poder sobre o território. Para ser feita tinha de ser elaborada
junto pelo rei, pelo rei ou conselheiros. E tinha de ser assinada e colocada o selo régio,
a cancela do rei. O Selo régio determinava a autenticidade do diploma, e pertencia ao
chanceler, que ajudava a governar o território e era ele que tinha a obrigação de
colocar os selos régios sobre os diplomas que emanassem do rei.
A lei depois da selagem é publicada: é feita pela sua leitura na corte régia a todos
aqueles que viviam junto do rei (1º ato); competia aos conselhos e terras (nobreza e
clero e bons senhores dos conselhos) pedirem copias da lei e tinham de as pagar, a lei
era reproduzida a pedido e era paga. E depois enviada para as terras da nobreza, clero
e municípios para ser divulgada através da sua leitura, normalmente, ao domingo
depois da missa em praça pública, e dependendo da importância era repetida a leitura.
(eram lidas para a saberem de cor, muitos não sabiam ler nem escrever era importante
então saberem a lei). É nos Livros das chancelarias régias (Torre do Tombo) que estão
todas as leis produzidas em Portugal. Não se podia inovar a ignorância para fugir à
aplicação da lei, uma vez que esta era lida com regularidade.

A aplicação da lei no tempo vai evoluir na Idade média. Há uma premissa que refere
que a lei vale para o futuro, e que é eficaz a partir da entrada em vigor. É na lei de
1349 de Afonso IV que é fixado o preceito de que a lei não é retroativa. PORÉM ERA
POSSIVEL aplicação a factos em curso a data de início da vigência da lei; podia aplicar-
se a lei nova a factos praticados durante a vigência da lei antiga) e espaço (a lei em
princípio vigora para todo o território nacional, regra geral, mas podem ser publicadas
leis de carácter regional, área geográfica concreta do país)

Interpretação da lei: D Duarte determina que a interpretação tem de ser autêntica, a


lei tem de ser interpretação de acordo com o seu espírito e a sua letra.

INFLUÊNCIA NA CRIAÇÃO LEGISLATIVA PORTUGUESA MEDIEVAL: sofre do direito


romano? Sim. Leis de 1211 diz-se que já tinham influência do d. romano justiniano.
Nos inícios do séc. XIII já havia estudantes portugueses a frequentarem Universidades
europeias (Paris e Bolonha). Reinado de Afonso III que nos temos uma receção mais
eficaz do d. romano justinianeu em Portugal por força das circunstâncias que fizerem
com que fosse rei em Portugal. Era irmão de sancho II, filhos de Afonso II que aprovou
2 celebres leis: leis de inquirições (tinha como objetivo pedir a todos os proprietários
de terras em Portugal que apresentassem ao rei o título legitimo de aquisição, se fosse
legítimo confirmava-se a autenticidade da lei.
Doação pia feita por aquele que está a morrer em ato de confissão e salvação da alma
doa bens à igreja e a única testemunha era o padre confessor. Sancho II não concorda
com estas leis. Igreja vai indicar que o está a ser injusto e assim papa vai afastar
sancho II do exercício do poder régio e coloca Afonso III. Entra em Portugal uma nova
forma de olhar o direito através do direito romano justinianeu. Com D. Dinis a situação
torna-se plena com a fundação dos estudos gerais em Lisboa com o corpus iuris civilis
e canonicis) e leis das confirmações

Ao lado da lei portuguesa são aplicados outros diplomas legislativos. Portugal medieval
é caracterizado pela pluralidade jurídica. A Lei do rei é insuficiente para resolver todas
as questões que podem existir em Portugal. O direito legislado vai surgir com maior
insurgência depois do Tratado de Alcanisses. Até la os reis portugueses utilizam o
direito visigótico e castelhano em momentos históricos diferentes.

- CÓDIGO VISIGÓTICO (até aos fins do séc. XII- Reinado de sancho I): O Direito
Visigótico
é elaborado pelo reino visigóticos após a sua conquista da Península Ibérica aos
romanos. Após a consolidação do poder vão elaborar códigos de direitos e fazem no
por influência do direito romano. Era aplicado o direito romano vulgar que estava
alterado pelos costumes das populações locais.

 Código de Eurico de 476. Foi o 1º código a ser elaborado pelo Rei Eurico e contém
direito romano vulgar (Direito romano influenciado pelos direitos dos povos bárbaros/
germânicos e do cristianismo. Vulgariza-se porque em contacto com ouros povos sofre
adaptações. Pensasse que seria revogado pelo Breviário de Alarico.

 Breviário de Alarico de 506. Álvaro d´Ors: era “Lex Romana Wisighothurum”: direito
romano aplicado de forma direta aos visigóticos (verdadeiro direito romano; pós-
clássico); na sua génese teria tido o Código Gregoriano; Código Hermoginiano;
Teodosiano e Novelas de vários imperadores romanos; Influência das Institutas de
Gaio e das Sentenças de Paulo). Não é direito romano vulgar. Poderia ter havido uma
aplicação simultânea de Eurico e Alarico, alguns defendem que o Eurico era de
aplicação territorial e Alarico pessoal (aplicava-se a todos os romanos que habitassem
a Península Ibérica). PORÉM NÃO HÁ CONFIRMAÇÃO E ADOTA-SE QUE SE SEGUIRAM
UMA À OUTRA.

 Código de Leovigildo de 572; 586. Semelhante ao de Eurico e revoga o de Alarico

 Código Visigótico de 654. No reinado do Rei Recesvindo, corrigido por S. Bralio e


aprovado pelo 8º Concílio (assembleia de laicos e religiosos) de Toledo.

Vai ser alterado no reinado de Ervigio entre 680 e 687: “Fórmula Ervigiana”, aprovada
13º concílio de Toledo (dividido em 12 livros)
3ª revisão não oficial, mas que vigorou: Nova versão e definitiva-> Inicio do séc. VIII,
“forma vulgata/ vulgar”, vai ocorrer a revisão entre 702 e 710. Todo o território pelos
visigodos. Tinha alterações porque introduzem Leis de Egicta, Vitiza e Ervigio.

Dos 4 o que se vai aplicar no início da Monarquia Portuguesa é o Código Visigótico. Aplica-se
essencialmente o direito público, nomeadamente as regras relativas à organização de
concílios, e sucessão regia e relação entre os reis e súbditos (Entre quem exercia o poder
político e os seus súbditos) Ato de Aclamação; penal e sucessões (até ao final do séc. XII)

No Séc. XIII- é aplicado a legislação/ compilação castelhana.


Com uma lei de D. Dinis, neto de Afonso X, desenvolveu o direito e mandou aplicarem uma
compilação: SIETE PARTIDAS de Afonso X, cada partida é um livro/volume, compilação de
direito com influência pelo direito romano justinianeu e costumes e direitos castelhanos e
herança visigótica.

Direito legislado não é apenas régia, mas também de outros povos: visigótico; compilação
castelhana: siete partidas TODOS ESTES DIREITOS SÃO INFLUENCIADOS PELO D. ROMANO!

3 aspetos legislativos:
- A lei do rei desenvolvendo ao longo da 1ª Monastia
- Existência do Direito Legislado Visigótico até ao séc. XII
- Aplicação em Portugal com o reinado de D. Dinis com as Siete partidas, compilação
castelhana
Mesmo que o direito romano não tivesse aplicação direta em Portugal, indiretamente soluções
jurídicas em Portugal tinham influência do direito romano.

15/03/2023
Salto de capítulos
COSTUME- fonte por excelência da época medieval portuguesa- E DIREITO JUDICIAL
Costume em termos de fonte de direito na idade média: O direito português no período
pluralista é marcadamente consuetudinário, é o costume que é aplicado para resolver
questões concretas da vida quotidiana da população e que aquele que é aplicado
essencialmente nos tribunais locais.
As populações locais não eram letradas, e assim aplicar-se o direito romano não eram fácil. A
lei é escassa: o primeiro rei legislador é D. Afonso II, e é só a partir de D. Afonso III que se
começa a desenvolver mais a produção legislativa. Para a interpretação das normas do direito
canónico e romano, era necessário o conhecimento do latim e da gramática. A população geral
não tinha esse conhecimento. Havia necessidade de criar regras jurídicas para resolver os
casos concretos na comunidade e o costume torna-se numa das grandes fontes de direito
dessa época.

Para que fosse aplicado o costume era preciso prová-lo. O comportamento assumido por uma
determinada comunidade repetindo esse ato e assumindo como obrigatória.
Repete-se porque a comunidade assume que é importante os comportamentos repetidos
vistos como adequados e bons, e que devem, portanto, ser repetidos para a comunidade viver
de forma pacífica, boa organização da sociedade.

Costume: prática reiterada pela sociedade acompanhada de convicção de obrigatoriedade, ou


seja, é um comportamento que se assume como obrigatório.

