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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE DIREITO PROFESSOR JACY DE ASSIS

ANA CLARA TERRA PELARIN (12221DIR006)


BIANCA FARIA NASCIMENTO (12221DIR0531)
FERNANDA ROCHA MEDEIROS PEIXOTO
(12221DIR029)

TRABALHO DE HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO

UBERLÂNDIA – MG
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE DIREITO PROFESSOR JACY DE ASSIS

ANA CLARA TERRA PELARIN (12221DIR006)


BIANCA FARIA NASCIMENTO (12221DIR0531)
FERNANDA ROCHA MEDEIROS PEIXOTO
(12221DIR029)

TRABALHO DE HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO

Trabalho elaborado como parte dos


componentes curriculares da disciplina
“História do Pensamento Jurídico”, ministrada
pela professora Taíza Soares de Assis, na
graduação em Direito da Universidade Federal
de Uberlândia.

UBERLÂNDIA – MG
2023
1) A Mesopotâmia e o Egito são os primeiros modelos de Direito Antigo. Nesse sentido,
então, disserte sobre as principais características do Direito nessas sociedades do
oriente antigo.

O direito na Idade Antiga compreendia a vertente do Jusnaturalismo, em que está


presente a dicotomia entre direito natural (que era anterior e superior às normas jurídicas
positivas) e direito positivo (realizado pelos homens, de modo que a produção humana
guia-se pelos valores do direito natural). Tendo isso em vista, no Direito do Oriente havia
uma ideia comum de “revelaçãodivina”, na qual o direito natural — que possuía, nesse
momento, o fundamento de validade atribuído às divindades ou ao cosmos — era revelado
aos homens, que o tornavam positivo.
As particularidades do direito na Mesopotâmia eram os códigos, leis e compilações
de regras escritas baseadas nas tradições, como o Código de Hammurabi, um exemplo da
revelação divina, baseado na lei do Talião, sendo um dos primeiros códigos escritos da
história. Já em relação ao Egito, o direito era cultural, transmitido exclusivamente pelo
faraó, que era visto como a própria encarnação da divindade, e vivenciado no dia a dia.
Apesar de não apresentar textos jurídicos propriamente ditos, é possível encontrar algumas
referências ao direito egípcio nos textos sagrados e narrativas da literatura, de modo que a
aplicação das normas subordinava-se a um critério divino de justiça.

2) Leia o texto a seguir:

ANTÍGONA – Nada te peço; e mesmo que quisesseajudar-


me, um dia, eu não o aceitaria. Faze o quequiseres! Eu o
enterrarei sem ninguém. Será belo morrer por isso:
repousar, amada, ao lado de quem amo, por tão santo crime.
E se é mais longo o tempoem que hei de agradar aos mortos,
do que aos vivos,lá descansarei. E, quanto a ti, despreza, se
te apraz, aquilo que é mais caro aos deuses.

ISMENE – Não é que despreze: é que não sou capaz de ir de


encontro à lei que rege esta cidade.

A passagem acima pertence à Antígona, uma tragédia escrita por Sófocles, na


Antiguidade Clássica - possivelmente no ano 442 a.C. Disserte, sucintamente, sobre o
famoso mito de Antígona e aponte qual a relação desse mito com os conceitos de
direito natural e direito positivo.

