Você está na página 1de 11

Integrantes do grupo:

1-Abraão Mântua

2- Alberto Tchimuco

3- Aldina Catindi

4- Aliny Freire

5- André Gabriel

6- António Quessongo

7- Arleth Quintas

1
NTRODUÇÃO

Jamais o homem deixou de se questionar: por que devemos obedecer à lei? Em que se
fundamenta a obrigatoriedade do Direito? Trata-se do problema da justificação das leis, que
desde a Antiguidade, nunca deixou de preocupar o homen que não renúncia à ideia de um
Direito justo, onde preocura um sentido para a sua vida.1
Para responder a este problema levantaram-se várias correntes que têm marcado o
pensamento jurídico: o Jusnaturalista e o Juspositivista.

Baseamo-nos apenas no método de consulta bibliográfica, assente numa consulta de


autores que abordaram sobre o tema, e procurámos perseguir os seguintes objectivos:

 Conceituar o Jusnaturalismo;
 Apresentar as concepções dessa matéria ao longo da História;
 Citar a sua função;
 Mostrar as críticas que ele sofre/sofreu.

O que é o Jusnaturalismo? Quais foram as suas concepções ao longo da História?


Qual foi a sua função? Qual é a sua função? Quais as críticas que o jusnaturalismo
sofre?

Essas e, eventualmente, outras questões serão respondidas nas páginas que se seguem.

1
A. Santos Justo 9, Introdução ao Estudo do Direito,pág 95

2
1.1-Considerações geraís

Desde a Antiguidade que existe uma tradição milenar que considera que há uma lei
superior à vontade humana que fundamenta o Direito positivo e a quem o Poder ( Estado)
deve obediência. Esses ideais e princípios de Direito natural seriam normas absolutas dotadas
de validade universal e eterna em relação a todas as sociedades humanas.

O Direito natural determinaria, de acordo com a natureza das coisas- Lei Natural – os
fins essenciais que o Homem deve seguir na sua acção para atingir o seu aperfeiçoamento
espiritual e, assim, alcançar o fim último da sua existência na Terra.

A Lei Natural seria, pois, a ordenação racional da conduta humana, de acordo com a
natureza das coisas, teria origem divina e, portanto, corresponderia aos desígnios
determinados por Deus ao Homem de acordo com a Lei Divina.

Assim, o Direito natural tem por função dar legitimidade ao Direito positivo-
ordenamento jurídico- e ,por sua vez, esse ordenamento, para ser respeitado por todos como
válido, deve conformar-se com os princípios de Direito natural, isto porque , na sua tarefa de
ordenação da conduta social do Homem , às normas jurídicas não basta estarem em vigor, têm
de ter validade axiológica (legitimidade).

Segundo Rocha, Batalhão & Duarte (2012, pp 83-86), o Direito natural pode ser
entendido como:

 Aquilo que é devido como justo em virtude da natureza das coisas ( lei
natural);
 As normas jurídicas emanadas da vontade divina;
 Os direitos subjectivos que todos os homens enquanto pessoas devem desfrutar
( Direitos Fundamentais, Direitos Humanos). Porém ao longo dos tempos têm
sido atribuídos vários significados ao Direito natural. Cumpre-nos , agora,
apresentar algumas doutrinas sobre estea matéria.
Jusnaturalismo

Corresponde à doutrina tradicional que atribui ao Direito e à Lei uma origem divina.
Esta corrente de pensamento jurídico surgiu com a filosofia grega na qua o Direito é referido
a uma ordem cósmica permanente e imutável e foi desenvolvida com o contributo dos

3
jurisconsultos romanos que criaram a primeira divisão entre Direito positivo ( ius civile-
direito próprio das civitas ) e o Direito natural (ius gentium- direito natural e comum a todos
os povos em todos os tempos). O impulso que se segue nesta doutrina foi dado pelo
Cristianismo ao consagrar o respeito pela dignidade da pessoa humana como primeiro valor
da Humanidade.

 A escolástica

Foi com S.Tomás de Aquino que o conceito de Direito natural surgiu com uma
vertente prática. O ius naturalis para este pensador era entendido no sentido do que é
devido a cada um como justo em virtude da natureza das coisas . No desenvolvimento
da teoria da Lei Natural, caracteriza-se como a participação da Lei Divina na criação
da lei humana.

 Jusnaturalismo racionalista

Entre os séculos XVI e XVIII, o Direito natural conheceu novos desenvolvimentos. A


escola moderna (racionalista) do Direito natural com pensadores como Hugo Grócio,
Pufendorf, Hobbes, Locke, entre outros, desligou-se , progressivamente, dos fundamentos
teológicos e ontológicos do Direito natural e construiu a doutrina do Direito natural a partir
do uso da razão . Assim, o Direito natural deixa de ter origem divina para ter origem racional.