≠ Tradição, repetição de atos não acompanhada pela obrigatoriedade

Os juristas medievais vão olhar para o costume com alguma exigência porque este pode pôr
em causa a lei régia, com a necessidade de o comprovar. O costume é criado pela comunidade,
mas é preciso definir e distinguir quais são de facto as normas costumeiras e para isso é
preciso requisitos que o costume deve ter.

Requisitos para verificar a validade dos costumes:


1. Prescrição- repetição de atos, quantas vezes temos de repetir um comportamento
para ser tido como costumeiro e como norma jurídica obrigatória. A doutrina medieval
é unânime. Acúrsio e Baldo dizem que para que haja costume é indispensável que haja
pelo menos dois atos. Tem de existir um mínimo de 2 repetições para existir costume.
2. Antiguidade- a partir de quando é que temos a solução de um costume em termos
temporais. Azão e Acúrsio defendem que o costume é antigo se tiver 10 ou 20 anos: é
necessário que haja um decurso de tempo em que o comportamento é repetido de 10
em 10 anos perante uma comunidade presente, ou de 20 em 20 anos perante uma
comunidade ausente. Para estes dois glosadores aquilo que interessava era perceber
se a comunidade que deu origem aquela prática e a repetiu por 2 vezes está toda
presente? São a mesma durante 10 anos? Estão vivos? Se há renovação de geração, é
preciso perceber se a nova geração assume aquele comportamento como obrigatório
e assim serão 20 anos.

João André vem dizer que basta 10 anos, porque a comunidade está sempre presente,
esta é um todo e vai se renovando geracionalmente.

As Siete Partidas também apresentam esta dicotomia dos 10- comunidade presente e
20 anos- comunidade ausente. (Pensamento de Acúrsio)

Era tido como costume, direito costumeiro com força obrigatória, a repetição de atos
no limite 20 anos, consoante os atores que se pronunciassem. Se aquela prática fosse
repetida 2 vezes durante 20 anos era tida como direito costumeiro.

3. Racionalidade. Tem de ser racional. O costume é racional quando é decorrente da


razão, a conformidade do costume à justiça e ao direito divino e direito natural. Tem
de estar de acordo com a finalidade da sociedade, com a ideia da justiça e com a ideia
da salvação eterna para o chefe e a comunidade. Não pode pôr em causa os direitos
suprapositivos!

4. Consenso da Comunidade. Deve haver consentimento por parte da comunidade, isto


é, a comunidade tem de aceitar cumprir aquela prática. A comunidade repete os atos e
aceita-os. É uma maioria ou unanimidade? S. Raimundo de Peñafort, teólogo na barra,
que influencia as Decretais de Gregório IX, refere que basta que a maioria da
comunidade assuma o comportamento como um repetido e obrigatório é o suficiente
para existir consenso. O costume tem de ser introduzido e aceite pela maioria da
comunidade. Aquela repetição deve ser considerada boa.

5. Consenso do legislador/ do poder político. É necessário um consentimento do


príncipe para que o costume seja aceite? Não é necessário um consentimento
obrigatório, mas se existir um consentimento voluntário do rei, o costume assume
maior força. Este normalmente é aceite pelo legislador quando é racional. Se o
legislador não cumpre o costume pode ser entendido como uma negação do costume
porque ele é mau para a comunidade.

Qual é o valor jurídico do costume?


O Decreto de Graciano vem reproduzir uma das lições de Santo Isidoro de Sevilha, que
refere que o costume vale como lei na falta dela, tem o mesmo valor jurídico.
Há decretais de Gregório IX que dizem que o costume é o melhor intérprete da lei,
quando ela existe.
Em Portugal, D. Sancho I vem dizer que o costume quando aprovado com o consenso
do legislador tem o mesmo valor de lei. Ao costume atribui-se a mesma força legal.
-Os costumes contra legem não são aceites. Não pode ser reconhecido como direito
um costume que contradiga a lei. -> Princípio de que a lei se sobrepõem ao costume
quando este disser o contrário
Algum dos decretalistas indicam que costume contra legem pode existir desde que o
papa confirme que o costume é bom, esta a repulsar a lei e condenar o poder político,
e está a dar poder à comunidade local. Superioridade papal tendo em conta a lei régia.

O costume é tido como fonte de direito por excelência, uma das fontes principais nas
ordenações afonsinas.

Costume de aplicação nacional-


Costume regional/ local: É possível a prática de um ato que no município é
considerado um crime, mas se sair das fonteiras para o município vizinho já não pode
ser perseguido. É da competência exclusiva de cada município.

DIREITO JUDICIAL- decorre da atividade normal e diária dos tribunais. Costumes


nascidos em tribunais
Este surge aqui porque as decisões são decididas pelo costume. O Direito judicial é
criado como costume de órgãos que tem função para julgar (Tribunal). Os homens-
bons que julgam os litígios nas comunidades vão seguir as leis costumeiras. Não
responde à resolução judicial de um litígio, mas sim da criação de critérios específicos.

TRÊS INSTITUTOS JURIDICOS:


ESTILOS/ estilo da corte* tal como a lei do reino e costume antigo foram fonte
principal primária de direito em Portugal nas ordenações afonsinas, filipinas e
manuelinas.
Cíno Pistóia define estilo da corte como direito não escrito (tal como costume)
introduzido pela prática de um pretório (tribunal). O estilo é direito processual ou
direito adjetivo criado pelo tribunal para afixar regras relativas ao processo judicial.
Não temos de carácter substantivo. São aceites os dos Tribunais Superiores (os
inferiores não fazem estilos próprios, se os fizerem não são fontes de direito).

Ex: O número de testemunhas que se pode apresentar em processo, as partes têm 20


dias para contestar.

Forma comum de julgar um costume judicial.

Regras orais que vão sendo fixadas pelos Tribunais para ajudar a tramitação
processual, pela sua repetição torna-se prescrito (2 vezes em 10 anos). E tem de ser
racional e não pode ser contra legem. É a partir dos estilos da corte que vão ser
elaborados o processo civil e processo penal.

“He stylo da Corte”; “Costume he en casa d´El Rey” (tribunal) = Estilo


O costume vai exigir que sejam decretados determinados requisitos.
Uma decisão para se fazer estilo tem de ser praticada pelo menos duas vezes.
Um estilo pode ser praticado por mais de um juiz.
Um Estilo não pode ir contra a lei.

Casa de suplicação- D. João I


O tribunal através dos estilos criava regras de tramitar um processo em tribunal.
Foi considerado fonte principal de direito até ao séc. XIX
TIVERAM UMA GRANDE IMPORTANCIA, NÃO SE PODE DIZER O MM DOS ALVIDROS E
DAS FAÇANHAS

 ALVIDROS/ Alvedrios: decisões judiciais tomada/adotada por juízes arbitrais/ alvidros


em sítios onde não há tribunal (3º pessoas escolhidas pelas partes em litígio para
resolver as suas questões). Julgar o processo para pôr fim ao conflito das partes. As
partes reconheciam-lhe idoneidade. As decisões dos alvedrios concediam um
precedente ou aplicação jurídica que podiam ser decididas e atendidas a processos
judiciais subsequentes, integrando as lacunas do direito (seria um padrão normativo
para o futuro e utilizada em situações semelhantes). Sobre juiz (juiz nomeado pelo rei
com função de analise/revisão de uma decisão/sentença em sede de recurso. Acima
do juiz que decidiu o processo).

 FAÇANHAS (não há nem houve em Portugal, mas houve utilização/aplicação das


decisões proferidas das façanhas de Castela ou Catalunha que Portugal importou e
utilizou em alguns territórios portugueses como a região da guarda).

Pode ser definida por Duarte Nunes de Leão como um juízo sobre uma ação notável
que fica como padrão normativo para o futuro em virtude da autoridade de quem o
aprovou ou praticou.
José Anastácio de figueiredo vem dizer que a façanha é uma sentença que valia não só
para o respetivo caso, mas para casos futuros em virtude de ser uma decisão régia
tomada por um processo especial. -> assim, a façanha e uma decisão judicial toada
pelo rei e é porque estamos perante um. Caso singular e fora do comum em que não
há resposta do direito para decidir aquela situação, o direito não prevê solução.
Ação notável = acontecimento que chocou a população, o facto em si é tão estranho
que leva a que o processo seja decidido pelo próprio rei. Essa decisão fica como um
padrão normativo para o futuro para novos casos semelhantes.

DIREITO OUTORGADO (cartas de população e forais pode ou não ter pacto) E


PACTUADO (estatutos municipais)
Aplicação local- aplicados apenas aos municípios
Nas comunidades locais, municípios ou concelhos, para além do rei, aplica-se em
específico um direito que não o do rei. Era um direito negociado entre os municípios, e
os homens bonés desses municípios, e o senhor da terra.

