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DIREITO
1
Pós-doutoranda pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Doutora em Direito Privado pela PUC Minas. Mestre em
Direito Privado pela PUC Minas. Professora de Direito Civil do Instituto J Andrade e da Faculdade Del Rey. Tutora de
Direito do Consumidor e de Temas de Propriedade Intelectual e Industrial na Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Gama Filho. Especialista em Educação à distância
pela PUC Minas. Especialista em Direito Público – Ciências Criminais pelo Complexo Educacional Damásio de Jesus.
Bacharel em Administração de Empresas e Direito pela Universidade FUMEC. Assistente de Desembargador do TRT da
3ª Região. E-mail: claudiamaraviegas@yahoo.com.br.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO:
Podemos considerar a realidade sob duas formas distintas, quais sejam: o Mundo da Natureza e
o Mundo da Cultura.
Mundo da Natureza - É tudo aquilo que nos foi dado. Existe independente da atividade humana.
Trata-se de realidade natural. Aqui existem as leis físico-matemáticas que são regidas pelo
princípio da causalidade, ou seja, são leis cegas aos valores. São meramente indicativas. Ex: a
Terra é um planeta. Princípio da causalidade: na natureza nada ocorre por acaso. Cada fenômeno
tem sua explicação em uma causa determinante. Esse princípio corresponde ao nexo existente
entre a causa e o efeito de um fenômeno. A gravidade nos explica que se a caneta cair da mesa
será atraída para o chão
Mundo da Cultura - É tudo aquilo que vem sendo construído pelo homem ao longo da história.
Trata-se de realidade humano-cultural-histórica. É aqui que se situa o DIREITO.
O homem produz as leis culturais, que são normas imperativas – “dever ser”. Ex: O homem deve
ser honesto. O pai e a mãe devem alimentar seus filhos. O devedor deve pagar o credor. Não se
deve matar ninguém. O homem planeja e constrói seu mundo de acordo com seus ideais. Tem
liberdade criadora. Humaniza a natureza.
2) O que é Direito:
Conceito 01: “Conjunto de normas/leis estabelecidas por um poder soberano, que disciplinam a
vida social de um povo” (Dicionário Aurélio)
Kelsen – pensador brilhante - autor da Teoria Pura do Direito – considerava que direito seria um
conjunto de normas – era chamado de positivista porque acreditava que direito era posto –
positivado – transcrito em normas escritas.
Conceito 02: “O Direito é processo de adaptação social, que consiste em se estabelecerem regras
de conduta, cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a incidência da regra
jurídica possa interessar”. (Pontes de Miranda)
“Onde há homem, há sociedade; onde há sociedade, há direito; Logo, onde há homem, há direito”.
Os cenários de lutas, as alegrias, os sofrimentos do homem ao longo da história nos mostram que
o direito é necessário, pois onde há aglomeração de pessoas, há relacionamento humano, que
automaticamente, gera amizade, amor, colaboração, mas, por outro lado, traz a discórdia,
intolerância e inimizade, o natural aparecimento de conflitos sociais vão demandar soluções que o
direito irá cuidar.
Fato Social e Direito - Direito e sociedade são entidades congênitas e que se pressupõem. O
Direito não tem existência em si próprio. Ele existe na sociedade.
c) Direito positivo/natural:
CONCEITOS:
DIREITO NATURAL: ou jusnaturalismo é uma teoria que postula a existência de um direito cujo
conteúdo é estabelecido pela natureza e, portanto, é válido em qualquer lugar.
O Direito Natural não é escrito, não é criado pela sociedade e nem é formulado pelo Estado. É
um Direito espontâneo que se origina da própria natureza social do homem, revelado pela
conjugação da experiência e razão. Princípios de caráter universal e imutáveis. Ex: direito à vida e
à liberdade.
São diversas as origens do direito natural:
Para os helenistas, o direito natural corresponderia à natureza cósmica. Ex: perfeição,
ordem e equilíbrio do universo;
Para os Teólogos medievais, vinha de Deus;
Para os racionalistas, o Direito Natural é produto da razão humana;
Atualmente, a corrente majoritária afirma ser o direito natural baseado na natureza
humana. Todo ser é dotado de uma natureza e um fim, ou seja, a natureza do ser (suas
propriedades) define o fim a que este tende. Para se chagar a esse fim devemos respeitar
algumas normas, que compõe o Direito Natural.
Direito natural é aquele que se compõe de princípios inerentes à própria essência humanas,
servem de fundamento ao Direito Positivo: "o bem deve ser feito", "não lesar a outrem", "dar a
cada um o que é seu", "respeitar a personalidade do próximo", "as leis da natureza", etc..
O direito natural é a ideia abstrata do Direito; o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça
superior e anterior – trata-se de um sistema de normas que independe do direito positivo, ou seja,
independe das variações do ordenamento da vida social que se originam no Estado. O direito
natural deriva da natureza de algo, de sua essência. Sua fonte pode ser a natureza, a vontade de
Deus ou a racionalidade dos seres humanos.
O direito natural é o pressuposto do que é correto, do que é justo, e parte do princípio de que
existe um direito comum a todos os homens e que o mesmo é universal. Suas principais
características, além da universalidade, são imutabilidade e o seu conhecimento através da
própria razão do homem. Anteriormente, o direito natural tinha o papel de regular o convívio
social dos homens, que não necessitavam de leis escritas. Era uma visão objetiva.
Com o surgimento do direito positivo, através do Estado, sua função passa a ser uma espécie de
contrapeso às atividades legitiferante do Estado, fornecendo subsídios para a reivindicação de
direitos pelos cidadãos, passando a ter um caráter subjetivo.
O direito positivo é conjunto de princípios e regras que regem a vida social do povo. É
institucionalizado pelo Estado, são normas jurídicas de determinado país. Ex: Código Penal, Código
Civil, etc.
