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Disciplina: HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO

Atividade Avaliativa 1: Valor 10 pontos.


Profa. Taíza Soares de Assis / email: taiza.soaresassis@gmail.com
Data de entrega: 27/09/2023

1) A Mesopotâmia e o Egito são os primeiros modelos de Direito Antigo. Nesse


sentido, então, disserte sobre as principais características do Direito nessas
sociedades do oriente antigo.

Tanto os direitos da Mesopotâmia como o direito egípcio possuem uma


característica comum: a ideia de revelação divina. As normas de direito tinham sua
justificação no princípio da revelação divina.
Em relação ao direito na Mesopotâmia, esta possuía como tradição a confecção de
códigos, enquanto compilações de regras, normas princípios baseados na tradição. Ex.
Código de Ur-Nammu; Código de Lipit-Ishtar; Código de Esnunna.
Esses códigos contemplam assuntos diversos, organização da sociedade; institutos
conexos à responsabilidade civil, ao direito de família e à responsabilização de donos de
animais por lesões corporais seguidas de morte. O exemplo mais enfático dessa revelação
na mesopotâmia consta do Código de Hammurabi: um dos primeiros “códigos” escritos
que se tem notícia na história, e que trazia 282 leis escritas. É um código baseado na lei
do Talião, que representa uma dura retaliação do crime praticado e de sua pena. A lei do
Talião se baseia no “Olho por olho, dente por dente”.
Já no que se refere ao direito no Antigo Egito, mesmo raciocínio se aplica, ainda
com maior evidência. Como o faraó é a própria encarnação da divindade, e dele emanam
todas as normas, não será possível conceber qualquer decisão política que vincule o
soberano pelo seu simples poder temporal. O direito terá de se originar num plano
superior: a revelação divina.

2) Leia o texto a seguir:

ANTÍGONA – Nada te peço; e mesmo que quisesse


ajudar-me, um dia, eu não o aceitaria.
Faze o que quiseres! Eu o enterrarei
sem ninguém. Será belo morrer por isso:
repousar, amada, ao lado de quem amo,
por tão santo crime. E se é mais longo o tempo
em que hei de agradar aos mortos, do que aos vivos,
lá descansarei. E, quanto a ti, despreza,
se te apraz, aquilo que é mais caro aos deuses.
Disserte, sucintamente, sobre o famoso mito de Antígona e aponte qual a
relação desse mito com os conceitos de direito natural e direito positivo.

ISMENE – Não é que despreze: é que não sou capaz de ir de encontro à lei que
rege esta cidade.
A passagem acima pertence à Antígona, uma tragédia escrita por Sófocles, na
Antiguidade Clássica - possivelmente no ano 442 a.C. Disserte, sucintamente,
sobre o famoso mito de Antígona e aponte qual a relação desse mito com os
conceitos de direito natural e direito positivo.
Breve contextualização do conto: a história de Antígona se inicia com a própria
história Édipo, seu pai. Édipo matou involuntariamente seu pai, Laio, e se casou com sua
mãe, Jocasta. Ele e Jocasta tiveram quatro filhos juntos: dois homens, Eteoles e Polinices,
e duas mulheres, Antígona e Ismene. Depois que descobriram que eram mãe e filho,
Jocasta se mata e Édipo se cegou e foi exilado de Tebas, cidade que governou com Jocasta.
Eteócles e Polinices brigaram sobre qual deles deveria governar Tebas, e acabaram
entrando em guerra e se matando. Eteócles defendeu a cidade quando seu irmão liderou
um exército contra ela. Creonte, irmão de Jocasta, tornou-se governante de Tebas agora
que não havia herdeiros masculinos da linhagem de Édipo. Com a morte dos dois irmãos,
Creonte decretou que Eteócles deveria ser enterrado com todas as honras, enquanto
Polinices não deveria ser enterrado.
Aqui começa a relação do conto com o direito natural e o direito positivo. Creonte
determinou que qualquer um que tentasse enterrar o corpo de Polinices, deveria ser
condenado à morte (direito positivo-criado pelo governante). Todavia, havia leis
ancestrais, sagradas que garantiam o direito de todo homem a repousar em solo sagrado
(direito natural de inspiração divina). Antígona, se revolta contra Creonte e decide
enterrar o irmão ela mesma e acaba morta por isso. A seguir, algumas passagens da peça,
de falas de Antígona:

“...Se ao fazê-lo tiver que morrer, que bela morte será! Amada repousarei com ele
com ele, com meu amado criminosamente pura, por mais tempo deverei agradar
aos lá de baixo que os lá de cima. Lá repousarei para sempre. Tu, se te parece,
descura o que honra os deuses.” (pág 11)

“... Não foi com certeza, Zeus que as proclamou, nem a justiça com trono entre os
deuses dos mortos as estabeleceu para os homens. Nem eu supunha que tuas
ordens tivessem o poder de recuperar as leis não escritas, perenes dos deuses, visto
que és mortal...” (pág. 34)

O conto, em formato de peça, nos mostra justamente como se dava a coexistência


desse direito natural, anterior e superior a própria existência do homem, que tinha
fundamento de validade nas vontades dos deuses e um direito positivo, criado pelo
homem e imposto pelos governantes. Que nem sempre, havia coerência e harmonia entre
os dois direitos. É possível, ainda, perceber que o próprio conceito de justiça é vago e
incerto, visto estar, hora, na justiça do rei/monarca, hora na justiça dos deuses.

3) Aponte as principais características do direito grego, dando destaque para as


fontes do direito, formação dos juristas e modo de escrituração do direito.

Na sociedade grega, assim como em outras sociedades do mesmo período


histórico convive com a dicotomia entre direito natural e direito positivo. Todavia,
existem algumas especificidades no direito grego que merecem destaque. A ideia de lei
positiva ganha enorme destaque nessa sociedade. A sociedade grega criou a ideia de que
o direito não precisava, necessariamente, ser revelado pelos deuses para então ser
aplicado. Ele podia, também, ser criado, modificado e excluído pelos próprios homens. A
promulgação da lei e sua revogação nada têm de divino: são assuntos humanos. Isso não
quer dizer que na sociedade grega não existisse religiosidade, ou que a condução da vida
pública fosse totalmente desvinculada do sagrado. Basta pensar na mitologia grega, que
inclusive foi quem criou a famosa “Têmis” deusa da justiça, representada por uma mulher
vendada com a balança na mão, símbolo justiça até hoje. De acordo com a mitologia
grega, a justiça deveria estar acima das paixões humanas, sua decisão deveria ser feita
com base na verdade, na equidade e na humanidade.
Na Grécia, portanto, houve o que se chama de “laicização” do direito, havendo
uma coexistência entre leis divinas, sagradas e leis humanas, chamadas “direito positivo.
Essa característica do direito se deu, em grande parte, pela valorização do intelecto e do
ensino. A saber, Atenas possuía um apelo humanista, um culto ao intelecto, na busca das
virtudes humanos. Atenas é a deusa da sabedoria. A educação ateniense é voltada para o
desenvolvimento das virtudes humanas, nos diversos campos (filosofia, artes, etc).
Já no que se refere à formação dos juristas: na Grécia, não existia uma classe de
juristas e não existe um treinamento jurídico, escolas de juristas, ensino do direito como
técnica especial. Existem sim as escolas de retórica, dialética e filosofia. A literatura
jurídica era fonte de instrução e de prazer. Havia o hábito de se decorar leis, como poemas.
Os cidadãos atenienses bem-educados, instruídos sabiam o direito. As leis deveriam fazer
parte da educação do cidadão.

4) As fontes normativas no direito romano apresentaram-se de formas distintas, ao


longo da história. Dessa forma, em cada período da civilização romana, as fontes
do direito, dada pelos juristas, tiveram uma relevância e um desenvolvimento
diferentes. Sendo assim, explique e fundamente, o que são fontes do direito?
Como as fontes normativas no direito romano alteraram-se entre os distintos
períodos (Período da Realeza ou Monarquia/ Período da República/ Período do
Principado ou Alto Império/ Período do Baixo Império ou Dominato).