Na idade média as localidades podiam ter autonomia, ao terem poderiam constituir


circunscrições territoriais específicas onde se aplicava um direito próprio daquela
localidade (município). Na base comunitária diversas áreas que são autónomas,
independentes umas das outras que levava à existência de portagens, quase (Ex:
Portas de Benfica).
Forma de descentralização da administração/judicial e até jurídica da idade média.

Criação de 2 documentos específicos:


Ambos são cartas de privilégio, porque vão atribuir a comunidades locais o direito de
se autoadministrarem e concedem-lhes regalias, diretos e algumas obrigações perante
a comunidade nacional
CARTAS DE PRIVILÉGIO: em sentido lato, são documentos que atribuem prerrogativas,
liberdades, franquias e isenções de qualquer ordem, mas em sentido estrito, têm
como denominador comum a circunstância de traçarem um regime jurídico específico
para certo território ou certa comunidade, isto é, uma disciplina própria e
diferenciada. Possuem âmbito delimitado que possibilita diferenciá-las da lei, a qual
contém, ao menos em princípio e no sentido moderno, uma regulamentação geral e
abstrato.

 Cartas de povoação: documento concedido pelo rei, nobreza ou clero para criar
comunidades em locais escassamente povoadas ou despovoadas. Pretende povoar.
Em regra, são utilizadas para povoar áreas desocupadas e pouco atrativas, em muitos
casos, ou porque eram junto às fronteiras com os mouros (propicias a invasões); de
paúlo, terras pouco férteis que davam muito trabalho, áreas de montanha que não
eram boas para cultivar. Para atrair a população tinham de dar regalias e privilégios
(autonomia fiscal financeira e até jurídica). Vão poder produzir para si próprios e
administrar a própria terra, produzir para si próprios e não para o rei e se a carta de
povoação o determinasse podiam construir um tribunal
Têm a natureza jurídica de um contrato, contrato entre o senhor da terra e a
população que aceita o seu chamamento, mas não têm liberdade de estipulação-
regras são impostas pelos senhores da terra, população não pode definir as regras do
contrato. Mas tem liberdade de negociação de negociar e aceitar e de iniciativa. ->
Contratos de adesão, nós temos liberdade de celebrar e aceitar o contrato, mas não
temos capacidade de alterar as regras do contrato, negociar. São Contratos pré-
definidos por uma determinada entidade.
Não deixa de ser um privilégio.

O monarca, um senhor ou a entidade que exercia a autoridade sobre território nessas


condições fixava na carta de povoação conjunto de normas definindo o estatuto de
futuros colonos, especialmente quanto às condições de exploração da terra e tendo,
pois, em primeira linha uma fisionomia essencialmente económica.

Alguns autores, nomeadamente, o Prof. Hinoosa, preferem a noção de relação jurídica


bilateral. Outros, como o Prof. Tomàs i Valiente, diz que não é um contrato, mas que
estamos perante uma imposição, ou seja, um ato unilateral que define um conjunto de
direitos e obrigações para aquele território e que as pessoas aceitam ou não aceitam.

 Forais/ Cartas de Foral: Cartas de privilégio concedidas a comunidades já existentes.


Não tem como finalidade atrair habitantes para uma com, mas conceder a essa
localidade autonomia administrativa, fiscal e jurídica. Ato de descentralização dado
por quem outorga os forais (rei, família do rei, nobreza e clero). Passam a ter uma
gestão autónoma, tem proteção porque pagam uma quantia ao senhor da terra.
Gênese da criação de municípios e concelhos.

Alexandre Herculano dizia que tinham objetivo de criar concelhos e autonomia


administrativa ≠ atualmente sabemos que não é muito assim, em algumas situações
não aconteceu assim, existiam concelhos e municípios que tiveram autonomia
administrativa e patrimonial, mas que nunca chegaram a receber a carta de foral e
outros que receberam a carta de foral, mas que nunca chegaram a ter o estatuto de
município ou concelho.
Matérias: Direito Administrativo (administrar o território, possibilidade de criar uma
assembleia municipal); processual (possibilidade de criar um tribunal do conselho que
julgava de acordo com os forais e costumes), direito fiscal (impostos pagos ao senhor
da terra), militar (regras e obrigações dos munícipes durante a guerra), direito penal
(aplicação local, municipal com regras especificas), direito da família e de sucessões.
Papel essencial na gestão administrativa local, na aplicação do direito e os juízes dos
municípios eleitos ao abrigo da carta de foral aplicavam o direito do foral e as regras
costumeiras daquela sociedade. A lei régia é pensada como subsidiária, sendo o direito
local (carta de foral) mais “relevante” do que as restantes fontes do direito.

Foral de Lisboa, Porto e Coimbra- Criam regras para a área urbana e não só rural.
Em regra, os forais são mais extensos que as cartas de povoação e abarcam também
maior número de matérias.

- Os forais medievais foram perdendo importância com o aumento do poder régio (Leis
de aplicação aos municípios) e foram se tornando antiquados e desatualizados, assim
os habitantes dos concelhos criam as cortes para fazer queixa a partir de D. João II
dizendo que era necessário atualizar os forais.
D. Manuel II vai mandar recolher os forais e reforma los (atualizar e adapta los a
atualidade do séc. XVI) - Reforma manuelina dos forais, modernização dos forais,
adaptação da língua, moeda, pesos e retirar matérias que estava em legislação geral.
Volta a entregar aos municípios os seus próprios forais, atualização dos velhos- forais
novos (atualizados), concede forais pela 1 vez a algumas comunidades (novíssimos)
Instrumento de autonomia e privilégio.

Com o liberalismo, há a revogação dos forais em 1833 pelo Decreto 23 de Mouzinho


da silveira. Acaba os forais em Portugal aqui.

 Estatutos municipais/ Foros Municipais/Costumes Municipais: não teve a dimensão


nacional que tiveram os forais.

Caderno de leis/ direito/ legislação elaborados em comum acordo pelos municípios


com autonomia (já com cartas de foral) e são negociados entre o município e o senhor
da terra (clero, nobreza ou rei) que queria criar um repositório de direitos que
permitisse aos juízes daquela localidade aplicar direito circunstanciado ao município.
Para a sua própria adm da justiça!
Não é para o vizinho pq há autonomia territorial

Fuero real (adaptação de leis de d. romano vulgar) e as flores da lei (legislação de jacob
luis??), aplicadas apenas na guarda pq estavam nos estatutos da guarda

Tb as façanhas foram aplicadas através dos estatutos municipais

NÃO É UM CÓDIGO, obra nova!


É como se fosse um dossier*
Na idade média portuguesa há liberdade de aplicação do direito porque há pluralidade
jurídica, não é ainda a fase da centralização do direito!
O direito que decorre do foral (tem mais direito e matérias jurídicas que as cartas de
população) constitui lei especial em relação à lei régia! A lei especial afasta a lei geral.
Não quer dizer que em matérias que o foral não prevê a lei régia não possa fazer
direito para os municípios.
Os direitos do foral sobrepõem-se à lei régia. Apenas se lei geral dizer que se aplica
não obstante o teor dos forais, é que se aplica a lei geral. Não havendo matéria
concorrencial, e tendo a lei geral conteúdo jurídico que não está nos forais, a lei geral
aplica-se nos municípios. IMPORTÂNCIA DO FORAL EM UMA DETERMINADA
COMUNIDADE LOCAL

Princípio q.o.t- o que toca a todos a todos é decidido

Direito Prudencial Geral- Noção

- Ordem normativa criada pelos prudentes, aqueles que conhecem o direito, o justo e o injusto
(fora da estrutura do poder e da sua acção criativa = COSTUME mas este tende a ser dominado
pelo príncipe, que limita o seu valor à conformidade ou à receção pelas normas emanadas do
poder, de si mesmo ≠ o direito prudencial resiste-se de modo eficaz), e cuja auctorias lhes
permite declarar a verdade jurídica nos casos concretos. (Álvaro D`Ors)

- Direito prudencial resiste ao monarca, sobrepondo-se à letra e ao espírito da lei, criando,


interpretando e integrando normas jurídicas: através da inventio do prudente, ele pode afastar
a lei e pode criar direito a partir do direito romano, adaptando-o à realidade.

- Jurisprudência baseia-se na auctoritas, não tendo e sendo independente do imperium. –


direito sem qualquer dependência do poder, no saber socialmente reconhecido, mas
desprovido de poder. Distingue-se da lei, que repousa sobre este, sobre a potestas. Cai,
portanto, debaixo da designação de jurisprudência, a atividade de todos os que constroem o
direito em termos científicos e independentemente de qualquer ligação ou dependência
específica ao poder.