Grócio afirma que o Direito natural não se funda na existência de Deus, pois o Direito
natural subsistiria mesmo que Ele não existisse. De acordo com este pensador, o Direito
natural funda-se na razão humana.

 Escola histórica do Direito natural

A Escola histórica surgiu por oposição ao racionalismo moderno nos princípios do


séc. XIX. O grande jurisconsulto alemão Savigny foi o seu maior impulsionador. Esta escola
defendia que o Direito não era imutável e eterno mas devia ser o produto espontâneo do
espírito do povo, que se exprime pelo costume e tradição de cada povo.

Assim, o Direito natural seria o produto da história dos povos e, por isso, variável, de
acordo com os tempos e lugares em que diferentes povos se encontram.

 A Génese dos Direitos do Homem

4
A ideia dos Direitos do Homem remonta à Grécia Antiga onde os estóicos formulavam
os princípios da dignidade e igualdade da pessoa humana, numa sociedade em que a
escravatura era ainda aceite pela consciência ética colectiva.

Mais tarde o Cristianismo reforçou a ideia de dignidade da pessoa humana com


recurso à ordem divina. Assim, seria só na Idade Moderna que se reconheceria o
Homem como sujeito de direito fundados na Razão e na Justiça.

1.1.1. Conceito

O pensamento Jusnaturalista fundamenta o direito positivo num direito superior: o


Direito Natural.
Não é fácil defini-lo, desde logo, porque o conceito fundamental de natureza, em que
se apoia, suscita grandes difílcudades que dão lugar a muitas versões e equívocos. Entretanto,
apresentámos alguns autores que abordaram sobre a matéria:
Para Miguel Reale (2012, p.) o Jusnaturalismo é realização da ordem social justa. Para
Soares Martinez, fide Santos Justo (2012, P.96) o Jusnaturalismo é um ordenamento de raíz
ética que a razão retira duma ordem objectiva inserida nas coisas e no homen.
Para Reale (2012, p.221) a ideia de um Direito Natural é muito antiga. Nós a encontramos
nas manifestações mais remotas da civilização ocidental a respeito do problema da lei e da
justiça, o mesmo ocorrendo na cultura do Oriente.
O Direito natural é o direito justo por excelência, fundado na natureza humana e que
tem origem na vontade divina. Rocha, Batalhão & Duarte (2012, pp.83-89).
Direito natural ou jusnaturalismo é uma teoria que procura fundamentar o Direito do
bom senso, na racionalidade, na equidade, na igualdade, na justiça e no pragmatismo. Ela não
se propõe a uma descrição de assuntos humanos por meio de uma teoria; tampouco procura
alcançar o patamar de ciência social descritiva (https://www.jusbrasil.com.br.).

Ela é uma corrente de pensamento jusfilosófico que não reconhece no Estado a única
fonte de direito, mas antes uma fonte que precede e permite qualifica-lo como justo ou injusto
e o Direito Natural como essa ordem jurídica que precede e é superior ao Direito emanado do
Estado, chamado Direito Positivo.( https://www.revistajuridicas.pgsscogna.com.br.)

Também é entendida como todos os princípios , normas e direitos que se têm como
ideia universal e imutável de justiça e independente da vontade humana.

5
De acordo com essa teoria, o direito é algo natural e anterior ao ser humano, devendo
seguir sempre aquilo que condiz aos valores da humanidade, por exemplo, direito à vida, à
liberdade, à dignidade, etc , e ao ideal de justiça.
Ao contrário do jusnaturalismo, o juspositivo ( Direito Positivo) admite o direito
estabelecido pelo Estado. Neste caso, são formadas as leis que regulamentam as questões
intrínsecas de determinada sociedade. O Direito Positivo,neste caso, pode variar de sociedade
para sociedade e costuma a sofrer alterações ao longo do tempo.
No entanto, actualmente, as leis baseadas no Direito Positivo são subordinadas ao
princípios ditados pelo jusnaturalismo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um
exemplo adequado.

Assim, podemos agrupar as doutrinas Jusnaturalistas em dois grupos ou concepções: o


Jusnaturalismo transcendente e o Jusnaturalismo racionalista. Aquele atribui a Deus a
criação do Direito Natural: Deus inseriu-o na natureza das coisas, na natureza do homen ou na
lei eterna. O Jusnaturalismo racionalista dispensa Deus e fundamenta o Direito Natural na
razão humana.

