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UBERLÂNDIA – MG
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE DIREITO PROFESSOR JACY DE ASSIS
UBERLÂNDIA – MG
2023
1) A Mesopotâmia e o Egito são os primeiros modelos de Direito Antigo. Nesse sentido,
então, disserte sobre as principais características do Direito nessas sociedades do
oriente antigo.
Antígona é filha de Édipo e Jocasta, e seus irmãos, Etéocles e Polinices, lutam pelo
controle da cidade de Tebas. Os dois irmãos acabam matando um ao outro em combate,
deixando Creonte, o rei de Tebas, no poder. Creonte decreta que Etéocles deve ser
enterrado com honras, enquanto o corpo de Polinices deve ser deixado insepulto como
punição por sua traição à cidade. Aqui é onde Antígona entra em cena. Ela acredita que é
seu dever religioso e moral enterrar seu irmão, independentemente das ordens do rei.
A protagonista enfrenta um dilema ético entre o dever para com a família e o dever
para com o Estado. Ela decide enterrar Polinices secretamente, desafiando a ordem de
Creonte. Eventualmente, ela é pega e confronta Creonte, defendendo seu ato como uma
ação baseada em princípios morais mais elevados. No entanto, o rei ordena que enterrem
Antígona viva e ela acaba suicidando-se dentro do túmulo.
Esse mito pode ser relacionado aos conceitos de direito natural e direito positivo,
através de uma visão jusnaturalista, que propõe uma diferenciação entre o direito
estabelecido pelos deuses (direito natural) e o direito racionalizado pelo homem (direito
positivo). Nesse sentido, a peça “ Antígona” retrata a existência de um Direito Natural,
como também a sua defesa frente ao Direito Positivo, que deve estar subordinado à norma
abstrata da natureza. Assim, a partir da tragédia citada acima, é possível perceber que a
personagem Antígona desafiou a visão positivista de normas ao apelar para os princípios
transcendentes do Direito Natural como justificativa para sua postura desafiadora diante
de uma norma considerada injusta. Ela enfrentou a ordem imposta por Creonte,
personificado na obra como a expressão soberana do Direito Positivo, enterrando seu irmão
com as próprias mãos. Por esse motivo, ela passou pelo processo de punição devido à sua
desobediência à lei.
Sob essa ótica, é possível perceber que, apesar da sociedade antiga estar voltada à
crença nos deuses, o apelo ao humanismo, que passa a valorizar o intelecto humano,
interfere substancialmente quando se diz respeito à aplicação do direito. Por esse motivo, é
possível perceber nas sociedades, como a da peça supracitada, o que pode ser chamado de
“laicizaçãodo direito”, separando o direito do homem e o direito dos deuses.
No direito grego, houve uma “laicização”, que separou o direito dos homens do
direito dos deuses. Assim, ao mesmo tempo em que havia a crença nas leis dos deuses,
instituiu-se o apelo ao Humanismo, em que se acreditava na plena capacidade humana de
racionalizar sobre a organização da sociedade, de modo que o direito podia ser criado,
modificado e excluído pelos próprios homens, a partir de uma lei positiva. Além disso, é
válido ressaltar a contribuição do modelo de exercício democrático do direito para as
demais civilizações.
Em relação à formação dos juristas, na Grécia Antiga, não existia uma formação
especializada, nem uma classe dos juristas. Nesse sentido, o direito era visto como parte da
educação dos cidadãos, e dessa forma, o debate sobre a justiçana pólis era feito por cidadãos
e iguais. Nesse contexto, a resolução dos conflitos era feita por meio de assembleias
públicas com participação dos cidadãos (semelhante ao júri dos dias atuais) ou, no caso dos
crimes públicos, pelos grandes tribunais. Nesses julgamentos, existiam logrófagos, que
escreviam os discursos de defesa, que deviam ser persuasivos.
Por fim, o Período do Baixo Império foi marcado pela crise e decadência do
Império romano, com a presença de guerras, miséria e tentativas de invasão. Esse contexto
envolveu uma grande revolta popular contra os imperadores, culminando na queda do
Império Romano do Ocidente. No Império Romano do Oriente, o imperador passou a
concentrar poder absoluto, de forma que as fontes do direito se limitaram às Constituições
Imperiais.
6) “Um covarde pensa que viverá para sempre se evitar seus inimigos, mas da velhice
ninguém escapa, mesmo se tenha sobrevivido às lanças”.
A passagem acima faz referência a um provérbio popular nórdico. Com base nos estudos
sobre direito na idade média, cite e explique as principais fases e características do direito
dos povos germânicos ou bárbaros.
A Escola dos Glosadores surgiu na primeira metade do século XII, com o monge
Irnerius ensinando o direito justinianeu, em Bolonha. Ela tinha como característica
marcante a fidelidade ao texto justinianeu, já que esse tinha uma origem quase sagrada, e o
caráter analítico e, em geral, não sistemático dos textos.Os juristas, sem terem intenções
predominantemente práticas, faziam uma análiseindependente de cada texto jurídico, sendo
responsáveis pela elaboração da“glosa”, explicação breve de um passo do Corpus iuris
obscuro. A partir disso, o impacto prático dessa escola foi a recriação de uma linguagem
técnica sobre o direito, o aumento da importância do direito escrito em relação ao
costumeiro e ademonstração da racionalidade de textos jurídicos veneráveis. Além de ter
tido um impacto político, baseado na ideia de sacralidade do texto, de autoridade (por se
tratar de direito imperial).
A escola dos comentadores, por sua vez, foi fundada por Cino de Pistóia eteve como
finalidade marcadamente prática a unificação do direito e adaptação dele às necessidades
normativas dos fins da Idade Média. Como impacto prático dessa escola, pode-se dizer que
a categoria dos juristas passou a desempenhar um papel central no equilíbrio político e
social europeu; inicialmente, na administração central e na diplomacia, lidando, portanto,
com as grandes questões políticas da sociedade; mais tarde, na administração local e na
aplicação da justiça,assumindo, então, um papel arbitral no cotidiano da vida social.
Resumindo e simplificando, a atividade dos glosadores era sobretudo acadêmica, já a dos
comentadores foi mais frequentemente orientada para a prática, como consultores de
magistrados e de particulares.