- Jurisprudência medieval afasta-se da moderna (o que atualmente chamamos de


jurisprudência não é o direito prudencial), pois o juiz romano era um particular e não o
magistrado – o praetor era o magistrado e o iudex era um particular: o iudex podia, ao
contrário de hoje, recorrer ao parecer de um prudente.

Juiz atual (funcionário do poder) ≠ juiz romano clássico (privado)

O juiz, escreve Álvaro d´Ors, é um particular, não é um funcionário, não é um magistrado!

Teria sido um grave insulto à liberdade do cidadão romano (civis romanus) que um organismo
oficial se impusesse como juiz (iudex) num lítigio privado. O magistrado, preteor de Roma,
instruía a instância, autorizava o processo e pré- julgava de certo modo, a isso chamava-se ius
dicere, e jurisdíctio é a função do magistrado que administra a justiça. Formalizando o litigio no
contrato processual chamado litis contestatio, o assunto passava ao juiz privado, que as partes
haviam nomeado livremente. O juiz tinha de receber as provas apresentadas pelas partes,
embora conservasse a liberdade para valorar sem imposições nem presunções fixas e
finalmente, declarava a sua opinião com toda a simplicidade, sem necessidade de
formalidades especiais. Com a sua opinião, com a sua sententia, a res (questão) ficava julgada
(iudicata) e o pretor podia conceder a execução. A função do juiz era o julgamento (indicativo).
Para emitir a decisão, o juiz romano, ao contrário do moderno juiz- burocrata não era obrigado
a pronunciar veredicto certo, podendo limitar-se a declarar simplesmente a não liquidez do
caso, um non liqued, tinha a possibilidade de recorrer ao parecer à sententia do prudente.

O direito prudencial medieval como momento de um fenómeno perene. Consideração do ius


romanum medieval como direito prudencial

O direito prudencial, entendida a expressão de acordo com os conceitos referidos de inventio


e autoritas, conheceu na Idade Média alto grau de desenvolvimento e florescimento. Este foi
por excelência o reinado dos juristas.

Contribuíram para o facto diversas circunstâncias->

- Deficiência do direito existente, especialmente no campo legislativo.

- Caráter localista e fragmentário do costume.

- Prudentes eram necessários para superar as lacunas de um ordenamento jurídico escasso e


rudimentar, para construir um sistema mais trabalhado e elaborado que satisfizesse as
necessidades de uma sociedade em desenvolvimento. ERA INDISPENCÁVEL CONSTRUIR UM
SISTEMA JURÍDICO QUE RESPONDESSE DUCTILMENTE ÀS EXIGÊNCIAS DE UMA SOCIEDADE EM
DESENVOLVIMENTO, POLÍTICO, SOCIAL E ECONÓMICO, DE UMA SOCIEDADE EM MUTAÇÃO E
DE CERSCENTE COMPLEXIDADE.

Eles fizeram-no inspirado no direito romano e contra o estatismo totalitarista da ordem


jurídica legal.

Do Direito Romano do Lácio à Vulgarização

- A implantação do direito romano processou-se, contudo, de diversas formas e não muito


rapidamente. O facto deve-se, primeiramente, à conceção personalista que os romanos
tinham do direito. O direito civil romano (ius civile romanum) era criado e estatuído para os
cidadãos de Roma. O não-cidadão ou estrangeiro reger-se-ia pelo direito próprio. (ius civile vs.
Ius gentium).

- No entanto, com o alargamento da cidade-estado para um Império, o direito começa a


generalizar-se e a uniformizar-se através do ius gentium e da concessão da cidadania a não-
romanos.

- Apagam-se os direitos particulares e indígenas em detrimento do romano, mas devido a


resistências e particularidades locais, chegou-se ao direito romano vulgar, o produto de
algumas instituições pré-romanas latentes e de muita influência germânica.

- A divisão entre Império do Ocidente do Oriente vai dar origem a duas ordens jurídicas
distintas.
- No Império do Oriente, o desenvolvimento do direito romano dá-se de acordo com altos
padrões de técnica jurídica, culminando com o Corpus Iuris Civilis.
- No Império do Ocidente, a vulgarização progride até ser definitiva na queda de Roma, em
476.

- As leis de Justiniano tiveram aplicação em Itália por meio de uma pragmatica sanctio de 554.
Contudo, ela foi esquecida no Ocidente durante séculos e o direito romano foi dominado pelas
leis bárbaras, pelo direito canónico e pelo costume.

Renascimento do Direito Romano

- É em Itália que se redescobre o direito justinianeu, o qual os juristas medievais fizeram um


esforço de adaptação e criação com o objetivo de fornecerem à sociedade da época os
instrumentos jurídicos adequados.

Razões políticas, religiosas, económicas, culturais:

- Restauração/Renovação do Império (com Carlos Magno) e a sua transferência para os


Francos e depois para os Alemães, aproveitando o antigo direito imperial.

- O desenvolvimento da estrutura da Igreja e do direito canónico, que tem apoio técnico e


conceptual no direito justinianeu.

- A expansão das cidades-estado em Itália, que impunha a necessidade de uma armadura


jurídica e constitucional.

- Movimento geral da cultura, no sentido de um alargamento de horizontes, e a inerente ânsia


de saber e descoberta.

A ENUMERAÇÃO DOS FACTORES DETERMINANRES DA RENASCENÇA DO DIREITO ROMANO,


PELA VARIEDADE DETSES, SUA COMPLEXIDADE, DILATADA GÉNESE E SICRONIA MUITO
RELATIVA, LOGO NÃO MOSTRA NÃO ESTARMOS PERANTE UM FENÓMENO HISTORICO
IDENTIFICADO COM UM MOMENTO CONCRETO, MAS SIM FACE A UM PROCESSO PROTAÍDO
NO TEMPO.

Divisão Medieval do Corpus Iuris Civilis

- Os jurisprudentes medievais dividem o Corpus Iuris Civilis em:

- Digestum vetus – Digesto Velho – abrangia os livros I a XXIII e os primeiros títulos do livro
XXIV.

- Digestum infortiatum – Digesto Esforçado – livros XXIV até ao XXXVIII.

- Digestum novum – Digesto Novo – livros XXXIX a L, ou seja, até ao fim.


- Codex – Código – composto pelos primeiros nove livros do Código

- Volumen parvum – Volume Pequeno – composto pelos restantes três livros do Código, pelas
Instituições e uma colecção de Novelas conhecidas por Authenticum. Também lhes foram
acrescentadas certas fontes de Direito Feudal

– Libiri Feudorum – e constituições de Imperadores do Sacro Império Romano-Germânico.

Escolas jurisprudenciais medievais (dos glosadores e dos comentadores)

Escolas Medievais- Jurisprudência medieval é normalmente agrupada em duas escolas:


glosadores e comentadores.

- Distinção foi feita de forma continuada e prolongada, sendo a Magna Glosa o elemento
separador, dividindo-se as escolas em glosadores, pós-acursianos e comentadores.

Século XII traz-nos o renascimento do Direito Romano, na sua vertente justinianeia,


não significa que não estivesse a ser aplicado, era aplicado o vulgar. Sabia-se que
existia no império médio do oriente, mas desconhecia-se a sua aplicação no ocidente.

A partir do sec. XII, Irnério na universidade de Bolonha vai descobrir o código de


justiniano = vai ter necessidade dele. (Ex: De ir à biblioteca e encontrar um livro que
responde às nossas questões, o livro esteve lá sempre mas descobrimo-lo só agora).
Há uma redescoberta do direito romano!

Irnério vai dividir o digesto em 3 partes:


- Digesto velho (1- 24)
- Digesto novo (39-50)
- Esforçado (25-38) “o nosso direito ficou reforçado”

Idade média vai fazer uma divisão do código de justiniano


Codex constituído por 9 volumes
3 últimos livros do códex vão ser designados de tres libri encadernados com as
Institutas, novelas e livro dos feudos – a esta encadernação Livrum Parvum/ livro
pequeno

Irnério vai encabeçar a escola dos glosadores.

- Escola iniciada por Irnério, que separou o direito da retórica e da dialética, centrando a sua
atenção no direito romano, sendo o primeiro a considerar a compilação justinianeia objeto de
estudo.

- Irnério proceder à análise direta dos textos, e a sua obra engloba uma recolha de
Quaestiones, e glosas – explicações de temas, conceitos e passos de um texto (Código e
Digesto).
- Destaca-se Acúrsio, cuja principal obra é a Magna Glosa – uma compilação das glosas dos
seus antecessores, pondo nela textos da sua autoria e conciliações de textos contraditórios.

