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AULA 03: RESPONSABILIDADE

CIVIL
Elementos da responsabilidade civil
PRINCÍPIOS SOCIAIS DO CONTRATO
 b) Boa-fé objetiva

 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.

 A boa fé subjetiva considera a intenção das partes.


 A boa fé objetiva considera o comportamento delas.

 As partes devem agir na relação contratual de modo leal, probo. A


solidariedade advém da confiança, fruto da boa fé objetiva. Informar
as verdadeiras condições do produto. Ex: o médico.
 Observação Os princípios sociais valem desde a fase das tratativas e
a eficácia perdura após o fim do contrato. Os princípios tradicionais
eram exigíveis depois do contrato, já que deve haver consenso.
BOA-FÉ OBJETIVA
 A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código
Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário,
suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva,
entendida como a exigência de comportamento leal dos
contratantes (enunciado 26 I JDC). Existe em todas as
fases do contrato.
 A boa-fé objetiva é relacionada aos deveres anexos ou laterais de
conduta. Exemplo: dever de cuidado, de respeito, de informação
à outra parte, de transparência, de colaboração com a outra parte,
dever de confiança, dever de agir honestamente e assim
sucessivamente. A CESPE adora isso.

 24 - Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no


art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos
constitui espécie de inadimplemento, independentemente de
culpa.
FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA
Primeira função: função de interpretação, razão pela
qual os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração (art. 113 do CC);
 

 Art.113. Os negócios jurídicos devem ser


interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebração.
FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA
 Segunda função: função de controle. Quem viola a
boa-fé gera abuso de direito, conforme o art. 187;
Gera responsabilidade civil objetiva, que inclusive
está no Enunciado 37 da I JDC
 

 EN 37 JDC: Art. 187: a responsabilidade civil


decorrente do abuso do direito independe de
culpa, e fundamenta-se somente no critério
objetivo-finalístico.
FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA
 Terceira função: função de integração, segundo a qual a boa-fé
objetiva deve integrar todas as fases do contrato: a fase pré-contratual
(tratativas), fase contratual e fase pós-contratual. É verdade. (AGU
2009)
 

 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.
 

 Enunciado 25 da I JDC: O art. 422 do Código Civil não


inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas
fases pré-contratual e pós -contratual.

 Exemplo de pós-contratual é não tirar o nome do SERASA.


CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA
DE MENEZES CORDEIRO

 1. Supressio
 2. Surrectio

 3. Tu quoque

 4. Exceptio doli

 5. Venire contra factum proprium

 6. Duty to mitigate the loss


CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA
DE MENEZES CORDEIRO
SUPRESSIO E SURRECTIO

 1. Supressio: é a perda de um direito ou de posição


jurídica pelo seu não exercício no tempo.

 2. Surrectio: é o outro lado da moeda, é o surgimento de


um direito por práticas, usos e costumes.

 Uma pessoa perde Pela supressio e outra ganha pela


surrectio. 
CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ
OBJETIVA DE MENEZES CORDEIRO
 SUPRESSIO E SURRECTIO

 Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro


local faz presumir renúncia do credor relativamente ao
previsto no contrato.

 Exemplo: O local pactuado de pagamento foi em


Maceió, onde mora o credor, só que ele trabalha em
Palmeira dos índios, e passa a fazer pagamento em
Palmeira = É supressio do direito do credor e surrectio
do devedor.
CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ
OBJETIVA DE MENEZES CORDEIRO
 SUPRESSIO E SURRECTIO

 Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro


local faz presumir renúncia do credor relativamente ao
previsto no contrato.

 Exemplo: O local pactuado de pagamento foi em


Maceió, onde mora o credor, só que ele trabalha em
Palmeira dos índios, e passa a fazer pagamento em
Palmeira = É supressio do direito do credor e surrectio
do devedor.
CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA
DE MENEZES CORDEIRO– TU QUOQUE

 3. Tu quoque: quer dizer “ate tu”, grito do imperador


romano Julio César a Brutus (“Tu quoque, Brute,
fili mi”.
 Traz a regra de ouro: não faça contra o outro o que você
não faria contra si mesmo.
 Exemplo: Toda violação da boa-fé. Pode ser a vedação
de surpresa do CDC.
CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA
DE MENEZES CORDEIRO– EXCEPTIO DOLI

 4. Exceptio Doli: É “defesa contra o dolo alheio”.

 Exemplo é a exceção do contrato não cumprido, art. 476


do CC, o qual prescreve que em um contrato bilateral,
uma parte não pode exigir que a outra cumpra com sua
obrigação se não cumprir com a própria.
CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA DE
MENEZES CORDEIRO– VENIRE CONTRA FACTUM
PROPRIUM

 5. Venire contra factum proprium non potest: Caiu em


AGU. É vedação do comportamento contraditório.
Significa que ir contra fato próprio não é permitido.