O Positivismo Jurídico:
Na transição da idade média para a moderna, de meados do século XVIII ao início do século XIX, a
sociedade reclamava limites ao poder concentrado e ilimitado do soberano. Buscavam-se
barreiras aos arbítrios dos reis absolutistas.
No positivismo, a lei tem destaque total. A sociedade necessitava afastar a abertura do sistema
jurídico aos valores jusnaturais, vez que muitas atrocidades eram legitimadas em nome do Direito
Natural. Buscava-se segurança jurídica e objetividade do sistema, e o Direito positivo cumpriu bem
esse papel.
Essa mudança, decorrente também da estruturação do Estado moderno, ocorreu sobre três
pilares. O primeiro refere-se à posição da norma positiva no sistema. Como dito, a lei passa a
ganhar mais relevância jurídica que os postulados principiológicos, a ponto de afastar os princípios
não positivados do ordenamento, ou no mínimo retirar-lhes a força normativa. As normas de
conduta passam a ser adstritas à lei e, com isso, os códigos são transportados para o centro do
direito.
O direito pós Revolução Francesa é um direito criado por força de decisões estatais (a lei e a
sentença de modo direto; o contrato de modo indireto). Ele torna-se positivo, portanto.
Hans Kelsen (1994) coroa o positivismo iniciado por Comte com sua Teoria Pura, estabelecendo o
positivismo jurídico ou juspositivismo (LACERDA, 2009). Para ele, o direito deveria ser considerado
como tal, independente de outras ciências ou da moral. As fontes do Direito “têm que ser
buscadas apenas no próprio Direito, excluindo-se as fontes extrajurídicas”. O estudo do Direito
deveria ser desprovido de valores, já que a moral seria extrínseca ao direito.
Kelsen considerava que direito seria um conjunto de normas – acreditava que direito era posto –
positivado – transcrito em normas escritas.
Argumenta Kelsen que, se se está diante de um determinado Direito Positivo, sendo moral ou
imoral deve ser cumprido. É certo que se prefere o Direito moral ao imoral, porém, há de se
reconhecer que ambos são vinculativos da conduta.
Então, o direito positivo é o direito posto pelo Estado, dotado de validade, apenas por obedecer
a condições formais de sua formação. Frise-se que este direito não necessita respeitar um mínimo
moral para ser definido e aceito como tal, pois a natureza do direito, para ser garantida em sua
construção, não requer nada além do valor jurídico.
Para Kelsen, então, o direito e a moral se separam. Assim, é válida a ordem jurídica ainda que
contrarie os alicerces morais. Validade e justiça de uma norma jurídica são juízos de valor
diversos, portanto (uma norma pode ser válida e justa; válida e injusta; inválida e justa; inválida e
injusta).
d) Direito objetivo/subjetivo:
1 – Espécies:
Direito Potestativo: aquele exercido pelo titular per si, não depende da aceitação da outra parte.
f) Direito Comparado: consiste no estudo do Direito positivo de outros países para estudo de
comparação.
FONTES DO DIREITO
A expressão “Fontes do Direito” possui sentido de: origem, nascente, motivação, causa das várias
manifestações do Direito.
Segundo Miguel Reale “por fonte do direito designamos os processos ou meios em virtude dos
quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia
no contexto de uma estrutura normativa”. (p. 140)
A doutrina jurídica não se apresenta uniforme quanto ao estudo das fontes do Direito.
Civil Law é a estrutura jurídica oficialmente adotada no Brasil. O que basicamente significa
que a principal fonte do Direito adotada aqui é a Lei. A lei seria a mais importante fonte
formal. Em diversos países de tradição romano-germânica, o direito é organizado em
códigos, cujos exemplos principais são os códigos civis francês e alemão (Code Civil e
Bürgerliches Gesetzbuch, respectivamente). É portanto típico deste sistema o caráter
escrito do direito. Outra característica dos direitos de tradição romano-germânica é a
generalidade das normas jurídicas, que são aplicadas pelos juízes aos casos concretos.
Common Law - No sistema do Common Law, adotado pela Inglaterra e Estados Unidos, a
forma mais comum de expressão do direito é a dos precedentes judiciais. Direito se
baseia mais na Jurisprudência que no texto da lei. Infere-se normas gerais a partir de
decisões judiciais proferidas a respeito de casos individuais
Uma simples diferença é que lá o Direito se baseia mais na Jurisprudência que no texto da lei.
Jurisprudência, caso esteja em dúvida, trata-se do conjunto de interpretações das normas do
direito proferidas pelo Poder Judiciário.
Exemplo: Se lá nos EUA dois homens desejam realizar uma adoção, eles procuram outros casos em
que outros homossexuais tenham conseguido adoções e defendem suas ideias em cima disso. Mas
a parte contrária pode alegar exatamente casos opostos, o que gera todo um trabalho de
interpretação, argumentação e a palavra final fica com o Juiz.
É bom lembrar que nos países de Common Law também existe a lei, mas o caso é analisado
principalmente de acordo com outros semelhantes.
Brasil e toda a América Latina, quase toda Inglaterra e Estados Unidos, etc
a Ásia (exceto partes do Oriente Médio) e
de cerca de metade da África
É o estudo filosófico ou sociológico dos motivos éticos ou dos fatos econômicos que condicionam
o aparecimento e as transformações das regras de direito. São dados, elementos, biológicos,
psicológicos, racionais, ideais e históricos, que contribuem para a formação do direito. São FATOS
SOCIAIS.
O direito provém de fatos sociais, de problemas que emergem na sociedade e que são
condicionados pelos chamados fatores do Direito. Ex: o Estatuto do Idoso foi uma norma que
teve como base a valorização do idoso, pois a população está cada vez mais idosa e necessita de
cuidados especiais.
2.1) estatais: são produzidas pelo poder público e correspondem à lei e à jurisprudência.
Para que um processo jurídico constitua fonte formal é necessário que tenha o poder de criar o
Direito. Esse poder de criar é chamado de competência.
