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MÓDULO 1
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2020 © Secretaria Nacional do Consumidor
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo
com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor.
Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala 542 – Brasília,
DF, CEP 70.964-900.
Edição
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Autoria
Leonardo Roscoe Bessa
Walter José Faiad de Moura
Revisora de conteúdo
Andiara Maria Braga Maranhão
Coordenação-Geral
Andiara Maria Braga Maranhão
Supervisão
Ana Cláudia Sant’Ana Menezes
Marcus Iahn de Souza
Descrição do Curso:
Sabe aqueles produtos que vêm com problemas ou defeitos? Pois bem, neste curso você aprenderá
que, na verdade, o termo jurídico correto é vício e que ele pode referir-se ao produto e ao serviço.
Além disso, conhecerá as garantias e os direitos previstos no Código de Defesa do Consumidor, bem
como a solidariedade da cadeia produtiva, e também sobre os prazos para reclamar dos vícios.
Objetivos de Aprendizagem:
Reconhecer o conceito de vício do produto e do serviço.
Reconhecer o conceito de responsabilidade solidária.
Identificar os direitos dos consumidores nos casos de vício do produto e do serviço.
Contextualização
Você aprenderá neste módulo quais garantias o Código de Proteção e Defesa do Consumidor estabe-
lece para o consumidor nas situações em que produtos e serviços não funcionam adequadamente,
ou seja, não funcionam da maneira que se espera legitimamente.
Apresentação do Módulo
Olá! Meu nome é George, sou servidor público e lido no meu dia a
dia com a proteção e a defesa do consumidor. Gostaria de te dar as
boas-vindas ao curso Vício do produto e do serviço.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
O Código de Defesa do Consumidor é uma lei (Lei n. 8.078/90) abrangente que trata
das relações de consumo em diversas esferas. Nos artigos 18, 19 e 20 estão definidas as
responsabilidade por vício do produto e do serviço, que é o que vamos entender agora.
Para começar, analise esta cena:
Além da exigência de que os produtos e os serviços oferecidos no mercado devam ser seguros e
não afete a saúde e a segurança dos consumidores, o Código de Defesa do Consumidor também se
preocupa com a adequada funcionalidade dos bens e dos serviços. Na prática, isso significa que os
dados dos consumidores não podem vazar, a colocação de telhas deve impedir a entrada de chuva,
o ar-condicionado deve esfriar o ambiente, o aparelho celular deve receber e efetuar chamadas etc.
Bem, você pode estar se perguntando o que isso tem a ver com o
nosso curso. Pois bem, tem tudo a ver!
O vazamento de dados do usuário é um vício do serviço. Antes, va-
mos entender melhor o que significa vício!
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
1. CONCEITO DE VÍCIO
A noção de vício é ampla e contempla tanto os produtos colocados no mercado de consumo quanto
os serviços. O que o CDC denomina de vício é o que nós, os consumidores, no dia a dia chamamos
de defeito.
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Os vícios referem-se tanto a produtos (art.18 e 19) quanto a serviços (art.20). Agora veja a diferença
entre o vício e o defeito no quadro abaixo:
Saiba mais
Além do conceito de vício, o CDC determina que o fornecedor de serviços responda pelos vícios de
qualidade que tornem os produtos impróprios ao consumo ou diminuam o valor.
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O produto é considerado impróprio ao consumo quando, por qualquer motivo, se revele inadequado.
Nesse caso, o consumidor pode fazer a sua escolha dentre as seguintes opções, além de indenização
por perdas e danos:
Se o serviço não for adequado, pode o consumidor exigir, além de perdas e danos, alternativamente,
o seguinte:
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
Após satisfação do direito do consumidor, podem os fornecedores, entre si, discutirem quem, ao
final, irá assumir, de modo individual ou concorrente, com o valor despendido.
Saiba mais
Todo mundo já comprou pelo menos um produto com “defeito” ou que parou de funcionar de
repente. E aí surgem as dúvidas: o responsável é o vendedor ou o fabricante? Será que podemos
reclamar mesmo depois que acaba o prazo da garantia? Assista ao “Se liga, consumidor!” e fique por
dentro do assunto.