Antígona é filha de Édipo e Jocasta, e seus irmãos, Etéocles e Polinices, lutam pelo
controle da cidade de Tebas. Os dois irmãos acabam matando um ao outro em combate,
deixando Creonte, o rei de Tebas, no poder. Creonte decreta que Etéocles deve ser
enterrado com honras, enquanto o corpo de Polinices deve ser deixado insepulto como
punição por sua traição à cidade. Aqui é onde Antígona entra em cena. Ela acredita que é
seu dever religioso e moral enterrar seu irmão, independentemente das ordens do rei.
A protagonista enfrenta um dilema ético entre o dever para com a família e o dever
para com o Estado. Ela decide enterrar Polinices secretamente, desafiando a ordem de
Creonte. Eventualmente, ela é pega e confronta Creonte, defendendo seu ato como uma
ação baseada em princípios morais mais elevados. No entanto, o rei ordena que enterrem
Antígona viva e ela acaba suicidando-se dentro do túmulo.
Esse mito pode ser relacionado aos conceitos de direito natural e direito positivo,
através de uma visão jusnaturalista, que propõe uma diferenciação entre o direito
estabelecido pelos deuses (direito natural) e o direito racionalizado pelo homem (direito
positivo). Nesse sentido, a peça “ Antígona” retrata a existência de um Direito Natural,
como também a sua defesa frente ao Direito Positivo, que deve estar subordinado à norma
abstrata da natureza. Assim, a partir da tragédia citada acima, é possível perceber que a
personagem Antígona desafiou a visão positivista de normas ao apelar para os princípios
transcendentes do Direito Natural como justificativa para sua postura desafiadora diante
de uma norma considerada injusta. Ela enfrentou a ordem imposta por Creonte,
personificado na obra como a expressão soberana do Direito Positivo, enterrando seu irmão
com as próprias mãos. Por esse motivo, ela passou pelo processo de punição devido à sua
desobediência à lei.
Sob essa ótica, é possível perceber que, apesar da sociedade antiga estar voltada à
crença nos deuses, o apelo ao humanismo, que passa a valorizar o intelecto humano,
interfere substancialmente quando se diz respeito à aplicação do direito. Por esse motivo, é
possível perceber nas sociedades, como a da peça supracitada, o que pode ser chamado de
“laicizaçãodo direito”, separando o direito do homem e o direito dos deuses.

3) Aponte as principais características do direito grego, dando destaque para as


fontes do direito, formação dos juristas e modo de escrituração do direito.

No direito grego, houve uma “laicização”, que separou o direito dos homens do
direito dos deuses. Assim, ao mesmo tempo em que havia a crença nas leis dos deuses,
instituiu-se o apelo ao Humanismo, em que se acreditava na plena capacidade humana de
racionalizar sobre a organização da sociedade, de modo que o direito podia ser criado,
modificado e excluído pelos próprios homens, a partir de uma lei positiva. Além disso, é
válido ressaltar a contribuição do modelo de exercício democrático do direito para as
demais civilizações.

Em relação à formação dos juristas, na Grécia Antiga, não existia uma formação
especializada, nem uma classe dos juristas. Nesse sentido, o direito era visto como parte da
educação dos cidadãos, e dessa forma, o debate sobre a justiçana pólis era feito por cidadãos
e iguais. Nesse contexto, a resolução dos conflitos era feita por meio de assembleias
públicas com participação dos cidadãos (semelhante ao júri dos dias atuais) ou, no caso dos
crimes públicos, pelos grandes tribunais. Nesses julgamentos, existiam logrófagos, que
escreviam os discursos de defesa, que deviam ser persuasivos.

Tendo em vista as fontes do direito, é importante destacar, primeiramente, que os


gregos enxergavam o direito como uma consequência de debate e da vivência cotidiana.
Ademais, pode-se citar também as leis fundamentais, chamadas de “constituições”
advindas do costume. O processo de escritura dessas leis era visto como revolucionário,
competindo à cidade manter a paz e a harmonia, sendo possível citar como exemplo as leis
de Drácon e Sólon.

4) As fontes normativas no direito romano apresentaram-se de formas distintas, ao


longo da história. Dessa forma, em cada período da civilização romana, as fontes do
direito, dada pelos juristas, tiveram uma relevância e um desenvolvimento diferentes.
Sendo assim, explique e fundamente, o que são fontes do direito? Como as fontes
normativas no direito romano alteraram-se entre os distintos períodos (Período da
Realeza ou Monarquia/ Período da República/ Período do Principado ou Alto
Império/ Período do Baixo Império ou Dominato).

Para se explicar o que seriam fontes do direito, primeiro é necessárioapresentar


o conceito de fonte, que significa “lugar onde brota a água”, a origem de algo. Nesse
sentido, as fontes do direito envolvem onde o Direito nasce, ou seja, as origens e os
meios históricos que criam, modificam ou extinguem as normas jurídicas. Quanto à
alteração dessas fontes no direito romano, é oportunoexpor a relação de sua evolução com
os diferentes períodos do Império Romano.