Escola medieval, metodologia (não é uma escola física é de método)


Utiliza como género específico e metodológico de apreciação do direito a GLOSA:
explicitação/explanação de uma palavra/frase ou parte de um texto romano com o objetivo de
retirar o seu sentido jurídico.
O objetivo é perceber/ conhecer o significado do texto romano, que soluções se encontram
que podem ser aplicadas no tempo em que Irnério ou seus sucessores vivem, se são úteis.
OS GLOSADORES TB INTERPRETAM O TEXTO, ao procurar o sentido das palavras e expressões e
ver se é aplicável à sit concreta no tempo é tb interpretar
Eles n querem é perceber o espírito e o que os levou a pensar assim, apenas se é útil ou n

Podem ser interlineares (entre as linhas) ou marginais (à margem do livro)

Discípulos de Irnério
Jacob
Hugo
Martim de Gósia- tendência gosiana mais livre na análise dos textos e a sua ponderação com
princípios de equidade
Búlgaro- com uma tendência mais próxima aos textos
Acúrsio- magna glosa/ glosa ordinária (ponto alto e final da escola dos glosadores, incluída
como fonte de direito)

Período de transição para alguns não é autonomizavel o suficiente para ser um considerada
uma nova escola, mas alguns (modernistas) consideram que existiu uma escola de transição:
pós glosadores ou pós acursadores/ pré comentadores
Mudança intensificada com os comentadores
Aberto Gandino (fundador da ciência penal), Guilherme Durante (melhor processualista da
idade média)

Pós-Acursianos

- Destaque para Odofredo (autor de um comentário ao Digesto Velho, entre outros), Alberto
Gandino, Guilherme Durante e Martim de Fano.

- Escola de transição, o que torna difícil delimitá-la com rigor em relação às escolas dos
glosadores e dos comentadores.

Escola dos Comentadores:

- A escola dos comentadores foi iniciada por Jacques de Revigny e Belleperche, apropriadores
do método da dialéctica da escolástica.

- Cino de Pistóia, discípulo de Belleperche, divulga as novas ideias em Itália, com uma
importante obra de comentário do Código.
Bártolo, instituiu uma tal autoridade em matéria de conhecimento do direito (fonte de direito
subsidiário nas Ordenações em Portugal). “Bartolismo”
Deixou um dos seus maiores discípulos: Baldo
Temos fases: fase inicial; fase central (de maior brilho na escola); época de baldo; época tardia
de Jasão de Mayno e Filipe Déeio.

A sua caracterização e distinção

Glosa
- Explicação singular de termos, conceitos ou passos de um escrito.

- Pode reduzir-se a uma substituição de um vocábulo por outro ou pode ser um pouco mais
completa.

- Não se limitam à elucidação dos termos ou conceitos, à indicação do conteúdo de um título


ou lei, mas englobam também:

- Relações entre os vários títulos ou leis, com intentos de sistematização.

- Recurso a lugares paralelos


- O uso de casus, distinctiones e quaestiones.
- Formulação de regulae

- Ponderação da intentio

- Enunciação da conclusio
- Glosadores dominavam os métodos lógico-dialécticos e retóricos da escolástica.

- A exegese dos glosadores não se circunscrevia à letra dos textos, preocupando-se


com o espírito e o enquadramento sistemático dos textos.

Doutrina tradicional: distinguia as escolas atendendo ao facto de aos glosadores ter


proximidade com os textos, trabalho de leitura e interpretação e análise, mas agarrado à letra
dos textos/ à glosa. Só os comentadores alcançaram o sentido dos textos.

Albuquerques são críticos desta visão. É muito redutor e simplista face aos glosadores. N
podiam ter entendido os textos que liam, feito glosas, analisado e interpretado se n tivesse
apreendido qualquer sentido do texto.
Tese aderida/ mais critica e moderna: diferença relativamente à forma como encaram o objeto
do texto e os objetivos a alcançar, e não esta diferença entre a letra e sentido.

O sentido não se contrapõe á letra, da letra vem um sentido universal (sentido literário)

Iura própria (d. próprios de cada nação) ≠ ius comunne


Os comentadores foram mais para a frente adaptando os textos aos direitos de direito romano
aos direitos nacionais/ estatutos (valoração do iura própria). Visão mais pragmática
Página 277 do livro – alias a oposição moderna entre letra e espirito... letera e sentença e não
a sensu

A DIFERENÇA E DE GRAU E PROGRESSÃO!

A sua ligação à Universidade. Ponto 83

- O renascimento do direito romano tomou lugar no meio universitário – juristas são


geralmente professores e vice- versa.

- Estudantes e professores circulavam entre universidades devido a conflitos académicos,


conveniências e política.

- Rivalidade entre cidades foi fator aglutinador para a prosperidade das universidades
- Existiam alunos e professores de varias nacionalidades.

Crucial para entender o fenómeno do renascimento do direito Romano e a sua receção. Foi
eminentemente universitário e não por ação política.
Universidade em Bolonha, movimento de criação de universidades em toda a europa
1288-1290 (Criação de universidade lisboa-coimbra: Estudo Geral)
Havia movimentação de professores e estudantes

Foi através da universidade e da circulação da comunidade universitária que houve a resseção


do d. romano que se infiltrou em muitos dos d. europeus. = direitos que constituíram uma
família, família romanística de direito com o mm substrato
Licença de ensinar em toda a parte, assim n havia necessidade de equivalência
Licenciados in utroque
Almeida Costa-> difusão do d. romano justinianeu, fundação de universidades

 Géneses literários, tipos de peças jurídicas elaboradas na época


Quaestio- forma dialogada assente no p. do contraditório. Questão que pode basear em
um facto (facti) ou assentar em uma questão de direito. Registada por um aluno.

Quaestio

- Género literário de forma dialogada e do princípio da contradictio como instrumento de


apuramento da verdade. Podiam reportar-se a um facto – quaestio facti – em causa a
existência de um evento, ou à interpretação do direito – quaestio iuris – disputa intelectual
com recurso a ars inveniendi.

- O facto – quaestio facti – pode originar um problema de direito, quando não regulado por
norma ou quando não corresponde a uma previsão, sendo assim, um elemento de
actualização do direito.

- Quaestio podiam ser um conflito real ou um exercício académico (quaestio disputata). - Duas
modalidades de debate:

- Catequística – Mestre vs. Aluno


- Controversística – entre pares.

- O valor científico e pedagógico da quaestio disputata levou ao registo dos argumentos e da


sentença do mestre, feita por um raportator, que o podia completar com adição de críticas ou
argumentos seus e juntando um exórdio outítulo – quaestion raportata, que diverge da
quaestio redacta, da autoria do mestre.

- Esquema da Quaestio
- Enunciação dos Factos
- Problema a desenvolver
- Argumentos das partes
- Determinatio – sentença do mestre.

Reportata (espécie de escrivão que fazia uma ata)


Professor que utlizada o exercício para dar a matéria
Solutio determinato
Diálogo catequístico (para ensinar) ou controargueistico (entre pares)
Esquema: 4 fases

Comentário- discursivo, longa dissertação sobre um tema


Características: natureza discursiva, n era curto, mas desenvolvido; autonomia face aos
textos romanos, instrumento utilizado por excelência pelos comentadores para preceder à
adaptação do d. romano à iura própria.

- Trabalhos feitos com a intenção de estabelecer uma visão sintética de um instituto, de base
lógica e não com base na exegese.

- Dissertações organizadas segundo as regras da escolástica em torno de um tema.

- Enquanto a glosa está ligada à letra das normas, comentários ligam-se ao sentido.

- Aglomerado de fragmentos parciais correspondentes às lições universitárias ou a textos


semelhantes.

- Tinha um carácter discursivo e era independente dos textos romanos – conjugação dos textos
justinianeus com preceitos de outras ordens jurídicas.

Caracterização e Relacionamento entre as Escolas de Jurisprudência

- Comentadores – ultrapassagem da letra da lei e a consideração do sensus respectivo – é lhes


reconhecida alguma liberdade perante o texto legislativo, adaptando-o à época.

- Não se deve ter a ideia que os glosadores e limitavam à letra da lei – não era uma escola
científicamente homogénea. Além do mais, a literalidade da exegese da Glosa estaria em
contradição com os parâmetros da hermenêutica medieval. (a letra constitui um dos sentidos
do texto, não se contrapõe a ele)
- Na hermenêutica medieval o texto pode ter quatro sentidos:

- Literal e Histórico-Político

- Moral o Tropológico – dimensão ética e implicações pragmáticas

- Alegórico – Respeita ao sentido oculto (objectos são símbolos de uma realidade


transcendente) - Anagógico – Projecção e implicações no futuro

- Para descobrir o sentido usava-se o Trivium (gramática, retórica e dialéctica)

- A diferença entre as escolas prudenciais é de grau (da metodologia hermenêutica) e não de


essência. Enquanto que os glosadores versam principalmente sobre o ius commune e os
comentadores integravam o ius commune e iura propria.