2. VÍCIO DO PRODUTO
Você aprendeu que o Código de Defesa do Consumidor possui uma seção específica que cuida dos
chamados vícios dos produtos ou serviços. Vamos agora entender melhor o que é vício do produto.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
Saiba mais
A noção de vício no CDC é bem mais ampla que no Código Civil, alcançando os vícios aparentes e
de fácil constatação, bem como produtos que estejam em desacordo com normas regulamentares
de fabricação, distribuição ou apresentação. Ao contrário do Código Civil, o CDC não se limita aos
vícios ocultos que serão vistos com mais detalhe no próximo módulo do curso. Observe a seguir um
exemplo de produto que esta em desacordo com normas regulamentares de fabricação, distribuição
ou apresentação.
Exemplo de produto que esta em desacordo com normas regulamentares de fabricação, distribuição
ou apresentação:
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
“os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o
podendo o consumidor exigir, alternativamente, e à sua escolha:
3. VÍCIO DO SERVIÇO
No CDC a noção de vício é objetiva e diminui a importância do contrato.
Vamos compreender o que é vício do serviço.
Ao contrário do que estabelece o caput do art. 18, o art. 20, relativo ao vício do serviço, não é
explícito quanto à solidariedade dos fornecedores. Todavia, a doutrina, principalmente, em razão
do disposto no art. 7º e art. 25, § 1º, sustenta que há responsabilidade solidária quando o serviço é
prestado por vários fornecedores.
Na hipótese de vício na prestação de serviços de hotelaria, tanto a agência de turismo, que realizou
a venda, como o hotel são responsáveis perante o consumidor.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
Uma novidade trazida pelo Código de Defesa do Consumidor é a disciplina do vício do serviço que
não era tratada pelo Código Civil.
Como não existia uma disciplina própria no Código Civil, até então, as questões envolvendo o que se
entende por vício do serviço eram resolvidas como inadimplemento contratual.
A vantagem do CDC é que a noção de vício passa a ser mais objetiva, diminuindo a importância do
contrato que, de regra, é elaborado unilateralmente pelo fornecedor com vistas à proteção dos
interesses da empresa.
Saiba mais
“Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (Nota Técnica n. 32 - DPDC/SDE/MJ, de 31 de
agosto de 2009): Em caso de vício no serviço móvel pessoal, o consumidor tem direito à rescisão do
contrato, sem a cobrança de multa ou qualquer outro ônus, ainda que esteja submetido a contrato de
fim caso de (prazo de permanência), nos termos do Código de Defesa do Consumidor e da Resolução
n. 477 da Anatel. Caracteriza vício no serviço móvel o descumprimento pela prestadora de qualquer
obrigação prevista em lei, regulamento ou contrato, ou a frustração das legítimas expectativas do
consumidor quanto à qualidade do serviço. Nesse caso, cabe à empresa o ônus de comprovar a
improcedência da inadequação alegada pelo consumidor’’.
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Dica
Há uma importante regra sobre fornecimento de serviços que envolvem troca de peças. De acordo
com o artigo 21 do Código de defesa do Consumidor, devem ser usados componentes de reposição
adequados, originais e novos. Excepcionalmente, se houver expressa autorização do consumidor,
é possível utilizar peças usadas.
O consumidor constatando qualquer vício do produto, tem direito, conforme sua preferência, a exigir
a substituição do produto por outro, a devolução dos valores pagos ou o abatimento proporcional
do preço.
Quando o consumidor constata qualquer vício no produto, ele tem direito às seguintes opções: exigir
a substituição do produto por outro; a devolução dos valores pagos ou o abatimento proporcional
do preço, conforme sua preferência.
Antes de escolher qualquer uma das alternativas indicadas, a lei diz que o fornecedor possui
prazo de 30 dias para sanar o vício.
Este dispositivo requer atenção. Há algumas peculiaridades que precisam ser observadas. A primeira
delas decorre do disposto no § 3º do art. 18 que afasta a aplicação do prazo “sempre que em
razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial”.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
Em outras palavras, o consumidor pode fazer uso imediato de uma das três opções:
Assim, em razão do disposto no §3°, do art.18, o prazo de 30 dias passa a ter aplicação restrita, pois
muitos bens desvalorizam ao serem consertados (com substituição de peças).
