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ANHANGUERA EDUCACIONAL
FACULDADE DE DIREITO
DIREITOS HUMANOS
É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a. C.), ou seja, mesmo antes da existência
de Cristo, que o ser humano passou a ser considerado, em sua igualdade
essencial, como um ser dotado de liberdade e razão. Surgiram assim os
fundamentos intelectuais para a compreensão da pessoa humana e para a
afirmação da existência de direitos universais, porque a ela inerentes. Foi durante
este período que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre todos os
homens.
Não obstante, a própria base filosófica da temática dos direitos inatos ao homem
passou por transformações, da ruptura do naturalismo à construção do
contratualismo e do positivismo, com posterior “retorno” ao jusnaturalismo,
agora sob novas perspectivas.
De 1100 a 800 a.C. a civilização grega passou por um período denominado Idade
das Trevas. A moral dos gregos deste período tinha vaga ligação com sua
religião, ora politeísta, não se considerando um dever lutar contra o mal e a favor
da justiça. Contudo, já se espelhava neste momento os rumos que a civilização
grega tomaria a seguir.
Por volta de 800 a.C. as comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para
unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, como
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Que não é passível de análise convencional como a que é proporcionada pelos recursos de
jurisprudência (diz-se de condição jurídica).
Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transformaram-se em
oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias.
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.), o primeiro grande filósofo
grego, questionaram essa concepção de lei natural, pois a lei estabelecida na polis,
fruto da vontade dos cidadãos, seria variável no tempo e no espaço, não havendo
que se falar num direito imutável; ao passo que Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.),
que sucedeu, estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a natural,
reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa.
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Estoicismo é um movimento filosófico que surgiu na Grécia Antiga e que preza a fidelidade
ao conhecimento, desprezando todos os tipos de sentimentos externos, como a paixão, a luxúria
e demais emoções.
Este pensamento filosófico foi criado por Zenão de Cício, na cidade de Atenas, e defendia que
todo o universo seria governado por uma lei natural divina e racional. Para o ser humano alcançar
a verdadeira felicidade, deveria depender apenas de suas “virtudes” (ou seja, o conhecimento, de
acordo com os ensinamentos de Sócrates), abdicando totalmente o “vício”, que é considerado
pelos estoicos um mal absoluto. Para a filosofia estoica, a paixão é considerada sempre má, e as
emoções um vício da alma, seja o ódio, o amor ou a piedade. Os sentimentos externos tornariam
o homem um ser irracional e não imparcial. Um verdadeiro sábio, segundo o estoicismo, não
deveria sofrer de emoções externas, pois estas influenciariam em suas decisões e em seus
raciocínios.
1.3. Discussão filosófica na jovem república romana
Nos dois séculos de história republicana, Roma foi influenciada pela civilização
helenística. Na filosofia ocorreu o mesmo: Cícero, pai da eloquência romana, foi
muito influenciado pelos estoicos, embora também assimilasse muitas das ideias
de Aristóteles. Cícero foi um dos principais responsáveis pela discussão sobre a
diferença entre o lícito moral e o lícito jurídico, entendendo caber ao homem bom
e justo desrespeitar leis postas que contrariem a justiça universal.
O pensamento desenvolvido por pensadores como São Gerônimo (340 d.C. – 420
d.C.), Santo Ambrósio (340 d.C. – 397 d.C.) e Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C.)
durante o período de declínio do Império Romano do Ocidente por
aproximadamente 800 anos. Então, estes arcabouços teóricos iniciais foram
profundamente utilizados durante a chamada Idade Média, que teve marco uma
acentuada tendência para o cristianismo.
Para Santo Tomás de Aquino, a lei é um dos modos pelos quais Deus instrui os
homens para alcançarem o bem. Para o filósofo, existem tipos de lei: a lei externa
ou divina, a lei natural e a lei humana, todas elas com elementos de conexão (a lei
eterna existe em um plano superior e serve de diretriz para as leis que se
estabelecem no plano humano, quais sejam a lei natural e a lei humana. Não
obstante, o fato de não ser a lei eterna ou divina conhecida de modo absoluto não
impede a sua influência nas leis natural e humana, porque estas serão mais
adequadas o possível à lei divina, segundo o conhecimento humano existente,
que evolui através dos tempos).