Em que consiste o ato de criação do Direito? Criar o Direito significa introduzir no ordenamento
jurídico novas normas jurídicas.
O elenco das fontes formais varia de acordo com os sistemas jurídicos e também em razão das
diferentes fases históricas.
a) Leis: normas jurídicas escritas provenientes do Estado. O Brasil faz parte dos sistemas romano-
germânico, que adota a estrutura jurídica Civil Law.
Lei – sistema Civil Law – fonte direta e mais importante – sistema romano-germânico
b) Tratados internacionais: são acordos resultantes da convergência das vontades de dois ou mais
sujeitos de direito internacional, formalizada num texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos
jurídicos no plano internacional.
Os tratados internacionais, em regra, tem status de lei ordinária, contudo, com o advento da EC
45/04, o tratado internacional que trata de direitos humanos, “que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais” (Art. 5º CR/88 - 3º da CR/88).
Obs: O substantivo jurisprudência é um coletivo. Desse modo, não há que se entender que um
acórdão ou uma sentença seja jurisprudência; fazem parte da jurisprudência.
Cuida-se do direito vivo; fenômeno absolutamente dinâmico, assim como a sociedade, em que os
vários institutos jurídicos trazem respostas diversas nos vários períodos da história. Assim, por
exemplo, a jurisprudência sobre matéria de posse ou propriedade do início do século XX é
totalmente diversa dos julgados do início do século XX.
No sistema do Common Law, os precedentes, o case study, têm função primária como fonte do
Direito. Ali, portanto, os exemplos dos julgados exercem função muito mais relevante.
Muito se critica a súmula vinculante, pois é entendida como um engessamento do Judiciário, além
do que, nem sempre estarão no mesmo sentido todos os julgados que se entendem idênticos e
repetitivos.
Se, por um lado, a súmula vinculante permite o julgamento rápido e simultâneo de centenas de
processos, por outro, corre-se o risco de se petrificar o poder interpretativo da jurisprudência,
principalmente dos juízes de primeiro grau, primeiros receptores das modificações sociais.
A função do juiz não é dar o Direito, não é criar o Direito, mas sim interpretá-lo. Essas
interpretações podem trazer benefícios para a compreensão do ordenamento jurídico, sendo,
portanto, fonte do Direito.
Para que o costume se converta em fonte do Direito, dois requisitos são enunciados como
imprescindíveis:
Em que pese a prevalência da lei no nosso sistema, o costume continua desempenhando papel
importante, principalmente porque a lei não tem condições de predeterminar todas as condutas e
todos os fenômenos.
Não se pode negar que o costume possui a grande vantagem de assimilar perfeitamente as
necessidades sociais, algo que nem sempre o legislador logra conseguir. O costume tem sua razão
de ser justamente em sua espontaneidade brotada da sociedade, o que não ocorre comumente na
lei.
Para ser aceito exige-se que o costume tenha amplitude, isto é, que seja geral e largamente
disseminado no meio social. Não é necessário, porém, que a sociedade como um todo tenha dele
consciência. O costume pode ser setorizado. Seu maior campo de atuação é, sem dúvida, o direito
comercial (empresarial), com suas práticas, quase todas elas de origem costumeira.
Enfim, para ser considerado costume é fundamental que ocorra uma prática constante e
repetitiva, durante prazo longo de tempo. O costume leva tempo e instala-se quase
imperceptivelmente no seio da sociedade.
ESPÉCIES DE COSTUMES:
secundum legem: O costume segundo a lei, já foi transformado em lei e, portanto, deixou
de ser costume propriamente dito. Para alguns, não existe essa categoria, pois se lei existe,
costume não há. Segundo outros essa modalidade se caracterizaria pelo fato de a própria
lei remeter sua interpretação ou compreensão aos costumes. Ex: art 13 do C/C – Salvo por
exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
praeter legem: além da lei. É exatamente aquele descrito no art. 4a da LINDB, que serve
para preencher as lacunas da lei: "Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito." Trata-se de um dos recursos
de que se serve o juiz quando a lei for omissa. A maioria dos sistemas de direito escrito tem
nos costumes sua principal fonte subsidiária. Ex: cachorro
contra legem: contra a lei, se opõe à lei. Denomina-se costume ab-rogatório, pois coloca a
lei à margem. Ex: a prática do adultério
O art. 337 do Código de Processo Civil determina que a parte que alegar direito costumeiro deverá
provar o teor e a vigência, se assim for determinado pelo juiz. Essa instabilidade é, de fato, como
vimos, o maior obstáculo para o costume imperar em nosso sistema.
Constitucional
Administrativo
Econômico Interno
Previdenciário
Processual Comercial/Empresarial
Militar
Engloba as normas jurídicas pertinentes à organização política do Estado nos seus elementos
fundamentais, definindo o regime político e a forma de Estado, colocando cada órgão substancial,
para fazer o que lhe é devido em relação ao cidadão, mediante o reconhecimento e garantia de
direitos fundamentais dos indivíduos.
O conjunto dessas normas está presente na Carta Magna do Estado, a constituição. Nesta,
apresentam-se dois tipos de normas: as que determinam como outras serão feitas, indicando os
limites e os processos de sua elaboração, e as que repercutem imediatamente sobre o
comportamento; estas últimas são constitucionais, não por sua matéria (que é dizer como devem
ser feitas as normas gerais), mas pela sua forma, porque estão submetidas a certas formalidades
de elaboração e de alteração.
O direito constitucional é a esfera da ordenação estatal que está intimamente relacionada com
todas as demais, por coordená-las, traçando-lhes o contorno periférico.
Disciplina a receita e a despesa pública. Para realizar os serviços públicos, o Estado necessita de
recursos financeiros, que são obtidos mediante cobrança de impostos, contribuições, taxas, bem
como por sua atividade empresarial. O movimento de arrecadação do dinheiro público e seu
emprego em obras e despesas gerais constituem o objeto do Direito Tributário.