Fonte é o lugar de onde se origina algo ou de onde se expressa alguma coisa. No


campo do Direito, existem inúmeras classificações, como aquela dada por Guilherme de
Souza Nucci entre as fontes materiais, criadoras das normas, e as fontes formais, veículos
de expressão do conteúdo das normas (2019, p. 3). Para o ensino da disciplina de História
do Pensamento Jurídico, considerar-se-á fonte do direito os distintos fatores históricos,
documentos e meios por meio dos quais o direito de cada sociedade surgiu e foi moldado.
Sendo assim, no que se refere às fontes do Direito Romano, elas podem ser
distribuídas de acordo com cada período histórico.
a) Período da Realeza ou Monarquia (das origens de Roma 753 a.C à queda da
realeza em 510 a.C.): a principal fonte era o direito costumeiro,
predominantemente oral, sendo a jurisprudência monopolizada pelos
pontífices (era, na Antiguidade romana, um membro do principal colégio
(colégio) de sacerdotes, o Colégio de Pontífices - Collegium Pontificum, cujo
líder era o pontífice máximo pontifex maximus);
b) Período da República (510 a.C. até 27 a.C., quando o Senado investe
Otaviano - futuro Augusto - no poder supremo, com a denominação de
princeps): as fontes do direito na República são o costume, a lei e os editos
dos magistrados.
c) Período do Principado ou Alto Império (de 27 a.C. até 285 d.C., com o início
do dominato pró-Dioc1eciano: É registrado por uma valorização da
jurisprudência, além dos costumes e lei. Aqui, diferentemente do período da
Realeza no qual a jurisprudência ficava nas mãos dos pontífices, a
jurisprudência é aquela produzida pelos magistrados, mas especificamente, os
pretores. Além disso, emergem como fontes do direito as Constituições
Imperiais, produzidas sob as ordens dos Imperadores. •Nesse período
também se destacam alguns dos maiores jurisconsultos e criadores de
conceitos tópicos da “ciência jurídica romana”.
d) Período do Baixo Império ou Dominato (de 285 até 585 d.C., data em que
morre Justiniano): a constituição imperial.

5) O que foi o Corpus Iuris Civilis?

O Corpus Iuris Civilis é o nome moderno dado à compilação de textos romanos,


realizada a mando de Justiniano, imperador do Império Bizantino no séc. VI. Justiniano,
buscando resgatar a glória e importância dos Império Romano do Ocidente, decidir tentar
o direito romano, designando comissões de juristas que ficam encarregados de fazer essa
união. O Corpus Iuris Civilis era composto dos seguintes livros:
• Codex – compilados das constituições imperiais.
• Digesto ou Pandectas: a obra original possui 50 livros. É uma codificação
das opiniões e pareceres dos “entendidos” em direito, os jurisconsultos.
Eram pessoas que de alguma maneira, falavam, estudavam e entendiam o
direito da época.
• Institutas: manual de direito para estudantes;
• Novellae ou Novelas: novas leis e constituições publicadas por justiniano
já durante seu governo.

6) “Um covarde pensa que viverá para sempre se evitar seus inimigos, mas da velhice
ninguém escapa, mesmo se tenha sobrevivido às lanças”.

A passagem acima faz referência a um provérbio popular nórdico. Com base nos
estudos sobre direito na idade média, cite e explique as principais fases e
características do direito dos povos germânicos ou bárbaros.