No Período da Monarquia, as instituições jurídico-políticas estavam relacionadas


a um Estado Teocrático, que impõe as ordens como divinas. Além disso, o rei possuía
magistratura vitalícia, concentrando o poder político, religioso e militar. Nesse sentido, as
fontes do direito, nesse período, levavam em conta o direito costumeiro, de modo que a
jurisprudência era monopolizada pelos pontífices, que eram membros do principal colégio
de sacerdotes.

Já no Período da República, o poder passou a se descentralizar, de forma que o


sistema de poder passou a englobar as magistraturas (cargos públicos do governo), o
Senado (conselho político com a autoridade máxima do poder republicano) e as
assembleias (representantes do povo que debatiam assuntos políticos). Nessa conjuntura,
surgiu a noção de uma Constituição Republicana, diferente da forma conhecida atualmente,
mas que se referia a diversas leis que constituíam a sociedade romana. Sendo assim, as
fontes do direito envolviam os costumes, as leis e os editos dos magistrados.

No Período do Alto Império, houve um enfraquecimento das instituições


republicanas e, consequentemente, o surgimento de um projeto de concentração e acúmulo
de poderes na mão de uma figura chamada de Imperador. Em relação às fontes do direito,
além dos costumes e das leis, há uma valorização da jurisprudência, produzida pelos
magistrados (pretores). Nesse momento, foram criadas as Constituições Imperiais,
produzidas pelas ordens dos imperadores, alémda figura do plebiscito, voltado à consulta
popular.

Por fim, o Período do Baixo Império foi marcado pela crise e decadência do
Império romano, com a presença de guerras, miséria e tentativas de invasão. Esse contexto
envolveu uma grande revolta popular contra os imperadores, culminando na queda do
Império Romano do Ocidente. No Império Romano do Oriente, o imperador passou a
concentrar poder absoluto, de forma que as fontes do direito se limitaram às Constituições
Imperiais.

5) O que foi o Corpus Iuris Civilis?

O Corpus Iuris Civilis consiste em um compilado de textos jurídicos realizado por


Justiniano, um imperador do Império Romano do Oriente. Seu objetivo era reconstruir a
honra e a glória do antigo Império Romano e, por isso, buscou resgatar e reorganizar o
direito da época. Nesse sentido, por volta de 530 d.C, ele buscou a recuperação do direito
romano, a partir de comissões de juristas responsáveis por essa compilação.
Esse documento abrangia quatro partes: Codex (compilados das constituições
imperiais); Digesto ou Pandectas (codificação das opiniões e pareceres dos “entendidos”
em direito, os jurisconsultos, que eram pessoas que entendiam e estudavam o direito da
época, de algum modo); Institutas (manual dedireito para estudantes) e Novelas (novas leis
e constituições publicadas por Justiniano, já durante seu governo).
Além da compilação, Justiniano também promove uma reforma dos cursos de direito,
reconhecendo certas faculdades desse curso. Nesses locais, o currículo seria baseado em
estudar as Institutas e o início do Digesto no primeiro ano, o restante do digesto e o início
do Codex nos próximos três anos e, por fim, as Novelas no último ano.

6) “Um covarde pensa que viverá para sempre se evitar seus inimigos, mas da velhice
ninguém escapa, mesmo se tenha sobrevivido às lanças”.

A passagem acima faz referência a um provérbio popular nórdico. Com base nos estudos
sobre direito na idade média, cite e explique as principais fases e características do direito
dos povos germânicos ou bárbaros.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que os povos germânicos empreenderam


guerras para conquistar as áreas antes dominadas pelos romanos e, devido à decadência do
Império, conseguiram se infiltrar nesses locais. Osgermânicos se organizavam em clãs e
eram excelentes guerreiros, além de possuírem uma economia agrária voltada à
subsistência, focando no pastoreio e na criação de gado extensivo. Ademais, sua religião
era politeísta, em que as divindades eram ligadas às forças da natureza. Nessa primeira
fase, o direito dos povos germânicos possuía uma base consuetudinária, refletindo seus
costumes.