É o ramo do Direito que disciplina as condutas humanas que podem por em risco a coexistência
dos indivíduos na sociedade. O Direito Penal vai regular essas condutas com base na proteção dos
princípios relacionados à vida, intimidade, propriedade, liberdade, enfim, princípios que devem
ser respeitados no convívio social.
Dessa forma, o Direito Penal vai descrever as condutas consideradas crimes (condutas mais
graves) e contravenções (condutas menos grave) e as respectivas penas cominadas. Vale dizer que
o Estado é o responsável pelo direito de punir, e o faz mediante critérios pré-estabelecidos, com o
intuito de desestimular os indivíduos a transgredirem as normas, e, também, de readaptar o
indivíduo ao convívio social.
Para definir o objeto de estudo desse ramo do Direito, primeiramente, é importante dizer que é o
Estado que detém o poder de aplicar o Direito, estabelecendo a ordem, aplicando as penalidades,
e solucionando os conflitos entre as partes, por meio de um processo judicial. Dessa forma, o
ramo em questão visa disciplinar de que forma isso vai se dar, estabelecendo princípios e regras a
serem previamente obedecidas, tanto pelo Estado, quanto pelas partes na disputa judicial. Assim a
função do Direito processual é organizar a forma de como o Estado vai prestar esse poder/dever
de julgar, e como as partes devem agir no enlace judicial.
É o conjunto de normas jurídicas destinadas a assegurar a realização dos fins das instituições
militares, cujo principal é a defesa armada da Pátria. As penais surgem com o Direito Penal Militar.
O direito militar, portanto, é bastante abrangente em suas ramificações, sendo possível distinguir
o direito penal militar, o direito processual penal militar, o direito administrativo militar, o direito
disciplinar militar, o direito previdenciário militar, além de outros que guardam pertinência com o
emprego de Forças Armadas na solução de conflitos armados, destacando-se, nesse ponto, o
direito internacional dos conflitos armados, também conhecido como direito internacional
humanitário.
1.2. DIREITO PÚBLICO EXTERNO
É o ramo do Direito voltado a disciplinar as relações entre os vários Estados, possuindo princípios e
diretrizes, que visam uma interação pacífica entre os Estados, tanto na esfera política, econômica,
social e cultural. Vale dizer que são criados organismos internacionais, tais como a ONU
(Organização das Nações Unidas) e a OMC (Organização Mundial do Comércio), para auxiliar na
descoberta de interesses comuns, e de que forma interação dos Estados vai se dar. Os
instrumentos dos acordos entre os Estados são denominados tratados.
Pertence ao Direito Privado por excelência, pois visa regular as relações dos indivíduos,
estabelecendo direitos e impondo obrigações. O Direito Civil atua em toda a vida do indivíduo,
pois disciplina todos os campos de interesses individuais. O Código Civil, ou seja, reunião de todas
as leis de Direito Civil, é estruturado em duas grandes partes: geral, que contém normas de caráter
abrangente, que servem a qualquer área do Direito Civil e parte especial, que trata dos assuntos
específicos. Na parte Geral encontram-se os livros que contém os temas relativos às pessoas, aos
bens e aos fatos jurídicos. Já a parte especial os livros são: obrigações, Direito de Empresa, Direito
das Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões e um livro complementar das disposições
finais e transitórias. Assim verifica-se que o Direito Civil abrange todas as área do relacionamento
humano, que serão objeto de estudo durante todo o Curso de Direito.
O direito comercial origina-se de um direito estatutário particular e consuetudinário, visto que não
veio de uma obra dos jurisconsultos nem dos legisladores, mas do trabalho dos comerciantes, que
o criaram com seus usos, estabelecendo seus estatutos ou regulamentos, pelos quais
disciplinavam a concorrência, asseguravam mercados aos comerciantes para as suas ofertas,
evitavam fraudes e garantiam a boa qualidade das mercadorias. O direito comercial constitui-se de
normas que gerem a atividade empresarial.
Destina-se à regular a situação do estrangeiro no território nacional, pois como o estrangeiro está
em local diferente do seu país de origem, haveria um conflito de leis a serem aplicadas no caso
concreto: usa-se a lei estrangeira, ou do local onde o indivíduo se encontra? Assim, a base do
Direito Internacional Privado seria regular essas relações e estabelecer diretrizes e normas,
dirigidas às autoridades para a resolução inerente a esses conflitos.
DIREITOS COLETIVOS
Direitos difusos;
Direitos coletivos “strictu sensu”;
Direitos individuais homogêneos.
CONCEITOS LEGAIS
(Art. 81, parágrafo único da Lei nº. 8078/90):
I - Direitos difusos são os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
II - Direitos coletivos são os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica
base.
III - Direitos individuais homogêneos são aqueles interesses ou direitos individuais que têm
origem comum
Os Direitos difusos são todos aqueles direitos que não podem ser atribuídos a um grupo
específico de pessoas, pois dizem respeito a toda a sociedade.
Por fim, essas pessoas devem estar ligadas por circunstâncias de fato (situação de fato); Ex:
pessoas que residem numa área que será inundada por uma hidrelétrica; habitar nas margens de
um rio onde são lançados produtos poluentes; os direitos ligados à área do meio ambiente têm
reflexo sobre toda a população, pois se ocorrer qualquer dano ou mesmo um benefício ao meio
ambiente, este afetará, direta ou indiretamente, a qualidade de vida de toda a população.
Outro exemplo de direito difuso: veiculação, num canal de televisão de grande alcance, de uma
publicidade enganosa. Todos aquelas pessoas indeterminadas que viram a publicidade foram
atingidos por ela. É um interesse indivisível, cujos titulares são ligados por uma circunstância
fática.
Sendo assim, pode-se afirmar que a titularidade dos direitos difusos é indeterminável. Não podem
eles ser identificados, sequer, a um grupo, categoria ou classe de pessoas, pertencem a todos os
indivíduos, indistintamente.