 Metodologia jurídica, pensamento jurídico medieval -: ARS INVENIENDI (arte do


conhecimento/ de invenção na procura de argumentos lógicos e justos que permitam
procurar a solução justa para o caso concreto)
Lógica formal e material com o objetivo de perceber como um jurista medieval
pensava e definia as soluções para o caso concreto
Pensamento jurídico dos comentadores é pensamento analítico-problemático (= parte
da analise dos textos latinos e depois vão problematizar e procurar outros
argumentos, por em duvida; analise dos textos e por em causa, n ficar satisfeito com o
que os textos trazem, julgar)
Divide-se em 3 etapas:
- Leges (parte analítica do pensamento)
- Raciones (parte problemática/ formal/ dúvida)
- Auctoritatas (argumento de autoridade)

O jurista medieval o que faz 1 é olhar para o caso concerto e pensar na solução justa.
Hoje usamos muito a subsunção jurídica. ≠ O jurista medieval procura a solução justa.
E qual é a solução justa para o caso concreto?
Depois fundamenta o seu pensamento e é ai que utiliza o raciocínio jurídico.
1ª questão Leges - procurar argumentos na lei, no texto jurídico. PROCURAMOS
ARGUMENTOS PROVAVELMENTE MAIS JUSTOS. O direito vive na incerteza
REQUISITOS: Tem de conhecer a gramática e saber ler, TAMBÉM saber o sentido da
palavra. A gramática é imprescindível, sem gramática n sabemos o sentido e n retira os
argumentos literais do texto. Procura da verdade justa através da leitura dos textos
escritos. PODEM N SER SUF PARA FUNDAMENTAR A SOLUÇÃO JUSTA! Pode encontrar
argumentos contrários, vai utiliza-los para os afastar/ anular e demonstrar o
argumento que está no texto jurídico n é o mais adequado para o caso concreto.
Raciones- fase problematica do pensamento, argumentos que sejam lógicos que
permitam confirmar ou contraditar os argumentos literais, duvida-se da letra da lei e
procura se fundamentar a nossa opinião de justiça

3 fases essenciais: Retórica (arte da persuasão, utilização de raciocínios lógicos que


permitam convencer a parte contraria de que a nossa solução justa é a + justa no caso
concreto, é força do argumento e forma de expressar esse argumento. Pode ser vazia
de conteúdo qd n utiliza a dialética, mas pode ser com conteúdo e o objetivo é utilizar
os argumentos adequados em momentos certos/ circunstanciais para convencer a
parte contraria e aniquilar o argumento da parte contraria); Dialética (arte da
discussão, enquanto a arte de encadear argumentos = utilizar argumentos literais,
procurar argumentos através da tópica e encadear o nosso raciocínio que é contruir
um argumentário que seja convincente para a parte contraria e que seja coerente.
Vive da organização dos argumentos de forma lógica convencer a parte contrária da
justiça da nossa solução. Não é oca como pode ser a retórica) e Tópica (arte de procura
de argumentos lógicos onde quer que se encontrem, que possam ser utilizados para
confirmar ou infirmar a leges ou para completar o nosso raciocínio tendente a
confirmar a solução para o caso concreto. O lugar dos argumentos, reservatório.
TÓPICA FORMAL: recorre a argumentos abstratos que à partida n tem conteúdo, mas
que utilizados perante o caso concreto podem fazer sentido Ex: Quem pode o mais
pode o menos; A contrario sensu; por maioria de razão. Da logica jurídica
completamente vazios mas que aplicados ao caso concreto adquirem conteúdo
TÓPICA MATERIAL: argumentos que os conteúdos podem ser procurados ou no meio
jurídico ou em qualquer local em que se encontrem. Ex: Saber a gradadura solar em
um determinado momento para saber se era acidente. Elementos climatéricos.
Caso concreto-> pensamos o caso concreto através da nossa solução jurídica do caso
concreto-> procuramos argumentos nas leges-> vamos duvidar deles-> alegais:
raciocino logico procura de outros argumentos-> tópica -> organizar os argumentos
com os literais e recorrendo à dialética vou construindo o meu raciocínio, encadear os
mais raciocínios-> ver se é preciso mais e me leva à solução mais justa-> vou recorrer a
retorica ?

PRECISO DE MAIS: Argumentos da autoridade -> procurar argumentos na opinião


comum Ex: Tenho esta posição pq A também a tem
Os juristas vão dizer que para alem os argumentos da lógica, a minha posição justa
corresponde também a uma opinião comum.
Vou autorizar o meu argumento.
OPINIÃO COMUM QUANTITATIVA – que afere o número de pessoas que tem a mm
opinião. (10 vs 2)
OPINIÃO COMUM QUALITATIVA – qualidade do argumento ou da pessoa que o dá.

Isto não são fases concretas, porque se podem misturar umas nas outras.

Ars Inveniendi

- A metodologia dos glosadores e pós-glosadores é analítico-problemática:

Analítica
- O jurista medieval aproximou-se da lei com o intuito essencial de determinar os preceitos não
pela consideração da globalidade do ordenamento jurídico, mas vendo neles algo de imediato
e individual – o dado a priori para o jurista não é o sistema, é a norma concreta. Os elementos
sistemáticos eram considerados, mas eram renegados para operações de segundo grau, sendo
o fenómeno imediato a aproximação ao preceito individualizado.

Problemática
- O trabalho dos juristas traduzia-se na invenção.

- A solução não se obtinha a partir da subsunção do facto à norma legal, mas pela ponderação
das soluções possíveis, sendo depois “achada” a norma aplicável, determinando o seu âmbito
e estabelecida a interpretação competente.

- A aplicação das leis tinha de ser controlada em função das respectivas consequências face a
critérios de Justiça e Direito Natural – a legitimidade da solução deveria ceder perante
justificação superior (como a utilidade).

- Este procedimento é intuitivo, mas não irracional – parte de casos concretos, fundindo-a com
procesos literários e códigos e com autonomia formal.

- Seguem-se os elementos da ars inveniendi

Leges

- A ciência jurídica medieval é uma ciência de textos, com o preceito a encontrar a sua
expressão num texto, obedecendo às regras da gramática (na Idade Média representava a arte
de falar correctamente e de interpretar)

- A separação entre leges, rationes e auctoritates é essencialmente formal. A inteligibilidade


das leges pressupõe operações mentais nas quais aqueles outros dois termos se encontra co-
envolvidos ou que lhes são afins. A lex constitui, assim, apenas um elemento alcançável
mediatamente.

- Esse carácter mediato da lex vincou a circunstância da própria invocação da lex: os preceitos
legais podem ser citados pura e simplesmente quando decidem de modo expresso o caso, ou
em via de argumentação quando a decisão aí fosse implícita

Rationes

- Argumentos da equidade, de direito natural e de lógica sem qualquer apoio textual legal. São
frequentemente inerentes à argumentação espontânea dos juristas.

- Estão mais ligadas ao ordenamento jurídico prudencial – quanto maior for o recurso às
rationes, mais será o ordenamento jurídico prudencial e menos legal será.
- As rationes fundamentam uma solução não-legal, baseando-se nos ideais de justiça, utilidade
ou racionalidade. Noutros casos, é com elas que se censura o preceito legal – um ditame
contra legem. Noutros casos ainda pode servir como algo interpretivo da lei, indo para além
dela.

- Os elementos do discurso jurídico não se reduzem à tópica, implicando igualmente a


consideração dos argumentos estabelecidos mediante processos de dialéctica e lógica.

- A dialéctica consiste na arte da discussão, assumindo uma feição dialógica, traduzindo-se no


debate controversístico. Reveste um enunciado de proposições breves destinadas a conseguir
a adesão do interlocutor para uma conclusão prática relativamente a matérias da conduta
humana e de cariz controverso.

- A retória é a arte da presuasão. Apresenta-se sob forma de discurso, susceptível de


encadeados de conclusões, incorporante de elementos de natureza psicológica e moldado por
regras estéticas.

- As duas artes têm em comum o prosseguirem o estabelecimento de regras relativas à


extracção de consequências a partir de premissas meramente prováveis.

- O uso imoderado das rationes pelos juristas levou ao debate sobre os seus limites e
legitimidade – protesto contra a excessiva formalização do pensamento jurídico em
detrimento dos valores.

- Mediante a retórica e a dialéctica, a lectio dos textos convertia-se em quaestio, abrindo o


caminho para a solutio definitiva – razão da prudencialização do direito e sobreposição do
jurista ao legislador.

- A tópica liga-se ao domínio do deliberativo e, portanto, a problemas que consentem mais de


uma resposta. A consideração tópica do problema implica o levantamento das razões que ele é
susceptível de motivar. Cada um vê tópicos diferentes de solução.