Posteriormente, com a chegada dos germânicos no antigo território romano, ambos


os povos passaram a conviver. De início, cada um deles exercia sua própria cultura jurídica.
Assim, adotava-se um critério de pessoalidade das leis, a partir do advento dos reinos
bárbaros, de modo que a lei se aplicava conforme a etnia.

Com o passar do tempo, o contato constante entre os dois povos provocouuma


mistura entre o direito romano e o direito germânico, chamado de direito romano vulgar.
Nesse sentido, o direito germânico, inicialmente consuetudinário, passou a apresentar
marcas do direito romano, a partir de métodos de sistematização, sendo redigido em latim.
Dessa forma, percebeu-se a importância da lei escrita para a manutenção estável do
grupo social. Esse processo de convivência e de “romanização do direito germânico” deu
origem à construção do Sistema de Direito Romano-Germânico, também conhecido como
Civil Law.

7) Com a queda do Império Romano, o Cristianismo ganhou força na Europa, de modo


que o Direito Canônico esteve presente em toda Idade Média. Nesse sentido, cite e
explique as principais influências do Direito Canônico na formação do diretoocidental,
dando especial destaque às alterações promovidas no processo penal.

A princípio, o Direito canônico ou eclesial é o conjunto de normas estabelecidas


pela Igreja Católica Apostólica Romana, cuja finalidade maior seria regulamentar a conduta
dos clérigos a seu serviço enquanto instituição, bem como orientar o cotidiano do imenso
rebanho de crentes. Ele, com obras importantes, como, a Didaquê, as Constituições
Apostólicas, a Traditio Apostolica, a Didascalia Apostolorum e o Corpus Iuris Canonici,
influenciou a trajetória dos direitos de diversos países da Europa Ocidental e da América
Latina. Vários fatores levaram a essa significativa influência do direito canônico sobre o
direito laico, dentre eles, ser um direito escrito e formalizado, constituir-se objeto de vários
estudos doutrinais e ter sido sistematizado antes que o laico. Assim, são ramificações do
Direito canônico, o Direito matrimonial, o Direito processual, o Direito patrimonial e o
Direito penal.

O processo penal, em especial, foi bastante influenciado pelo direitocanônico. Isso


ocorreu, porque, no período da Baixa Idade Média, em que o podereclesiástico atingiu o seu
apogeu, teve início também a Inquisição (identificação, julgamento e condenação de
indivíduos suspeitos de heresias). Com isso, Igreja e Estado uniram-se no combate à
proliferação dos seguidores de Satã, que ameaçavam não somente o poder da Igreja,
como o poder do soberano, e o processo acusatório deu lugar ao processo de inquirição,
o qual se assemelha fortemente ao do direito ocidental.

O processo por inquérito atribuiu ao juízo humano um papel essencial,


condicionado pelas regras racionais do direito. Com ele, os ordálios foram proibidos; o
desencadeamento da ação penal ainda poderia ser feito pela acusação privada, mas o
acusador não tinha nenhuma responsabilidade em caso de inocência do réu. A denúncia
também poderia ser feita por habitantes de uma comunidade inteira e os oficiais do tribunal
poderiam intimar um suspeito de crime com base em informações por eles mesmos obtidas.
Além disso, houve a oficialização de todas as etapas do processo judicial a partir da
apresentação da denúncia. O juiz, no novo sistema, já não era mais um árbitro imparcial
que presidia um conflito a ser resolvido pelo sobrenatural. Ao contrário, ele e os demais
oficiais do tribunal assumiam a investigação dos crimes e determinavam aculpabilidade ou
não do réu, normalmente através do interrogatório de testemunhas e do próprio réu, tudo
registrado por escrito. Ademais, as evidências do crime eram investigadas e avaliadas
mediante regras meticulosamente formuladas, o que dava ao processo de inquérito o caráter
de racionalidade, que fazia com que os padrões de prova, nesse tipo de processo, fossem
extremamente rigorosos.

8) Em que consiste o jusnaturalismo medieval?