Desse modo, se o Estado não adotar medidas concretas para assegurar a inviolabilidade do direito
à segurança da sociedade poderá ser demandado para esse fim, sendo "admissíveis todas as
espécies de ações capazes de proporcionar sua adequada e efetiva tutela" (art. 83 CDC).
Ex: direito dos advogados de não recolher o COFINS; STJ decidiu pela proibição de cobrança
unilateral do serviço de “proteção adicional” aos proprietários de cartão de crédito. Neste caso, os
liames entre as pessoas são jurídicos.
Ex: São direitos individuais que, no caso do sindicato, são defendidos de forma coletiva, conforme
autorizado pelo dispositivo constitucional (artigo 8, III, da CF/88). Admite-se, portanto, a
substituição processual de forma ampla, limitada a direitos homogêneos.
Outro exemplo é dos compradores de veículos produzidos com o mesmo defeito de série. Sem
dúvida, há uma relação jurídica comum subjacente entre os consumidores, mas o que os liga no
prejuízo sofrido não é a relação jurídica em si (como ocorre quando se trata de interesses
coletivos), mas sim é antes o fato de que compraram carros do mesmo lote produzido com o
defeito em série (interesses individuais homogêneos)".
DIREITOS TITULARIDADE RELAÇÃO - LIAME
PRINCÍPIOS JURÍDICOS
Os princípios e as regras são normas porque ambos dizem o que deve ser. Contudo, há
alguns critérios utilizados pelos estudiosos, a fim de distingui-los. Um desses critérios é o da
generalidade: os princípios são normas de um grau de generalidade alto e as regras, de nível
relativamente baixo de generalidade.
Canotilho sugere os seguintes critérios para diferenciar princípios e regras:
Como se observa, os princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior
medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. Enquanto que as regras
jurídicas são normas jurídicas que só podem ser cumpridas ou não. São determinações.
Pode-se afirmar que os princípios assumem o papel de condutor dos valores a serem
concretizados e estes valores expressam conceitos abstratos, gerais, transsubjetivos e comuns a
todos os homens. A transposição dos valores para o mundo do dever ser (direito) se dá por meio
dos princípios, normas igualmente abstratas, que respeitam a dimensão axiológica do
ordenamento jurídico, vinculada ao ideal de justiça aspirado por determinada sociedade.
Os princípios são normas jurídicas tradutoras dos valores abstratos que qualificam
juridicamente a própria realidade, indicando qual o caminho os operadores do direito devem
seguir em busca de otimização e concretização os valores de todo o ordenamento jurídico.
Os princípios, em suma, assumem a roupagem de diretrizes gerais de um ordenamento
jurídico (ou de parte dele). Seu espectro de incidência é muito mais amplo que o das regras.
Entre eles pode haver colisão, não conflito. Quando colidem, não se excluem. Como mandados
de otimização que são (Alexy), sempre podem ter incidência em casos concretos (às vezes,
concomitantemente dois ou mais deles).
De qualquer modo, parece certo que cada um deles possui sua força, seu peso e sua
relevância. Há hierarquia axiológica entre eles, que deve ser apurada e valorada concretamente.
Os princípios da privacidade e da intimidade, da preservação da integridade física etc. são
relevantes, mas em algumas situações probatórias eles sucumbem diante do princípio da
segurança ou da persecução penal (possibilitando ao juiz determinar a realização de uma prova,
mesmo contra a vontade do réu. Por exemplo, quando o agente está portando droga no
estômago).
COLISÃO DE PRINCÍPIOS: as regras (normalmente) disciplinam uma situação determinada;
quando ocorre essa situação, a norma tem incidência; quando não ocorre, não tem incidência.
Para as regras vale a lógica do tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em
conflito; ao caso concreto uma só será aplicável (uma afasta a aplicação da outra). O conflito entre
regras deve ser resolvido pelos meios clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei geral
(princípio da especialidade), a lei posterior afasta a anterior (princípio da posterioridade), a norma
superior prepondera sobre a norma inferior (princípio da hierarquia).
Muitas vezes, é um princípio que entra em ação para resolver o conflito entre duas regras.
Por exemplo: o art. 2º, 2º da Lei 9.613/1998 (lei de lavagem de capitais), que dispensa a aplicação
do art. 366 do CPP (que manda suspender o processo quando o réu é citado por edital), conflita
com o art. 4º, 3º, da mesma lei, que manda aplicar o referido art. 366. Esse conflito se resolve (em
favor do art. 4º, 3º) pela aplicação do princípio da ampla defesa (aplica-se a norma mais favorável
à defesa).
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS:
Esse é o princípio que garante a justiça o contraste entre as partes, a chance de provar a
verdade e praticar o real exercício do direito. O juiz deve dispor esses meios às partes e
participar da preparação do julgamento a ser feito, exercendo ele próprio o contraditório.
Ex: o contraditório pode ser obstado quando o réu não é citado ou intimado de algum ato
processual praticado pela outra parte.
f) Principio da Dignidade da Pessoa Humana: A dignidade da pessoa humana é um valor
supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o
direito à vida.
g) Princípio da Proporcionalidade: tem a ver com a adequação, exigibilidade e
proporcionalidade. A proporcionalidade serve como parâmetro de controle da
constitucionalidade das regras restritivas de direitos fundamentais. Também atua na
solução dos conflitos entre os princípios da constituição. A adequação exige medidas
interventivas. O meio escolhido se presta para alcançar o fim estabelecido, assim,
mostrando-se adequado.
NORMA JURÍDICA:
b) Quanto à hierarquia:
Assim, qualquer norma jurídica de categoria diversa, anterior ou posterior à constitucional, não
terá validade caso contrarie as disposições desta.
Em terceiro plano: as normas ordinárias, que se localizam nas leis, medidas provisórias, leis
delegadas.
Normas individualizadas, denominação e espécie sugeridas por Merkel para a grande variedade
dos atos jurídicos: testamentos, sentenças judiciais; contratos etc.