A Magna Carta inglesa, também conhecida como Grande Carta é composta por
63 artigos, todos com foco na limitação do poder estatal. Ela foi um passo
essencial para a aceitação do absolutismo na Inglaterra após o fim da Idade
Média. Contudo, suas regras eram muito mais formais do que aplicáveis na
prática. Referido documento, em sua abertura, sem conceder poder absoluto ao
soberano, prevê limites à imposição de tributos e ao confisco, constitui privilégios
à burguesia, e traz procedimentos de julgamento ao prever conceitos como o de
devido processo legal, habeas corpus e júri.
Em geral, o absolutismo europeu que ascendeu após o fim da Idade Média foi
marcado profundamente pelo antropocentrismo, colocando o homem no centro do
universo, ocupando o espaço de Deus.
Jonh Locke (1632 d.C. – 1704 d.C.) foi um dos pensadores da época,
transportando o racionalismo para a política, refutando o Estado Absolutista,
idealizando o direito de rebelião da sociedade civil e afirmando que o contrato
entre os homens não retiraria o seu estado de liberdade. Isto porque com vistas à
superação do estado de natureza, segundo Locke, seria necessária a união dos
homens estabelecendo um contrato social e instituindo a sociedade civil.
Ao lado de Locke, pode ser colocado Montesquieu (1689-1755), que avançou nos
estudos de Locke, e na obra O espírito da Leis estabeleceu em definitivo a clássica
divisão de poderes: executivo, legislativo e judiciário. O objeto central da
principal obra de Montesquieu não é a lei regida nas relações entre os homens,
mas a lei e instituições criadas pelos homens para reger as relações entre os
homens. Segundo Montesquieu, as leis criam costumes que regem o
comportamento humano, sendo influenciadas por diversos fatores, não apenas
pela razão.
Em comum, estes três pensadores defendiam que o Estado era necessário, mas
que o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas
pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal.
3.3. Revolução Gloriosa e documentos interligados
A Revolução Americana ocorreu antes da Revolução Francesa, mas seu foco foi
muito mais localizado, possuindo menor influência na Europa e no mundo.
No Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico fica desprotegido. O
indivíduo da classe operária sozinho não tinha defesa, mas descobriu que ao se
unir com outros em situação semelhante poderia conquistar direitos. Para tanto,
passaram a organizar greves. Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à
proteção da vítima do poder econômico, a saber o trabalhador. Nota-se que no
campo destes direitos e dos demais direitos econômicos, sociais e culturais não
basta uma postura do indivíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o
poder econômico.
Como consequência, o positivismo jurídico puro tratado por Kelsen acabou por
ser condenado, diante das graves consequências que precisariam ser suportadas
com a aceitação de uma ordem jurídica que não tivesse o elemento do justo como
requisito de validade. Portanto, foi necessário que, após a verificação dos reflexos
da guerra, se buscasse uma solução jurídica que impedisse que outros atos
semelhantes tivessem respaldo jurídico, apesar de não serem dotados de
arcabouço ético, o que foi possível com um resgate dos conceitos de lei natural e
de direitos naturalmente inerentes ao homem, declarando-os no âmbito
internacional.
Em síntese, a Organização das Nações Unidas foi criada em 1945 para manter a
paz e a segurança internacionais, bem como promover relações de amizade entre
as nações, cooperação internacional e respeito aos direitos humanos. Tais
propósitos foram se desenvolvendo e sendo aprofundados, sentido em que a
Declaração do Milênio das Nações Unidas, adotada em 8 de setembro de 2000,
reflete os principais eixos de atuação da organização no campo dos direitos
humanos.
Este tribunal tinha como objetivo julgar os crimes de guerra cometidos pelos
nazistas. Conhecido como tribunal de Nuremberg, se realizou entre 20 de
novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946. Julgou 199 homens, sendo 21 deles
líderes nazistas. As acusações foram desde crimes contra o direito internacional
até de terem provocado de forma deliberada a Segunda Guerra Mundial.