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A teoria geral dos contratos é fundamental para regrar a liberdade e a segurança dos contratos,
exigências do capitalismo que celebram o acordo de vontades entre as partes com o intuito de
constituir, extinguir ou modificar direito. É a forma de condensar elementos básicos e princípios
atinentes aos contratos.
Os contratos estão no cotidiano de todas as pessoas. Ao pegar um ônibus, pactuamos um contrato;
ao comprar o nosso almoço, outro contrato; ao entrarmos em uma rede social, um novo contrato.
Em uma sociedade capitalista, a liberdade e a segurança dos contratos são primordiais.
Assim, surge a teoria geral dos contratos, sedimentada na lei para estabelecer
parâmetros gerais e aplicáveis aos contratos como um todo. Serve como forma de
condensar, tecnicamente, os elementos básicos e os princípios atinentes aos contratos.
Começaremos o texto com os princípios básicos dos contratos para, em seguida,
verificarmos detalhadamente os elementos essenciais de um contrato. Por fim,
passaremos pelo conceito e exemplos dos contratos em espécie.
O tema dos princípios é extenso – e poderia ser tema de um longo artigo,
mas a breve introdução é capaz de demonstrar a relevância dos princípios
para a teoria geral dos contratos. Passemos, então, aos princípios aplicáveis
aos contratos.
Importância dos princípios na teoria geral dos contratos
A história nos mostra que sem segurança e sem liberdade, os negócios são
fragilizados, o que é negativo para a sociedade. No decorrer dos séculos, tais valores
passaram a estar intrinsecamente incutidos na sociedade como essenciais ao direito
contratual.
Princípio quer dizer origem, ou seja, a essência de algo. Um valor abstrato. Para
compreendermos a teoria geral dos contratos, precisamos entender que:
•Os princípios são normas, e impõem deveres de conduta aos cidadãos;
•Os princípios são fontes do direito. Devemos afastar a ideia de que a única fonte do direito
é a lei.
Importa destacar que, diferentemente das leis, os princípios não apresentam uma data de
surgimento. É um valor social, que surge, cresce e amadurece na sociedade, momento
em que passa a ganhar relevância. Na mesma medida em que pode surgir, o princípio
pode deixar de ser aceito na sociedade.
O tema dos princípios é extenso – e poderia ser tema de um longo artigo, mas a breve
introdução é capaz de demonstrar a relevância dos princípios para a teoria geral dos
contratos. Passemos, então, aos princípios aplicáveis aos contratos.
Requisitos subjetivos:
•Existência de duas ou mais pessoas;
•Capacidade das partes contratantes;
•Legitimidade das partes para contratar;
•Manifestação de vontade válida e desimpedida.
Conclusão
Por meio do conteúdo trazido, é possível perceber que a teoria geral dos contratos é
uma matéria absolutamente extensa, não pela quantidade de tópicos a serem
abordados, mas pela profusão de informações e variedade de interpretações no decorrer da
história.
Em conclusão, a análise dos elementos fundantes do contrato no direito brasileiro é
primordial para que os juristas estejam atentos aos requisitos mínimos de validade
dos contratos. Mais que isso, a profunda compreensão dos princípios contratuais
é instrumento de facilitação de eventuais questões suscitadas na interpretação contratual,
parte do cotidiano dos advogados.
Em muitos anos de atuação, vejo que muitas pessoas resistem a fazer qualquer
tipo de contrato por escrito, até mesmo um contrato de compra e venda de
imóvel.
É uma questão cultural: não gostamos de falar em dinheiro, e muito menos de pedir
confirmação por escrito de alguma negociação. Achamos que é uma questão de não
confiar na palavra alheia, mas é exatamente o oposto disso: se você confia na sua
palavra, por que não colocá-la no papel?
Por melhores intenções que as partes tenham, nossa memória não é tão boa.
Podemos interpretar o que foi falado de formas diferentes. Por isso, nada mais justo
que colocar o contrato no papel para dar uma forma mais segura a ele.
Além disso, para a maioria dos brasileiros, o imóvel não é só um bem, e sim a
representação física de um sonho, de uma segurança: o sonho da casa própria.
Diante disso, firme um contrato sempre que possível. Seja de compra e venda de
imóvel ou qualquer outro negócio. Como diz o ditado: “palavras o vento leva”.
Quando fazer um contrato particular de compra e venda de
imóvel?
Para imóveis com valor acima de 30 salários mínimos, é exigida a forma de escritura
pública de compra e venda para que o negócio jurídico seja válido.