Espécies normativas:
Emendas à Constituição (art. 59, I da CF):
Leis complementares (art. 59, II da CF).
Leis ordinárias (art. 59, III da CF).
Leis delegadas (art. 59, IV da CF).
Medidas Provisórias (art. 59, V da CF).
Decretos legislativos (art. 59, VI da CF).
Resoluções (art. 59, VII da CF).
LEI COMPLEMENTAR
Quando o constituinte quer se referir a uma lei complementar, traz no texto a expressão “lei
complementar”. Ex: Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e
consolidação das leis (art. 59, parágrafo único da CF).
3. Quórum: As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta de seus membros
(art. 69 da CF). Maioria absoluta refere-se aos membros integrantes da casa.
Se lei ordinária tratar de matéria reservada a lei complementar, haverá uma inconstitucionalidade
formal. Entretanto, se uma lei complementar tratar de matéria reservada a lei ordinária não
haverá invalidade, sendo apenas considerada como lei ordinária.
LEI ORDINÁRIA
1. Conceito: É a espécie normativa utilizada nas matérias em que não cabe lei complementar,
decreto legislativo e resolução. Assim, o campo material das leis ordinárias é residual.
O texto constitucional se refere à lei ordinária apenas como lei, sem a utilização do adjetivo
“ordinária”, visto que este está implícito. Mas quando quer diferenciá-la de outra espécie
normativa, normalmente traz a expressão “lei ordinária”. Ex: “A iniciativa de leis complementares
e ordinárias ...” (art. 61 da CF). Pode ainda utilizar a expressão “lei especial”. Ex: “esses crimes
serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento” (art. 85,
parágrafo único da CF).
Embora o constituinte apenas a mencione como lei, não podemos nos esquecer de que o nome
dessa espécie normativa no próprio texto constitucional é lei ordinária (art. 59 da CF).
3. Quórum: As leis ordinárias serão aprovadas por maioria simples (relativa) de seus membros.
Maioria relativa refere-se ao número de presentes na sessão ou reunião.
LEI DELEGADA
2. Procedimento:
1. Conceito: não possui natureza jurídica de lei, sendo apenas dotada de força de lei. Embora
seja um ato sob condição (condição de ser um dia aprovado pelo Congresso Nacional), é vigente e
eficaz.
2. Pressupostos de admissibilidade:
Tendo em vista que toda matéria que deva ser tratada por meio de lei é matéria relevante, na
medida provisória a matéria deve ser extraordinariamente relevante. Além de ser relevante, tem
que ser também urgente mais urgente que o procedimento abreviado.
Segundo o Supremo Tribunal Federal, pode ser editada medida provisória pelo Governador do
Estado desde que exista previsão na Constituição Estadual. Os únicos Estados que colocaram essa
previsão foram: Tocantins, Santa Catarina e Acre.
Pelo principio da simetria, é possível a edição de medida provisória municipal naqueles três
Estados. Alguns autores sustentam que ainda só seria possível se a Lei orgânica dos Municípios
daquele estado trouxesse a previsão. Outros dizem que não pode em nenhuma circunstância, pois
os conceitos de relevância e urgência seriam incompatíveis com a limitação territorial de eficácia
de uma lei municipal.
DECRETO LEGISLATIVO
As regras sobre seu procedimento não estão previstas na Constituição Federal, mas sim no
regimento interno.
RESOLUÇÃO
Formação da Lei:
Processo Legislativo:
1. Conceito:
Processo legislativo é o conjunto de disposições que disciplinam o procedimento a ser
observado pelos órgãos competentes na elaboração das espécies normativas (art. 59 da CF).
Na esfera federal, dispõe o Presidente do prazo de quinze dias para sancionar ou vetar o
projeto.
Na hipótese de veto, o Congresso Nacional - as duas Casas reunidas - disporá de trinta dias
para a sua apreciação. Para que o veto seja rejeitado é necessário o voto da maioria absoluta dos
deputados e senadores, em escrutínio secreto.
Prazo: 48 horas – Caso o Presidente não promulgue o Presidente do Senado Federal o fará
no mesmo prazo, depois o Vice-presidente do SF
- Publicação: A publicação é indispensável para que a lei entre em vigor e deverá ser feita
por órgão oficial. O início de vigência pode dar-se com a publicação ou decorrida a vacatio legis,
que é o tempo que medeia entre a publicação e o início de vigência.
- Vacatio legis: que é o tempo que medeia entre a publicação e o início de vigência.
VIGÊNCIA DA NORMA
Art. 1º da LINDB: Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta
e cinco dias depois de oficialmente publicada.
IMPORTANTE:
Vacatio legis: tempo (interstício temporal) que intermedeia a publicação e a vigência, ou seja,
intervalo entre a publicação e a vigência de uma lei.
Lei Brasileira: 45 dias
Lei Estrangeira: 3 meses
Para que a norma possa ter vigência de fato se faz necessário passar por seis etapas:
iniciativa, discussão, deliberação, sanção, promulgação e publicação.
A publicação é indispensável para que a lei entre em vigor e deverá ser feita por órgão
oficial. O início de vigência pode dar-se com a publicação ou decorrida a vacatio legis, que é o
tempo que medeia entre a publicação e o início de vigência.
Portanto, com a promulgação (declaração de existência da Lei), a lei passa a existir, mas o
início de sua vigência é condicionado pela chamada vacatio legis. Pelo sistema brasileiro, a lei
entra em vigor em todo o País quarenta e cinco dias após a sua publicação. Esse prazo é apenas
uma regra geral, aplicada quando a lei é silente.
Contudo, conforme a natureza da lei, o legislador pode optar por um interregno diferente ou
até suprimi-lo. Quando a aplicação da lei brasileira for admitida no estrangeiro, a vacatio legis será
de três meses.