Saiba mais
No entanto, cabe registrar que o prazo de 30 dias não se aplica ao vício do serviço nem
ao vício do produto, quando houver disparidade entre as qualidades e as indicações
constantes na oferta ou mensagem publicitária. Nesta hipótese, tem aplicação o Art.
35 do CDC.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
Saiba mais
Para saber mais sobre como o CDC trata a oferta e a publicidade de produtos e
serviços faça o curso da ENDC na plataforma!
Nos casos de produtos de consumo de uso essencial em que se constatem qualquer vício, o Código
de Defesa do Consumidor assegura ao consumidor, dentro do prazo de 90 dias, posteriores a
manifestação do vício, o uso imediato das alternativas de substituição do produto, restituição da
quantia paga ou abatimento proporcional do preço.
No entanto, segundo dados provenientes do Sistema Nacional de Informações de Defesa do
Consumidor (SINDEC), constata-se que há um grande número de reclamações apresentadas por
consumidores, queixando-se da dificuldade de exercer esse direito, de forma que acabam privados
do uso e fruição de produtos de uso essencial por tempo demasiadamente longo até que o vício seja
sanado por algum dos fornecedores reclamados.
5. RECORDANDO AS TRÊS OPÇÕES DO CONSUMIDOR DIANTE DE UM VÍCIO
Você aprendeu que tanto em relação aos produtos como aos serviços, o CDC institui três opções em
favor do consumidor, quando constatado determinado vício.
A escolha entre as opções indicadas é sempre do consumidor. Ele deve verificar qual das alternativas
atende melhor seus interesses.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
“Parecer a respeito do momento no qual o consumidor passa a ter direito a optar pela substituição
do produto, pela restituição da quantia paga ou pelo abatimento do preço (art. 18, § 1º, do CDC).
Diante da ocorrência de vício do produto, o consumidor tem a prerrogativa de exigir do fornecedor
a substituição das partes viciadas com o objetivo de solucionar o vício. Não sendo o vício sanado, o
que deve ocorrer no prazo de 30 dias, e em uma única oportunidade, tem o consumidor o direito de
exigir do fornecedor uma entre as alternativas elencadas nos incisos do § 1° quais sejam: (i) substi-
tuir o produto, (ii) restituir o valor pago, ou (iii) conceder o abatimento, a depender da escolha do
consumidor’’.
O art. 18 do CDC dispõe que “os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondam solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo (...)”
Em outras palavras, todos integrantes da cadeia de produção e circulação dos produtos possuem
responsabilidade solidária perante o consumidor.
Isto significa que a pretensão do consumidor em relação à substituição do produto, a devolução do
valor pago ou abatimento proporcional do preço (além das perdas e danos), pode ser dirigida para
todos:
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Assim, por exemplo, se o aparelho celular, por vício, deixa de funcionar, tanto o comerciante como
o fabricante do bem possuem o dever de atender diretamente o consumidor em relação a escolha
entre uma das três alternativas:
Em termos práticos, seja na Justiça ou no Procon, tanto o vendedor (comerciante) como o fabricante
do produto podem ser convocados. Ambos estão sujeitos à aplicação de sanção administrativa.
Ambos podem ser condenados pela Justiça.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 1
Para relembrar
Você viu neste módulo que o vício do produto e do serviço acontece, corriqueiramente, na vida
dos cidadãos. O consumidor denomina de problemas ou “defeitos”, mas, independentemente do
entendimento jurídico ou coloquial, o CDC garante ao consumidor direitos podendo esse escolher
entre a troca, a restituição e o abatimento de um produto com vício.
Pode também, nos casos de vício do serviço, escolher a reexecução, a restituição ou o abatimento.
Você também teve a oportunidade de estudar sobre a solidariedade da cadeia produtiva. O
Consumidor pode acionar nos órgãos de defesa do consumidor ou no Judiciário toda a cadeira
produtiva, ou seja, do fabricante ao comerciante. Quer conhecer mais sobre os prazos para reclamar
dos vícios e a garantia que o CDC estabeleceu? Vamos ao próximo módulo!
Agora, para fixar o conteúdo aprendidos no módulo 1, acesse as telas interativas do curso e realize
a atividade avaliativa.
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