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RESUMO ENCONTRO CONTRATOS DIA 27/09 – ARTHUR MACHADO

O primeiro tópico aborda a falta de uma concepção uniforme do contrato no campo


jurídico, mesmo entre os juristas, devido à natureza subjetiva das ciências humanas.
Alguns veem o contrato como abrangendo acordos que criam e modificam obrigações,
enquanto outros limitam sua definição a acordos que criam direitos. Além disso, há
discordância sobre se o contrato se aplica apenas a direitos pessoais ou também a
direitos reais. A discussão sobre a natureza do contrato também se estende à questão
de envolver duas pessoas ou ser unilateral. Alguns excluem acordos plurilaterais e
autocontratos (contratos feitos por uma única pessoa) da categoria de contratos. Essa
divergência leva a debates sobre a extensão do conceito de contrato e se a estrutura do
negócio ou a natureza do vínculo são mais importantes para sua definição. O texto
menciona uma possível confusão em torno da palavra "contrato", que pode se referir à
série de atos que expressam um acordo entre as partes, ao documento que registra esse
acordo e às relações legais resultantes dos atos das partes. Essas diferentes acepções da
palavra podem levar a mal-entendidos. É comparado ao uso da palavra "casamento" em
diferentes contextos, onde a celebração do casamento e o status legal resultante são
entidades distintas. Por fim, o tópico 1 sugere a existência de duas realidades
ontológicas relacionadas ao contrato: o "ato constitutivo do contrato" e a "situação
contratual". Essas distinções podem ajudar a esclarecer as complexidades na definição
e compreensão do contrato no campo jurídico.

O segundo ponto aborda a evolução da concepção de contrato ao longo da história,


destacando como as mudanças nas estruturas econômicas, sociais e políticas
influenciaram a compreensão e a regulamentação dos contratos. Inicialmente,
menciona a falta de consenso na definição exata do contrato, destacando que isso não
se deve a condições situacionais específicas. Além disso, discute como a intervenção do
Estado moderno na regulamentação dos contratos, visando proteger os interesses
públicos e reduzir a autonomia das partes contratantes, levanta questões sobre a
viabilidade do livre acordo na esfera dos interesses patrimoniais. O tópico também faz
uma distinção entre duas abordagens dos direitos naturais: uma mais abstrata e
idealista que prevaleceu no século XVIII e outra mais realista e centrada no ser humano
na sua existência concreta. Argumenta que a abordagem mais recente se concentra no
ser humano real, com todas as suas complexidades e desafios, em contraste com a visão
anterior que tratava o ser humano de maneira idealizada. Em seguida, menciona como
o Código Napoleônico, que representava o ideal individualista do século passado, não
era adequado para as novas estruturas e concepções de justiça, pois não considerava
adequadamente a desigualdade econômica e a falta de liberdade de vontade em muitos
contratos.

Por fim, explora como as intervenções legislativas e decisões judiciais foram


implementadas para proteger os mais fracos em contratos desiguais. Isso inclui a
regulamentação de preços, controle de aluguéis, proibição de usura e cláusulas
abusivas, bem como a flexibilização do princípio do "pacta sunt servanda" (os contratos
devem ser cumpridos), permitindo que os contratos fossem revistos em situações
imprevistas ou excessivamente onerosas. A questão central levantada é se essas
políticas comprometeram a existência do contrato como livre manifestação da vontade.
Adiante o tópico seguinte discute o impacto do dirigismo contratual na natureza dos
contratos. Argumenta que o dirigismo contratual retirou parte da substância dos
RESUMO ENCONTRO CONTRATOS DIA 27/09 – ARTHUR MACHADO

contratos, causando uma discordância entre a ideia conceitual de contrato e sua


implementação real. Isso resultou em uma redução na liberdade de discussão e na
liberdade de conteúdo nas negociações contratuais. Como resultado, muitos consideram
que houve um declínio no contrato ou uma crise no contratualismo. No entanto, apesar
dessas preocupações, o texto destaca que o contrato continua a desempenhar um papel
significativo na sociedade, com um crescente impulso em sua aplicação, conforme
observado por vários estudiosos ao longo do tempo.
O novo estilo da contratualidade representa uma mudança significativa nas bases do
Direito Privado. Antes baseado no individualismo e na competição, o Direito Privado
agora se concentra em objetivos comunitários, substituindo o indivíduo pela pessoa e
promovendo a colaboração em vez da competição. Essa mudança é evidenciada nos
chamados contratos do direito social e econômico, que são vistos como "contratos de
boa vontade" e refletem uma economia mais aberta ao interesse geral.A liberdade é um
elemento central em todas as concepções de contrato, embora haja divergências sobre
como essa liberdade deve ser caracterizada. Alguns veem a liberdade como exigindo
apenas um mínimo de poder de escolha, enquanto outros argumentam que ela deve ser
mais expressiva. No entanto, essa divergência confirma que a liberdade é essencial para
a ideia de contrato.

A civilização do contrato é vista como uma consequência do culto à liberdade, embora


haja debates sobre se essa civilização realmente promoveu a liberdade ou apenas
fortaleceu o domínio dos mais fortes sobre os mais fracos. A análise dessas questões
requer atenção aos comportamentos da nova ordem social e econômica, que são
baseados em acordos de vontades e estão sujeitos a influências psicossocioeconômicas
contemporâneas. No entanto, é importante considerar se as figuras contratuais clássicas
e as novas práticas devem ou não ser regulamentadas sob um mesmo regime jurídico,
pois a generalização pode apresentar perigos. Em vez disso, é essencial examinar as
configurações modernas, os valores relevantes e o contexto socioeconômico atual na
análise e pesquisa jurídica.

O principal objetivo do texto foi destacar a necessidade urgente de revisar a teoria dos
contratos. Isso envolve repensar os modelos tradicionais, incorporar valores humanos e
promover a cooperação social nos contratos. Embora não seja uma proposta de
abandono das concepções clássicas, é essencial adaptá-las às novas informações da
Economia e da Sociologia. A revisão deve ser feita com cuidado para evitar abusos e
proteger os interesses dos mais fracos, transformando os contratos em instrumentos de
liberdade e libertação para as pessoas e sociedades.

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