- A tópica traduz-se no processo de encontrar as premissas da argumentação

- A tópica formal é o procedimento de descoberta de premissas dialéctico-retóricas, ou seja,


uma fórmula de investigação intemporal.

- A tópica material é a reunião de máximas de carácter perceptivo, rectoras da conduta.

Auctoritates
- As asserções também eram avaliadas pela credibilidade dos seus autores – a auctoritas.

- A auctoritates designava a intervenção daquele que afiançava ou garantia algo, sendo digno
de crédito – saber socialmente reconhecido.

- O pensamento por opiniões traduz, assim e em última análise, um pensamento de


peritos/doutores

- Traduz-se a communis opinio na ideia de que se deve seguir o parecer que tiver por si o maior
número de doutores – consenso mais amplo.
- As opiniões foram analisadas não só em função dos respectivos utores como em si mesmas,
discutindo-se a admissibilidade e o valor das asserções eito em conideração de prerrogativas
honoríficas.

- Este método de recolha de opiniões iria ser praticado ao longo de grande parte da Idade
Média, mas o seu momento ascencional só se dará a partir de Bártolo, que teorizou o processo
e o praticou.

- Usou-se a divisio – as proposições entre si antagónicas eram parceladas de tal forma que
delas resultava uma série de enunciados, cada um criando uma competência própria passível
de hierarquização particular. Se não desse, havia que recorrer à communis opinio.

- Relativamente aos juristas também se distinguiam entre canonistas e legistas, doutores


antigos e novos. Essas prerrogativas honoríficas reflectiram-se fortemente no campo da
auctoritas.

- A opinião comum dos doutores, enquanto simples tópico, não tinha em si a virtude de tornar
certa ou evidente a solução defendida. O seu papel era bem mais modesto. Mesmo a Magna
Glosa carecia da autoridade necessária. Estruturava-se através do carácter probabilístico em
patente humildade intelectual que raiava pelo cepticismo metodológico.

- O exame não era, contudo, mais extremado porque o valor provável da opinião continha uma
presunção de verdade.

- A auctoritas dos juristas funcionou como determinante do processo de busca de argumentos


antes referido. Perante a multiplicidade de normas aplicáveis a cada caso, a escolha da norma
aplicada foi fruto de justificações dos doutores. A norma, ao não resolver o caso
simplesmente, implica na sua aplicação uma opinião.

- Revela-se aqui a importância do direito prudencial, sabido como é que o caráter geral da
norma implica uma passagem ao caso concreto que não encontra nela mesma fatores
possibilitantes.

- A auctoritas dos juristas funciona como elemento legitimante do tópico formal escolhido
para base da argumentação probabilística posterior.

 Ordenações do reino: TEXTOS DE HISTÓRIA DO DIREITO


Estrutura
Fontes Principais e Subsidiárias

Período Monista- sec XV com a Conquista de Ceuta, centralização do poder régio


3 ordenações, afonsinas, manuelinas e filipinas
Não são códigos, uma sistematização jurídica.
Ordenações são compilações de leis

ORDENAÇÕES AFONSINAS

Publicadas no reinado de D. Afonso V


Elaborada no reinado de D. João I, D. Duarte e termina em D. Afonso V na sua menoridade

João I inicia o seu processo – 1º livro das ordenações estilo com grande influência do d.
romano e decretório com forma imperativa, está a ser redigida para ser mandada aplicar
(João Mendes morre e continua o seu trabalho Rui Fernandes) - 4 livros seguintes- estilo
compilatório, organizou a por matérias e datas e publicou-as assim

Ordenações divididas em 5 livros


I- Cargos públicos
II- Poderes e deveres da igreja e do clero, direitos do rei, fisco, donatarias, nobreza,
judeus e mouros
III- Processo civil
IV- Direito civil
V- Direito penal (escrito a sangue)

Todas as Ordenações vao seguir a mesma estrutura EXCETO no livro II nas


manuelinas sai a matéria relativa aos judeus e mouros (deixou de haver judeus em
pt pq foram expulsos ou cristãos-novos; o n de mouros a habitar em pt é mt
reduzido)

Foram elaboradas ainda no período em que n existia imprensa, foram redigidas à


mão e foram feitas copias para as principais comarcas do país

Casa da Suplicacão
N tiveram uma expressividade mt grande, aplicação-> juízes continuarem a serem
homens bons; reprodução difícil, mandadas aprovar na regência do infante D.
pedro

O que influenciou a elaboração: Livro de leis e costuras, compilação


Inspirar se nas Siete Partidas, e no d. romano (glosa de Acúrsio ou opinião de
Bártolo)

LIVRO II (direitos- privilégios da igreja) TÍTULO 9 = VIIII


“Quando a lei contradiz a decretal qual delas se deve guardar.” = lei aqui n significa
do reino mas direito romano, decretal significa direito canónico

Quando o d. romano contraria o d. canónico qual deles se aplica?


 Critério do pecado

Artigo que tem como destinatário o juiz e o tribunal.


Artigo como destinatário o juiz cível- a questão entre o d. canónico e romano n vai ocorrer os
tribunais canónicos mas o cível
N obstante n ser uma norma para construção das fontes de direito, apresenta as fontes de
direito pt, dividindo-as em principais e subsidiárias

1. Lei do reino, Estilo da corte e Costume antigo -> 1º paragrafo pag. 69 (FONTES
PRINCIPAIS)
MESMO QUE O D. ROMANO DISPONHA DE FORMA CONTRARIA APLICA-SE AS FONTES
PRINCIPAIS, PQ QUANDO ELAS SE APLICAREM CESSAM TODAS AS OUTRAS

2. Na falta de direito pátrio -> d. romano e canónico (SUBSIDIÁRIAS)


“traga pecado” = critério de pecado, mecanismo criado pelo legislador para
determinar se o direito a aplicar é na causa cível pelo juiz cível, se deve aplicar o d.
romano ou canónico
Se a solução do caso por aplicação do d. romano der origem a um pecado (violar
preceitos de d. canónico) então n deve aplicar o d. romano e deve aplicar o direito
canónico

Ex: Usucapião de má-fé; Juros

2 dois concorrem, mas a questão é temporal aplica-se o direito romano mesmo que
seja contrário ao canónico SÓ É AFASTADO SE O DIREITO ROMANO DER ORIGEM AO
PECADO

3. Glosas de Acúrsio

4. Opinião de Bártolo (mesmo que outros autores digam o contrário) a sua opinião é
raciona, sempre se aplicou pq os desembargadores da casa da suplicação-> Opinião
comum qualitativa

5. Ordenações do Reino/ Resolução régia, decisão com força de lei tomada pelo rei
(através da casa da suplicação) para resolver casos omissos na lei. NÃO É PRECEDENTE
VIGORA COMO LEI ABSTRATA.

Dúvida do legislador: Que direito se aplica nesta circunstância?

Ruy e Martim de Alburquerque-> na falta de direito romano para resolver o caso, mas
havendo o canónico que este se deve aplicar, porque estes funcionam como utrumque
ius medieval, subsidiários um do doutro

Duarte nogueira-> não se deve aplicar o canónico, mas que deve aplicar a glosa de
Acúrcio e/ou opinião de Bártolo pq são comentários e opiniões ao direito romano! (?)

≠ legislador afonsino: “Venha a mim que eu resolvo” (resolução régia)

ORDENAÇÕES MANUELINAS (livro desatualizado)

1446 vão ser revistas as afonsinas, homens bons pedem algumas alterações
Não circulavam textos impressos, eram manuscritos
d. Manuel acaba por aceder aos objetivos da CS e das cortes e inicia um processo de
revisão das Oa, em 1498.
Vai ser entregue ao Rui boto (CHANCELER MOR), Rui aguiar da grã (desembargador do
paço) e joao cotrim (regedor do cível)-> 1º expurgar toda a legislação revogada; 2º
reorganizar os livros e atender ao facto de já não haver judeus e mouros em Portugal-
renovação da ordenações
NOVOS LIVROS-> ORDENAÇÕES MANUELINAS

1512-1513: Edição incompleta e que n se sabe se foram ou não elaborados e


publicados e impressos os 5 livros das ordenações. ESTA INFORMAÇÃO N ESTÁ
ATUALIZADA!!!! Foi descoberto por Alves dias descobriu os 5 volumes das edições de
1512-1513, livros entregues ao papa e so o cardeal tinha acesso. Na biblioteca do
vaticano em 2006, aparecem os 5 livros. FOI FEITA A IMPRESSÃO OU PELOS A REVISÃO
JÁ ESTAVA CONCLUIDA. Tipografia de Valentim Fernandes. Não vão ser publicados na
forma normal, 30 mar 1512 começa pelo livro V; 29 jun 1512 livro 4, 30 de agosto livro
3, 17 dezembro livro 1, 19 de nov 1513 livro 2
Porque demorou para o livro 2? Grandes questões sobre os juízes da casa cível e da
casa da suplicação e o seu estatuto. -> direitos relativos aos tribunais, direitos e
obriagões dos juízes