 Exemplo é a esposa que autoriza implicitamente a venda


de imóvel e depois ingressa com ação de anulação por
falta de outorga uxória. Isso foi julgado no REsp
95539/SP.
CONCEITOS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA DE
MENEZES CORDEIRO– DUTY TO MITIGATE THE LOSS

 6. “Duty to mitigate the loss”: é o dever de diminuir o


próprio prejuizo, como é reconhecido pelo Enunciado
169 da III JDC.

 Por exemplo, imagine o mútuo bancário em que o banco


não ingressa imediatamente com ação de cobrança, para
que a dívida cresça como “bola de neve”, diante dos
juros contratuais. Como o credor violou a boa-fé, é
possível deduzir os juros, o TJRJ (reduz radicalmente
aos juros legais de 1% ao mês e TJMS (reduz á metade).

ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL OU
SUBSTANTIAL PERFORMANCE
 nos casos em que o contrato tiver sido quase todo cumprido,
sendo a mora insignificante, não caberá sua extinção, mas
apenas outros efeitos, como a cobrança.

 O STJ aplica isso para financiamento em geral, como


alienação fiduciária, leasing, venda com reserva de domínio.

 Exemplo é o carro financiado em 77 parcelas, e uma só foi


inadimplida, nesse caso só deve cobrar essa ultima parcela e
não rescindir o contrato.

 Entende-se que a partir de 70% de cumprimento já se aplica


essa teoria.
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL OU
SUBSTANTIAL PERFORMANCE
 Foi grande a divergência da IV JDC se o fundamento é a
boa-fé objetiva ou função social do contrato, mas foi
consagrado no Enunciado 164: “O adimplemento
substancial decorre dos princípios gerais contratuais,
de modo a fazer preponderar a função social do
contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a
aplicação do art. 475 (extinção do contrato por
inadimplemento)”.
CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
QUANTO À ORIGEM

 Responsabilidade civil contratual: decorre do inadimplemento


de uma obrigação. Está nos artigos 389, 390 e 391 do CC:
  

 Art. 389 Não cumprida a obrigação, responde o devedor por


perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
(Trata do inadimplemento da obrigação positiva – dar ou fazer).
 
 Art. 390 Nas obrigações negativas o devedor é havido por
inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia
abster. (Trata do inadimplemento da obrigação negativa – não
fazer – ocorre quando o ato é praticado. Como quando agente
revela o que é sigiloso)
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE
PATRIMONIAL
 Art. 391 Pelo inadimplemento das obrigações respondem
todos os bens do devedor.

 Cuidado que a redação fala em “todos os bens”, deve-se


ressalvar que alguns bens são impenhoráveis como os do art.
649 CPC.

 Obs: Bens de família, inclusive o de pessoa solteira,


conforme a súmula 364 STJ, isto porque segundo o STJ a lei
8.009/90 protege a pessoa humana e obviamente o direito à
moradia consagrado no art. 6º da CR, inclusive nas relações
privadas, não sendo restritivo à proteção da família. É uma
interpretação civil constitucional, defendida pelo Tepedino.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE
PATRIMONIAL
 Súmula STJ 364

O conceito de impenhorabilidade de bem de família


abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE
PATRIMONIAL
 Súmula STJ 364

O conceito de impenhorabilidade de bem de família


abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas.
ATUAL CPC NOVO CPC

Art. 648.  Não estão sujeitos à execução os Art. 832.  Não estão sujeitos à execução os
bens que a lei considera impenhoráveis ou bens que a lei considera impenhoráveis ou
inalienáveis. inalienáveis.