É importante destacar que essa referência é da data do contrato. Isso significa que,
mesmo que o tempo passe e o imóvel passe a valer menos que 30 salários mínimos,
se o valor era superior na data do contrato, este continua não atendendo a exigência
da lei.
Este requisito está no art. 108 do Código Civil, que diz:
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário-mínimo vigente no País.
Alienação fiduciária
Uma exceção a essa regra é no caso de financiamento do imóvel – a
famosa alienação fiduciária. É a previsão do Art. 38 da lei 9.514/1997:
Art. 38. Os atos e contratos referidos nesta Lei ou resultantes da sua aplicação,
mesmo aqueles que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis, poderão ser celebrados por escritura pública ou por
instrumento particular com efeitos de escritura pública.
Validade do contrato
O primeiro ponto é: não se desespere. É verdade que o contrato particular de compra
e venda de um imóvel com valor acima de 30 salários mínimos, que não se trate de
um contrato de alienação fiduciária, não terá os mesmos efeitos de uma escritura
pública. Mas isso não quer dizer que não tenha nenhum efeito.
Na verdade, o contrato particular de compra e venda será recepcionado como um contrato
de promessa de compra e venda, tendo os mesmos efeitos. Esse entendimento é feito a
partir da conjunção de três artigos do Código Civil:
•art. 166, V;
•art. 170;
•art. 462.
Ou seja: o contrato não é totalmente inválido, mas também não tem exatamente a
mesma validade que as partes esperavam.
Por isso, é importantíssimo ficar atento ao requisito de valor: se o imóvel valer mais
de 30 salários mínimos e não estiver sendo objeto de contrato de alienação
fiduciária, é essencial fazer uma escritura de compra e venda junto a um ofício de notas.
Qual a diferença entre contrato de compra e venda e promessa de compra e
venda?
O contrato de promessa de compra e venda de imóvel é um contrato preliminar. No
entanto, o que é isso? Trata-se de um contrato preparatório, um “pré-contrato” por
meio do qual as partes se comprometem a assinar um contrato definitivo mais à
frente.
Em regra, no caso de imóveis, esse contrato é irretratável. Ou seja, não permite
arrependimento. Isso dá uma segurança maior à operação. No entanto, nada impede
que as partes, em consenso, entendam que possa haver arrependimento e coloquem
essa previsão no contrato.
A vantagem do contrato preliminar é que ele não tem todas as exigências
de um contrato definitivo, e pode ser executado diretamente pela parte
que tem interesse no seu cumprimento.
Objeto
O imóvel objeto do contrato deve ser muito bem descrito, de forma a não deixar
qualquer dúvida. De preferência, inserir o número do registro no RGI e na Prefeitura.
Preço
O preço tem que estar claro no contrato, de modo que não haja qualquer dúvida.
Forma de pagamento
Precisa estar definido no contrato o que se trata de sinal, de que forma o pagamento
ocorrerá, em quantas parcelas e em quais datas.
Obrigações e prazos para cumprimento
É comum, por exemplo, colocar em contrato a obrigação do vendedor de apresentar
certidões, mas esquecer-se do prazo para a apresentação. Sempre deixe estipulados
todos os prazos e consequências de descumprimento, para que não haja qualquer
discussão.
Posse
Em que momento o comprador tomará posse do imóvel? Após o sinal? Durante o
pagamento? Após a quitação? É essencial que haja essa previsão.
Possibilidade de retratação
As partes podem desistir do contrato?
Penalidades
A penalidade em caso de descumprimento deve ser clara. Será perda do sinal? Multa?
Lembre-se de prever esse item.
Como já falei em outros artigos, não costumo trabalhar com modelos de contratos, e
sim com esqueletos que tenham as principais previsões. Assim, as cláusulas citadas são
essenciais na construção do seu contrato.
Claro que há outras cláusulas importantes caso a caso. Porém, prevendo estes pontos
principais já será possível evitar mais de 90% dos problemas.
Conclusão
Como vimos, o contrato de compra e venda de imóvel é um dos mais significativos no
nosso sistema. Trata-se de um contrato de alto valor, que representa não apenas um
objeto, mas o sonho e maior propriedade de grande parte dos brasileiros.
Por isso, é importantíssimo tomar cuidado com as cláusulas e previsões contratuais, de
modo a não haver qualquer problema para nenhuma das partes, seja comprador ou
vendedor.
Mesmo assim, muitos não dão a devida atenção a esse contrato, não conferindo
corretamente as previsões contratuais ou não se atentando à forma correta.
Portanto, é essencial prestar muita atenção aos contratos de compra e venda e ter a
assessoria de um profissional especializado no tema, que venha a trazer maior
segurança ao negócio.