O jusnaturalismo medieval consiste na separação de quatro tipos de leis: lei


eterna, lei divina, lei natural e lei humana. A lei eterna, é aquela que apenas Deus conhece;
a lei divina é a tradução da lei de Deus pelos sacerdotes; a lei natural é a reprodução das
leis de Deus na natureza; e por fim, a lei humana é aquela que é feita pelos homens. Pode-
se dizer ainda na divisão de dois grupos maiores: o direito natural (que engloba a lei eterna,
lei divina e lei natural), validado por um Deus monoteísta; e o direito positivo, que é
composto pela lei dos homens. Os principais pensadores desse período são Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino.

9) Explique de forma sucinta o que foi a Escola dos Glosadores e Comentadores.

A Escola dos Glosadores surgiu na primeira metade do século XII, com o monge
Irnerius ensinando o direito justinianeu, em Bolonha. Ela tinha como característica
marcante a fidelidade ao texto justinianeu, já que esse tinha uma origem quase sagrada, e o
caráter analítico e, em geral, não sistemático dos textos.Os juristas, sem terem intenções
predominantemente práticas, faziam uma análiseindependente de cada texto jurídico, sendo
responsáveis pela elaboração da“glosa”, explicação breve de um passo do Corpus iuris
obscuro. A partir disso, o impacto prático dessa escola foi a recriação de uma linguagem
técnica sobre o direito, o aumento da importância do direito escrito em relação ao
costumeiro e ademonstração da racionalidade de textos jurídicos veneráveis. Além de ter
tido um impacto político, baseado na ideia de sacralidade do texto, de autoridade (por se
tratar de direito imperial).

A escola dos comentadores, por sua vez, foi fundada por Cino de Pistóia eteve como
finalidade marcadamente prática a unificação do direito e adaptação dele às necessidades
normativas dos fins da Idade Média. Como impacto prático dessa escola, pode-se dizer que
a categoria dos juristas passou a desempenhar um papel central no equilíbrio político e
social europeu; inicialmente, na administração central e na diplomacia, lidando, portanto,
com as grandes questões políticas da sociedade; mais tarde, na administração local e na
aplicação da justiça,assumindo, então, um papel arbitral no cotidiano da vida social.
Resumindo e simplificando, a atividade dos glosadores era sobretudo acadêmica, já a dos
comentadores foi mais frequentemente orientada para a prática, como consultores de
magistrados e de particulares.

10) Explique as principais características do Direito Inglês ou anglo-saxão e como ele se


diferencia do Direito romano-germânico

Com as invasões normandas, a experiência inglesa do Common Law (Direito


Inglês ou anglo-saxão) ganha destaque. De acordo com estudiosos e historiadores, vários
fatores podem ter influenciado a experiência inglesa do resto da Euros ocidental, dentre
eles a condição geográfica da região (pelo fato de a região inglesa ser separada da Europa
Continental pelo canal da mancha, ela sofre menos influência das tradições que vigoravam
no restante da Europa); o precoce processo de centralização (o domínio dos povos
Normandos aliado ao caráter insular da região, facilitou que o poder rapidamente se
concentrasse nas mãos do rei); criação de um mecanismo superior de solução de empates
jurisdicional muito antes do que a Europa continental (durante os períodos de reinado deu-
se a criação dos Tribunais Régios, para resolver conflitos entre jurisdições, e dos writs,
mecanismo de ação por meio do qual o indivíduo podia reivindicar a presençada justiça real
em contraposição à justiça local. Posteriormente, os reis pararam de emitirnovos writs e,
para as situações em que os existentes não davam solução, foi criada a equity.
A partir do exposto, o Direito Inglês tem como principal característica a
valorização de que as decisões judiciais devem ser sempre tomadas por júri, de modo que o
direito vem do povo, dos costumes, sendo o juiz o responsável por garantir o devido
processo legal.
A principal diferença entre o Direito supracitado e o Direito romano-germânico
está na fonte, já que enquanto no Common Law ocorre a consagração do precedente
judiciário, gerado pelo costume, no Civil Law prepondera, de modo quase absoluto, a lei.
Por isso, tem-se que o Direito Inglês é uma espécie de “judge made law” (“direito
construído por juízes”), sem qualquer tradição em sistematizar ou ordenar o “direito” em
grandes compilações como os códigos legais, como fazem recorrentemente os herdeiros
do Corpus Iuris Civilis.

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