Substituida pela edição de 1514, impressa na tipografia de joao pedro Bonhimi, com a
seguinte ordem: 11 marco livro 3, 24 marco livro 4, 28 junho livro 5, 30 out livro 1, 15
de dezembro livro 2
Vai ser posteriormente revista pq vão ser publicadas novas leis relativas a pesos e
medidas e da fazenda da parte das finaças publicas, o que vai levar a que seja
publciada uma nova edição de 1521
Edição definitiva de 1521
Seguem a mm estrutura das afonsinas, sai a matéria dos judeus e dos mouros

Fontes de direito vão variar na edição de 1512-1513 para a de 1521:


1. As ordenações manuelinas vão manter a estrutura das fontes de direito no livro 2 -
> privilégios da igreja MAS MUDA A EPIGRAFE QUE SIGNIFICA UMA NOVA FORMA
DE OLHAR PARA AS FONTES DE DIREITO! EDIÇÃO DE 1521 MUDA A EPIGRAFE E O
TíTULO (V), já não é uma questão de privilégios da igreja e não está subjacente o
critério do pecado, mas uma conceção por parte dos juristas compiladores que
esta norma é relativa às fontes subsidiárias. QUANDO AS ORDENAÇÕES N TIVEERM
SOLUÇÃO PARA O CASO CONCRETO.
2. Redação semelhante às das afonsinas e mesma técnica de exemplificação

FONTES PRINCIPAIS SÃO AS MESMAS


SUBSIDIÁRIAS -> na falta deste direito aplica se o direito romano ou canónico, mantem se o
critério de pecado, mas já n se exemplifica na edição de 1521
Petição política- aplica-se o d. romano pela boa razão do reino (?)

NOVIDADE:
SÓ SE APLICA A Glosa de Acúrsio qd n for reprovada pela opinião comum dos doutores (escola
dos comentadores vai sindicar a escola de Acúrsio)

Aplica-se Opinão de bartolo mm que alguns doutores ANTERIORES A ELE tenham a opinião
comum contrária (QUALITATIVA), EXCETO SE se os doutores posteriores a ele o contraditarem.
(n aconteceu mt pq os doutores posteriores eram seus discípulos)

Na falta destas-> RESOLUÇÃO REGIA

CONCLUSÃO: incluem uma fonte que é a opinão comum dos doutores! Apesar da opinão
comum dos doutores n ser uma fonte expressa, subsidiaria, surge como fonte implita pq vai
sindicar/ testar a aplicação a glosa de Acúrsio e opinião de Bártolo
Escola dos comentadores como escola de fontes de direito subsidiária em Portugal.

VIGORAR ATÉ AS FILIPINAS


Nova edição em 1529 (?)
Surge ao longo do sec 16 varias transformações legislativas, relação do porto, reforma da
justiça, publicação de legislação alvusa (fazenda, cisas) o que leva a que filipe I mande rever as
ordenações manuelinas para introduzir a nova legislação
Duarte nunes de leão vai elaborar uma legislação extravagante às ordenações manuelinas

Jorge de cabedo, Afonso vaz tenreio e Duarte nunes de leão termina a revisão em 1595, mas
so em 1603 (filie 2) são publicadas as novas ordenações, após a restauração da Independência
1643 e vão vigorar até ao ???

1867 com o código de seabra

Vão ter a mm organização e estrutura com a de 1521 MAS NAS fontes de direito há uma
novidade
Fontes de direito vai sair do livro 2 e passar para o livro 3 (processo civil) e fica no titulo 64
definitivamente.
Mantem se até a lei da boa razão a mesma estrutura de fontes

Tiveram erros qd foram publicadas e portugueses que estavam contrários aos filipes em
Portugal, determinaram esses erros como filipismos (= erros)

HUMANISMO JURÍDICO (sec. XVI)


-> Opinião comum dos doutores fonte implícita de direito que se indica à aplicação da glosa e
opinião.
Sex. 26 via manter a escola dos comentadores e glosadores como fontes de direito subsidiário,
eram fonte necessária aplicar e conhecer e estudar.
Comentadores vai marcar o pensamento jurídico e o estudo do direito em Portugal no sec. 16,
em Portugal
Em frança, vamos assistir a movimento contrário.

RENASCIMENTO: Renascer da acultura grego romana que se manifesta em várias áreas de


cultura e do saber
Direito-> humanismo jurídico/ escola dos mos gálicos/ escola elegante/ escola alciateia/ escola
culta/ escola cujaciana

O QUE É ENQUANTO CORRENTE JURIDICA: corrente jurídica ...


Crítico da escola dos glosadores e comentadores, e o retorno ao direito de como era aplicado
no direito romano (como no sec. VI)
Sempre que possível deve se utilizar o direito feito no período clássico! “voltar às origens”
Não vai acontecer com facilidade, pq n há documentos que o permitissem, não possível a
época clássica pura
Mas era importante ler a letra da lei sem as glosas

JÁ UMA CORRENTE RAICONALISTA!


Razão que está ao serviço do pensamento, livre para pensar o direito
Olhar para o homem enquanto interpretador do direito de acordo com a sua razão
Contrapor o direito pensado e aplicado através da autoridade da opinião comum, mas o direito
é aplicado pq o jurista ao ler o texto entende que aquela norma tem ser aplicada ao caso
concreto- a liberdade opinativa vs autoridade obscura
O direito está a viver uma fase negra pq o jurista já n le a letra da lei, le as glosas e comentários
dos comentários e le a opinião comum, aplica-se o direito com base nos interpretes do direito
romano sem ir à letra da lei
Temos de voltar à pureza do direito, a própria norma escrita sem qualquer influência

Fase de reforma do saber


Vão cultivar o estudo da língua como essencial.

Reforma protestante- permitir o desenvolvimento destas teses na Alemanha ou até no norte


da europa

Portugal: situação sui generis


Juristas pt a aprender a estudar em Paris: luís Teixeira, Henrique caiado, martinho de
figueiredo, vão inscrever-se nas correntes humanistas
Eles influenciaram pt e o pensamento pt? NÃO, há mt pouca influência do humanismo em pt
PQ:
-> muitos deles acabam por n regressar ao pais (Henrique caiado) e n trazer o conhecimento
-> outros voltaram e tentaram impor e trazer as novas correntes humanistas, mas o panorama
não permitiu (Teixeira)
-> outros qd voltam nem sequer tentam pq abandonam o direito (Martinho)
Em pt n houve terreno fértil para o desenvolvimento das correntes humanistas: as ordenações
manuelinas impunham a opinião comum, glosa de Acúrsio e opinião de Bártolo, não há lugar à
critica; contra reforma da igreja- criada a companhia de jesus, chegam a pt e tenham a
cobertura do rei e vai permitir que abram uma universidade (evora) com base na tradição
medieval escolástica, ensino escolástico medieval vai manter a tendência bartolista ???
Pt mantem se completamente ligado ao ensino do direito de acordo com os métodos da
escolástica medieval
Direito pt acaba por ficar envelhecido
Direito estudado com base em que o professor dizia.
Divorcio entre o direito ensino e medieval

Sec 17 apareceram alguns advogados, Martins da costa que vão publicar livros de praxis = com
minutas de contratos e peças processuais. Para ensinar os recéns bacharens em direito a
exercer a sua profissão. Utilizados pelas profissões jurídicas para o exercido da sua profissão.
D. pátrio n era ensinado na universidade

RACIONALISMO JURIDICO
Surge como grande corrente de pensamento do sec 17 e 18 (Alemanha, holanda e Inglaterra)
Olhar para o homem como o centro do pensamento jurídico.
Razão humana (razão de cada homem enquanto espécie, ser racional que na sua perceção da
realidade constrói o direito) ≠ razão de deus (inspirada por deus e apreende o d. divino) -> 1º
autor GROCIO, que vai laicizar o direito, perde a carga divina e passa a ser compreendido e
aprendido apenas pelo fenómeno social e jurídico
Deus cira o homem racional que na sua perceção cria o direito!
Direito como criação da razão humana

LEI DA BOA RAZÃO (SEC. XVIII) -influenciada pelo racionalismo e humanismo jurídico; usus
modernos pandectarum- corrente racionalista de aplicação do direito romano (moderna e
atual) = direito romano deve ser utilizado apenas naquilo que for intemporal (apenas no que
pode ser aplicado). Restringir o núcleo do d. romano aplicável (leitura direta pelas fontes
humanas) deve se saber distingui o direito romano intemporal do datado. + iluminismo jurídico

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