X - até o limite de 40 (quarenta) salários X - a quantia depositada em caderneta de


mínimos, a quantia depositada em caderneta poupança, até o limite de 40 (quarenta)
de poupança salários-mínimos;

§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste § 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se


artigo não se aplica no caso de penhora para aplica à hipótese de penhora para pagamento de
pagamento de prestação alimentícia. prestação alimentícia, independentemente de sua
origem, bem como às importâncias excedentes a
50 (cinquenta) salários-mínimos mensais,
devendo a constrição observar o disposto no art.
528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
 Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de
execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza,
salvo se movido:

 I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das


respectivas contribuições previdenciárias; (LC 150/2015)
 II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à
construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e
acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
 III - pelo credor de pensão alimentícia;
 IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e
contribuições devidas em função do imóvel familiar;
 V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia
real pelo casal ou pela entidade familiar;
 VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de
sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou
perdimento de bens.
 VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de
locação.
RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL
 Responsabilidade extracontratual ou aquiliana:
Advém do direito romano, especificamente da Lex
aquilia de damno. No CC/16 estava baseado em um
único conceito que era o do ato ilícito, consagrado no art.
159. No CC/02, essa responsabilidade está baseada tanto
no conceito do ato ilícito, do art. 186, quanto no abuso
de direito, do art. 187.
RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL
Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito. (Pontes de Miranda chama de ilícito indenizante.
RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL
 Sem dano não há ilícito civil, nem dever de indenizar

 Exemplos: Dirigir bêbado  de per si não é ilícito


civil.
 Suicídio  caiu no MP/SP, e foi considerado
ilícito civil pois causa dano presumido à família.
 Infidelidade  de per si não é ilícito civil,
segundo entendimento majoritário da doutrina e
jurisprudência. Agora, se o outro souber, pode até
gerar dano presumido, assim como manter família
paralela.
ABUSO DE DIREITO
Art. 187 Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes. (Trata do abuso do
direito, que é o ilícito equiparado)
.
ABUSO DE DIREITO
 O melhor conceito de abuso de direito é o de Rubens França
que diz que “ é lícito quanto ao conteúdo e ilícito quanto
às conseqüências, ou seja, a ilicitude está na forma de
execução do ato”. Exemplo: posso fazer greve, mas não pode
ser abusiva; posso estipular clausula contratual, desde que
não seja abusiva.

 Veja o Enunciado 414 da 5º JDC da CJF, de 2011 :

 A cláusula geral do art. 187 do CC tem fundamento


constitucional nos princípios da solidariedade, devido
processo legal e proteção da confiança e aplica-se a todos
os ramos do direito.
 Trata-se do exercício irregular de um direito, que tem os
seguintes parâmetros:

Boa fé

Fim social
Bons
ou
costumes
econômico

Art.
187
ABUSO DE DIREITO
 EN 37: A responsabilidade civil decorrente do abuso do
direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no
critério objetivo-finalístico.
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OU
PRESSUPOSTOS DO DEVER DE INDENIZAR

Elementos

Culpa (Se
Ação/omissão Nexo causal Dano
subjetiva)
CONDUTA
 Por ação ( chamada de culpa in comittendo)
 Por omissão ( chamada de culpa in omittendo): para que
o agente responda, é preciso provar duas coisas:
 Que o ato deveria ser praticado
 A omissão em si
OMISSÃO
 O condomínio edilício responde pelo roubo ou furto
praticado no seu interior? Não, com base na
jurisprudência do STJ ,pois inexiste dever legal de evitar
o evento. Segundo o AgR no Ag 110.2361/RJ, há
exceção :
 Se houver previsão da convenção de condomínio;
 
OMISSÃO
 AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE
CIVIL. CONDOMÍNIO. FURTO EM UNIDADE AUTÔNOMA. MATÉRIA DE PROVA.
SÚMULA7/STJ. ALEGADA EXISTÊNCIA DE CLÁUSULA DE
RESPONSABILIDADE. SÚMULA5/STJ. PREPOSTO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO CONDOMÍNIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 211/STJ. PRECEDENTES.
 1. A Segunda Seção desta Corte firmou entendimento no sentido de que "O condomínio só
responde por furtos ocorridos nas suas áreas comuns se isso estiver expressamente
previsto na respectiva convenção." 2. Na hipótese dos autos, o acórdão recorrido está
fundamentado no fato de que: (a) o furto ocorreu no interior de uma unidade autônoma do
condomínio e não em uma área comum; (b) o autor não logrou êxito em demonstrar a
existência de cláusula de responsabilidade do condomínio em indenizar casos de furto e
roubo ocorridos em suas dependências. 3. Para se concluir que o furto ocorreu nas
dependências comuns do edifício e que tal responsabilidade foi prevista na Convenção do
condomínio em questão, como alega a agravante, seria necessário rever todo o conjunto
fático probatório dos autos, bem como analisar as cláusulas da referida Convenção,
medidas, no entanto, incabíveis em sede de recurso especial, a teor das Súmulas 5 e 7 desta
Corte. 4. Impossibilidade de análise da questão relativa à responsabilidade objetiva do
condomínio pelos atos praticados por seus prespostos por ausência de prequestionamento.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
 