Logo após a queda do Império Romano, ficaram-se na Europa Continental os


chamados “povos bárbaros”, compostos por grupos de indivíduos originários de
diferentes partes do planeta, destacando-se entre eles, os povos germânicos.
Os povos germânicos eram exímios guerreiros, que se organizavam em clãs e
dedicavam-se à criação de gado e pastoreio. Quanto ao direito, entre os povos germânicos
vigorava um direito consuetudinário, predominantemente oral, que refletiam os usos e
costumes dos seus povos. Em razão de seu caráter oral e da grande influência sofrida pela
tradição romana, pouco se tem certeza sobre o conteúdo original desse direito. Contudo,
algumas conclusões podem ser tiradas:
• A mitologia nórdica era a antiga religião dos antepassados, sendo
composta por um panteão de divindades ligadas às forças da natureza,
como o raio, o trovão e a tempestade, logo povos politeístas, o que
influenciava no fundamento de validade de seu direito;
• De sua tradição militar beligerante, surgiram princípios e leis sobre guerra
e coragem, como aquela segundo a qual covardia era punida com a morte,
em geral por decapitação ou enforcamento. Além de não se admitir, de
forma alguma, a deserção em combate;
• Sabe-se que eram povos muito hospitaleiros, preocupados com o bem-
estar de seus visitantes;
• Além disso, tem-se documentado alguns institutos provenientes desses
povos como o “wergeld” consistente numa prestação pecuniária paga à
família da vítima de homicídio, uma espécie de indenização por morte.
Além da “Thing” uma espécie de assembleia composta pelos homens mais
respeitados da aldeia.
Após alguns anos de coexistência entre os povos germânicos e os antigos cidadãos
do Império Romano, ocorreu a influência recíproca desses povos e conquequente
“romanização” do direito germânico que, antes era predominantemente oral e passou a
ser codificado, escrito na forma de compilações. Sendo esta a origem do chamado
“sistema romano-germânico”.

7) Com a queda do Império Romano, o Cristianismo ganhou força na Europa, de


modo que o Direito Canônico esteve presente em toda Idade Média. Nesse
sentido, cite e explique as principais influências do Direito Canônico na formação
do direto ocidental, dando especial destaque às alterações promovidas no processo
penal.
Direito canônico ou eclesial é o conjunto de normas estabelecidas pela Igreja
Católica Apostólica Romana, cuja finalidade maior seria regulamentar a conduta dos
clérigos a seu serviço enquanto instituição, bem como orientar o cotidiano do imenso
rebanho de crentes. Seu conteúdo é eminentemente religioso.
O direito canônico deixou um inegável lastro na trajetória dos direitos de diversos
países da Europa Ocidental e América Latina, entre os quais está o Direito brasileiro. Vale
dizer que diversas são as ramificações do Direito canônico, como o Direito matrimonial,
o Direito processual, o Direito patrimonial, e algumas outras bem específicas, das quais
o Direito sacramental logo se evidencia.
Elevado destaque dar-se à influência do direito canônico, notadamente do período
Inquisitorial no processo penal europeu. Antes da aproximação entre a Igreja e Estado,
durante a Idade Média, prevaleceu o que se chamava “processo acusatório”.
O processo acusatório possuía as seguintes características:
✓ Ação penal só poderia ser desencadeada por uma pessoa privada, que seria
a parte prejudicada ou seu representante;
✓ Caso o acusado fosse inocentado, seu acusador poderia ser
responsabilizado ou processado;
✓ Se as provas apresentadas pelo acusador fossem inequívocas ou se o
acusado admitisse sua culpa, o juiz decidiria contra ele;
✓ Em caso de dúvida, a determinação da culpa ou inocência era feita de
modo irracional, recorrendo-se à intervenção divina para que fornecesse
algum sinal contra ou a favor do acusado (sistema irracional);
✓ Ordálios, duelos judiciais e testemunhas (compurgação);
✓ A atuação do juiz era somente a de árbitro imparcial, que orientava todo o
processo, mas nunca julgava o acusado
Após a aproximação entre Igreja e Reis, juntamente com os Tribunais
Eclesiásticos, os Tribunais Seculares passam a ser responsáveis pelo processo e
julgamento dos crimes contra igreja, de modo que, passa-se a ter um “processo por
inquérito”.
São características do processo por inquérito:
✓ A acusação podia ser feita pela acusação privada, mas o acusador não tinha
nenhuma responsabilidade em caso de inocência do réu;
✓ A denúncia também poderia ser feita por habitantes de uma comunidade inteira.
Os oficiais do tribunal poderiam intimar um suspeito de crime com base em
informações por eles mesmos obtidas;
✓ O juiz já não era mais um árbitro imparcial, ele e os demais oficiais do tribunal
assumiam a investigação dos crimes e determinavam a culpabilidade ou não do
réu, normalmente através do interrogatório de testemunhas e do próprio réu, tudo
registrado por escrito;
✓ O processo criminal, até a sentença, permanecia secreto. Embora secreto, as
provas eram investigadas e avaliadas mediante regras meticulosamente
formuladas, o que dava ao processo de inquérito o caráter de racionalidade
(sistema racional);
✓ Permitia-se a tortura como forma de obtenção da confissão;

8) Em que consiste o jusnaturalismo medieval?