IMPORTANTE:
Vigência: a norma começa a existir com obrigatoriedade. A vigência é o tempo em que a lei
existe, é válida e produz efeitos. O Código Civil de 1916 não é mais vigente, mas está em vigor.
Trata-se do instituto da ultratividade normativa.
Vigor: consiste na força vinculante da norma jurídica – a norma gera direitos e deveres. Vigor é a
qualidade da lei em produzir efeitos jurídicos, ainda que a lei tenha sido revogada.
Art. 2o DA LINDB: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
IMPORTANTE:
Revogação Total: Ab-rogação
Revogação Parcial: Derrogação
Revogação expressa: ocorre quando a lei nova determina especificamente a revogação da lei
anterior.
a) quando a lei nova dispõe de maneira diferente sobre assunto contido em lei anterior,
estabelecendo-se assim um conflito entre as duas ordenações. Este critério de revogação
decorre do axioma lex posterior derogat priorem (a lei posterior revoga a anterior);
IMPORTANTE:
Repristinação: Restauração de uma norma revogada pela revogação da norma revogadora.
Quando uma lei revogadora perde a sua vigência, a lei anterior, por ela revogada recupera a sua
validade.
A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo se a lei nova
revogadora assim dispuser expressamente.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
IMPORTANTE:
Lei geral não revoga lei especial
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
IMPORTANTE:
Repristinação Só ocorre no Direito Brasileiro, se a lei revogadora expressamente assim
dispuser.
Portanto, em regra no Direito Brasileiro não há respristinação, salvo quando expresso em lei.
Princípio da Publicidade
A vigência da norma surge com a sua publicação no Diário Oficial, em tese, todos tomariam
conhecimento neste momento.
O texto estabelece um princípio segundo o qual as pessoas têm a obrigação de conhecer as
leis, pois ninguém poderá usar o desconhecimento da lei como desculpa. Por sinal, é um princípio
geral do Direito, ou seja, seria aplicado mesmo que não fosse explícito. Para o art. 21 do Código
Penal, o desconhecimento da lei é inescusável.
Esse princípio é necessário para proibir que uma pessoa apresente a própria ignorância
como razão de não cumprir a norma jurídica, o que retiraria a força de eficácia da lei e
comprometeria o ordenamento jurídico.
Irretroatividade da Lei - No momento em que a lei penetra no mundo jurídico, para reger a
vida social, deve atingir apenas os atos praticados na constância de sua vigência. O princípio da
irretroatividade da lei consiste na impossibilidade de um novo Direito atuar sobre fatos passados e
julgar velhos acontecimentos.
b) Fixar o seu alcance: significa delimitar o seu campo de incidência, é conhecer sobre que
fatos sociais e em que circunstâncias a norma jurídica tem aplicação.
Por exemplo, as normas trabalhistas contidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) se
aplicam apenas aos trabalhadores assalariados, isto é, que participam em uma relação de
emprego; e as normas contidas no Estatuto dos Funcionários Públicos da União têm o seu campo
de incidência limitado a estes funcionários.
c) Norma jurídica: falamos em norma jurídica como gênero, uma vez que não são apenas as
leis ou normas jurídicas legais que precisam ser interpretadas, embora sejam elas o objeto
principal da interpretação. Assim, todas as normas jurídicas podem ser objeto de interpretação: as
legais, as jurisdicionais (sentenças judiciais), as costumeiras e os negócios jurídicos.
Por fim, para fixar o sentido e o alcance da norma, o intérprete deve observar algumas
regras de interpretação, como observa Rizzatto Nunes, no seu Manual de introdução ao estudo
do direito:
Interpretação Gramatical: "É através das palavras da norma jurídica, nas suas funções sintática e
semântica, que o intérprete mantém o primeiro contato com o texto posto" (p. 262).
Interpretação Lógica: "A interpretação lógica leva em consideração os instrumentos fornecidos
pela lógica para o ato de intelecção, que, naturalmente, estão presentes no trabalho
interpretativo" (p. 265).
Interpretação Sistemática: "cabe ao intérprete levar em conta a norma jurídica inserida no
contexto maior de ordenamento jurídico. O intérprete, em função disso, deve dar atenção à
estrutura do sistema, isto é, aos comandos hierárquicos, à coerência das combinações entre as
normas e à unidade enquanto conjunto normativo global". "A interpretação sistemática leva em
conta, também, a estrutura do sistema jurídico: a hierarquia, a coesão e a unidade" (p. 269).
Interpretação Teleológica: “ quando considera os fins aos quais a norma jurídica se dirige”.
Interpretação Histórica: "é a que se preocupa em investigar os antecedentes da norma" (p. 272)
Autêntica: quando emana do próprio poder que fez o ato cujo sentido e alcance ela declara.
Assim, p. ex., o Regulamento pode esclarecer o sentido da lei e completá-lo, mas não tem o
valor de interpretação autêntica a oferecida por aquele, ou por qualquer outro ato ministerial
como uma portaria, uma vez que não decorrem do mesmo poder.
Judicial: é a resultante das decisões prolatadas pela Justiça. Aquela realizada pelos juízes ao
sentenciar, encontrando-se presente nas Sentenças, nos Acórdãos e nas Súmulas dos Tribunais.
Administrativa: aquela cuja fonte elaboradora é a própria Administração Pública, através de seus
órgãos e mediante pareceres, despachos, decisões, circulares, portarias etc.
Interpretação literal ou gramatical: exame do significado e alcance de cada uma das palavras da
norma jurídica; ela se baseia na análise das palavras da lei, para determinar o seu verdadeiro sentido;
Interpretação sistemática ou orgânica: analisa as leis de acordo com o Direito na sua totalidade
(sistema jurídico), confrontando-as com outras normas, com princípios e com valores prestigiados
pelo Estado;
Interpretação histórica: procura reconstruir e revelar o estado de espírito dos autores da lei, os
motivos que os levaram a fazê-la, a análise cuidadosa do projeto, com a sua exposição de motivos,
mensagens do órgão executivo, atas e informações, debates, etc. A interpretação histórica verifica a
relação da lei com o momento da sua edição (occasio legis – ocasião da lei);
Interpretação teleológica (ou finalidade): procura saber o fim social da lei, ou seja, a finalidade que
o legislador teve em vista na elaboração da lei. É a mais incentivada no Direito Brasileiro, conforme o
artigo 5º da Lei de Introdução LINDB: "na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum";
Interpretação restritiva: quando o intérprete restringe o sentido da norma ou limita sua incidência,
concluindo que o legislador escreveu mais do que realmente pretendia dizer.