1.2-Concepções

1.2.1-Jusnaturalismo transcendente

1.2.1.1-Jusnaturalismo greco-romano

Na Grécia, destacaram-se duas concepções diferentes: [2]


1. A concepção revolucionária dos sofistas que, agonizados com o tratamento desigual
que a polis lhes dispensava, criaram o Direito Natural que se baseia fundamentalmente
na natureza humana, onde enfatizavam a igualdade e liberdade do homen.
2. A concepção conservadora, A ideia de Direito Natural brilha de maneira
extraordinária no pensamento de Sócrates para passar pelo pensamento platônico e
adquirir plenitude sistemática no pensamento de Aristóteles, ordenando-se segundo
estruturas lógicas ajustadas ao real. Seu conceito de lei natural, como expressão da
natureza das coisas, não se esfuma em fórmulas vazias, mas tem a força de uma forma
lógica adequada às constantes da vida prática. Sendo expressão da natureza humana, o
Direito Natural é igual para todos os homens, não sendo um para os civilizados
atenienses e outro para os bárbaros. Há, na natureza, uma harmonia que a rege. O justo
por natureza está esculpido na consciência dos homens, a quem cabe observar e

2
A. Satos Justo, Introdução ao Estudo do Direito, pág 97-98

6
descobrir que devem disciplinar a vida familiar, social e política. Estes filósofos
invocaram o Direito Natural para defender a ordem estabelecida; por isso, é um direito
conservador.
É de realçar ainda a visão dos filósofos estoicos, os quais tendo a mesma visão dos
conservadores, não fazerem qualquer distinção entre lei natural e lei racional. Seguir a
natureza é o primeiro dever do homem, pois equivale a viver segundo a razão. A doutrina
estóica tem, para nós juristas, uma significação especial, por ter exercido imensa influência
sobre os juristas romanos. O jurisconsulto Ulpiano concebeu o jus naturale como sendo
aquele que a natureza ensinou a todos os animais (quod natura omnia animalia docuit).
No que se refere ao Direito Natural em Roma mister é lembrar a obra de Cícero, que faz a
apologia da lei natural, que não precisa ser promulgada pelo legislador para ter validade. É ela
que, ao contrário, confere legitimidade ética aos preceitos da lei positiva.

1.2.1.2-Jusnaturalismo mediaval

Na idade Média, a Filosofia e a Teologia católicas recolheram a crença jusnaturalista


greco-romana a partir da Epístola de SÃO PAULO aos Romanos, cujos versículos 14 e 15 do
capítulo II foram considerados a Magna Carta do jusnaturalismo Cristão.3
O Direito Natural, acorde com a doutrina de Santo Tomás de Aquino, repete, no plano
da experiência social, a mesma exigência de ordem racional que Deus estabelece no universo,
o qual não é um caos, mas um cosmos. À luz dessa concepção, a lei positiva, estabelecido
pela autoridade humana competente, deve se subordinar à lei natural, que independe do
legislador terreno e se impõe a ele como um conjunto de imperativos éticos indeclináveis, dos
quais se inferem outros ajustáveis às múltiplas circunstâncias sociais. Desse modo, haveria
duas ordens de leis, uma dotada de validade em si e por si (a do Direito Natural) e outra de
validade subordinada e contingente (a do Direito Positivo).
A razão descobre, na natureza humana, as tendencias básicas de que deduzirá as
normas (mandatos e proibições) do Direito Natural. SÃO TOMÁS considera fundamentais as
seguintes tendências:
1. À conservação da vida humana. Dela, a razão deduz os preceitos que defendem
a vida, como a norma que proibe o homicídio;
2. à conservação da espécie. Desta tendencia deduzen-se os preceitos relativos a
proibição e as relações familiares;

3
Ibidem 99

7
3. ao conhecimento da verdade e à vivencia em sociedade. Daqui deduzen-se as
normas relativas à perfeição intelectual do homem e às relações entre a
autoridade e os súbditos.
Ainda segundo SÃO TOMÁS, a lei natural é constituída por preceitos:
1. primários: são claros e tão evidentes que basta uma pequena reflexão para que sejam
conhecidos. Constituem as leis ou princípios geraís que fundamentam a ordem social.
2. Secundários: derivam dos preceitos primários e admitem restrições e exepções
consoante as diversas circunstâncias em que a vida decorre. O seu conhecimento exige
uma maior reflexão.

1.2.1.3-Escola Espanhola do Direito Natural

Também conhecida como Neo-Escolástica. Os Autores defendiam a tese


intelectualista de SÃO TOMÁS, sustentando que a vontade é cega e pertence a razão ordenar
e dirigi-la.

