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MÓDULO 2
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2020 © Secretaria Nacional do Consumidor
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo
com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor.
Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala 542 – Brasília,
DF, CEP 70.964-900.
Edição
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Autoria
Leonardo Roscoe Bessa
Walter José Faiad de Moura
Revisora de conteúdo
Andiara Maria Braga Maranhão
Coordenação-Geral
Andiara Maria Braga Maranhão
Supervisão
Ana Cláudia Sant’Ana Menezes
Marcus Iahn de Souza
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 2
Além dos vícios aparentes e de fácil constatação, citados pelo artigo, existem também os vícios
ocultos. Conheça a definição dos dois tipos de vícios a seguir:
Comprar um móvel para sua casa e ele apresentar insta- Comprar um fone de ouvido e no instante em que utilizá-
bilidade em seu equilíbrio. -lo o som revela estar ruidoso.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 2
Nos parágrafos do artigo 26 do CDC são esclarecidas as formas de contagem dos prazos. Acesse as
telas interativas do curso para conhecer o prazo decadencial do vício aparente e do vício oculto.
Para refletir
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 2
A grande maioria dos problemas levados aos órgãos de defesa do consumidor referem-se a vício
oculto do produto, até porque, quando há vício aparente, o consumidor opta por não adquirir
aquele bem.
Importante
Portanto, não estão os fornecedores obrigados a reparar vícios decorrentes do envelhecimento
natural das peças.
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CURSO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO - MÓDULO 2
Para refletir
Não. Como o Código de Defesa do Consumidor não fixou um prazo máximo para aparecimento do
vício oculto, o critério deve basear-se na experiência comum e durabilidade natural do bem.
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A doutrina tem denominado que tal forma de contagem de prazo, conforme visto anteriormente,
utilize-se do critério da vida útil do produto. Na prática, se a questão não for resolvida a contento,
caberá ao juiz, com o auxílio de peritos, determinar se o vício decorre do envelhecimento do bem
ou, ao contrário, de um problema de fabricação.
Cabe destacar importante julgamento do Superior Tribunal de Justiça que acata o denominado
critério da vida útil e, na prática, acaba por definir que a garantia legal (art. 18 do CDC) pode ser
maior do que a garantia contratual.
Saiba mais
Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC (Nota técnica nº 287 - CGAJ/DPDC/2006,
de 28/08/2006): Em se tratando de vício oculto, o termo inicial da garantia legal fica em aberto,
começando a correr apenas após a constatação de vício pelo consumidor. Considera- se vício oculto
aquele que só pode ser constatado durante o uso, não podendo ser percebido no momento da
compra”.
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Dica
Uma dica importante para comprovar posteriormente a suspensão do prazo:
A par do critério da vida útil dos produtos e dos serviços, que aumenta de forma considerável os
prazos para reclamar de produtos com vício oculto, cabe destacar outra vantagem concedida pelo
Código de Defesa do Consumidor: a possibilidade de se impedir o prazo decadencial.
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A propósito, o parágrafo 2º do artigo 26 estabelece que a decadência é impedida assim que tenha
sido comprovada que a reclamação foi feita pelo consumidor frente ao fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa do fornecedor, que deve ser transmitida de forma clara. A decadência
também pode ser impedida via instauração de um inquérito civil até que ele se encerre. Acesse as
telas interativas do curso para verificar a legislação.
Embora menos frequente, é possível que prazo decadencial seja obstado pela instauração de
inquérito civil (art. 26, parágrafo 2º, III). Cuida-se de procedimento administrativo e investigatório
utilizado pelo Ministério Público para apurar lesão a direitos coletivos, permitindo posterior
ajuizamento de ação coletiva.
A instauração do procedimento pode ocorrer por iniciativa própria do Ministério Público, em face
de notícia em jornais, rádio, televisão, entre outros meios de comunicação ou por provocação de
qualquer pessoa. O prazo decadencial fica obstado automaticamente com o início do inquérito civil,
independentemente de qualquer manifestação específica do promotor de justiça ou procurador
da república.
Saiba mais
Cabe registrar que existem divergências e controvérsias na doutrina sobre o significado do termo
“obstar” referido pelo § 2º do art. 26 do CDC, especificamente se o prazo já transcorrido seria aproveitado
(suspensão) ou se haveria uma recontagem do prazo integral a partir da resposta do fornecedor.