O “Jusnaturalismo medieval/teológico/teocêntrico”, vigorou durante a Idade


Média, sustenta que existem quatro tipos de lei: a lei eterna, a lei divina, a lei natural e a
lei humana. A lei eterna é a razão divina a que só Deus tem acesso; a lei natural é a
inscrição dos mandamentos absolutos de Deus na natureza, que o homem é capaz de
captar através de sua razão; a lei divina, máxima lei de orientação ao justo, a qual só pode
ser captada e compreendido pelos sacerdotes, por aqueles que dedicam a vida para a
oração e contemplação divina. Por fim, temos também as leis produzidas pelo homem.
Os principais estudiosos representantes desse período são Santo Agostinho e São Thomás
de Aquino.

9) Explique de forma sucinta o que foi a Escola dos Glosadores e Comentadores.

• Escola dos Glosadores: surgiu na primeira metade do século XII, quando o


monge Irnerius começou a ensinar o direito justinianeu em Bolonha. As
características mais salientes do método dos glosadores são: a fidelidade ao texto
justinianeu e o caráter analítico e, em geral, não sistemático dos textos. Além
disso, em razão do respeito aos textos de justiniano, a interpretação era
basicamente literal, destinada a esclarecer o sentido das palavras e, para além
disso, a captar o sentido que estas encerravam.
Principais impactos: ter recriado, na Europa Ocidental, uma linguagem técnica
sobre o direito. Além de seu objetivo teórico dogmático – o de demonstrar a
racionalidade (não a “justeza” ou “utilidade prática”) de textos jurídicos
veneráveis.
• Escola dos Comentadores: fundada entre os sec. XIII e XIV, a escola dos
comentadores possuía um objetivo mais prático, unificar todo o corpo do direito
(direito romano, direito canónico, direito feudal, estatutos das cidades) e adaptá-
lo às necessidades normativas dos fins da Idade Média. que a atividade dos
glosadores era sobretudo académica, já a dos comentadores – também
simplificadamente, pois quase todos foram professores universitários – foi mais
frequentemente orientada para a prática, como consultores de magistrados e de
particulares.

10) Explique as principais características do Direito Inglês ou anglo-saxão e como ele


se diferencia do Direito romano-germânico.

O direito inglês ou anglo-saxão, deu origem a chamada tradição Common Law a


qual possui como um de seus traços mais distintivos, o reconhecimento do precedente
judiciário, como principal fonte do direito. Viu-se que a experiência inglesa se
diferenciou daquela romano-germânica, a qual imperou na Europa Continental, por
alguns motivos, dentre eles: a não dominação do direito romano; o precoce processo de
centralização de poder, ainda no sec. XI; a localização geográfica; e, talvez, o mais
importante, a criação de institutos e mecanismos reais de solução de empates
jurisdicionais (Tribunal Régio, Chancelaria e writs). Destas características devirou um
direito “negociado”, construído caso a caso, Por isso mesmo se diz que o Direito inglês
é uma espécie de “judge made law” (“direito construído por juízes”). Isso não quer de
modo algum dizer que “não existam leis escritas” no país. Sabe-se que algumas matérias
específicas, segundo as necessidades locais, são devidamente tratadas pelo legislador,
in casu – o Parlamento Inglês. Contudo, é notório que não há qualquer tradição entre os
países da Common Law em sistematizar ou ordenar o “direito” em grandes compilações
como os códigos legais, como fazem recorrentemente os herdeiros do Corpus Iuris
Civilis.
Já a tradição Civil Law (o Sistema Romano-Germânico de Direito), foi fortemente
influenciado pela tradição justinianeia, no que resultou numa extrema valorização da lei
escrita como fonte do direito e grandes compilações, na forma de códigos.

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