1.2.2-Jusnaturalismo racionalista

Surge rapidamente um novo sistema que dispensa Deus: a razão humana ocupou o
lugar de Deus e constrói um Direito Natural essencialmente laico a partir da natureza racional
do homen.
O Direito é numa linha diversa que se desenvolve a teoria transcendental do Direito
Natural, a qual se distingue da anterior por só admiti-lo em função da experiência histórica.
Essa concepção é, em geral, aceita por juristas que partem de Kant, para quem todas as formas
de experiência são condicionadas por certas formas e conceitos (categorias) que tornam a
mesma experiência possível. Essa é a posição, por exemplo, de jusfilósofos como Stammler e
Del Vecchio, cujos ensinamentos tiveram grande voga na primeira metade do século XX.

2.1-Funções

Na Grécia, o Direito Natural desempenhou duas funções: a revolucionária dos sofistas;


e a conservadora de Aristóteles. Os sofistas a usaram para pôr fim ao carácter arbitrário do
Estado, proclamar a liberdade e igualdade dos homens e acusar as leis da polis de serem
instrumentos ao serviço dos interesses dos poderosos. Para a concepção Aristotélica, o Direito

8
Natural estabelece o sentido, o fim, a base ética normativa do direito positivo. Contudo, a
crença de que as leis humanas são tentativas da realização do Direito Natural transformou-o
num direito com tendência de justificar o direito positivo criado por um Estado que o
considerava virtuoso e grande educador do homem no sentido da moralidade e da justiça.
Em Roma, a lei natura está presente como norma na lei positiva e critério de
integração de lacunas; segundo Cícero também é o fundamento para recusa de prescrições
ditadas por tiranos.
Na Idade Média, o Direito Natural constitui o fundamento do direito positivo que, por
isso, lhe deve obedecer para não se transformar numa simples perversão normativa que, por
isso, não obriga.
Na Idade Moderna, o Direito Natural é ainda pensado como um direito que legitima e
serve de medida ao direito positivo. Porém, os dois direitos separam-se, desenvolvem-se
paralelamente e a função padrão vai se esbatendo até se considerar o Direito Natural
positivado nas Constituições e nos Códigos.
Por isso, só um Direito existe: o positivo.

3-Crítica

Para Kelsen (1990, p.14), nenhuma das numerosas teoriasde Direito Natural conseguiu
até agora definir o conteúdo dessa ordem justa de um modo que a ciência natural pode
determinar das leis da natureza ou a ciência jurídica, o conteúdo de uma ordem jurídica.
Aquilo que até agora tem sido proposto como Direito Natural ou justiça, consiste, na sua
maioria, de formúlas vázias, ‘a cada um o seu’, ou a tautologias sem sentido como imperativo
categórico. O imperetivo categórico não diz quais são os princípios que se queriam desejar
que fossem obrigatórios para todos os homens. O que é o certo? O que é o errado? Trata-se de
uma questão decissiva que permanece sem resposta.
Há, também, quem o considere uma pura moral, o reduza a uma metáfora ou a
simples reflexo do direito positivo numa época; quem entenda que a ideia de Direito Natural é
multívoca e responde à concepção do mundo de cada pensador.

9
Conclusão

Como dissemos no princípio, o nosso foco foi apresentar o conceito de jusnaturalismo,


as suas concepções, a sua função e a sua mudança ao longo da História.
Como grupo, apesar das mudanças que houve nessa doutrina, acreditamos que deixou
marca indelével na história e se repercute até hoje. Entendemos também que ela deu origem a
teoria do Direito Natural e abrange todas as normas que reflectem os direitos naturais do
homem enquanto pessoa humana.
A ideia de Direito Natural representa uma das constantes do pensamento do Ocidente.
Alteram-se os sistemas, mudam-se as doutrinas e os regimes políticos, e nem bem se
proclama que ele está morto, definitivamente morto, ressurge das cinzas com renovada
vitalidade. Pode-se contestar-lhe a existência como um Direito distinto do Direito Positivo,
mas o que se não pode negar é o papel que a sua ideia, ainda que ilusória, tem exercido e
continua exercendo no desenvolvimento da experiência jurídica, actuando ora como força
revolucionária, ora como factor de declarado conservantismo, tal a paradoxal plurivalência de
seu significado.

10
Bibliografia
Justo, A. Santos ( 2012) Introdução ao Estudo do Direito, 6ª, Coimbra Editora.

Kelsen, Hans,(2000) Teoria Geral do Estado e Do Direito, 3ª, São Paulo.

Reale, Miguel,( 2002) Lições preliminares de Direito, 26ª, Edição Revista.

Rocha, Isabel, Batalhão, J. Carlos, Vieira, F. Duarte, & Pimenta, G. Nuno (2012) Introdução
Ao Direito,10ª classe. Porto Editora. Portugal.

Consultas net gráficas:

https://www.jusbrasil.com.br.

https://www.revistajuridicas.pgsscogna.com.br.

https://www.revistas.unijui.edu.br.

11

Você também pode gostar