Por exemplo, a lei diz “descendente”, quando na realidade queria dizer “filho”.
O CC/02 ordena que os negócios jurídicos benéficos e maléficos sejam interpretados restritivamente.
Interpretação extensiva: quando o intérprete conclui que o alcance da norma é mais amplo do que
indicam os seus termos. Nesse caso, diz-se que o legislador escreveu menos do que queria dizer, e o
intérprete, alargando o campo de incidência da norma, aplicá-la-á a determinadas situações não
previstas expressamente em sua letra, mas que nela se encontram, virtualmente, incluídas. É o
resultado do trabalho criador do interprete. É a revelação de algo implícito.
BOA-FÉ OBJETIVA: significa que todos devem agir com honestidade e probidade.
Analogia iuris: a relação de semelhança toma por base um caso concreto julgado pelo Judiciário.
Equidade: é a justiça do caso particular ou abrandamento dos rigores da lei. O juiz, utilizando-se
do seu senso comum, fará análise do caso concreto e decidirá de acordo com o que ele acha justo,
mas nunca contrário à lei.
É forma de manifestação de justiça que tem o condão de atenuar, amenizar, dignificar a regra
jurídica. Como lembram Stolze Gagliano e Pamplona Filho (2002:25), a equidade, na concepção
aristotélica, é a "justiça do caso concreto".
A regra jurídica é geral e, em determinadas situações, pode não atender aos ideais de justiça no
caso concreto. O conceito de equidade interliga-se ao conceito do próprio Direito, uma vez que
enquanto o Direito regula a sociedade com normas gerais do justo e do equitativo, a equidade
procura adaptar essas normas a um caso concreto.
Com base nas concepções de Platão e de Aristóteles, uma definição formal de Justiça foi feita por
Ulpiano: é a vontade constante e perpétua da dar a cada um o seu direito.
A máxima é antiga, mas plenamente atual. O conteúdo que será atribuído a cada um é que varia
de acordo com o tempo e o espaço. A ideia de justiça não é pertinente apenas ao Direito. A Moral,
a Religião e algumas Regras de Trato Social preocupam-se também com as ações justas.
A ideia de justiça faz parte da essência do Direito. Para que a ordem jurídica seja legítima, é
indispensável que seja a expressão da justiça. A justiça se torna viva no Direito quando deixa de
ser apenas ideia e se incorpora às leis. Ao estabelecer em leis os critérios da justiça, o legislador
deverá basear-se em uma fonte irradiadora de princípios.
Daí poderia concluir que hoje, na chamada pós-modernidade, estamos na era de acreditar que o
direito natural vem manifestado nos princípios que permeiam toda a Constituição Brasileira.
CLASSIFICAÇÃO DA JUSTIÇA
Justiça Distributiva: Estado - repartição dos bens e dos encargos aos membros da sociedade –
critério igualdade proporcional ao grau de necessidade da pessoa.
Justiça Distributiva - Esta espécie apresenta o Estado como agente, a quem compete a repartição
dos bens e dos encargos aos membros da sociedade. Ao ministrar ensino gratuito, prestar
assistência médico-hospitalar, efetuar doação à entidade cultural ou beneficente, o Estado
desenvolve a justiça distributiva.
Justiça Comutativa - a forma de justiça que preside às relações de troca entre os particulares. O
critério que adota é o da igualdade quantitativa, para que haja correspondência entre o quinhão
que uma parte dá e o que recebe.
Justiça Geral – ou legal. Geralmente imposta por lei. Consiste na contribuição dos membros da
comunidade para o bem comum. Os indivíduos colaboram na medida de suas possibilidades,
pagando impostos, prestando o serviço militar etc. Ex: CPMF – imposto, a princípio criado para
saúde.
BANDEIRA DE MELO, Celso Antônio Curso de Direito Administrativo, 18. ed. São Paulo. Malheiros,
2005, p. 530-902.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 15 ed. São Paulo: Saraiva,
2003.
ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de Princípios Constitucionais. Revista dos Tribunais, São Paulo,
1999, p. 65
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio, Introdução ao estudo do direito, 4 ed., São Paulo: Atlas, 2003.
NADER, Paulo, Introdução ao estudo do direito, 24 ed. atual. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
TÍTULO I
Da posse
CAPÍTULO I
Da Posse e sua Classificação
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum
dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em
relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela
atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição
da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em
contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi
adquirida.
CAPÍTULO II
Da Aquisição da Posse
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos
caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor
singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a
sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele
estiverem.
CAPÍTULO III
Dos Efeitos da Posse
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
o
§ 1 O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse.
o
§ 2 Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro
direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que
tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que
recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo
quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o
houve.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois
de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com
antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados;
os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como
pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito
às despesas da produção e custeio.
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der
causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que
acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo
da evicção ainda existirem. (Vide Decreto-lei nº 4.037, de 1942)
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito
de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
CAPÍTULO IV
Da Perda da Posse
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o
bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo
notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
TÍTULO II
Dos Direitos Reais
CAPÍTULO ÚNICO
Disposições Gerais
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de
2007)
XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 700, de
2015) Vigência encerrada
XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 759. de 2016)
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e respectiva cessão e promessa de cessão.
(Incluído pela Medida Provisória nº 700, de 2015) Vigência encerrada
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo
os casos expressos neste Código.