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Contudo ela foi levada pela idade média, tendo seu amparo com os
pensadores já ditos e com a consolidação do cristianismo como a religião
oficial do ocidente, no qual a “vontade de Deus” passou a ser considerado a
fonte do direito natural, reforçando o conceito de que o jusnaturalismo está
acima da lei, e se a lei for contrária, essa lei não pode ser considerada válida,
seguindo até a modernidade. Entretanto, antes mesmo, o jurista romano
Ulpiano (data aproximada de 150-223) afirmava que o direito natural é aquele
que a natureza nos ensinou (Ulpiano, 2010). Junto a isso, no século IV,
Agostinho de Hipona (354 – 430), chamado pelos católicos de Santo
Agostinho, havia tentando demonstrar que a “vontade de Deus” era igual a
“razão de Deus” por meio da sua constante busca na relação de razão e fé
(Agostinho, 1980, p. 395), persistindo no encontro da Verdade, através da
mutável e falível mente humana. Ademais, avançando até a Idade Moderna,
podemos observar a fundamentação do jusnaturalismo por vários autores,
dentre eles, vemos o pensamento de John Locke, como citado acima, e
considerado o “pai do liberalismo”. Ele acredita que existem certos direitos
individuais fundamentais que são tão importantes, como o direito natural a
vida, à liberdade e a propriedade, que nenhum governo, até mesmo
representativo ou democrático, pode anulálos (Locke, 2001, p. 149). Mais
ainda, ele alega que o direito à propriedade não é meramente uma criação do
Governo ou da Lei e sim um direito natural no sentido que é pré-político pois
“cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa” (Locke, 2001, p. 98),
ou seja, vincula aos seres humanos antes mesmo de o governo, de os
parlamentos e legislaturas criarem leis para definir direitos e garanti-los
(Locke, 2001, p. 106). O teórico vai dizer que esse seria o Estado da
Natureza, em que é um Estado de Liberdade (Locke, 2001, p. 83).
Dessa forma os direitos naturais não são dos seres humanos estritamente, e
sim de Deus, que possui um direito de propriedade prévio sobre nós.
É a ideia de que nossos direitos naturais sejam inalienáveis, ou seja, que não
pode transferi-los ou abandoná-los. Todos nós possuímos mas não podemos
negociá-los.
Conclusão
Todas essas ideias levam a Declaração de Independência dos Estados
Unidos em 1776 na ilustre carta de Thomas Jefferson (1743-1826)
escrevendo que todo homem tem direito a “vida, liberdade e busca da
felicidade” baseando nas ideias do filósofo John Locke e posteriormente a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1778.
Ademais, nos últimos anos tem havido uma reaproximação entre o direito e a
moral que é promovida pelo neoconstitucionalismo ou também chamado de
jusnaturalismo de base racional. Tal conceito é parecido com o direito natural
tradicional pois considera a existência de algo acima da lei e que a lei retira
seu fundamento de validade disso superior a ela, que seria a Constituição.
Entretanto, como a constituição é positivada pelo poder legislativo, é formado
então a base racional.
Referências Bibliográficas
LYRA FILHO, Roberto. O que é direito. 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.
91 p. (Coleção primeiros passos; 62)