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Há uma garantia dada pelo CDC e uma garantia dada pelo fornecedor
para produtos e serviços? Qual a diferença?
Pelo que vimos no curso até aqui, todo produto e serviço, independentemente da vontade do
fornecedor, deve atender ao padrão de qualidade, conforme disciplina dos artigos 18 a 26 do CDC.
É a denominada garantia legal.
É a garantia que decorre diretamente de Lei, norma de ordem pública e interesse social (art. 1º
do CDC). A garantia dada por Lei não pode ser afastada por contrato e independe de qualquer
documento do fornecedor.
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Acerca deste, o parágrafo único do art. 50 do CDC estipula alguns pontos sobre a garantia
contratual, acesse as telas interativas do curso para verificar a legislação.
Importante
Como se trata de garantia que depende da vontade do fornecedor, é possível estabelecer condições,
ônus e limites para o consumidor. As condições e forma de utilização da garantia contratual irão
depender basicamente do que foi estabelecido a respeito pelo fornecedor. Muitas vezes, ela é
parcial, pois abrange apenas algumas peças do bem. Portanto, não é apenas o prazo que deve ser
considerado para avaliar todas as vantagens oferecidas pela garantia contratual.
Saiba mais
“Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC (Nota Técnica nº 97/2006 CGAJ/DPDC,
de 29 de março de 2006: A garantia contratual é um plus, um anexo voluntário, que possui natureza
jurídica de contrato unilateral gratuito, pois cria obrigações por declaração unilateral de vontade do
fornecedor, qual seja, garantir assistência técnica em caso de vício no produto, por determinado
período”.
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Ocorre que, para proteger adequadamente os interesses do consumidor, é suficiente que seja
realizada a contagem do prazo decadencial utilizando-se do critério da vida útil.
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Uma grande parte das reclamações dos consumidores referem-se a vício oculto, ou seja, aquele que
se manifesta apenas após determinado tempo de utilização do bem. O prazo de 90 (noventa) dias
para reclamar só se inicia após o surgimento do vício, conforme o critério da vida útil.
Ora, justamente em razão do critério da vida útil, a garantia legal, ou seja, aquela que decorre
diretamente do CDC, pode chegar a dois ou três anos após a data de aquisição do bem, sem
necessidade de pagamento de qualquer valor adicional.
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Se houver resistência dos fornecedores em observar o critério da vida útil na contagem do prazo
legal de garantia, o Procon deve apurar a situação e, se for o caso, aplicar sanção administrativa.
Ao contrário do que pensam muitos consumidores, o CDC não garante um direito absoluto à troca
do produto ou devolução do dinheiro pago.
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Por isso, no caso analisado, o consumidor tem direito, dentro da garantia legal, à reparação do
produto no prazo de 30 dias. Não sendo o vício sanado nesse prazo, tem o consumidor o direito:
* à substituição do produto ou
* à devolução dos valores pagos.
Assim, após a realização do aviso de sinistro, ou seja, a comunicação à seguradora sobre o vício
verificado, ela disporá do prazo máximo de 30 (trinta) dias para o cumprimento das obrigações
previstas na apólice ou bilhete de seguro.
Ressalte-se que, nos termos do parágrafo 3º do art. 2º da Resolução nº 296 do CNSP (Conselho Nacional
de Seguros Privados) o seguro de garantia estendida deverá admitir, para fins de indenização e mediante
acordo entre as partes, as hipóteses de reparo do bem, sua reposição ou pagamento em dinheiro.
Para relembrar
Você viu neste último módulo do curso que existem prazos para o consumidor reclamar de vícios
aparentes e ocultos; que serão diferentes para os produtos duráveis e não duráveis.
Compreendeu que existe uma garantia estabelecida pelo Código de Defesa do Consumidor para os
produtos e serviços que estão no mercado de consumo e difere da garantia do fornecedor. Entendeu
o produto “seguro garantia estendida” e estudou as situações em que o consumidor tem direito à
troca ou devolução do dinheiro dele.
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Após ter concluído seus estudos dos módulos seguiremos para a avaliação de aprendizagem. Se trata
de um questionário contendo questões objetivas, em que você poderá ter tentativas para responder.
Acesse as telas interativas do curso e realize a avaliação.
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