OMISSÃO. CASO CONCRETO
 DANO MORAL. MORTE. MICARETA. Os recorridos buscaram, da sociedade
promotora de eventos, a indenização por danos morais decorrentes do falecimento de
seu filho, vítima de disparo de arma de fogo ocorrido no interior de bloco
carnavalesco em que desfilava durante uma micareta (réplica em escala menor do
carnaval de Salvador). Alegam que a morte do jovem estaria diretamente ligada à má
prestação de serviços pela recorrente, visto que deixara de fornecer a segurança
adequada ao evento, prometida quando da comercialização dos abadás (camisolões
folgados que identificam o integrante do bloco). Nesse contexto, ao sopesar as razões
recursais, não há como afastar a relação de causalidade entre o falecimento e a má
prestação do serviço. O principal serviço que faz o consumidor pagar vultosa soma
ao optar por um bloco e não aderir à dita “pipoca” (o cordão de populares que fica à
margem dos blocos fechados) é justamente a segurança. Esse serviço, se não
oferecido da maneira esperada, tal como na hipótese dos autos, apresenta-se
claramente defeituoso nos termos do art. 14, § 1º, do CDC. Diante da falha no
serviço de segurança do bloco, enquanto não diligenciou impossibilitar o ingresso de
pessoa portadora de arma de fogo na área delimitada por cordão de isolamento aos
integrantes do bloco, não há como constatar a alegada excludente de culpa exclusiva
de terceiro (art. 14, § 3º, II, do mesmo código). Daí que se mantém incólume a
condenação imposta ao recorrente de reparar os danos morais no valor de sessenta
mil reais. REsp 878.265-PB, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/10/2008
OMISSÃO CASO CONCRETO
 DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE DE SHOPPING CENTER POR TENTATIVA DE
ROUBO EM SEU ESTACIONAMENTO.
 O shopping center deve reparar o cliente pelos danos morais decorrentes de tentativa de roubo, não
consumado apenas em razão de comportamento do próprio cliente, ocorrida nas proximidades da cancela
de saída de seu estacionamento, mas ainda em seu interior. Tratando-se de relação de consumo, incumbe ao
fornecedor do serviço e do local doestacionamento o dever de proteger a pessoa e os bens do consumidor. A
sociedade empresária que forneça serviço de estacionamento aos seus clientes deve responder por furtos, roubos
ou latrocínios ocorridos no interior do seu estabelecimento; pois, em troca dos benefícios financeiros indiretos
decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores, assume-se o dever - implícito na relação contratual -
de lealdade e segurança, como aplicação concreta do princípio da confiança. Nesse sentido, conforme a Súmula
130 do STJ, "a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em
seu estacionamento", não sendo possível estabelecer interpretação restritiva à referida súmula. Ressalte-se que o
leitor ótico situado na saída doestacionamento encontra-se ainda dentro da área do shopping center, sendo certo
que tais cancelas - com controles eletrônicos que comprovam a entrada do veículo, o seu tempo de permanência e
o pagamento do preço - são ali instaladas no exclusivo interesse da administradora do estacionamento com o
escopo precípuo de evitar o inadimplemento pelo usuário do serviço. Esse controle eletrônico exige que o
consumidor pare o carro, insira o tíquete no leitor ótico e aguarde a subida da cancela, para que, só então, saia
efetivamente da área de proteção, o que, por óbvio, torna-o mais vulnerável à atuação de criminosos. Ademais,
adota-se, como mais consentânea com os princípios norteadores do direito do consumidor, a interpretação de que
os danos indenizáveis estendem-se também aos danos morais decorrentes da conduta ilícita de terceiro. Ainda que
não haja falar em dano material advindo do evento fatídico, porquanto não se consumou o roubo, é certo que a
aflição e o sofrimento da recorrida não se encaixam no que se denomina de aborrecimento cotidiano. E, por
óbvio, a caracterização do dano moral não se encontra vinculada à ocorrência do dano material. REsp
1.269.691-PB, Rel. originária Min. Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 21/11/2013.
CULPA
 Dolo: a ação ou omissão voluntária, a intenção de causar
prejuízo (art. 186). Para o direito civil, havendo dolo ou
culpa grave do agente aplica-se o princípio da
reparação integral dos danos, principio este
consagrado no art. 944 ( a indenização mede-se pela
extensão do dano), sendo irrelevantes conceitos
intermediários, como por exemplo, o preterdolo.
CULPA
 Culpa stricto sensu: é a violação de um dever, seja ele
legal, contratual ou social, ou é o ato praticado com
imprudência, negligência ou imperícia (arts. 186 + 951).
 Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se
ainda no caso de indenização devida por aquele que, no
exercício de atividade profissional, por negligência,
imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente,
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o
trabalho. (Responsabilidade do médico é subjetiva)
SUPERAÇÃO DA CULPA “PRESUMIDA”
 Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
 I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

