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Bork era conhecido por suas críticas ao direito à privacidade e aos direitos civis,
o que gerou uma intensa campanha pública contra sua indicação. A discussão sobre a
relação entre prática profissional e teoria jurídicas se desenvolve a partir do relato de
George Priest, que defendeu a nomeação de Bork para a Suprema Corte, mas ao mesmo
tempo, colocou-se contra a renovação de seu contrato em Yale. Priest afirmou que os
trabalhos acadêmicos de Bork defendiam posições extremadas, mas que isso não tinha
relação com sua atividade como magistrado, pois um magistrado deve ser moderado e
respeitar a autoridade da jurisprudência.
Luban comenta que a posição de Priest levanta uma questão importante sobre o
papel da teoria jurídica na prática profissional do direito. Ele argumenta que o problema
não está na falta de preparação dos alunos dos cursos de direito para o mercado de
trabalho, mas sim nos padrões pouco exigentes desse mercado. As escolas de direito no
Brasil, em geral, fazem uma mistura de prática, teoria e ensino jurídicos, o que resulta
em um mercado de trabalho pouco exigente.
Assim, a dogmática é um corpo de doutrinas e teorias que tem sua função básica
em ensinar, mas é importante distinguir entre doutrina e dogmática para garantir a
distinção entre técnica jurídica e ciência do direito. A arquitetônica jurídica depende do
modo como colocamos os problemas, mas esse modo está associado ao ensino, ao
docere. A ciência do direito é doutrina sistematizada e dogmática, com um estatuto
tecnológico e uma função social, que tornam a prática profissional do direito uma
atividade jurisdicional no sentido amplo.
Dessa forma, tanto a zetética (que é) quanto a dogmática (como deve ser) têm
importância na contemporaneidade. A zetética é importante porque a sociedade está em
constante evolução, e novas questões surgem a todo momento, permite uma abordagem
crítica e adaptativa ao direito, de forma que as leis possam acompanhar as mudanças na
sociedade. Enquanto a dogmática é importante porque fornece uma base sólida para a
aplicação da lei. Com uma base sólida, é possível garantir a coerência e a
previsibilidade das decisões judiciais, o que é essencial para a segurança jurídica.
Ambas as abordagens são essenciais para garantir a justiça e a equidade no sistema
jurídico.