 II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas


condições;
 III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
 IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
 V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.
  

 Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não
haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
  

  

 Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior.
SUPERAÇÃO DA CULPA “PRESUMIDA”
 EN 451: A responsabilidade civil por ato de terceiro
funda-se na responsabilidade objetiva ou independente
de culpa, estando superado o modelo de culpa
presumida.
 

 EN 452: A responsabilidade civil do dono ou detentor de


animal é objetiva, admitindo-se a excludente de fato
exclusivo de terceiro.
DISCUSSÃO QUE ENVOLVE OS ARTS.
944 E 945 CC
 Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
 Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização.

 Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para


o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se
em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a
do autor do dano.
DISCUSSÃO QUE ENVOLVE OS ARTS.
944 E 945 CC
 A redução da indenização é sempre exceção, conforme o
E. 457 da V JDC, de 2011:

 457) A redução equitativa da indenização tem caráter


excepcional e somente será realizada quando a
amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente
imputáveis à conduta do agente
DISCUSSÃO QUE ENVOLVE OS ARTS.
944 E 945 CC
 ( REsp 226.348/SP).
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
TRANSPORTE FERROVIÁRIO. 'PINGENTE'. CULPA
CONCORRENTE. PRECEDENTES DA CORTE. I - É
dever da transportadora preservar a integridade física do
passageiro e transportá-lo com segurança até o seu
destino. II - A responsabilidade da companhia de
transporte ferroviário não é excluída por viajar a vítima
como "pingente", podendo ser atenuada se demonstrada
a culpa concorrente. Precedentes. Recurso especial
parcialmente provido.
DISCUSSÃO QUE ENVOLVE OS ARTS.
944 E 945 CC
 ( REsp 160051/RJ).
 Responsabilidade civil. Acidente ferroviário. Queda de
trem. "Surfista ferroviário". Culpa exclusiva da vítima. I -
A pessoa que se arrisca em cima de uma composição
ferroviária, praticando o denominado "surf ferroviário",
assume as conseqüências de seus atos, não se podendo
exigir da companhia ferroviária efetiva fiscalização, o
que seria até impraticável. II -Concluindo o acórdão
tratar o caso de "surfista ferroviário", não há como rever
tal situação na via especial, pois demandaria o
revolvimento de matéria fático-probatória, vedado nesta
instância superior (Súmula 7/STJ). III -Recurso especial
não conhecido
DISCUSSÃO QUE ENVOLVE OS ARTS.
944 E 945 CC
 Responsabilidade do fornecedor. Culpa concorrente da
vítima. Hotel. Piscina. Agência de viagens. -
Responsabilidade do hotel, que não sinaliza
convenientemente a profundidade da piscina, de acesso
livre aos hóspedes. Art. 14 do CDC. - A culpa
concorrente da vítima permite a redução da condenação
imposta ao fornecedor . Art. 12, § 2º, III, do CDC. - A
agência de viagens responde pelo dano pessoal que
decorreu do mau serviço do hotel contratado por ela para
a hospedagem durante o pacote de turismo. Recursos
conhecidos e providos em parte. ( REsp. 287.849/SP)

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